Lazar Markovic anda disfarçado em Lisboa, para evitar atrair a atenção dos adeptos do Benfica. O avançado de 19 anos esforça-se para preservar a privacidade, embora reconheça que é bom ser já tão popular no Benfica. Acredita que o golo espetacular marcado ao Sporting, no derby para o Campeonato, em Alvalade, o elevou à categoria de herói entre os benfiquistas. A prová-lo, revelou à revista sérvia Mozzart Sport, está a manifestação de admiração que recebeu depois do memorável desempenho contra os rivais. «Literalmente, não podia sair à rua. Vieram a minha casa, cantaram o meu nome, queriam autógrafos e fotografias comigo», disse o jovem aos compatriotas que o entrevistaram em Lisboa. «Rapazes, é impossível!», acrescentou, para justificar o uso de um chapéu, adereço usado para passar despercebido. O internacional sérvio fazia ideia da grandeza do Benfica. Mas só foi chamado, verdadeiramente, à realidade quando percebeu que os encarnados atraíam «10, 20 e mais de 30 mil espetadores nos jogos da pré-época». E confessou: «Pensei no que seria quando a temporada começasse.» Markovic puxa o filme atrás para lembrar o primeiro encontro oficial pelo Benfica: «Falhei o primeiro jogo, com o Marítimo, e estreei-me com o Gil Vicente. Entrei na segunda parte. Estávamos a perder e empatei depois de assistência do Filip Djuricic. Pouco depois, Lima marcou o golo da vitória, após um passe do Miralem Sulejmani. Foi uma estreia que não esquecerei.» O melhor estava para vir. O derby com o Sporting, que o sérvio percebeu, depressa, ser como um Partizan-Estrela Vermelha, na Sérvia. Mas pelo menos com uma diferença: «Antes do jogo disseram-nos que este derby cria heróis. Os adeptos passam a adorar aqueles que têm a sorte de marcar um golo.» E Markovic entrou para essa galeria de notáveis. Evitou a derrota do Benfica com um golo extraordinário e isso «significou muito para o Benfica». Markovic sente que progrediu muito no Benfica e considera que «há mudanças que já são visíveis» no jogo dele. Reconhece que pode comparar-se o novo clube com o Partizan, no qual fez a formação, embora acrescente que «o Benfica é um dos maiores clubes da Europa» e que, por isso, «a exigência é mais alta». Os encarnados pagaram €6,25 milhões por metade do passe de Markovic, não tendo revelado a quem pertence os outros 50 por cento. O Benfica até pode ser uma ponte de passagem para o Chelsea, cujo treinador, José Mourinho admira as qualidades do jovem e até já o observou ao vivo. «Não sinto qualquer pressão», respondeu depois de questionado sobre as altas expectativas em relação ao futuro. Prossegue dizendo que encontrou na Luz um «enquadramento magnífico» que lhe permite «jogar com tranquilidade e desfrutar do futebol». E não é a hipótese de mudar-se para Londres que o perturba: «Sou jogador do Benfica e assinei por cinco épocas. Só tenho 19 anos e não estabeleci esses objetivos. Só quero jogar bem e contribuir para que o clube conquiste troféus e tenha um bom desempenho na Champions. O meu único desejo, neste momento, é ultrapassar as lesões, com as quais me tenho debatido ultimamente.»