O agora ex-central do Benfica falou de pressão, dúvidas, maus e bons momentos, na homenagem que lhe foi feita pelo clube. Escolheu, ainda, um sucessor e contou como uma carta ao Pai Natal teve influência na sua decisão de pendurar as botas.
Luisão anunciou, esta sexta-feira, que decidiu colocar um ponto final na sua carreira de jogador. O agora ex-central do Benfica foi homenageado pelo clube, no Estádio da Luz, e agradeceu 15 anos de conquistas.
"Costumo dizer que a gente a pressão sente-se quando há 65 mil pessoas a empurrar e a apoiar, mas hoje, quando entrei com a minha família por aquela porta, olhei para a bancada e vi-a vazia e entendi realmente o que é pressão. Sei que amanhã já não vou ter nada disto. A partir de amanhã começa uma nova carreira", declarou o brasileiro, esta terça-feira.
Luisão salientou que se orgulha de tudo o que viveu, "desde a infância humilde aos toques na bola" com o pai, no primeiro dia de escola, com apenas cinco anos de idade. "Até chegar a este clube, onde me tornei homem e atleta", assumiu. O ex-jogador frisou que faz "de tudo para corresponder e defender" o Benfica da melhor maneira, onde quer que vá: "Foi assim no passado e será assim no futuro. Pelos corredores, ouço sempre: 'obrigado capitão'. Chegou a hora de dizer: 'Obrigado Benfica'".
Momentos, o passado e a conquista que faltou
Convidado a escolher o pior momento de 15 anos no Benfica, Luisão revelou que foi quando teve de tomar o partido dos companheiros perante e contra os adeptos. O melhor momento foram, na verdade, dois:
"O famoso golo [ao Sporting] que nos deu a possibilidade de conquistar o título. E quando parti o braço. Confesso agora, encerrando a minha carreira, que às vezes ouvia muitas dúvidas e achei que a minha carreira tinha morrido, mas tinha pessoas que apostaram em mim e a minha vida profissional renasceu. Foi o momento mais importante. Consegui recuperar e liderar [a equipa] para essa conquista do tetracampeonato".
Luisão admitiu que, em certas alturas, não teve "a maturidade suficiente para gerir uma proposta ou outra" de clubes estrangeiros e que acabou "por dizer coisas impróprias", no entanto, recordou o papel de Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, no seu reencaminhamento.
Uma carta para o senhor das barbas brancas
A decisão de Luisão de terminar a carreira teve influência do Pai Natal: "A minha filha escreveu-lhe pedindo que o pai terminasse a carreira".
"A minha história foi escrita durante 538 jogos. A minha história foi escrita durante tanto tempo que cheguei à conclusão que era a melhor hora e que agora posso dar o meu contributo fora do campo, para a reconquista que é tão importante para o clube", acrescentou.
O que faltou ao ex-central, em 15 anos no Benfica, foi uma conquista internacional: "Uma das coisas que lamento na carreira pela grandeza do clube e pelo que o presidente propôs foi que perdemos duas finais da Liga Europa. Vou lamentar isso para o resto da minha vida".
Luisão deverá, agora, assumir um cargo nas relações internacionais do Benfica. O herdeiro da braçadeira está encontrado, embora com uma particularidade. Todos os jogadores do Benfica são treinados para a liderança. O Jardel passa a ser o nosso líder. Um jogador tem de usar a braçadeira, mas a liderança tem de ser dividida por todos", declarou.
https://rr.sapo.pt/noticia/125570/luisao-ouco-sempre-obrigado-capitao-chegou-a-hora-de-dizer-obrigado-benfica