Recurso do castigo ao central deu entrada esta quinta-feira nos serviços do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol. Confira a perspetiva jurídica do especialista João Diogo Manteigas, a Bola Branca.
O Benfica pretende que o recurso enviado esta quinta-feira para o pleno do Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), devido ao castigo de Rúben Dias, tenha efeitos suspensivos.
O central de 20 anos foi suspenso por dois jogos, na sequência de um lance protagonizado com Gelson Martins, na segunda parte do dérbi com o Sporting (0-0), realizado no último sábado e a contar para a jornada 33 da Primeira Liga.
O clube da Luz alega que o defesa não cometeu qualquer agressão ao extremo leonino e defende ainda o facto de a equipa de arbitragem do encontro não tere sido ouvida pela Comissão de Instrutores (CI) da Liga Portugal, que conduziu a instrução do processo e recomendou o castigo.
A expetativa dos encarnados é que o CD, até ao fim da tarde de amanhã, reconheça o caráter suspensivo do recurso hoje apresentado, o que permitiria a Rúben Dias defrontar o Moreirense no domingo, para a 34ª e última jornada do campeonato, na Luz.
João Diogo Manteigas, especialista em Direito do Desporto
Na opinião do especialista em Direito do Desporto, João Diogo Manteigas, a questão que se coloca passa por saber se o CD da FPF suspende de imediato o castigo porque, quanto ao resto, o Benfica tem possibilidades neste recurso.
“Há a possibilidade do Rúben Dias ver suspensa a decisão contra si. Os requisitos estão preenchidos para a possibilidade de recurso no Conselho de Disciplina, sem dúvida alguma. O Benfica agiu bem mas resta saber se o CD conseguirá decidir rapidamente, ou começar a debruçar-se sobre esta matéria em duas vertentes: primeira, se ao aceitar o recurso do Benfica, imediatamente dá ordem de suspensão da medida aplicada ao jogador, que poderia jogar no domingo; se não, dá essa indicação e notifica o Benfica nesse sentido e, para esse efeito, parece-me arriscado o jogador jogar no domingo”, refere, em declarações a Bola Branca.
Sobre o facto de os árbitros do dérbi não terem sido ouvidos pela CI da Liga Portugal, João Diogo Manteigas admite que essa audição, podendo não ser obrigatória, teria sido aconselhável.
"Esta questão de o árbitro não ter sido ouvido e do VAR, em segundo momento mas acima de tudo, o árbitro principal, não é normal. Podemos debater se é obrigatório ou não. Eu entendo que não é uma obrigatoriedade mas o costume é uma coisa que também prevalece no âmbito do Direito e também do Direito Desportivo. Os árbitros foram sempre ouvidos, sem exceção, em todos os processos, para saber a sua análise relativamente a lances como este. Estamos a falar de um processo disciplinar relativamente a um acontecimento ou situação entre dois jogadores de uma eventual e alegada agressão. Os árbitros têm sempre de ser ouvidos, porque estão em campo para punir este tipo de atos”, conclui.
http://rr.sapo.pt/noticia/112898/ruben-dias-ainda-pode-ir-a-jogo-com-o-moreirense