Menos penáltis e anti-jogo, mais disciplina: antes de reclamar com o árbitro, saiba o que mudou na arbitragem

Fonte
sapo.pt

As mudanças para a nova época futebolística não acontecem apenas nos clubes. Também a arbitragem teve de se adaptar por forma a proporcionar um trabalho melhor para 2018/2019. O Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol reuniu-se com os árbitros para lhes dar novas diretrizes a aplicar na época que arranca no dia 4 de agosto, com a Supertaça Cândido de Oliveira, entre o FC Porto e o Desportivo das Aves. Há novas medidas da International Board que passarão a vigorar esta época, pelo que é preciso alguma formação.

 

São decisões que visam essencialmente ajudar no espetáculo e dar mais credibilidade a arbitragem, depois de uma época desgastante, mesmo com a introdução do vídeo-árbitro. O CA da FPF chamou alguns órgãos da imprensa desportiva para lhes explicar as várias indicações dadas aos árbitros este ano. Destaque para a vontade em que haja menos grandes penalidades, menos antijogo e um critério para apertado na disciplina.

 

Vídeo-árbitro melhorado

O trabalho do VAR foi alvo de reajustes para a nova época. O CA quer deixar claro que a decisão final sobre o que assinalar é do árbitro principal e não do vídeo-árbitro. O árbitro principal tem instruções para recorrer ao monitor, no relvado, mas apenas para lances de interpretação. Nas jogadas onde não há dúvidas, a ideia é rentabilizar no tempo, confiando na opinião do VAR. O juiz principal tem sempre a decisão final, pelo que não tem de estar de acordo com o VAR.

 

Os assistentes receberam instruções sobre a forma de abordar o jogo, para não deixarem jogar em demasia em lances de fora-de-jogo. Têm de saber retardar o levantar da bandeirola, mas na medida certa. Se for um lance evidente, deve-se interromper a jogada. Mas se houver dúvida, os assistentes devem retardar a decisão em situações de finalização, junto à área adversária. Se tomarem esta última opção, devem esperar até ao final do lance, até o jogo estar parado, antes de tomar a decisão. O CA pede aos assistentes para arriscarem mais, mas com prudência, sem pensar no conforto do VAR.

 

Outro dado sobre o VAR: passa a estar integrado nas leis da International Board. Os termos videoárbitro assistente (VAR), assistente de videoárbitro assistente (AVAR), sala de operações de vídeo (VOR) e área de revisão do árbitro (RAR) passam a fazer parte do vocabulário da arbitragem. Com isso, acaba-se por uniformizar não só o protocolo, mas também o modelo, algo que não acontecia até agora (em Itália não havia AVAR - assistente de video-árbitro)
Mais liberdade na comunicação entre treinadores e assistentes

 

Outra novidade é a utilização de comunicação eletrónica nas áreas técnicas dos treinadores. As equipas médicas já usavam comunicação eletrónica como tablets, telemóveis e auriculares, mas agora os treinadores também pode usar estas novas tecnologias. Mesmo castigado, os técnicos que estão na bancada podem comunicar com os seus adjuntos usando as novas tecnologias.

 

 

Quarta substituição só no prolongamento

 

Como já se sabia, a partir do final da época passada, passaria a ser permitido uma quarta substituição sempre que jogo fosse para o tempo extra. Esta medida do International Football Association Board (IFAB), o órgão que regulamenta as leis do futebol, já tinha sido aplicado no Mundial 2018, mas agora vai passar a ser usado também nas provas a eliminar. A quarta substituição só pode ser permitida no prolongamento.
Penálti tem de ser claro

 

Uma das novas diretrizes tem a ver com os contactos dentro da área e os lances de bola na mão. Há um critério mais alargado a partir de 2018/2019.

 

"Não marquem pequenos contactos ou pseudo penáltis. Deixem os jogadores cair", foi explicado aos árbitros. O Conselho de Arbitragem diz que tem de haver causa e efeito para ser assinalado grande penalidade. Ou seja, um simples agarrão na camisola não tem de ser necessariamente penálti. Para o ser, o puxão na camisola tem de ser suficiente para não deixar o jogador prosseguir ou impedi-lo de chegar à bola: tem de haver causa-efeito. E nem todos os lances de penálti carecem de ação disciplinar.

 

Nem todas as bolas na mão ou braço na área são penálti

 

A análise às situações de bola na mão ou mão na bola também vai mudar. Na dúvida, não se deve punir, recomenda o CA. Se houver muitas perguntas sobre o lance, é porque não é penálti. A ideia é manter um critério largo, dependendo se é uma mão deliberada ou não, se a mão altera a trajetória da bola ou não. O simples facto de a bola sofrer um desvio no braço ou mão dentro da área, não signifique que tenha de ser grande penalidade. Aqui o árbitro pode contar com o apoio do VAR para determinar qual a melhor decisão.

 

Pedir VAR dá amarelo

É uma das áreas que mais mudanças irá sofrer. Os árbitros têm indicações para terem 'rédea curta' e serem "implacáveis quando houver faltas de respeito". Situações como ter um juiz rodeado, empurrado ou ameaçado, serão punidas. A má educação e pressão serão punidas. Um jogador que peça ao árbitro para ir ver a jogada no monitor porque não concorda com a decisão deve ser punido disciplinarmente.
Bom senso nos amarelos, tolerância zero com a violência

 

Foi pedido aos árbitros mais bom senso na mostragem dos amarelos. Muitas vezes os árbitros deixam o jogo correr nos primeiros minutos e optam por não mostrar amarelo, optando antes por advertir verbalmente os jogadores. O CA pede uma boa gestão dos casos, lembrando que "um cartão amarelo mostrado logo no início do jogo pode passar uma mensagem, mas se esse primeiro amarelo for mostrado aos trinta minutos, depois outras situações similares que não foram sancionadas, já não se percebe a mensagem".

 

Também foi recomendado aos árbitros para que tenham especial atenção nos lances onde é usada força excessiva. É interpretado como agressão quando um jogador atinja outro nas pernas ou na cabeça sem o intuito de jogar. Como tal, deve ser sancionado com cartão vermelho. O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol quer tolerância zero contra a violência nos relvados.

 

Antijogo penalizado com mais amarelos e minutos de desconto

 

O antijogo será menos tolerado esta temporada. Sempre que o árbitro perceba que há um ato deliberado de um jogador em perder tempo, deve avisá-lo de quantos minutos mais vai dar no final e, se possível, dar até mais minutos dos que foram 'queimados'. Os guarda-redes que tentam queimar tempo nas reposições de bola em jogo devem ver logo amarelo, em vez do tradicional aviso.

 

As simulações de lesões também serão alvo de sanção. Um guarda-redes que simule uma lesão para queimar tempo deve ser punido disciplinarmente. Este caso é de difícil interpretação, mas um guarda-redes que se queixe de uma lesão num pé e, no momento seguinte, vá marcar um pontapé de baliza não está lesionado.

 

Suplente que entra em campo... pode ser expulso

Lembra-se da grande penalidade assinalada a favor da Académica frente ao Sporting B, em Alcochete, para a Segunda Liga na época passada? Um suplente do Sporting B que estava a aquecer por trás da baliza dos 'leões' tocou na bola que ainda estava dentro do retângulo de jogo. O árbitro marcou penálti para os 'estudantes', num lance que levantou muita polémica. Este ano, situações do género passaram a estar incluídas nas Leis do jogo e podem mesmo resultar em expulsão do jogador que não esteja em jogo.

 

Punição para duas infracções consecutivas

Há situações de dupla infração ao longo do jogo que pode causar dúvidas: um jogador que esteja fora de campo a receber assistência, entra no relvado sem autorização do juiz e faz falta para amarelo. Deve ser admoestado pela primeira ou pela segunda infração? As duas. O árbitro deverá mostrar-lhe um amarelo por entrar em campo sem autorização e outro pela falta passível de sanção disciplinar, o que dará o consequente vermelho.

 

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