Este é um filho muito lindo!

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Mário Dias não tem parado um segundo para que nada falte na festa de inauguração. Incansável, como sempre. Hoje, na tribuna presidencial, que ninguém se espante se vir nos olhos deste homem a emoção de quem tanto lutou para que o sonho se tornasse realidade. — Está tudo pronto para a inauguração? —O estádio está pronto. Como todos sabem, não estará pronta a parte dos pavilhões e das piscinas, bem como a parte comercial. Isto porque, devido aos compromissos com a UEFA e com o próprio País, privilegiámos a construção do estádio. No decorrer de Dezembro, ou princípio de Janeiro, deverá estar tudo operacional. —Como responde aos que acusam a Direcção de ter agendado a inauguração por critérios eleitoralistas? — Lembrando, em primeiro lugar, que a própria UEFA tinha fixado para 30 de Setembro a conclusão dos estádios; depois, porque o estádio está pronto, logo, deve ser inaugurado; em terceiro, vincando que nunca conduziria uma obra destas com fins eleitoralistas. Vou emocionar-me muito —O que vai sentir durante a inauguração? —Ainda não pensei muito bem. Mas sei que vou emocionar-me muito. Esta é uma obra que nasceu de um sonho. E, no espaço de dois anos, comtanta adversidade, passámos do nada para esta grandiosa obra. Quando fizer na minha cabeça o filme de tudo o que se passou e olhar para este estádio cheio de vida e de alegria... — Como reage quando lhe dizem que é o pai deste estádio? — Aprendi a digerir o que essa frase implica. No início senti uma reacção de emoção forte, de surpresa. É algo que continua a sensibilizar-me, porque representa o reconhecimento do trabalho que tenho feito. — Fialho Gouveia disse que esta obra só foi possível porque revelou três características essenciais: foi teimoso, teimoso e... teimoso. — Eu não diria teimoso, antes persistente. Reconheço que tive a clarividência para ver que o Benfica precisava deste estádio, sem o qual estava perdido em termos de capacidade de se lançar numa era de modernidade. Remodelar era igualmente muito oneroso, para ser bem feito, e não permitia nem retorno nem um conjunto de valências que permitirão ao Benfica dar um grande passo em frente. «Sairei de mãos vazias» — Que recordações guarda do tempo em que lutava praticamente sozinho pela construção de um novo estádio? —Foram tempos de grande preocupação e desgaste. Numa semana dávamos um passo em frente e na seguinte dois para trás. Mas não desmoralizei. Voltava a recolhe ro máximo de dados, procurava novos argumentos, estudava. Quanto mais combatiam a minha opinião mais força me davam. Felizmente a Direcção decidiu avançar para a construção da nova catedral, rendendo-se à evidência. — Chegou até a ser acusado de defender o chamado lobby do betão... — Tive de aguentar tudo, até esses comentários feitos com segundas intenções. Quem me conhece sabe que nunca me submeteria a lobby algum. Não me interessava o que as pessoas diziam. Sairei do Benfica como entrei: de mãos vazias. — Como reage com opiniões de ilustres benfiquistas que sempre se manifestaram contra o novo estádio e hoje se congratulam com ele? — Se calhar faltou-lhes então a visão para alcançarem mais longe, para fugirem ao imediato, num cenário de dificuldades. Acho que a maioria percebeu que a razão estava do nosso lado. — Sei que é escusado perguntar a um pai se o filho é bonito. Mas o que pensa da nova Luz? —Não tenho esses pudores. Se tivesse um filho feio era capaz de o reconhecer mas, por acaso, o meu filho, Mário Rui, até é bonito, todos o dizem... [risos]. Respondendo à sua pergunta e falando da nova catedral como se de um filho se tratasse, tenho de dizer que o estádio é mesmo lindo. Não encontro nada feio. — Que feedback tem sentido das pessoas? —Falei com algumas que conhecem os mais bonitos estádios do mundo e todas me dizem que este é dos mais belos. Imagine o gozo que isto me dá, por ter sido concebido e construído em tempo recorde. Digno do Guinness...