História SLB: 5ª parte

Submetida por K_POBORSKY em
Da década de 90 ao novo Milénio, com os milhões de Futre, o «génio» João Pinto, constantes mudanças e o início de uma nova crise...

Foi precisamente em 1990, que o Benfica participou novamente na final da Taça dos Campeões e esta, foi a sua sétima presença na final europeia. Foi no dia 23 de Maio e o clube da Luz portou-se como habitualmente, isto é, com a personalidade de um campeão inato. Perdeu por 0-1, com o famoso Milan, no Prater Stadion, em Viena.

O Benfica não baixou os braços e veio então o campeonato português. Na época de 90/91, Rui Águas voltou à Luz e para ser campeão nacional. Contudo, Rui Águas gerou polémica na Luz. Diamantino, que com a camisola do clube da águia, já vira melhores dias, fez estoirar a polémica na Luz, em direcção a Gaspar Ramos, em entrevista: «Gaspar Ramos não tem competência para gerir o futebol de um clube tão grande como o Benfica. É ou não é incompetência deixar sair o Rui Águas por «dez tostões», dizendo dele o pior possível, para, depois de engolir alguns sapos, ir buscá-lo por «dez tostões»?»

Polémicas à parte o Benfica corria em direcção a mais um título e foi precisamente nas Antas que César Brito saltou do banco para marcar de repente dois golos que fizeram gelar as Antas. E este foi um jogo marcado pelos incidentes nas Antas, com o presidente João Santos a afirmar que «Houve cenas incríveis nas Antas, de intimidação à equipa e aos apoiantes. Os nossos jogadores viram-se obrigados a equipar-se nos corredores, pois nos balneários era impossível, devido ao cheiro dos balneários...». Devido à importância do título, os jogadores foram brindados com um prémio de 1500 contos.

Foi precisamente no dia 8 de Junho de 1992, num dia muito quente de verão que João Pinto, ainda traumatizado pela estada em Madrid às ordens de Gil y Gil, não quis assinar contrato com o Sporting, tendo garantindo, no entanto, que iria visitar o clube de Alvalade em 48 horas, mas... a sua passagem seria pela Luz e João Pinto assinou pelo Benfica, o que fez entrar em desespero Sousa Cintra. Mozer também regressou à Luz e foi sensacional, o seu regresso, mas na Luz, os dias não eram os melhores. O Benfica saiu derrotado em casa diante o Sporting por 0-2 e a agravar a situação, em Moscovo, Iuran, Kulkov e Mostovoi afirmaram que Ivic (técnico «encarnado») era um profissional da intriga, daí que os sócios apoiaram a opinião dos russos e Jorge de Brito, despachou o croata e voltou a promover de imediato Toni a comandante do barco.

Paulo Futre, foi sem dúvida a transferência da década, com o jogador a receber 30 mil contos por mês. O único prémio de Fut {mostrarimagem("IMG336.jpg","right","")}e ao Benfica, foi uma Taça... O jogador português regressava de Espanha, dando uma certa esperança de regresso ao Sporting, mas o Benfica antecipou-se e Futre entrou pela porta principal da Luz. Falou-se então em verbas a rondar um milhão de contos e este negócio viria a cortar as relações entre Sporting e Benfica. Mas no fundo estavam muitos cifrões em jogo.

O passivo «encarnado» era de cerca de quatro milhões e meio de contos, sem dúvida, um imenso buraco que a contratação de Paulo Futre ajudou a cavar por ter obrigado à hipoteca de futuras receitas. Esta era sem dúvida uma nova crise e neste estado caótico das finanças do clube da águia, Pacheco e Paulo Sousa rumaram para Alvalade, alegando justa causa para a devida rotura dos contratos.

Foi então que o Benfica decidiu negociar Futre com o Olympique de Marselha e foi precisamente com o dinheiro das prestações do clube francês que o Benfica foi vivendo...

Aproximavam-se, então, as eleições e a nível desportivo, para contrariar os azares administrativos, eis que surge uma grande equipa de Basquetebol, que chega, a nível da FIBA, onde nenhuma equipa portuguêsa conseguira aproximar-se. A 4 de Dezembro de 93, no Pavilhão da Luz, a grande sensação ocorreu quando o Benfica venceu a milionária equipa do Buckler Bolonha, por 102-90.

A nível administrativo, surgem então, os resultados das eleições que ditaram Manuel Damásio como presidente «encarnado». O Benfica obteve então o seu último Campeonato Nacional até hoje, foi precisamente na época de 1993/94, com o Benfica a contar com um plantel «recheado» de jogadores experientes, como os casos de Neno, Hélder, Mozer, Veloso, Kenedy, Rui Águas, Isaías, João Pinto, Rui Costa, Vítor Paneira, Shwartz, entre outros, todos eles comandados por Toni que tinha como seu adjunto Jesualdo Ferreira. Mas nem tudo isto era um mar de rosas, dado que Damásio teve de vender Rui Costa à Fiorentina por cerca de três milhões de Dólares.

Michel Preud’Homme chegou à Luz e aquele que era considerado um dos melhores guarda-redes do Mundo, dispensa de apresentações. Boa colocação na baliza, firmeza e concentração entre os postes, fizeram de Michel um «mito» benfiquista e tal facto foi notado na sua despedida, mais tarde, do clube da Luz, quando foi substituído por Enke. Contudo Manuel Damásio não deixou o clube nas melhores condições a nível financeiro e se até aqui as contas «encarnadas» estavam de rastos, com a chegada do novo presidente em 1997, não melhorou a situação. Vale e Azevedo prometeu ao fechar das urnas, a contratação de Rui Costa e venceu as eleições, derrotando Luís Tadeu e Abílio Rodrigues. C{mostrarimagem("pob.jpg","left","")}ontudo, Rui Costa, não apareceu na Luz. O presidente benfiquista rasga os contratos com a Oliverdesportos e assina um contrato exclusivo com a SIC, contratos estes, que iriam levar o nome do Benfica a tribunal. Greame Sounness foi o treinador escolhido por Vale e Azevedo e novos jogadores rumaram à Luz. Kandaurov, Luís Carlos e o checo Karel Poborsky foram os primeiros nomes apresentados e desde então, que se verificou que os contratos não eram cumpridos, dado que Poborsky não tinha sido pago ao Manchester United. O clube inglês apresentou queixa à FIFA e colocou-se a hipótese do Benfica não participar nas competições europeias, mas ficou acordado pagamento da transferência com o dinheiro proveniente da Liga dos Campeões e assim foi. Dean veio para o Benfica mas rapidamente rumou para Inglaterra.

O Clube passava por uma constante mudança de jogadores e de treinadores dado que Sounness bateu coma porta, dizendo que Vale e Azevedo era «mentiroso». João Pinto foi outro dos nomes importantes na época de Vale e Azevedo, mas pelo incrível! O presidente do clube da Luz despediu o n.º 8 «encarnado», ou seja, «mandou-o embora», dado que o Benfica não recebeu nenhum dinheiro em troca, pelo contrário, teve ainda de pagar... O jogador decidiu a sua vida e rumou para o Sporting, algo que seria impensável na Luz. Nuno Gomes rumou para a Fiorentina e o Benfica perdia assim os seus trunfos. Apenas restou o «furacão checo», Poborsky, que chegou a ser eleito, como melhor jogador do ano de 97, pela sondagem «A Bola/SIC». Este foi o período até hoje, em que se ouviu falar do Benfica, pela negativa, devido à gestão do anterior presidente. Poborsky encantou os adeptos «encarnados» e Vale e Azevedo poderia ter feito uma proposta de renovação, mas tal não o fez e Poborsky viria mais tarde a abandonar o clube da Luz. O checo marcou, entre muitos, um golo que levou o nome do Benfica a todos os cantos do Mundo, foi precisamente, diante o Sp.Braga, na Luz.Muitos factos negativos que marcaram o nome de Vale e Azevedo à frente do Benfica. O Benfica ficou praticamente sem o seu património, dado que o presidente o tinha vendido, mas onde foi parar todo esse dinheiro? Ainda hoje procura-se a resposta.

Novas eleições e de novo Vale e Azevedo a concorrer, mas desta feita, com Manuel Vilarinho. Estas eleições, foram sem dúvida, um marco histórico para o clube da Luz dada a sua situação. Foi para mudar enquanto fosse tempo e para tentar apagar a má imagem do Benfica, que os sócios colocaram Vilarinho no lugar de Vale e Azevedo, mas mesmo assim já foi tarde. Vale e Azevedo, dias após as eleições foi preso e ainda hoje se encon{mostrarimagem("dscn2444.jpg","right","")}tra em julgamento, por ser acusado de 14 crimes de peculato e 1 de branqueamento de capitais.

A nova direcção entrou e deparou-se com as finanças num estado caótico, entre outras coisas mais... Poborsky abandona a Luz, dado que tinha já um contrato verbal com a Lázio, mas ainda assim o checo rendeu ao clube cerca de 300 mil contos, quantia esta que ano e meio mais tarde, se viria a saber que ainda não tinha sido liquidada. No Benfica surge então, uma nova política directiva, observando-se também uma revolução nas informações do clube. João Malheiro passa a ser o rosto do Benfica e o «L» de ligação entre Benfiquistas e o clube. Mais tarde surge Luís Filipe Vieira, como gestor do futebol «encarnado» e promete uma «equipa maravilha». De facto, bons jogadores rumaram à Luz, mas os resultados continuavam a não ser os melhores. Toni, decidiu por bem abandonar o Benfica, numa despedida sentida pelos adeptos. Jesualdo Ferreira toma a liderança do comando técnico...

Outro dos grandes pontos históricos do clube da águia deu-se à relativamente pouco tempo. Com Portugal a realizar o EURO 20004, o Estádio da Luz, é apontado como o palco da final e os sócios aprovaram com maioria absoluta a construção de um novo estádio à remodelação do actual. Surgem então polémicas em redor da construção da nova Luz, mas segundo os responsáveis benfiquistas, tudo correrá pelo melhor...

Eis então que chegávamos a Fevereiro de 2002 e ouvia-se falar de novo em Poborsky, porque não teria sido pago pela Lázio, o que viria a revoltar ainda mais os benfiquistas, assim como a possibilidade do Benfica ficar fora do Euro 2004, algo no entanto desmentido de imediato pela direcção benfiquista. Enke sobia também às manchetes desportivas devido à sua situação contratual com o Benfica e a direcção então presidida por Manuel Vilarinho tentava resolver os casos deixados pela anterior direcção.

Em meados de Novembro, o clube da Luz deparava-se com novos problemas financeiros. Desta feita, relativos à construção do novo Estádio da Luz que voltou a colocar de novo, em risco, a participação do clube da Luz no Euro 2004. Contudo, a Benfica Estádio S.A. resolveu da melhor maneira os problemas com a Somague e as obras proseguiam normalmente. Mais tarde, o Benfica assumiria as dívidas fiscais e prometia pagar o montante em dívida no início de 2003.
A equipa de Futebol também sofreu algumas alterações, sobretudo a nível da equipa técnica. Os bons resultados tardavam em aparecer numa equipa que já via o título fugir desde a época 93/94. Os adeptos pediam a cabeça de Jesualdo Ferreira mas o técnico português parecia estar firme na equipa. Mas após a histórica eliminação do Benfica da Taça de Portugal, num jogo realizado na Luz e diante o Gondomar Jesualdo Ferreira via o seu posto colocado em risco. Um golo de Cílio colocou Jesualdo entre a espada e a parede. Os adeptos mostraram o seu descontentamento perto da sala de imprensa da Luz e nessa mesma noite Jesualdo foi demitido pela SAD e Chalana assumiu provisóriamente o cargo de treinador interino.

Vários nomes surgiram nos jornais, mas o de Camacho foi o que ganhou mais contornos. O espanhol, ex-jogador e ex-treinador do Real Madrid e da Selecçã espanhola assinaria um contrato válido por uma época. O objectivo principal do novo treinador seria o mesmo de todos os outros que por lá passaram: ser campeão nacional e levar o clube à Liga dos Campeões. Algo que só o tempo dirá. Uma coisa é certa. Vontade não falta ao técnico espanhol...

Mas como tudo na vida, há coisas boas e coisas más, ou seja, nem tudo na vida é um mar de rosas e uma coisa é certa. Ninguém pode negar que o Benfica é o maior clube português, ninguém pode negar que o Benfica tem um grande historial e acima de tudo que o Benfica é uma nação! Certamente que no futuro muito haverá para escrever, como até aqui, e esperamos que sejam factos positivos, de forma a que seja ultrapassada esta crise que o Benfica atravessa. Todos juntos, iremos fazer regressar o Benfica ao topo e aos palcos europeus.

Viva o Benfica!



Textos: Rafael Santos
Fonte: «Glória e vida de três gigantes», A Bola; «Sport Lisboa e Benfica - a história, os triunfos e as imagens de todos os tempos», Diário de Notícias; Arquivo SL-Benfica.com
Fotos: A Bola; Hugo Manita, Arquivo SL-Benfica.com