Petit II

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"Petit foi o destaque incontestado do jogo entre Benfica e Celta de Vigo de sábado à noite. O médio contratado ao Boavista já está praticamente no auge da forma física e técnica e tem tudo para se assumir como uma das principais figuras da equipa de Jesualdo Ferreira e da I Liga. Com ele no onze, o meio-campo encarnado pode ganhar uma dimensão que não tem sentido nos últimos anos. O Benfica apostou forte no reforço do meio-campo, de há três épocas a esta parte. No total, foram 14 futebolistas, contando com Petit, contratados para a zona imediatamente à frente da defesa (ver caixa ao lado). Jogadores experientes, jovens promessas, atletas com provas dadas no futebol português ou estrangeiros desconhecidos, a maior parte deles saiu da Luz sem brilho nem história. Calado e Fernando Meira chegaram a capitães de equipa mas não se tornaram referências de um clube onde foram quase tão criticados como aplaudidos. Michael Thomas, Tahar El Khalej, Kandaurov ou Uribe abandonaram o Estádio da Luz com poucos feitos para contar e Maniche até passou para o rival FC Porto depois de uma relação conturbada. Andrade, que saiu e voltou, Ednilson, Andersson, Tiago, Peixe e Fernando Aguiar continuam no Benfica. O lugar de médio com mais cuidados defensivos é, a propósito, dos mais concorridos de todos no plantel benfiquista. Por isso é que Petit afirmou publicamente que pretende estar sempre a cem por cento, para não dar facilidades aos colegas rivais. Concorrência Ednilson e, sobretudo, Tiago têm conseguido impor-se e devem ser eles os parceiros mais comuns do internacional português, em condições normais. Com Fernando Aguiar e Andersson de saída do clube, sobram o recém-contratado Peixe, que se debate ainda com uma difícil recuperação de uma intervenção cirúrgica realizada na época passada, e Andrade, cuja polivalência e carácter permitiram a sua continuidade no plantel. Seja qual for a dupla de médios escolhida por Jesualdo Ferreira, Petit deverá ter presença assídua. Com ele em campo, o Benfica ganha capacidade de luta, rigor no passe e um pulmão inesgotável. Como se viu frente ao Celta de Vigo, em Vila do Conde, apesar da derrota. Com a defesa a receber elogios pela consistência apresentada nos primeiros jogos da época, com o ataque a demonstrar um número ilimitado de soluções para as alas e para o centro do terreno, também o meio-campo parece estar superior ao ano passado. Petit é o homem que faz a diferença. Pré-época com o Boavista A forma apurada de Petit pode ter explicação no facto de o Boavista ter iniciado a época antes do Benfica. Mas a verdade é que o internacional português só integrou o estágio dos axadrezados no dia 6 de Julho, por ter gozado férias após a participação no Mundial do Oriente. Ou seja, começou os trabalhos apenas dois dias antes dos agora colegas de equipa, que se apresentaram no dia 8. Depois de uma semana em Quiaios e de um dia de folga, Petit foi logo negociado para a Luz. Chegou a Nyon no dia 17 e viu, de seguida, os colegas empatarem com o Auxerre. Depois disputou quatro encontros: com o Inter de Milão, o Sporting, o Grémio de Porto Alegre e o Celta de Vigo. Polivalência como arma O estilo de jogo de Petit é essencialmente físico: aparece à direita, à esquerda ou ao centro, junto à área do adversário ou perto da sua. Enfim, onde estiver a bola. Um dos factos da biografia desportiva do jogador que pode ajudar a explicar essa atracção pela posse do esférico é a sua polivalência. Desde o início da carreira até aos dias de hoje, Petit alinhou como guarda-redes, ainda no Bom Pastor, pequeno clube onde começou a jogar futebol, defesa-central, médio direito, e só depois médio-centro, já nas camadas jovens do Boavista e nas outras equipas onde actuou antes de ingressar no Benfica. Petit chegou mesmo, sem grande sucesso, a jogar como ponta-de-lança numa ocasião, nos juniores do Bessa. O amigo Nuno Gomes Petit já conhecia grande parte dos jogadores que encontrou no plantel do Benfica mas um deles é amigo de infância: o ponta-de-lança Nuno Gomes. Quando o mais recente reforço dos encarnados foi apresentado ao intervalo do jogo frente ao Grémio, o médio foi dos primeiros a abraçá-lo. Cerca de sete anos depois, a carreira de Petit e Nuno Gomes voltava a cruzar-se. O médio e o avançado conheceram-se no Bessa nas camadas jovens. Fizeram ambos parte da equipa de juniores que quase conquistou o campeonato nacional: Petit alinhava no meio-campo ao lado de Jorge Silva (Boavista) e Delfim (Marselha) e Nuno Gomes no ataque. Na defesa, Ricardo Silva (V. Guimarães) e Mário Silva (FC Porto) destacavam-se."