Entrevista com o Mister Bruno Lage

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Os utilizadores do site Serbenfiquista tiveram a oportunidade de endereçar perguntas para serem respondidas pelo treinador da equipa Júnior da época finda, o técnico Bruno Lage. Com um discurso frontal e, de bastante sabedoria, Bruno Lage respondeu de forma fantástica às questões que lhe foram endereçadas. Um muito obrigado pela grande disponibilidade, e que continue o seu excelente trabalho em prol da nossa formação.

Rusty Ryan: Qual a sua análise sobre a época que passou, considera que foram cumpridos os objectivos delineados?

A Gestão da área de formação entendeu apostar na geração de 89 e na equipa técnica que transitou dos juvenis, o que, larga medida, se deveu ao bom trabalho que realizámos na época passada. De facto, é de salientar que na época passada não nós sagramos campeões nacionais por um golo no confronto directo com o Sporting. Fizemos um percurso fantástico como equipa, praticámos futebol de qualidade e conquistámos 13 pontos na fase final. Em termos individuais, vários jogadores, como Ruben Lima, Daniel Casaleiro e Miguel Rosa, juntaram-se a André Carvalhas e Romeu Ribeiro no lote de internacionais. O facto de jogarmos inicialmente nos Olivais e, mais tarde, em Odivelas, não nos permitiu ter o acompanhamento por parte dos sócios e adeptos que tivemos este ano.

Tínhamos a noção que participar num campeonato tão competitivo como o nacional de juniores com uma equipa maioritariamente composta por atletas de 1º ano não iria ser uma tarefa fácil, mas ao mesmo tempo, era aliciante e motivadora para uma equipa técnica jovem. Foi com esse sentimento que iniciamos a época, cientes das dificuldades mas tranquilos em relação ao futuro, já que conhecíamos os nossos jogadores, a sua capacidade de superação e a sua enorme ambição em serem jogadores profissionais.

Por acreditarmos que o factor psicológico, em especial aspectos relacionados com a motivação, é fundamental para o sucesso de qualquer equipa, tentamos, desde o primeiro dia, transmitir que sem espírito de equipa, sem o querer e determinação de todos jamais poderíamos atingir os nossos objectivos.

À partida, os sócios e adeptos não nos conheciam e iam cobrar o insucesso da época anterior da equipa de juniores e isso ficou demonstrado logo no início do campeonato. Recebemos e empatamos a dois com o Estoril, equipa que na época anterior ocupou uma das duas vagas para o apuramento do campeão.

Percebemos rapidamente que não tínhamos tempo para crescer e que não teríamos margem para errar.
Ainda assim destaco algo de positivo desse jogo. A equipa deixou a sua imagem de marca: Uma equipa solidária.

Esta foi uma das metas que atingimos: Formámos uma equipa unida e coesa e que acreditou sempre nas suas potencialidades.

Nos meses seguintes o nosso objectivo manteve-se inalterado. Empenhados e focados na tarefa, determinados no percurso a realizar como equipa e cientes de que o êxito individual só se alcança se a equipa a que pertencermos for atingido resultados positivos.

Daí o nosso lema para os jogos:

O mais importante é o sucesso da EQUIPA, ninguém está acima dela
Sorte para nós... BENFICA


Passar a 2 ª fase foi, logo á partida, definido, no seio da equipa, como objectivo mínimo. Garantida a presença na fase de apuramento para o campeão, e com a evolução que pretendíamos para a equipa, poderíamos então entrar na discussão pelo título. E foi isso que aconteceu.

Iniciamos a 2ª fase na academia. Perdemos 1-0 com um golo de livre do João Martins. Criamos inúmeras oportunidades de golo, vários jogadores isolados, mas não conseguimos bater o Rui Patrício. Três dias depois vencemos o Porto por 1-0 na Caixa Futebol Campus, onde foi fundamental o apoio do sócio e adeptos. A primeira volta termina com a vitória fora por 1-0 frente ao Boavista que nos colocou na liderança da competição com a melhor defesa da prova. Tínhamos alcançado dois objectivos colectivos que reforçavam o trabalho de equipa, intensificando a moral necessária para atacar a 2ª volta.

O jogo na pasteleira ficou também marcado por nova lesão do Yu Dabao, e por ser o ultimo jogo do Milan na presente da época.

Foi, assim, num momento importante e decisivo, com a equipa em crescendo de forma, que o Campeonato entrou num período de paragem de três semanas para os compromissos das selecções nacionais sub19 e 18. Os sub 19 disputaram a fase de apuramento para o campeonato da Europa nas primeiras duas semanas de paragem, e os sub 18 na última semana de paragem disputaram o torneio internacional de Lisboa. Julgo que fomos a equipa mais prejudicada por esta calendarização.

Os nossos atletas internacionais sub 18, Romeu, M.Vitor, R.Lima, A. Carvalhas, realizaram em apenas nove dias quatro jogos. Dois de três jogos pela selecção nacional, e a 7 e 10 de Junho com o Sporting e F.C.Porto respectivamente. A sobrecarga destes jogadores aliado ao facto do Dabao, devido as paragens por lesões, não estar com o ritmo competitivo ideal e a impossibilidade de contarmos com o Milan, condicionou-nos, e muito, nos três jogos finais.

Entendemos que as metas de uma equipa da área de formação de um clube como o Benfica devem sem ambiciosas e o facto de não termos sido campeões nacionais não abrilhanta o nosso trabalho. No entanto é de realçar o percurso que fizemos como equipa e a evolução individual destes atletas.
Os jogadores dignificaram a camisola e asseguram o futuro.

Rfp85: Como lidou com os jovens jogadores sabendo que, para os adeptos do Benfica, os resultados são mais importante do que a formação de jogadores e homens?
Rusty Ryan: Sentiu o apoio dos adeptos ao longo da época?
1904_SLB: Qual foi a reacção dos jogadores quando souberam que iriam jogar no grandioso Estádio da Luz?


No início, tenho que confessar que, ouvimos alguns comentários desagradáveis por parte de alguns adeptos. O facto de passarmos a jogar com a bancada cheia era novidade e algumas pessoas não tiveram paciência com esta equipa.

A derrota caseira com Sporting deixou marcas na equipa. Não merecíamos aquele resultado. Não jogamos bem, é um facto, mas o Sporting não nos foi superior. Alias, a defesa da tarde pertence ao Rui Patrício na sequência de um cabeceamento do Romeu e perto do fim, nos minutos de desconto, o golo do Adrien foi um golpe duro.

Mas, o mais difícil nesse jogo, foram algumas ofensas verbais dirigidas ao grupo. Ficamos tristes e revoltados com aquilo que ouvimos.

A experiência no futebol ensinou-me a tirar partido de todas as situações. Era o momento certo para mexer no campo psicológico e foi o que fizemos. Eliminamos as opiniões externas negativas, valorizamos o espírito de grupo e o espírito de sacrifício.

Em conjunto traçamos o nosso caminho a seguir e logo ali fiquei certo que iríamos estar no apuramento do campeão. Este foi um momento de aprendizagem fundamental. Não dramatizamos a derrota e continuamos empenhados e motivados e acreditar no nosso trabalho.

A equipa fechou-se, tornou-se ainda mais coesa e unida. Percebe-se agora porque passamos a festejar cada golo como se fosse o último. O guarda-redes a sair da baliza para festejar, o homem do golo a festejar com os colegas do banco. Os jogadores queriam passar a mensagem que as criticas não iriam enfraquecer a nossa "armadura".

Há um jogo que marca o início do apoio incondicional que tivemos até ao fim do campeonato. Trata-se do Jogo com o Belenenses, na Caixa. Estávamos a jogar bem, a criar oportunidades, e a determinado momento o silêncio foi substituído por Benfica... Benfica... Benfica...

A partir deste momento o apoio à equipa passou a ser fantástico. Os adeptos acreditavam e acarinhavam os jogadores e eles sentiam que podiam contar com o apoio do público.  Foi isso que aconteceu na vitória por 1-0 com o Porto no Campus e até mesmo no empate com o Sporting no estádio da Luz.

Os jogadores receberam a notícia de jogar no estádio da Luz com grande entusiasmo. A Luz é o palco dos nossos sonhos e ao realiza-lo foi um momento inesquecível nas nossas carreiras. Falamos aos jogadores da importância do jogo, o facto de ser disputado no estádio da luz perante o nosso eterno rival. Para uns iria ser o início de uma longa e bonita carreira a jogar no estádio, para a maioria tratava-se de uma oportunidade única. Certo, é que seria a primeira vez para todos, que iria ficar para sempre nas nossas memórias e que queríamos recorda-lo com um bom resultado e uma boa exibição.

Viveu-se um ambiente incrível com um público fantástico, cerca de 15 mil pessoas, a apoiar a equipa.
Uma primeira parte equilibrada com o Sporting a ir para o intervalo a vencer com um lance de infelicidade da nossa equipa, um auto-golo. Entramos para a 2ª parte determinados em alterar o rumo dos acontecimentos. Empatamos com um golo do Sami, o que acabou por ser um resultado curto para as nossas aspirações. Não era o resultado que nós queríamos para as contas do título, não era a retribuição para os adeptos que apoiaram de forma tão entusiasta e determinada uma equipa da área de formação.

Foi um momento único e indescritível só possível num clube da grandeza do Benfica, 15 mil pessoas a apoiar uma equipa da área de formação, uma claque com os cânticos como se de um jogo da 1ª liga se tratasse.

Aproveito para agradecer em meu nome pessoal e em nome de todos os elementos da equipa de juniores o apoio e acompanhamento.

André_DV04_SLB: Quais as suas grande referência ao nível do jogo e do treino?

O mais importante numa equipa, neste caso, na área de formação do Sport Lisboa e Benfica, é ter definido um modelo de jogo e um conjunto de exercícios que dêem suporte a sua concepção de jogo. Dão corpo ao nosso modelo de jogo três sistemas tácticos: 4x3x3; 4x4x2 c/ alas e o que normalmente usamos 4x1x3x2.

O 4x1x3x2 é o nosso sistema preferido, não proporcionando um posicionamento equilibrado como o 4x3x3, faz com que os jogadores sejam mais disciplinados nas suas acções tácticas e tenham um desenvolvimento mais profundo ao nível do pensamento táctico. Trata-se de um sistema desequilibrado, pelo facto de não termos jogadores fixos a jogar nos corredores laterais, e o equilíbrio momentâneo surge em função de uma organização colectiva articulada e sustentada em princípios de jogo definidos e desenvolvidos no treino que fazem com que os jogadores pensem, ao mesmo tempo, na mesma solução táctica.

Por exemplo, em posse de bola, os médios interiores não devem estar posicionados, simultaneamente, nas alas, pois acabam por deixar apenas um homem no meio-campo. Outra situação a ter em conta é a projecção em profundidade de um lateral obrigando um dos médios a equilibrar defensivamente. Os avançados em constante mobilidade nos corredores laterais não devem perder nunca o posicionamento na área no momento da finalização.

Ao nível do treino, as nossas preocupações diárias estão direccionadas para o nosso modelo de jogo e reservamos também especial atenção para o treino técnico individualizado.

Ao elaboramos o treino em função daquilo que pretendemos para o jogo, estamos a trabalhar em regime táctico, ou seja, a exercitar o nosso modelo de jogo, e a desenvolver a capacidade física, não de uma forma isolada, mas em especificidade. Entendemos o treino em intensidade, não em termos de desgaste energético, mas sim pela concentração exigida, e isso só se consegue ao trabalharmos de forma integrada e subordinada ao modelo de jogo.



André_DV04_SLB: Definir uma estratégia para determinado jogo interferiu com o modelo de jogo e/ou sistema táctico da equipa?

Não. Nós analisamos o adversário, tentamos perceber como se organizam em termos ofensivos e defensivos; tentamos também prever como se posicionam contra nós. Depois de conhecer o adversário transmitimos as informações ao grupo. Os jogadores gostam e sentem-se mais confiantes. Já o fazíamos antes, através de um relatório, mas agora com o centro estágio elaboramos um dvd e posteriormente visionamos e discutimos em grupo os comportamentos a adoptar. Conhecendo os pontos fortes e fracos da equipa adversária tentamos condicionar o seu jogo e leva-los a jogar como pretendemos.
A estratégia para o jogo é definida previamente por nós, equipa técnica, mas entendemos que os jogadores devem participar nela, e são, assim, de certa forma conduzidos para a ideia previamente concebida. Esta participação activa é também uma forma de os termos concentrados e como tal obtêm maior informação.

Iniciamos depois o trabalho no campo onde tentamos simular as acções colectivas do adversário para nos preparamos e adaptarmos as circunstâncias. Por exemplo, nos gostamos de defender a zona e condicionar as saídas curtas do nosso adversário, e na fase final, a nossa estratégia defensiva foi definida da seguinte maneira:

Sabíamos que o Sporting joga curto a partir do seu guarda-redes. O Carriço é um jogador com capacidade de passe longo. Conduz a bola para um corredor, obrigando a equipa a bascular e depois faz passe longo para médio ala contrário jogar 1x1 com lateral adversário. Com espaço e em posse de bola, este sobe no terreno de forma a criar desequilíbrios no meio campo.

Neste jogo a nossa estratégia passou por um avançado, o Dabao, condicionar o jogo do Carriço de forma a este não iniciar o processo ofensivo. O outro avançado, o Sami pressionava alto as saídas pelo lado esquerdo tirando tempo e espaço ao Tiago Pinto em posse de bola.

No caso de saída pelo corredor direito, a pressão exercida ao João Gonçalves seria realizada na linha do meio campo. Nos queríamos que ele subisse e que nos desse espaço nas costas para, após a recuperação da posse de bola, explorarmos.

O Porto, também joga curto a partir do guarda-redes, os centrais bem abertos, de forma a dificultar a pressão do adversário, com os laterais em profundidade na linha do meio-campo. O Porto saia bem pelos dois lados, mas como nós queríamos ganhar a bola no nosso lado esquerdo, pelo facto de a nossa pressão ser mais agressiva com jogadores como o Kaz, R.Lima e Carvalhas, então não permitíamos que eles saíssem pelo lado contrário.

Com o Boavista, identificamos a equipa joga longo para o avançado e a partir dele jogar a "2ª bola". A nossa estratégia passou por posicionar o Romeu, mesmo sem adversário, à frente dos centrais para interceptar a bola.

[Continua...]

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[Continuação...]

Johncleese: O facto de o Milan Jeremic ter sido adaptado a avançado e principalmente a médio interior direito ao longo da época, terá sido com intuito de "moldar" o jogador para o plantel sénior da próxima época (jogam no mesmo sistema) ou foi apenas e só por necessidade circunstancial?

Como referi, a área de formação tem definido um modelo de jogo e de treino independente da área profissional. E só assim faz sentido pois deve a estrutura ter capacidade de determinar as suas próprias directrizes.

Nós tínhamos um passado, com sucesso, a jogar em 4x4x2 e como a maioria dos atletas transitava para a equipa de juniores, não fazia sentido alterar. A nossa primeira preocupação, desde o primeiro dia de treino, foi adaptar todos os jogadores para esta realidade.

Em relação ao Milan, a nossa primeira ideia, seria pô-lo a jogar como médio interior direito. Aproveitar as suas características de médio ala para atacar, mas cientes de que tínhamos que o ensinar a defender como médio interior.

Iniciou a época a jogar como avançado e nesse período foi extremamente importante á equipa. Com a Chegada do Dabao e o momento de forma da Sami, entendemos passar o Milan para interior, em concordância com a nossa ideia inicial.

Hoje, o Milan é um jogador mais completo. Não se limita a jogar numa só posição, adquiriu  conhecimentos tácticos que lhe permitem jogar em vários sistemas.

Mr. Costa: Acredita que o Kaz vai usufruir do empréstimo à Austrália e que este seja bom para a sua evolução como jogador?

No primeiro esboço que realizamos do plantel, o Kaz Patafta, e o Miguel Rosa seriam os pivots ofensivos da equipa. O Kaz foi testado, mas cedo percebemos que ele não nós ia trazer a mobilidade e ocupação de espaços que pretendíamos. Em conversa com o atleta, tomamos conhecimento de que ele nunca tinha jogado na posição de médio ofensivo, a sua posição preferida era a de médio defensivo, pois era o seu papel na selecção da Austrália, onde ele coordenava o início do processo ofensivo. Decidimos então que em função do nosso jogo e das características do jogador, que seria como médio interior que o kaz poderia dar um maior contributo à equipa. Devido a sua experiência a jogar como médio defensivo, os aspectos de organização defensivos estariam assegurados e eventualmente seriam um bom auxiliar ao médio defensivo. Em processo ofensivo, dava à equipa boa capacidade de passe curto e longo. Denotava alguma dificuldade em jogar pelo corredor lateral, algo que seria facilmente assegurado pela projecção de um dos nossos laterais esquerdo, Edgar Martins ou Ruben Lima, qualquer um deles com capacidade para jogar por dentro e por fora.

O Kaz realizou as duas primeiras jornadas a titular, lesionando-se depois num treino ao serviço da equipa principal. Dois meses e meio depois regressa à competição; um mês de recuperação, seguido de um mês e meio ao serviço da selecção; na 13ª jornada no jogo com os pescadores, num período bom da equipa, foi como suplente utilizado acabando por fazer o golo da vitória.

O kaz teve um inicio de época difícil, mas acabou por ser um elemento importante na nossa estrutura.
Para o kaz, assim como todos os outros jogadores emprestados e dispensados, o melhor que deve acontecer é representarem um clube onde tenham condições para jogar. Sendo um clube australiano, onde o kaz goza de algum prestígio, fico com a ideia de que se trata da melhor solução para a evolução do atleta.



Avipac: Com os jogadores que ficam e os que sobem dos Juvenis, acredita que para o ano são realmente candidatos ao título?
Jonasantos: Acha que a equipa que na próxima época, formada por jogadores nascidos em 89 e 90, será a "geração de ouro" do Benfica?

A equipa de 89 realizou, na minha opinião, duas épocas brilhantes. Há dois anos não fomos campeões por um golo e, na época passada, grande parte destes jogadores puderam evoluir num campeonato bastante competitivo. A equipa de 90 também tem um percurso excelente nos juvenis e a sua evolução é notória. Os percursos de ambas as equipas, aliados às excelentes condições de trabalho do caixa futebol campus e ao facto de estes jogadores dominarem as convocatórias das respectivas selecções são fortes indicadores de que esta equipa poderá ser a Geração de ouro do Sport Lisboa e Benfica. O treinador que estiver ao seu comando só poderá sentir-se motivado para desenvolver um bom trabalho com esta equipa brilhante, com estes jogadores fantásticos

André_DV04_SLB: Para si, qual o maior incentivo no trabalho diário com jovens?

Perante esta equipa a motivação foi diária e foi um enorme prazer desenvolver a minha actividade com um conjunto de atletas com uma ambição enorme de virem a ser jogadores profissionais. É fantástico olhar para eles e sentir essa ambição.

André_DV04_SLB Quais as dificuldades que sente?

Tenho um receio... que estes jovens não entendam que o futebol não é justo. Têm que ter presente que os sucessos excepcionais nestas idades não são garantia de sucesso no futebol profissional. Infelizmente já treinei seniores em divisões secundárias com o mesmo percurso e com o mesmo sonho destes atletas. Para que tal não aconteça não me canso de dizer que a atitude perante o treino e os jogos é fundamental. A nossa mensagem passa sempre por orientar as expectativas dos jogadores num sentido realista de forma a moderar o aparecimento de "estrelas prematuras".

Stryll: Para um treinador de juniores do Benfica, seria mais gratificante ser campeão, ou ver no final (ou mesmo durante a época) 2 ou 3 juniores subirem aos seniores e se afirmarem no plantel principal?

Os títulos são importantes para a carreira de qualquer treinador, já tenho alguns, e não vou esconder que tenho ambição e que trabalho no sentido de conquistar mais. No entanto, o sucesso no futebol é efémero, e os títulos renovam-se ano após ano.

Se perguntarem aos adeptos e sócios do SLB se sabem qual a equipa campeã de juniores há 15 anos atrás, provavelmente, poucos saberão responder, mas ninguém esquece que o Rui Costa "nasceu" da formação do SLB há 15 anos atrás.

Yatahaze: Qual o jogador que pensa ter tido uma maior evolução ao longo da época e qual o factor decisivo para isso?

Os dois centrais: O Nuno Ferreira, sub 19, que na época anterior tinha sido emprestado ao Alverca, começou a época como terceiro central. Não desistiu, percebeu que o segredo do sucesso no futebol esta no treino, por ser o espaço onde o jogador desenvolve a aperfeiçoa as suas capacidade e onde pode mostrar ao treinador que está errado quando não opta por ele.
O Miguel Vítor, sub 18, que tardou a ser internacional, tornou-se, na minha opinião o melhor central Português da sua idade.

Aos jogadores que comigo partilharam este ano gostaria de deixar a seguinte mensagem:

Aos que saem dizer-lhes que por vezes são tomadas decisões que vão contra as nossas ambições, intenções e sonhos. Não desistam, não se entreguem as decisões. Só se deixem convencer naquilo que querem. Sorte para o futuro. Um abraço.

Para os que permanecem, espero que a ambição para atingir o sonho permaneça inalterada e que a humildade para aprender com os mais experiente não desapareça.

O mais importante é o sucesso da EQUIPA, ninguém está acima dela.

Um abraço e muita sorte para nós... BENFICA

Entrevista realizada por André Sabino, Serbenfiquista.com.


Pleasure_+_Pain

Pensava que o Patafta era médio ofensivo. Afinal de contas, é médio defensivo.

carolo

assim se ve a grandeza de caracter das pessoas.mesmo sabendo que possivelmente vai para os iniciados( a julgar pelas noticias aqui expostas ) bruno lage não se excusou a responder as perguntas dos nossos users.parabens. bem haja.boa sorte para o futuro seja nos juniores ou nos iniciados. :clap1: O0

Yeti

Gostei mt da entrevista, bom trabalho

Tiago_I_

Grande entrevista!gostei!Já tinha boa impressão do Sr. Bruno Lage mas com esta entrevista ainda melhorei a boa imagem que tinha dele...espero que fique com os juniores na próxima época também!
Penso que a ideia do emprestarem o Kaz uma época para uma equipa da primeira divisão australiana não é de todo descabida porque certamente o jogador vai evoluir e voltar mais forte!
Quanto ao Milan Jeremic parece que já é senior gostava muito que fizesse a pré-época com a equipa principal com o Romeu Ribeiro e o Yu Dabao!
A ficarem na equipa principal penso que o Romeu Ribeiro e o Milan Jeremic seriam os jogadores com mais hipótese de mostrarem qualidades!

johncleese

Mais uma vez, parabéns André.
Gostei muito de ler as respostas do Bruno Lage, com muito conteúdo e não com coisas para "gastar tinta".

fmb

parabens mais uma vez andre!! cada vez mais, és a cara da formaçao deste site!!!!

parabens tambem ao mister bruno lage que fez um trabalho fantastico pelos juniores....se sair dos juniores como parece e for para os iniciados, acredito que o fara sem qualquer ressentimento!!

alias, nao entendo isso como nenhuma despromoçao, bem pelo contrario, pois é precisamente a partir dos iniciados que a formaçao do benfica nao tem ganho nada e em que a ligaçao dos infantis nao tem sido tao bem feita!!

por isso, acredito claramente que esta esta longe de ser uma despromoçao...

Jay-C

Grande trabalho...Grande entrevista e grande respostas do mister Bruno Lage!! Ou seja tudo em grande como já se esperava!!! O0 :clap1:
Muitos Parabens André!! O0  :drunk:
De facto, o teu trabalho em torno das camadas jovens é sensasional!!!
Abraço!

Patrone

excelente entrevista, mais uma vez. Parabéns.
Eu sempre pensei que o Kaz era medio ofensivo, um 10...

Filipe F

Parabéns André pela grande disponibilidade que tens para acompanahra as nossa camadas jovens, o meu muito obrigado.

Parabéns ao Mister Bruno Lage pelo excelente trabalo que fez com estes miúdos, gostava de o ver continuar nos júniores, a acompanhar sempre esta geração fabulosade 89, agora também com a não menos fantástica geração de 90.

andre_04_SLB


Ludwig van

Espectacular entrevista. É sempre bom que no final da época os treinadores, como responsáveis pela equipa, possam dar explicações áquilo que correu bem e mal, à semelhança do que já tinha acontecido  com o FS.           

foNNtes

excelente André

muitíssimo obrigado a sério!!