Van Hooijdonk e Veloso realçam importância de ter líderes experientes em campo

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FC Porto lidera na Luz no novo milénio. Van Hooijdonk e Veloso realçam importância de ter líderes experientes em campo

 

No novo milénio, Benfica e FC Porto já mediram forças no Estádio da Luz em 16 ocasiões para o campeonato e a verdade é que as contas não são positivas para o clube da Luz, com um total de apenas quatro vitórias, seis empates e outras seis derrotas. Uma inversão na relação de forças histórica dos clássicos no recinto benfiquista: no século passado, década a década, nunca o Benfica tinha deixado de ganhar mais jogos do que o rival. Van Hooijdonk e António Veloso, dois ex-benfiquistas que sabem o que é vencer o FC Porto na Luz, explicam ao DN que este novo fenómeno pode dever-se a questões de falta de liderança e experiência.

 

"Quando cheguei ao Benfica o clube estava numa fase de reformulação e havia muitos jogadores novos a chegar, como eu. Estava a construir-se uma equipa, tal como no FC Porto, que também não foi campeão [Boavista]. Faltavam líderes e neste tipo de jogos esses jogadores são fundamentais", disse Van Hooijdonk ao DN, comparando o primeiro jogo do novo milénio - que o Benfica até venceu por 2-1, com dois golos do holandês - ao que sucedeu a partir daí.

 

"Vencemos, mas o FC Porto tinha mais experiência. Jogámos muito bem e conseguimos surpreender, mas não foi fácil. O FC Porto continuou depois a dominar o futebol português graças à experiência, à estrutura e à equipa que conseguia manter. Volto a dizer, nestes jogos ter uma liderança forte, com três ou quatro jogadores de grande carácter e que impõem respeito, é melhor do que ter dois ou três craques, perguntem a quem quiserem. A equipa ideal para este jogo seriam dez Luisões e um guarda-redes, [Luisão] é bom, impõe respeito, sabe comandar uma equipa dentro de campo, tudo isso são vantagens. Também por isso ele tem vindo a ser titular todos estes anos, apesar da idade", salientou o ex-goleador holandês.

 

António Veloso, um dos capitães mais conceituados de sempre do Benfica, e que venceu mais do que perdeu estes clássicos na Luz, nas décadas de 1980 e 1990, concorda que saber lidar com a pressão é fundamental.

 

"Felizmente ganhei mais vezes do que perdi e sei que neste tipo de jogos há que saber lidar melhor com a pressão do que em outros. Por exemplo, nos últimos anos o Benfica tem chegado a estes clássicos na frente e quem vai na frente, quer queiramos quer não, tem sempre menos pressão. Mas antes não era assim, o Benfica passou uma fase complicada no início do milénio e isso também se sentia nos clássicos. A pressão era bem maior e o FC Porto lidava melhor com essa situação, até porque tinha equipas mais competitivas e que não mudavam quase todos os anos. Na minha altura ganhei mais vezes porque sabíamos lidar melhor com estas situações e tínhamos um grupo que ficava muito tempo na equipa", salientou o antigo internacional português, concordando com Van Hooijdonk.

 

"Agora há Luisão e já houve outros, como no meu tempo, mas talvez no início do novo milénio, com as saídas de muitos jogadores, a equipa fosse muito jovem e houvesse essa tal falta de liderança para um clube como o Benfica. Nos jogos a doer faz sempre falta uma voz de líder dentro de campo. Mas lembro-me que em muitos desses jogos também faltou muita sorte ao Benfica, como no ano passado. Havia líderes, a equipa era melhor do que o FC Porto, mereceu mais, mas acabou por perder", salientou o antigo defesa encarnado.

 

Papéis de liderança invertidos

Quando subirem ao relvado no próximo sábado, Benfica e FC Porto irão, além do mais, discutir a liderança do campeonato, naquele que é já apelidado de jogo do título. Desta feita, porém, "os papéis de liderança" até poderão estar invertidos, de acordo com Van Hooijdonk.

 

"Espero que o Benfica vença, sou adepto e gosto que ganhe, e neste jogo até está em vantagem, do meu ponto de vista. Se de um lado há um líder como Casillas, apesar do pouco tempo no FC Porto, do outro há Luisão, Fejsa, Pizzi, Jonas e outros, muita experiência numa só equipa, e isso é muito benéfico. Quando as coisas não estiverem a correr bem, um grito deles fará mexer os restantes jogadores. Desta vez o Benfica também poderá superiorizar-se no que à experiência diz respeito", vaticinou o antigo internacional holandês e presentemente comentador desportivo.

 

Também António Veloso está confiante para o jogo do próximo sábado na Luz, salientando que uma vitória das águias poderá ser um passo enorme rumo ao tetra. "É evidente que nada fica decidido, pois ficarão a faltar muitos jogos, mas será muito importante, não só porque permitirá ficar com mais quatro pontos do que o FC Porto mas também pela vantagem anímica para o que resta do campeonato e que será fundamental, por exemplo, para o jogo complicado que o Benfica terá no estádio do Sporting. Acredito na vitória e numa boa resposta por parte do Benfica", concluiu o ex-capitão.

 

http://www.dn.pt/desporto/interior/nestes-jogos-a-equipa-ideal-seria-dez-luisoes-e-um-guarda-redes-5753242.html