Capacidade de superação

Submetida por Andris em
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Record
O cansaço é, muitas vezes, o “bode expiatório” dos maus resultados. No entanto, se bem que o desgaste seja uma evidência incontornável nesta fase adiantada da época, não será esse o motivo que impedirá Benfica ou Chelsea de conquistar quarta-feira, em Amesterdão, a Liga Europa. Esta é, pelo menos, a opinião dos especialistas ouvidos por Record, segundos os quais, tão ou mais importante do que a vertente física será a questão emocional e a capacidade de superação. “Existe um certo exagero quando se fala em cansaço nos jogadores de futebol. Aliás, há poucas evidências científicas que apontem para um período prolongado de fadiga. Três dias são suficientes para um jogador recuperar do esforço físico e, portanto, esse não é um fator condicionador na performance. Obviamente que ter 6 dias de descanso é melhor do que três, mas a verdade é que o cansaço é, muitas vezes, utilizado para explicar o insucesso”, constata José Soares, responsável pelo laboratório de fisiologia da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. José Soares defende que “não é possível distinguir a parte física da psicológica”. E até lança uma pergunta: “Será que os técnicos encaram a recuperação com a mesma importância com que o fazem em relação ao treino propriamente dito, ou seja, ao esforço?” José Soares está convicto de que, quando os futebolistas de Benfica e Chelsea subirem, na quarta-feira, ao relvado do Amsterdam ArenA, todo o cansaço será esquecido. “Mesmo quando se perde, os jogadores em fases finais de grandes competições estão sempre hipermotivados, derivado da própria situação em que encontram”, defende. Recuperação O atual treinador da Naval, Álvaro Magalhães, viveu de perto, enquanto jogador, as emoções de uma final europeia [derrota no desempate através da marcação de grandes penalidades na Taça dos Campeões Europeus, frente ao PSV Eindhoven, em 1987/88]. E sabe, portanto, a importância da componente psicológica. “Se mentalmente o jogador não estiver bem, seguramente que as coisas não correrão como desejado”, afiança Álvaro. Aliás, o antigo defesa argumenta que, “nesta fase tão adiantada da temporada, nem é preciso trabalhar muito”. “É evidente que há sempre aspetos específicos para treinar, como anular os pontos fortes do adversário ou melhorar algumas questões da equipa, mas sem que isso implique grande esforço. O melhor treino é a recuperação física e é isso que permite superar o cansaço”, aponta Álvaro Magalhães, insistindo na tecla de que “o fundamental é estar bem psicologicamente” e ter “capacidade de superação”. “A final de uma Liga Europa é tão importante que os jogadores sabem perfeitamente que têm de dar o máximo e estar bem preparados”, disse o treinador. Das fraquezas fazer forças A capacidade de superação será fator chave na partida de quarta-feira. E Álvaro Magalhães refere mesmo que, por muitas vezes, “os jogadores vão buscar forças onde parece não existirem”, principalmente “se os resultados forem positivos”. Já sobre ter um calendário apertado, até prefere “encontros à quarta-feira e ao domingo”. “O jogador quer é jogar”, justifica. Habituados ao ritmo As “maratonas” de jogos não são novidade para os clubes ingleses. E, neste particular, o Chelsea assume particular relevância, sendo a equipa europeia que mais encontros disputou esta temporada (67), face à participação em oito competições. Mas não é este acumular de minutos nas pernas que condicionará o rendimento dos blues. Aliás, basta recordar que, na época passada, os londrinos conquistaram a Liga dos Campeões, após tempo extra e marcação de penáltis, depois de terem chegado à final com o Bayern já com 60 jogos disputados.