Fonte
www.abola.pt
Foi com grande hospitalidade que a família Argel recebeu A BOLA em sua casa. Num dia igual aos outros, mas sempre com uma ambiência diferente, mais que não seja pelo facto de um dos jogadores em destaque do Benfica das duas últimas épocas completar 28 anos. A idade em que um jogador atinge o auge físico, técnico e psicológico, dizem os especialistas. Mas também a altura em que já se começa a indagar sobre o que reserva o resto da carreira, não obstante a análise gradual e sustentada que mais sete anos pela frente porporcionam. Pelo menos, é assim que pensa o defesa brasileiro.
— Ao apagar as velas, que sente o Argel, homem e atleta?
— Alegria e tristeza. Alegria porque estou vivo, feliz com a minha família. Tristeza porque é um ano a menos que fico sem jogar.
— Mas chegou à idade em que os atletas atingem o auge. Correcto?
— É verdade, mas nem sempre a idade significa experiência. Eu podia ser mais velho e não ter acumulado as passagens que tive. Felizmente tive ao longo destes anos a possibilidade de jogar em grandes campeonatos e ter defrontado grandes jogadores, o que me dá uma experiência acrescida. O futebol é que te dá maturidade, conhecendo outros países, culturas diferentes. No entanto, sinto que estou a atravessar o melhor momento da minha carreira. Já não me desconcentro como acontecia quando tinha 21 anos, por exemplo. Dizem que um jogador atinge o auge da carreira entre os 26 e os 31 anos, e eu estou no meio [risos].
— Tratando-se de um defesa central, pressupomos que ainda o vamos ver jogar por muito mais tempo...
— Um jogador na minha posição poderá ter menos desgaste que noutras posições mas em Portugal os centrais estão constantemente a ser colocados à prova. Em Portugal os jogos são muito difíceis, há um grande desgaste, o que nos obriga a estar sempre concentrados. Quero jogar até aos 35 anos e depois dar lugar aos mais novos.
— Em Portugal?
— Tenho contrato com o Benfica até 2004 e depois logo se vê. Eu gostava muito de continuar aqui. E as pessoas podem ter a certeza de uma coisa: se não continuar no Benfica vou para o Brasil porque não serei capaz de jogar noutro clube em Portugal. Eu e os adeptos fizemos um grande casamento, pois quando vim para o Benfica as pessoas olhavam-me de uma forma diferente porque tinha jogado no F. C. Porto. Mas graças à minha força e persistência acabei por conquistar a massa associativa e eles estão no meu coração. Por isso, não me passa pela cabeça vestir outra camisola neste país. Seria uma traição aos benfiquistas.
— Mas quando estava no F. C. Porto poderia pensar o mesmo...
— Respondo apenas que acabei por ficar pouco tempo. E depois vim a perceber porquê: o destino reservava-me uma coisa muito melhor. Felizmente, foi o que aconteceu.