Fonte
A bola
Um grande mundo num país pequeno
A noite estava gélida no Estádio de la Maladière, mas os arrepios que se sentiram não foram de frio. Foram provocados pelos emigrantes portugueses. É fantástico o que o Benfica representa para esta gente, ao ponto de apenas a Juventus, suportada por uma também enorme colónia de italianos, reunir na região um tão imenso capital de simpatia.
Em Genebra, no primeiro jogo da digressão europeia do Benfica, já se fez sentir o carinho dispensado pelos emigrantes portugueses à comitiva encarnada. Ontem à noite, no entanto, foi de mais, todas as marcas foram ultrapassadas. O Estádio de la Maladière estava praticamente lotado – mais de cinco mil pessoas nas bancadas – e a festa foi tão terrivelmente simples mas ao mesmo tempo tão grandiosa que muito dificilmente, mesmo no Estádio da Luz, pode encontrar-se um ambiente de entusiasmo tão familiar.
A colónia portuguesa em Neuchâtel é das mais carismáticas da Suíça e divide com os emigrantes italianos que residem na região o estatuto de comunidade modelo, formando com a sua atitude perante a vida um mundo grande num país pequeno.
O apoio dispensado ao Benfica na noite de ontem, aliás, será nesta zona apenas igualado pelo corporativismo que a colónia italiana sente por uma Velha Senhora chamada Juventus. É nestas ocasiões que se percebe que o Benfica podia ter também como hino uma canção que glorifica o Liverpool, outro gigante do mundo: You’ll never walk alone (jamais estarás sozinho).