Eusébio, o Pantera Negra

[Flirt4ever]

Que rei...

Festejar como ele festejava os golos so os putos antes de ganharem tiques de vedeta.
Aquilo sim era estar em êxtase!

Sem dúvida. Dou-te mais 2 exemplos:

[JackWhite]

Se se quiser distinguir todos os jogadores pela categoria em que se inserem, será necessário criar tantas categorias como jogadores. É natural que dentro da mesma categoria existam jogadores de dimensões diferentes, isto irá acontecer existam 3, 5 ou 100 categorias.

As categorias servem para ajudar a encontrar os jogadores e para separar os tópicos dos melhores jogadores da enorme massa de jogadores medianos, anónimos, com pequenas passagens pelo clube, etc.

[RoYal_EaGle_2004]

Vocês levam mesmo o fórum muito a sério É bom. Acho eu.

É o perfeccionismo vs bandalheira.

Bandalheira?

Sim, estar-se a meter muitos jogadores no mesmo saco, chama-se abandalhar o domínio. Eu acho que já expliquei isso.
No Benfica há jogadores lendários, jogadores imortais, bons jogadores, jogadores medianos e jogadores fracos.
O Eusébio é um jogador lendário do Benfica, o Chalana é um jogador imortal do Benfica, o Michael Manniche foi um bom jogador do Benfica, por aí fora.

Não quero prolongar a discussão, mas acho mesmo é que se devia inventar umas secções ou categorias diferentes para os utilizadores. Adivinha onde caías.

[VALEBEM]

É tão bom um minuto de silêncio seguido de estrondosa ovação como fizeram os poucos que se deslocaram á luz no sábado.

[maxi04]

Estava sempre em alta rotação...

[VascoPaneira]

Pode-se fazer uma secção para o King e outra vazia a meio para manter a distância!

[bootscity]

Que rei...

Festejar como ele festejava os golos so os putos antes de ganharem tiques de vedeta.
Aquilo sim era estar em êxtase!

Sem dúvida. Dou-te mais 2 exemplos:

São festejos de um rapaz/senhor humilde, mas apaixonado, contagiado por uma extrema alegria colectiva.

Um pouco diferentes das "Calma... Caaaaaalmaaaaa..." e "Eu... estou aqui!".

Para enaltecer uns não é preciso dizer mal de outros. São pessoas diferentes, tempos diferentes e formas de estar na vida diferentes.
São as diferenças que tornam a vida interessante, e as semelhanças que nos fazem a todos Amar o nosso Benfica.

[Barracuda]

Alguém tem links para fotos da estátua? Continuo a dizer que essas fotos têm de ser bem guardadas.

[Amsterdam Vallon]

Alguém tem links para fotos da estátua? Continuo a dizer que essas fotos têm de ser bem guardadas.

Também queria.

E já agora uma foto em que apareçam cachecóis do porto. Já me irrita a mentira que tiraram as homenagens de adeptos do porto.

[DRCNN]

Alguém tem links para fotos da estátua? Continuo a dizer que essas fotos têm de ser bem guardadas.

Também queria.

E já agora uma foto em que apareçam cachecóis do porto. Já me irrita a mentira que tiraram as homenagens de adeptos do porto.

https://cld.pt/dl/download/df864086-61be-424c-ac49-62306e53be68/Fotos%20SLB/Eus%C3%A9bio/falecimento%20e%20funeral/16472881_VvFjF.jpeg

[Barracuda]

Obrigado, essa está muito boa.

[Amsterdam Vallon]

Alguém tem links para fotos da estátua? Continuo a dizer que essas fotos têm de ser bem guardadas.

Também queria.

E já agora uma foto em que apareçam cachecóis do porto. Já me irrita a mentira que tiraram as homenagens de adeptos do porto.

https://cld.pt/dl/download/df864086-61be-424c-ac49-62306e53be68/Fotos%20SLB/Eus%C3%A9bio/falecimento%20e%20funeral/16472881_VvFjF.jpeg

Não encontro nada alusivo ao porto

[melo7]

Pa, digam me que isto não é verdade

[PsychoFan]

Eu tenho aqui uma, mas sem cachecóis do porto:

[pcssousa]

Agora, com os ânimos um pouco mais serenos e, ainda incrédulo com a partida de Eusébio para um Mundo melhor vou tecer algumas considerações e deixar umas quantas divagações e mais umas quantas coisas terminadas em ões.

Foi um dia agitado. Tenho uma pequena tradição, iniciada há 2 anos, que é oferecer umas prenditas de manhã aos filhos (há dois anos era apenas um) na véspera de Reis. Quando terminei isto olho para o telemóvel e reparo que tenho uma sms do grande Mestre30, textualmente isto: "Eusébio morreu. ;(", recebida às 10.31. Imediatamente senti um tremendo mal-estar físico, um vazio bem cá dentro e frio, muito frio. A minha reacção foi responder-lhe também por sms e abrir o fórum, durante uma hora nem a boca abri.
Só voltei a falar quando a minha mulher, muito surpreendida, me perguntou "amor, porque estás vestido assim?". A explicação é simples, há anos que não vestia uma camisola do Benfica, algo dentro de mim me disse a certa altura que para se vestir uma camisola do Benfica é necessário primeiro merecê-lo e eu não me considero merecedor de tal (parvoíces, enfim...). Respondi, "hoje tem que ser, hoje tem que ser". E uma lágrima rolou.

A minha relação com Eusébio e a sua figura reveste-se de uns quantos contornos estranhos. Primeiro que tudo, por ser figura máxima do Benfica Universal, teria que ser alguém adorado por mim, durante anos folhei velhos jornais, antigas revistas "Flama" e o "Século Ilustrado", onde, semana após semana, descreviam os feitos do rei. Vi e revi o jogo da final de Amesterdão, entretanto reposto pela RTP em finais dos anos 90 e os resumos alargadíssimos das restantes finais Europeias de Eusébio, estes transmitidos aquando dos especiais acerca das finais de 88 e de 90. Adorava aquela figura felina.
Vibrei com a homenagem nacional a Eusébio, aquando dos seu 50º aniversário, com a Estátua e gravei religiosamente os episódios da série "Eusébio, um jogador de todos os tempos" (mais tarde, fizeram cortes e transformaram-no num filme único". Sorvi tudo aquilo com sofreguidão, Eusébio era o maior, era Benfica.

Um dia, em 1992 disse-me a minha mãe: "filho, vais ver Eusébio". Ora, poucas vezes tinha visto Eusébio e nunca tinha estado com ele. Sei que o tinha visto, sentado no banco, a orientar uma nossa equipa das camadas jovens, era eu bem pequeno e tenho a leve lembrança de o ver ali bem próximo de mim. Vi-o sentado no banco do Benfica umas quantas vezes e vi-o num dos momentos mais aterradores e empolgantes do velho estádio, quando em 1990 antes do jogo com o Marselha sai para o relvado e dá uma volta a este com o braço erguido, resultando numa saudação de 120 mil vozes que se deve ter ouvido na América, eram berros, pulos, tudo, tudo...
Retomando: naquela terça-feira a minha mãe diz-me aquilo e eu fico de boca aberta. Tratava-se de um jogo de veteranos do "clube Portugal", estou em crer, e Eusébio jogaria uns minutos. Mal podia esperar que chegasse Domingo...
Bem, Domingo chegou, muni-me de um Benfica Ilustrado dedicado ao Rei e lá fui. Sentei-me confortavelmente na Bancada central do José Bento Pessoa (para quem não sabe ou não se lembra, as bancadas do estádio limitavam-se a quatro ou cinco lajes de pedra em toda a volta deste, fazendo degraus e a vedação eram dois tubos metálicos hrizontais a toda a volta do campo).
Eusébio entra com os demais. Começa a aquecer, vai para trás da baliza e chuta bolas com efeito tal que todas elas entram pela parte dianteira da mesma, transpondo a linha de golo... fico assombrado. Começa o jogo, Eusébio faz o primeiro remate e... ah, ao poste... passados uns minutos, Humberto Coelho coloca a bola redondinha nos seus pés, este finta dois com os pés e um terceiro com a barriga, remata de forma da área e... bola ao ângulo... golo. Mais 5 minutos em campo e sai. Ele e Humberto.
Começo a tremer, sinto suores frios, quando os vejo ir para o banco, ali à minha frente... galgo a vedação e peço-lhe o tão desejado autógrafo. Eusébio olha-me olhos nos olhos e diz que não, "no fim, talvez"... senti o chão a fugir-me debaixo dos pés. De repente sinto um braço por cima e olho para trás, Humberto Coelho estava-me a puxar para o banco: "senta-te, miúdo. Já vi que és do Benfica!". Rápidamente me pergunta, queres um autógrafo? Calro que queria. Tirei uma folha branca dentro da revista e dei-lha. Gentilmente perguntou-me o nome e escreveu uma dedicatória.
Agradeci a Humberto e este vira-se para Eusébio e diz-lhe "vá, pá, dá lá o autógrafo ao miúdo. É do Benfica!". Eusébio lá acedeu. Teve dificuldade em escrever na capa, pois tinha acabamento brilhante e fiquei com um autógrafo gravado. Abriu a segunda página e deu outro, mais nítido, tremendamente nítido. Agradecí e disse a ambos que aquilo significava o Mundo para um miúdo de 13 anos.
Naquele dia estava o Benfica a jogar na Luz, com o Salgueiros, se não estou em erro, mas mais importante, o nosso basquetebol estava a jogar em Ovar o 4º jogo da final do play-off de basquetebol. Para quem não sabe, esse imparável Benfica teve dois deslizes e perdeu os dois primeiros jogos da final na Luz, chegou a uma cidade de Ovar em festa achando todos os vareiros que já estava no "papo". Não estava. O Benfica ganhou o jogo de sábado e naquele Domingo Eusébio estava sempre a perguntar a alguém ao lado como estaria o jogo.
A certa altura, o Rei não aguentava mais e virou-se para mim, pois viu que eu tinha um rádio "Ò miúdo, como está o basquete? estou aqui que nem posso...". "Acabou, sr. Eusébio, ganhámos e a finalíssima será terça à noite na Luz". Senti o seu alívio e vi o seu sorriso. O Sorriso da Pantera. Acredito que sorriria muito mais quando acabámos mesmo por ganhar o título de basquetebol.

2006, Campanha do Continente, relembrando 66 e vendendo réplicas dessas camisolas. Em Coimbra apercebo-me que no Sábado vai lá Eusébio, acompanhado de Gabriel Alves para falar do Mundial e para uma sessão de autógrafos. "Não posso faltar", penso... e lá estive... na altura reparei que Eusébio já tinha algumas dificuldades de locomoção, recordo-me de ter visto uma camisola vermelha e outra branca envergadas por ele no dito Mundial e devidamente expostas numa vitrine.
Quando chegou a minha vez, palavras de circunstância, pedi ainda se podia me podia autografar uma camisola e se deixava que tirasse uma foto e respondeu-me "Ponha-se aí ao meu lado que não me importo que tire". Foi o que aconteceu... Gabriel Alves estava mais bem-disposto que Eusébio. Infelizmente, perdi essa foto, o roubo do computador da minha (na altura futura) mulher, trouxe-me esse grande desgosto.


À distância de alguns anos, guardo estes encontros com o Rei Eusébio como momentos preciosos. Amadureci entretanto e sei perfeitamente que a saída de Eusébio do relvado não era exactamente o momento mais adequado para lhe pedir um autógrafo, principalmente se tivermos em atenção que terá sido, se não a última, das últimas vezes que participou numa "peladinha", pese embora ainda fosse novo (50 anos) pois o célebre joelho não lhe perdoava e ainda seria mais uma vez operado a este.
Eusébio não é o meu ídolo do Benfica, mas sei que é símbolo maior do clube, o maior de todos a seguir à águia que nos acompanha desde a fundação. A Universalidade do Clube foi-lhe dada por Eusébio, pese embora aquando da sua estreia em jogos oficiais já este fosse campeão da Europa e Eusébio é indissociável de Benfica e Benfica é indissociável de Eusébio. Nunca o Benfica seria tão Grande sem Eusébio e, o mais certo seria Eusébio não ter sido tão Grande se não tivesse ingressado no Benfica e tivesse rumado a Alvalade (destino mais provável), Belém ou Antas (ambos manifestaram interesse nos seus serviços quando era apenas um jovem a jogar em Moçambique).
As manifestações a que assistimos nos últimos dias são a prova disso, da China ao Canadá, passando pelos Estados Unidos, Brasil, Espanha ou Austrália, foi capa de jornais, sempre com a camisola do Benfica, sempre referindo o Benfica.

Hoje e sempre sei que jamais algum jogador em Portugal será um símbolo de um clube desta maneira, afinal de contas Eusébio chegou ao topo do Mundo no Benfica e aí permaneceu durante 15 anos, 15! Nunca mais veremos tal coisa nesta nossa Pátria.
Ganhou pelo Benfica, sofreu pelo Benfica, chorou pelo Benfica, sorriu pelo Benfica, amou o Benfica e acompanhará para sempre o Benfica. É e será o Rei, o Rei do Benfica e o Rei de Portugal. A história para sempre dirá que o último Rei de Portugal se chamou Eusébio da Silva Ferreira e que o povo chorou a sua morte como jamais uma morte tinha sido chorada em Portugal.

Desculpem se me alonguei.