O ano da conquista do tricampeonato foi também aquele em que a SAD do Benfica registou o terceiro ano consecutivo de resultados positivos. Os “encarnados” atingiram um recorde de receitas (211,9 milhões da SAD e 236,6 milhões do grupo SLB) e aumentaram os capitais próprios para 20,9 milhões de euros.
“No contexto actual ter este crescimento de receitas em qualquer sector económico é importante, e ainda mais em Portugal. As receitas da Liga dos Campeões foram o maior contributo, apesar de termos crescido em todos os canais da nossa actividade”, sublinhou Domingos Soares de Oliveira, administrador da SAD “encarnada”, em declarações aos jornalistas.
“A SAD apresentou lucro líquido superior a 20 milhões de euros, e também nesse aspecto importa destacar que isso nos permite ter um crescimento muito significativo nos capitais próprios, com capitais próprios positivos. O terceiro aspecto é o crescimento das receitas internacionais: o Benfica tem hoje mais de 60% das suas receitas no mercado internacional. É dinheiro que o Benfica traz de fora para Portugal”, acrescentou o mesmo responsável.
A temporada 2015-16 também marcou, em termos financeiros, a redução da dependência da SAD do Benfica relativamente à banca. A dívida bancária conheceu uma forte redução, num valor que atingiu 49,7 milhões. “Uma parte da dívida que tínhamos com o sistema financeiro nacional foi substituída por [dívida] obrigacionista. É uma tendência que eu acredito que se vai manter ao longo dos próximos anos, no sentido de reduzirmos a dependência da banca nacional e, de alguma forma, apresentarmos ao mercado produtos que sejam alternativos e em que o mercado possa confiar, como foi o caso das duas emissões obrigacionistas que tivemos este ano”, notou Domingos Soares de Oliveira.
O posicionamento do Benfica no mercado de transferências é que não vai mudar. “No nosso modelo, para além das três receitas tradicionais (bilhética, patrocínios e direitos televisivos), criámos uma quarta componente que é a de trading de jogadores. Para nós, um bocadinho à imagem daquilo que o FC Porto fez durante alguns anos, é muito importante podermos realizar mais-valias com a venda de jogadores”, admitiu o administrador da SAD “encarnada”.
“Surgiram números recentemente que mostram que o Benfica é o quarto clube que mais vendeu ao longo dos últimos cinco anos. Para pagarmos bons salários e fazermos os investimentos que estamos a fazer neste momento, em termos de infra-estruturas, é muito importante que a transacção de jogadores se mantenha”, acrescentou Domingos Soares de Oliveira, rejeitando porém qualquer necessidade de vender em Janeiro: “Não é preciso. Nós fazemos a planificação das nossas necessidades de tesouraria com bastante antecedência relativamente a cada ano, e não temos nenhuma necessidade específica de vender jogadores em Janeiro.”
A estratégia, no entanto, “não passa apenas por andar a comprar jogadores”, frisou. “Nós queremos apostar em talentos que sejam valorizados no Benfica e apostar na juventude que temos hoje nas nossas escolas. E utilizar os jogadores mais seniores, pela sua experiência, para fazer o enquadramento adequado quer daqueles que vêm de fora, quer dos nossos jovens”, concluiu o responsável da SAD.