PANCHITO I

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maisfutebol.iol.pt
Panchito Velasquez: o mago do hóquei que respira futebol Chama-se Francisco Cecílio Velasquéz, como o pai e o avô, mas o nome é capaz de dizer pouco à maioria das pessoas. Nos ringues, assina golos com o nome de Panchito, marca que lhe denuncia as origens argentinas, mas que é também sinónimo de magia e genialidade no hóquei em patins. Encantados com o irrequieto argentino, houve quem lhe chamasse o Maradona do hóquei em patins e mesmo quem invertesse a comparação. Mas Panchito rejeita ser fenómeno, talvez por humildade, talvez porque, do outro lado, esteja afinal aquela que é a sua grande paixão. Antes mesmo de calçar patins, Panchito quis jogar futebol. Jogou no St. Martin de San Juan, clube da sua terra, numa altura em que a equipa estava a «um saltinho» da I Divisão. Por lá, mostrou um jogo inteligente e um jeito criativo de bater a bola, qualidades que trouxe para o hóquei, mas trouxe também uma lesão no joelho que teimou em mudar-lhe a vida. Virou-se então para os ringues, mas de olho no desporto que é rei das atenções porque Panchito é teimoso e ouviu desde pequeno que é proibido deixar de sonhar. No hóquei, passou pelo Concepción Patin Club, da Argentina, pelo Fallonica, da Itália, pelo Barcelona e, numa despedida algo amarga ao clube catalão, rumou ao Benfica. Ao serviço da selecção argentina, encantou e deu dores de cabeça aos adversários, entre os quais se incluem Portugal, a quem marcou um golo decisivo no último Campeonato do Mundo (3-2). Sonhador e esforçado, Panchito fala com carinho do «pessoal» da Luz que o recebeu com a mesma admiração depois daquele golo. Fala também da paixão encarnada com um jeito sincero de miúdo, à mistura com uma rebeldia argentina e, a fechar, não esquece os tempos atribulados que vive a sua pátria, fala das responsabilidades do Fundo Monetário Internacional e defende soluções para um Mundo a precisar de mudanças. Maisfutebol: Carlos Dantas, técnico do Benfica, disse já várias vezes que o Maradona é que era o Panchito do futebol e não o contrário. O que sente quando ouve o treinador dizer isso? Panchito: Já toda a gente sabe que o Carlos, além de treinador, é um amigo. Ele acredita que sou um bom jogador e exagera por estar a falar de um amigo. Às vezes, até o diz na brincadeira. MF: De qualquer forma, são muitos os que lhe reconhecem qualidades extraordinárias no hóquei mundial... P: Hoje em dia, há montes de casos no hóquei e não só o meu, de grandes jogadores, para os quais se usam muitos adjectivos. Pessoalmente, penso que é comprometedor... são muitas responsabilidades. MF: Esta comparação com o Maradona está também ligada ao facto de o Panchito ter um forte relação com o futebol. Passou por lá e teve mesmo aspirações de jogar futebol profissionalmente. P: E ainda tenho (risos). Eu nunca perco a esperança. Não sei se conseguiria chegar ao ponto a que cheguei no hóquei, mas tenho uma dívida para comigo mesmo. Posso estar errado porque sou muito teimoso, mas gostava de fazer um par de jogos e mostrar que sou capaz de estar lá dentro. Eu sigo os jogos de futebol e sinto-me capaz de estar num campo de futebol. Se calhar não era um fenómeno, mas posso estar lá. MF: O que o fascina tanto no futebol? P: O futebol é o desporto-rei. Ontem, por exemplo, estive com os juniores e, não sei, é diferente... O futebol tem um cheiro, tem uma coisa especial. Não quero dizer que o hóquei seja feio, é diferente. Aquele cheiro, o relvado, um campo de futebol, é tudo muito lindo. Vou fazer 28 anos em Janeiro, mas é um sonho que ainda tenho... quando me mandarem embora do hóquei, volto a jogar (risos). MF: Foi um problema no joelho que o afastou desse sonho? P: Sim, fizeram-me mal uma operação, na Argentina. A partir daí, tenho de viver com uma doença, tenho de treinar de forma diferente, ir ao ginásio, trabalhar mais um bocadinho, mas hoje em dia estou a ser tratado pelo doutor Pedro Magro e sinto-me bem. Acho que ainda há uma coisinha para fazer lá dentro para que esteja tudo bem, mas estou a trabalhar... MF: Se não fosse esse problema, onde é que se via hoje? P: A jogar no Benfica, mas no futebol. (risos) Eu tenho um defeito que é uma virtude ao mesmo tempo: confio muito em mim. Não sei se é bom ou não, mas confio nas minhas capacidades.