Fonte
ojogo
O ponta-de-lança enfrenta o maior drama da sua carreira profissional: correr os perigos inerentes a uma intervenção cirúrgica de elevado risco, que pode por em causa o seu futuro no futebol, ou continuar a conviver com uma lesão semelhante à que afastou dos relvados o grande Van Basten.
Nuno Gomes está a viver, muito possivelmente, o momento mais difícil da sua carreira. O ainda jovem ponta-de-lança sofre de uma invulgar e grave lesão na cartilagem do tornozelo do pé esquerdo, de resolução complicada e que, ao que O JOGO apurou, ameaça o seu futuro profissional. O problema não é de hoje, nem sequer se reporta a esta sua segunda etapa na Luz, pelo contrário, teve origem meses antes, quando o camisola 21 era ainda jogador da Fiorentina. Agora, o avançado encarnado enfrenta um dilema de repercussões gigantescas, que constitui, para um atleta de 26 anos, uma situação dramática. A opção gira em torno de uma eventual intervenção cirúrgica, destinada a debelar definitivamente a lesão de que padece, mas que encerra enormes riscos: está em causa a carreira do jogador, tal como aconteceu com Marco Van Basten, bandeira do Milan e do Ajax na década de 80, que abandonou o futebol após uma intervenção destinada a resolver problema semelhante.
Nuno Gomes terá assim de decidir se está disposto a correr um risco desta dimensão ou se prefere um tratamento alternativo, menos agressivo, que não se destina procurar a "cura", mas sim a controlar a evolução da lesão, tal como aconteceu durante a presente temporada.
Espanha, Bélgica e uma nova viagem
Afastado da competição desde o dia 10 de Maio, o avançado tem procurado informar-se junto de alguns especialistas com o intuito de recolher elementos que lhe permitam trilhar o melhor caminho, tendo mesmo chegado a deslocar-se a Madrid, a conselho de Camacho, para visitar um médico espanhol. Como O JOGO ontem noticiou, a Bélgica foi o destino seguinte (uma viagem relâmpago, na qual foi acompanhado por Pedro Magro, que terminou a meio da tarde de ontem), mas o tempo começa a exercer a sua inexorável pressão, o que deverá obrigar o internacional português a tomar uma decisão durante a próxima semana. A opinião do clínico Marc Maertens foi apenas mais uma na extensa recolha de pareceres que o atleta tem vindo a recolher. Está prevista ainda mais uma viagem esta semana.
Recorde-se que a presença de Nuno Gomes no Mundial do ano transacto chegou a estar em dúvida devido a esta lesão, tendo o jogador efectuado tratamentos junto do departamento médico encarnado com vista a poder integrar a convocatória do então seleccionador, António Oliveira. Durante toda a presente temporada, o ponta-de-lança continuou a conviver diariamente com o problema que, apesar de o poder incomodar, não o impediu de competir, sendo este o factor que permite acalentar a esperança de um final feliz.
Insustentável peso da decisão
Estranho é que, desde que foi divulgada a gravidade da lesão e desde que o atleta foi dispensado dos trabalhos do plantel, presumivelmente com o intuito de permitir o início do tratamento, entrou-se numa espiral de dúvidas não esclarecidas pelos médicos encarnados. Entretanto, o camisola 21 está inactivo, sem nenhum programa de recuperação definido. Aliás, o peso desta decisão fundamental recai sobre os ombros de Nuno, que procura soluções exteriores a um departamento médico cuja constituição não obedece a uma hierarquia clara, na sequência da reestruturação ainda em curso. O avançado ficou mesmo agastado com o facto de esta informação de carácter delicado ter sido divulgada, espoletando também algum desconforto no seio do clube.