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http://www.maisfutebol.iol.pt
Ricardo Gomes não esquece o Benfica. O histórico defesa-central encarnado, que no final da década de 80 fez as delícias dos benfiquistas, continua ligado ao futebol, como treinador, e não perde nada do que se passa com o clube da Luz. Enquanto promete uma visita a Portugal para breve, comenta o estado actual do Benfica e diz que Jesualdo Ferreira é o homem certo no lugar certo.
«O Benfica voltou às origens», afirmou Ricardo Gomes ao Maisfutebol. «Estou optimista em relação a esta época. A equipa é óptima, tem muita qualidade e bons jogadores», analisou o jogador brasileiro, lembrando que, no ano passado, também estava esperançado numa boa temporada do Benfica: «Também estava optimista, mas as coisas não correram muito bem. Mesmo assim, é sempre um candidato ao título. Nunca irá deixar de ser uma das melhores equipas do Mundo, aconteça o que acontecer.»
«Para alguns treinadores, a mística era chinês»
Ricardo Gomes acompanhou com alguma tristeza os últimos anos do clube «encarnado». O Benfica tem passado à margem dos triunfos, com trocas consecutivas de treinadores. Uma questão que, na opinião do brasileiro, não tem ajudado: «Apareceram muitos sem qualquer ligação à história do Benfica. Para alguns, a mística do Benfica era chinês. O clube passou uma fase transitória, mas que está a durar mais tempo do que o desejável, porque os adeptos estão sempre à espera que o Benfica vença. Foi uma mudança geral, mas penso que já estão a estruturar o clube da melhor forma.»
Ricardo Gomes recuou com o Maisfutebol ao tempo em que era o esteio da defesa benfiquista, com Mozer ao lado e Valdo à frente dos defensores. Na voz do brasileiro sentiu-se a emoção de quem não esquece momentos únicos de águia ao peito. «Foi uma das melhores fases da minha vida», disse. «Sinto um carinho muito especial pelo clube. Foi uma fase fantástica. É difícil descrever o que se sentia. Aquela mística não se consegue descrever porque englobava muita coisa. A forma como se ganhava, a relação com os adeptos ou o simples subir da rampa do Estádio da Luz provocava sentimentos que nunca vou esquecer, nem consigo exprimir. É uma coisa que ninguém explica», afirmou Ricardo Gomes.
«Torcia muito pelo Toni, como torço pelo Jesualdo»
Na sua passagem pelo Benfica, Ricardo Gomes revela que conseguiu «entender o sentimento que envolvia o clube». «A maneira como conseguimos ser campeões fazia a diferença. Todos os que viveram esse tempo no clube é que percebem. A convivência é lembrada palmo a palmo sempre que encontramos amigos. Costumo falar com o Valdo sobre isso. Deixei muitos amigos, desde o Mozer ao Bernardo Vasconcelos. Só se volta a encontrar o ambiente como aquele daqui a 100 anos», suspirou o brasileiro, que espera voltar a Portugal dentro de pouco tempo: «Já há dois anos que não vou aí, mas quando arranjar um tempinho no campeonato brasileiro, certamente vou a Portugal.»
A mística benfiquista, que Ricardo Gomes tentou definir, foi o mote para a análise do brasileiro ao estado geral da nação encarnada nos dias de hoje. Com um discurso optimista, o antigo defesa-central acredita que a mística voltou a pairar na Luz. «Estão no caminho certo. O Benfica voltou às origens e isso começou com a chegada de Toni ao clube. O facto de manter a ligação com antigos profissionais é um passo importantíssimo para reavivar a mística, e o Benfica está a consegui-lo», comentou, acrescentando que acredita nas capacidades de Jesualdo Ferreira, actual treinador: «Torcia muito pelo Toni, como torço pelo Jesualdo. É uma pessoa inteligente, extremamente competente e com muita capacidade para exercer o cargo, porque sente o Benfica.»
«O estádio pode mudar, mas a história está lá sempre»
Quando chegar a Portugal, Ricardo Gomes irá encontrar um Estádio da Luz em demolição e um novo «monstro» em construção logo ali ao lado. O brasileiro acredita que a história do clube não desaparece com as velhinhas bancadas da Luz. «O estádio pode mudar, mas a história está lá sempre. Não se apaga, nem se perde. Tudo depende das pessoas», alertou.
O regresso a Portugal, e ao Benfica, na condição de treinador é uma situação que Ricardo Gomes não descarta. Depois de ter ganho alguma experiência em clubes como o Paris Saint-Germain, Vitória e Sport Recife, o ex-benfiquista assume que, se conseguir construir uma boa carreira, não pensará duas vezes. «Tenho de fazer todo um trabalho e um percurso como treinador. Se reunir condições, claro que gostaria de voltar, como treinador do Benfica», admitiu.