Geovanni: «Quantos pontos para o FC Porto?»

Fonte
www.record.pt
— Esteve de passagem por Portugal, a caminho de Barcelona. Gostava de ter ficado em Lisboa, já no Benfica? — Sei que se tem falado muito, acerca de um interesse do Benfica em mim, mas, até agora, ainda não há nada definido. O Barça não me comunicou nada mas o que eu mais quero é jogar e poder mostrar o meu futebol. Se o Benfica está interessado, então vou aguardar a palavra da Direcção do Barcelona, para definir o meu futuro o mais rapidamente possível. — Sabe que José Antonio Camacho definiu uma lista de reforços em que o seu nome surge como elemento a contratar para jogar na direita do ataque? — Se é como diz, então, é sinal de que Camacho tem confiança em mim. Quero dizer que gostava de continuar aqui, mas estou um pouco triste, pois não jogo. O melhor é encontrar outra solução... mas não é o Simão que joga pela direita? — O Simão tem surgido na esquerda e é o melhor marcador do Campeonato. Na direita não há nenhum titular indiscutível... — Costumo jogar do meio-campo para a frente, em várias posições mas mais pelo lado direito. Cheguei a fazê-lo várias vezes no Barcelona, com boas exibições, mas não tive muitas oportunidades. — É o seu segundo ano em Barcelona. Deve ter uma opinião acerca de Camacho, ex-seleccionador espanhol. — É um treinador com uma reputação enorme. Toda a gente sabe aquilo que conseguiu fazer ao serviço a selecção espanhola, no Mundial. Neste momento é um dos melhores treinadores do Mundo. — E quanto ao Benfica, muitas informações? — Sei que é um grande clube, com nome em todo o Mundo, que está à procura de vitórias, estando para isso a construir uma grande equipa. A quantos pontos está do FC Porto? — Neste momento a seis, mas podem ser nove, porque o Benfica tem um jogo a mais... — Nesta altura ainda é muito cedo, ainda falta meio campeonato... — Aceita, então, um empréstimo? — O meu passe pertence ao Barcelona. O clube é que irá decidir se optará por uma transferência ou um empréstimo. Mas não rejeito a hipótese de ser emprestado, porque terei objectivo de regressar e triunfar na Catalunha. Acho que tenho valor para isso. Agora, neste momento, se o clube não conta comigo o que irei eu fazer? — Falou-se que uma das condições para jogar no Benfica era que não iria reduzir o seu salário. É verdade? — Não sei de nada. O empresário, juntamente com os clubes, é que poderá definir essas questões. — Está muito ansioso para definir o seu futuro? — Não, antes tranquilo. Os clubes é que têm de acertar as coisas e, seja aquilo que for decidido pelo Barcelona, será um compromisso. — A confirmar-se a mudança, não sai magoado? — Também não. Respeito sempre as opções dos treinadores... são eles que escolhem. É claro que gostava de jogar mais, mas não estou magoado, nem com Van Gaal nem com Rexach. Adaptação não será problema Geovanni, casado com Roberta, pai da pequena Geovanna, garante que não terá qualquer problema em adaptar-se a Lisboa, caso rume ao Benfica. "Acho que não irá existir qualquer problema de adaptação. A minha família não teve qualquer problema quando teve de instalar-se em Barcelona e, quanto a Lisboa, julgo que poderá acontecer o mesmo. Portugal é um país acolhedor, a cidade de Lisboa é muito bonita", afirmou. Para além da esposa e da filha, Geovanni poderá sempre contar com colegas brasileiros. "Tenho lá grandes amigos, como o Marcos Paulo, do Sporting. Ele é quase um irmão, desde o tempo em que jogou comigo no Cruzeiro. Também conheço muito bem o Roger, que foi meu colega nos Jogos Olímpicos, e ainda o Argel." Maratona de avião até ao treino Não foi fácil o dia de ontem para Geovanni (e família). Desde Belo Horizonte, passando por São Paulo e fazendo escala em Lisboa antes de aterrar em Barcelona, o ainda jogador dos catalães passou um dia enfiado em aviões e aeroportos. Quando o encontrámos, manhã cedo na nossa capital, ainda o Sol não tinha nascido, só mesmo o choro da pequena Geovanna servia para... animar o ambiente. Nessa altura, o objectivo imediato era mesmo "conseguir dormir algumas horas". E foi o que o jogador acabou por fazer, logo depois de ter aterrado em Barcelona, por volta das 11:00 horas locais. Ainda assim, o tempo de descanso não foi muito, já que às 17:30 era hora de concentração em Camp Nou, para fazer exames médicos antes do treino das 18:00. Rochemback, outro dos brasileiros do Barça, também viajou com Geovanni. «Scolari entre os melhores do Mundo» O jovem atacante brasileiro, quando convidado a definir José Antonio Camacho, coloca-o entre os melhores técnicos do Planeta. Pois bem, acerca de Scolari, novo seleccionador nacional, Geovanni tem opinião semelhante. Talvez até ainda mais fundada, uma vez que teve oportunidade de trabalhar com o técnico campeão do Mundo. "Scolari está entre os melhores treinadores do Mundo. Foi ele que me projectou no Cruzeiro e que, depois, me deu oportunidade de chegar à selecção brasileira que esteve na Copa América. Com ele estive ainda em algumas eliminatórias para o Mundial. É um grande amigo meu e vai levar a Selecção portuguesa muito longe", afirmou, adiantando depois que, caso venha a jogar com regularidade pelo Benfica, espera "regressar ao "escrete". «O Grémio também estava interessado» Para além do Benfica, outros clubes estiveram atentos a Geovanni e à possibilidade de o atacante ser dispensado por Van Gaal. Falou-se do interesse dos franceses do Bordéus (equipa de Pauleta e Bruno Basto), nunca confirmado, mas o próprio jogador adiantou, ontem, que teve, pelo menos, uma ténue possibilidade de regressar ao seu país de origem. "Do Bordéus nunca cheguei a saber de nada, mas o Grémio de Porto Alegre chegou a mostrar interesse para que eu pudesse estar na equipa que vai disputar a Taça dos Libertadores da América." O salário alto do jogador, dificilmente comportável para o mercado brasileiro, terá feito morrer a questão.