Fonte
www.abola.pt
As férias prolongam-se até 4 de Julho, mas desde que Camacho disse a Luis Filipe Vieira que continuava no Benfica, não tem deixado de ir pensando no futuro. Por isso estará hoje mesmo em Lisboa, apenas por horas. Vai e volta no mesmo dia. Quer começar a preparar o trabalho, decidir algumas coisas que há para decidir e regressar a Madrid, com o Benfica no pensamento.
— Quais são, para já, as suas maiores preocupações?
— Criar condições para fazermos um trabalho com seriedade, o que implica que os jogadores possam trabalhar em estabilidade e com tranquilidade. É muito importante que os jogadores pensem, apenas, no seu trabalho...
— Não é normal que assim seja?
— É normal e necessário, mas não tem sido assim. Nos últimos seis meses, não houve essa estabilidade. Foram, de facto, seis meses muito difíceis, sobretudo quando não sabíamos, sequer, onde podíamos ir treinar...
— Foi um ano de transição, porque o estádio antigo foi abaixo e o novo ainda estava a começar a ser construído...
— Esse é um problema que deverá ser resolvido, mas podem surgir outros. Em Outubro há eleições e esse será também um momento importante para o Benfica.
— É previsível que não haja instabilidade por causa disso, mas se, por exemplo, os resultados levassem Luis Filipe Vieira a sair, qual seria a sua posição?
— Sairia com ele. O meu acordo foi com o presidente. Ele insistiu muito, teve muita influência na minha decisão de continuar no Benfica e, por isso, não faria sentido que, nessas circunstâncias, eu continuasse.
— Luis Filipe Vieira foi a razão pela qual aceitou continuar como treinador do Benfica?
— Foi muito influente. Não podia ser insensível, nem à sua insistência, nem à confiança que ele depositou em mim. O presidente é um homem que tem trabalhado muito para o Benfica e merece-me um grande respeito.
As «exigências» de Camacho
— O que foi transparecendo, neste período de dúvida, é que a demora de uma decisão se ficou a dever à aceitação de condições muito específicas, que teriam sido feitas por si...
— A demora da decisão ficou a dever-se ao facto do Benfica ter tido a necessidade de concretizar garantias e preparar o seu futuro, o que obrigou a reuniões com bancos e outras intervenções do presidente, que demoram sempre algum tempo. Não foi por causa do treinador...
— Mas sabe-se, por exemplo, que terá exigido mudanças em diversos sectores. Fala-se no departamento clínico...
— Já li, de facto, que teria exigido isto e aquilo, mas não exigi nada. Um clube como o Benfica tem de ter um departamento clínico e de recuperação de atletas modernizado e eficiente. É assim em qualquer clube de futebol profissional e não faz sentido que se diga que o treinador é que exige que assim seja.
— Diz-se que exige uma equipa muito forte...
— Bom, aí não há nada a fazer. Para se ser muito forte tem de se ter uma equipa muito forte. Não é possível dizer o contrário.
— O que considera mais essencial?
— Que o Benfica consiga criar condições para assentar o seu futebol e poder trabalhar com tranquilidade, criando, a partir daí, meios para voltar a vencer. Não falo de vencer às vezes, esporadicamente, mas vencer naturalmente.
— E para que isso aconteça?
— Vamos ter, todos, de trabalhar muito.
Lutar pelo título
— Pode, o Benfica, chegar ao título já este ano?
— Ninguém pode dizer que sim, ou que não. Podemos dizer que vamos lutar pelo título, isso sim.
— Mas admite que o F. C. Porto seja favorito...
— O F. C. Porto é já uma equipa mais assente, mais estável e, é bom não esquecer, foi o vencedor da Taça UEFA. É nosso rival, mas devemos reconhecer que na última época foi ele quem triunfou.
— Continua, pois, a ser muito difícil bater o F C Porto...
— Temos a obrigação de tentar.
— Com uma equipa mais forte e com melhores jogadores...
— O Benfica não tem o dinheiro do Real Madrid e, por isso, deve-se reforçar com cautela. Devem ser dados passos pequenos, porque não há margem para enganos. Depois teremos oportunidade, em Dezembro, de ver se haverá necessidade de ajustar algumas situações.
— Mas a época começa com um jogo decisivo na pré-eliminatória para a Liga dos Campeões...
— Sim, são duas finais decisivas e para esses dois jogos, especificamente, vamos preparar-nos o melhor que pudermos.