Fonte
www.record.pt
As portas do Parma foram ontem abertas para a saída de Júnior, embora o clube italiano não explicitasse em que condições deixará o jogador sair para o Benfica. Mas, tecnicamente, o discurso dos responsáveis parmesãos não deixou dúvidas: se o brasileiro deseja mudar-se para Lisboa, nem Arrigo Sacchi (director-geral) nem Cesare Prandelli (treinador) o consideram... intransferível.
"O caso de Júnior tem a ver com a sua disponibilidade. Nós não temos necessidade de transferir jogadores. Isso é um ponto claro. Espero que os jogadores sejam capazes de se identificar com os nossos planos. Se tiverem outra atitude... agradecemos o seu contributo, mas será preferível que se faça a separação...", disse Sacchi, antes de fazer uma ressalva. "O jogador não exigiu a sua saída. Aqui, quem faz o mercado sou eu. É fundamental mostrar seriedade, empenho, trabalho e aplicação. Há campeões que custam imenso e depois, no campo...", largou metodicamente o director-geral.
Preferindo sempre uma linguagem indirecta, Arrigo Sacchi não quis responder nunca com simplicidade. O Parma não vaivender e... também não vai comprar? "Não disse isso. Quem joga normalmente, de certeza que não vai sair! E também sabe que vai ter de continuar a mostrar vontade para melhorar o seu trabalho. A aplicação e a generosidade de um jogador têm de ser em prol da 'squadra'. Cada um tem de pensar que o colectivo é o verdadeiro líder. Queremos unicamente jogadores identificados com este projecto. Como estamos fora da Taça, se calhar, nesta altura, chegámos à conclusão que temos jogadores em excesso. Mas todos aqueles que se oferecerem com o seu esforço para ser protagonistas desta filosofia, ficarão. Quem não estiver satisfeito, deve escolher outra solução. Não iremos prescindir de nenhum jogador entre aqueles que jogam normalmente", insistiu Sacchi, ainda mais incomodado perante a questão relacionada com a dupla hipótese para Júnior no âmbito da troca do Parma pelo Benfica (empréstimo ou compra): "Não sei, não sei...", concluiu o antigo treinador do inesquecível Milan, terminando logo ali a conferência de Imprensa. Mas para bom entendedor, a "palestra" de Sacchi já era suficientemente longa...
Prandelli deu um sinal ao brasileiro...
Cesare Prandelli não é um treinador satisfeito com Júnior. "Júnior? Sempre jogou. Simplesmente, no último encontro, tomei outras opções. E as minhas escolhas são um sinal para o jogador e para toda a equipa também", começou por dizer, não se mostrando impressionado com o assumido "desgosto" de Júnior em jogar como "simples" defesa-esquerdo. "Digo que um jogador, quando é 'bravo', não põe limites a si mesmo. Quando é 'bravo', é 'bravo'! Se cada um de nós começasse a estabelecer limites...", tentou justificar.
... e lembra que não o obriga a ficar
À margem das considerações técnico-tácticas, Prandelli lançou ainda um repto a Júnior, convidando-o a ser mais "persuasivo" no trabalho diário no Parma. "O importante é um jogador aos 29 anos sentir que deve e ainda pode melhorar", sublinhou. Quando questionado sobre a sua própria disponibilidade para deixar (ou não...) sair Júnior, foi mais frontal. "No Parma não obrigamos ninguém a ficar. Quem permanecer tem de mostrar grande vontade e determinação e acreditar no trabalho que está a fazer."