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Poucos minutos faltavam para as 18 horas quando Eusébio entrou na sede da UNESCO para uma conferência de Imprensa, entrega do prémio e jantar de gala. «Oh, senhor Eusébio», exclamou Jenö Kamuti, o húngaro, ex-campeão de esgrima, presidente do Comité Internacional de Fair-Play. Deixou os restantes convidados, cumprimentou efusivamente Eusébio, declarou-se seu admirador pessoal e perguntou sobre grandes jogadores húngaros que o Rei tinha defrontado. Com humildade, Eusébio revelou simpatia para todos quantos, depois, quiseram falar com ele.
Ao lado de Eusébio, na conferência de Imprensa, outros galardoados. A maioria com diplomas, apenas três com o grande prémio: além de Eusébio, com o de carreira, Simone Moro, italiano que salvou um alpinista e Kipchoge Keino, queniano empenhado no fair-play no seu país. Cada um venceu a sua categoria. À mesa, histórias de gente bonita e generosa, de grandes desportistas, com todos a darem o seu testemunho de fair-play.
Ministra jugoslava «enamorada»
A maioria dos laureados referiu-se a Eusébio de forma efusiva e bastante elogiosa. O próprio Jenö Kamuti justificou o prémio carreira por Eusébio ser «uma fonte de inspiração da juventude de todo o mundo para os valores do fair-play».
No final, houve quem não resistisse a uma palavra, um autógrafo, uma foto com o Pantera Negra. Como a jovem ministra do desporto da Jugoslávia, Snezana Stojacic, «grande fã» de Eusébio, ou a ginasta russa Irina Karavaeva.
O king recebeu ainda a visita do embaixador português na UNESCO, Marcello Mathias, que lhe leu uma missiva do primeiro-ministro Durão Barroso. Tal como um forte abraço de Joel Libombo, ministro de desporto moçambicano. Até um miúdo italiano o agarrou e só descansou quando recebeu uma foto autografada. Ficou tão contente que se despediu com... dois beijinhos.
Depois de muitos abraços, o momento alto da noite. Eusébio sentou-se na mesa presidencial, honra só concedida a outro dos muitos galardoados, Kipchoge Keino, mas também por ser presidente do Comité Olímpico do Quénia. Koïchiro Matsuura, director geral da UNESCO, chamou-o para o seu lado. Na mesma mesa, ainda o presidente do Comité Olímpico Internacional, Jacques Rogge, o representante da ONU para o desporto, Adolf Oggi, e Jenö Kamuti.
Cerca das 21 horas o momento mais alto. Palavras elogiosas na sua apresentação e subida ao palco para o merecido prémio e a maior salva de palmas da noite. Na sala, mais de uma centena de ministros do desporto dos quatro cantos do Mundo, em Paris para uma conferência da UNESCO. O Mundo inteiro aplaudiu Eusébio. O rei!