Carlos Martins

Médio, 42 anos,
Portugal
Equipa Principal: 4 épocas (2008-2011, 2012-2013), 133 jogos (6844 minutos), 11 golos

Equipa B: 1 época, 9 jogos, 0 golos

Títulos: Campeonato Nacional (1), Taça da Liga (3)

Nmb66

Era um jogador interessante, mas eram más decisões atrás de más decisões. Sempre fiquei com a ideia que pensava que era mais jogador do que era na verdade era.

Shoky

Citação de: Schweisen Tiger em 12 de Maio de 2019, 12:24
O episodio do jogo com o Estoril, é uma idiotice do Carlos Martins, fruto do seu descontrolo emocional...mas antes disso ha uma idiotice maior do treinador, que em termos de controlo emocional, parecia uma pita de 14 anos na fila da frente de um concerto do Justin Bieber, que foi meter o Enzo Perez a titular, quando tinha indicaçoes claras de que o jogador nao estaria em condiçoes de fazer mais do que 20/30 minutos. Resumindo, a primeira substituição do Benfica, foi na primeira parte. Sai Enzo Perez, entra Carlos Martins, aos 30 minutos.


Ter ficado cortado por causa da expulsao, diz mais do tipo de pessoa que era o treinador, que do Carlos Martins. Foi o treinador que boicotou o trabalho de uma epoca inteira. Mas como rato de esgoto que é, na hora do aperto, sacudiu a responsabilidade para o jogador.

Fiquei impressionado com o relato do Carlos Martins. É baixo demais o que o JJ lhe fez. Em frente ao grupo todo, no dia seguinte...que humilhação.

A responsabilidade máxima foi dele, que levou um baile táctico do Marco Silva.

EPluribusUnum


FaithNoMore

Citação de: Nmb66 em 12 de Maio de 2019, 13:28
Era um jogador interessante, mas eram más decisões atrás de más decisões. Sempre fiquei com a ideia que pensava que era mais jogador do que era na verdade era.

Foi muito importante no titulo de 09/10

Archangel

O empate no jogo contra o Estoril, em 2012-13, veio comprovar mais uma vez que, para se apostar em várias frentes, não basta ter plantel, é necessário também treinador. Com a equipa toda rebentado por causa da meia-final europeia, o Jorge Jesus trocou apenas o André Almeida pelo Melgarejo. Enquanto treinador do Benfica, sempre foi fraco na gestão de recursos humanos.

ramalho1

O Jesus sempre foi cobarde. E agora fugiu da Arábia para não ser encavado mais uma vez...um rato

Red_Wings

Citação de: Shoky em 12 de Maio de 2019, 14:42
Citação de: Schweisen Tiger em 12 de Maio de 2019, 12:24
O episodio do jogo com o Estoril, é uma idiotice do Carlos Martins, fruto do seu descontrolo emocional...mas antes disso ha uma idiotice maior do treinador, que em termos de controlo emocional, parecia uma pita de 14 anos na fila da frente de um concerto do Justin Bieber, que foi meter o Enzo Perez a titular, quando tinha indicaçoes claras de que o jogador nao estaria em condiçoes de fazer mais do que 20/30 minutos. Resumindo, a primeira substituição do Benfica, foi na primeira parte. Sai Enzo Perez, entra Carlos Martins, aos 30 minutos.


Ter ficado cortado por causa da expulsao, diz mais do tipo de pessoa que era o treinador, que do Carlos Martins. Foi o treinador que boicotou o trabalho de uma epoca inteira. Mas como rato de esgoto que é, na hora do aperto, sacudiu a responsabilidade para o jogador.

Fiquei impressionado com o relato do Carlos Martins. É baixo demais o que o JJ lhe fez. Em frente ao grupo todo, no dia seguinte...que humilhação.

A responsabilidade máxima foi dele, que levou um baile táctico do Marco Silva.
O que é que o JJ lhe fez?

Benfiquista_

Um Sportinguista que sempre deu tudo pelo Benfica!

Grande Carlos Martins!

Um exemplo de raça e querer ganhar!

Carolina Barata

#34853
Citação de: Shoky em 12 de Maio de 2019, 14:42
Citação de: Schweisen Tiger em 12 de Maio de 2019, 12:24
O episodio do jogo com o Estoril, é uma idiotice do Carlos Martins, fruto do seu descontrolo emocional...mas antes disso ha uma idiotice maior do treinador, que em termos de controlo emocional, parecia uma pita de 14 anos na fila da frente de um concerto do Justin Bieber, que foi meter o Enzo Perez a titular, quando tinha indicaçoes claras de que o jogador nao estaria em condiçoes de fazer mais do que 20/30 minutos. Resumindo, a primeira substituição do Benfica, foi na primeira parte. Sai Enzo Perez, entra Carlos Martins, aos 30 minutos.


Ter ficado cortado por causa da expulsao, diz mais do tipo de pessoa que era o treinador, que do Carlos Martins. Foi o treinador que boicotou o trabalho de uma epoca inteira. Mas como rato de esgoto que é, na hora do aperto, sacudiu a responsabilidade para o jogador.

Fiquei impressionado com o relato do Carlos Martins. É baixo demais o que o JJ lhe fez. Em frente ao grupo todo, no dia seguinte...que humilhação.

A responsabilidade máxima foi dele, que levou um baile táctico do Marco Silva.

Que me lembre desse jogo e pode haver falha mas o Benfica não estava a jogar nada e a estavam feitos loucos a ir para frente e sofremos imensos contra ataques porque iamos feitos tolos. O Carlos foi expulso mas nao ganhavamos na mesma com ele em campo. O JJ teve de arranjar um culpado...mais tarde jogamos jogos com 10 ou 9 até e não houve drama nenhum.

SousaLB

Nada contra.

As maiores felicidades para o resto da vida.

Covenant

Ele já nem se lembra que foi expulso por ter jogado a bola com a mão.😂

Capitao Moura

Citação de: Shoky em 12 de Maio de 2019, 14:42
Citação de: Schweisen Tiger em 12 de Maio de 2019, 12:24
O episodio do jogo com o Estoril, é uma idiotice do Carlos Martins, fruto do seu descontrolo emocional...mas antes disso ha uma idiotice maior do treinador, que em termos de controlo emocional, parecia uma pita de 14 anos na fila da frente de um concerto do Justin Bieber, que foi meter o Enzo Perez a titular, quando tinha indicaçoes claras de que o jogador nao estaria em condiçoes de fazer mais do que 20/30 minutos. Resumindo, a primeira substituição do Benfica, foi na primeira parte. Sai Enzo Perez, entra Carlos Martins, aos 30 minutos.


Ter ficado cortado por causa da expulsao, diz mais do tipo de pessoa que era o treinador, que do Carlos Martins. Foi o treinador que boicotou o trabalho de uma epoca inteira. Mas como rato de esgoto que é, na hora do aperto, sacudiu a responsabilidade para o jogador.

Fiquei impressionado com o relato do Carlos Martins. É baixo demais o que o JJ lhe fez. Em frente ao grupo todo, no dia seguinte...que humilhação.

A responsabilidade máxima foi dele, que levou um baile táctico do Marco Silva.

E surpreende isso?

O outro e que tinha razão: "um vintém é um vintém.."

SousaLB

Citação de: Covenant em 14 de Maio de 2019, 04:59
Ele já nem se lembra que foi expulso por ter jogado a bola com a mão.😂
Foi mesmo por mandar uma cacetada num adversário.

Até se mandou para o chão a fingir que se tinha magoado, a ver se passava...

T21

Também li a entrevista dele. Muito forte.

TeamRocket37

https://tribunaexpresso.pt/a-casa-as-costas/2019-05-12-A-vida-do-meu-filho-dependia-de-um-saco-de-sangue-de-medula.-Chorei-desenhei-o-nome-dele-em-coracoes-na-areia-nao-fui-ao-Euro-por-ele

Quando vem para o Benfica os adeptos estavam desconfiados, como é que foi a entrada no Benfica?
Em termos pessoais não foi fácil, parece que estava anestesiado. Estava habituado a ver verde desde sempre e de um momento para o outro começo a ver tudo vermelho. Lembro-me que referia-me ao Seixal como a Academia e o Nuno Gomes passava-se com isso (risos). "Academia é dos outros, dos verdes, pá. Aqui é o Seixal". Mas eu dizia aquilo porque me saía espontaneamente. Ao início foi muito complicado, eu tinha comprado uma casa na Atalaia para estar perto da Academia e depois sair de lá para ir para o Seixal.... A vida que estava habituado a fazer durante alguns anos estava a fazer ao contrário. O lado profissional foi espetacular. As pessoas pensaram o mesmo que pensavam todas, bom jogador, mas é maluco, vamos ver o que é que ele dá aqui.
Essa imagem nunca descolou de si, a do gajo maluco.
Nunca. Mas eu tinha períodos bons que não me importava, sabe porquê? Porque naqueles jogos da garra, em que é preciso lá deixar tudo dentro, essas pessoas que me chamavam maluco, o maluco era isso, era que toda a gente devia ser como ele. Há 2 fases do maluco. Há aquelas pessoas que querem denegrir e o maluco é noites, é mulheres, tudo e mais alguma coisa que não seja compatível com o futebol. E há o maluco da garra, de ir a cada lance para ser o melhor, etc, e esse maluco eu não me importo que me chamem. Ainda hoje me dizem, tomáramos nós que fossem 11 como tu. Mas ao início eu senti que havia ali... "É do Sporting, vamos ver". Posso dizer que tenho muito gosto, muito gosto mesmo em ter jogado no Benfica. Fui campeão pelo Benfica, ganhei alguns troféus pelo Benfica e fui muito acarinhado até hoje.
Nunca ouviu nada que lhe tivesse caído menos bem?
A seguir ao lance do Estoril, em que fui expulso, há muitos que dizem que eu é que sou o culpado do Benfica ter perdido o campeonato. Aí custou-me porque toda a gente começou a tratar-me mal: "És lagarto, sempre foste lagarto, estás aqui a enganar, perdemos o campeonato por tua causa". Não merecia ter ouvido isso. Por tudo o que fiz pelo Benfica, por toda a entrega que dei. Sempre quis ganhar pelo Benfica, mesmo contra o Sporting.


Carlos Martins a ouvir as indicações de Scolari, que foi selecionador de Portugal durante seis anos FRANCISCO LEONG
Lembra-se do 1º jogo contra o Sporting, já com a camisola do Benfica?
Não. Lembro-me de ter conquistado a Taça contra o Sporting e de ter marcado o penálti que deu essa Taça.
Mas custou-lhe mudar de clube.
Custou. Nos primeiros jogos tudo me fazia confusão. Ir ao estádio do lado rival, estar a jogar no Benfica contra o clube que me formou, onde me tornei homem e de que gosto, tudo isso, mas depois de entrar esquecia tudo. E tem de ser mesmo assim, somos profissionais. Sempre quis ganhar pelo Benfica e festejava. É a minha profissão, são os meus colegas, é a instituição que me paga. Hoje em dia já se lida melhor com isto. Lembro-me de ter festejado muito esse golo porque era o primeiro troféu que ia ganhar pelo Benfica e porque sou uma pessoa emotiva e não consigo esconder as coisas. Lá está, se calhar o maluco é isso. "Eh pá, esteve não sei quantos anos no Sporting e foi festejar assim". Saiu-me, estava feliz, queria festejar.
Quando nasce o seu primeiro filho, o Gustavo?
Aos 26 anos. Foi feito em Huelva, mas nasce quando já estou no Benfica.
Assistiu ao parto?
Não. Tive medo. Eu não gosto de ver sangue e o médico, que foi sempre o mesmo a fazer os partos à Mónica, começou a meter-me medo. "Olhe que eu já tive muitos episódios em que em vez de estar a tirar o bebé estava a acudir o pai". Mas depois assisti ao do Martim e ao da Maria Inês. Do da Maria Inês tenho uma história muito gira.
Conte.
Era o 3.º que ia ter, a afinidade com o médico já era grande. Levei máquina, câmara de filmar, telemóvel, ia todo equipado. E disse-lhe: "Ó Dr. quando estiver pronto você diz-me que eu vou gravar, vamos fazer aqui um plano do caraças". Pego no telemóvel e começo a gravar a barriga (a Mónica fez sempre cesarianas), via tudo, ia aos pormenores, aproximava. O Dr. a rir-se, a fazer as coisinhas dele, foram 4 ou 5 minutos daquilo. Ele todo contente: "Ó Carlos mostre-me lá essa gravação". Não é que me esqueci de carregar no rec para gravar? (risos) O médico quase que me batia, senti na cara dele uma deceção (risos). Até hoje ando com isto, como é que fui esquecer de carregar no Rec. Tinha feito uma gravação linda, com pormenores e tudo (risos).
E afinal foi duro, não caiu para o lado.
Não e se soubesse que o do Gustavo era assim... Aquele momento é tão lindo que só estás concentrado que saia o bebé, não ligas a sangue e a mais nada.
Quando entrou no Benfica o treinador era o Quique Flores. Gostou dele?
Boa gente também. Bom treinador, com ideias novas. Na minha opinião tinha uma pessoa ao lado, o preparador físico, Pako Ayestarán, que quis mandar mais do que ele. Gabava-se muito de que foi campeão europeu pelo Liverpool e não sei quê, é esse tipo de pessoa. Incompatibilizou-se com certos jogadores. Não o Quique, mas essa pessoa.


Carlos Martins começou a representar o Benfica em 2008/09 Valerio Pennicino
Época seguinte, Jorge Jesus. Como foi o primeiro impacto?
Gostei muito do Jorge Jesus. Aliás é o meu treinador de eleição em termos de futebol.
Foi com ele que aprendeu mais?
Foi. Eu e todos. Quase que falo por todos.
Por que diz isso?
Porque é o maior. Porque é o melhor. Eu não sou bom a descrever pessoas, mas vamos lá a ver se consigo...Para já a forma como ele falava. É um bocado como a minha, às vezes manda umas calinadas e tal, é muito espontâneo, diz as coisas que lhe vão na alma e às vezes não é aquilo que quer dizer, um bocado como eu também. Mas a mensagem passava para o jogador. O jogador prefere que falem assim, não prefere frases elaboradas não sei do quê. O futebol é prático, temos de ser práticos. Ninguém vai inventar nada, aqui o que interessa é passar a mensagem.
Alguns colegas seus dizem que ele era muito minucioso.
Sim, e chato. Muito chato, muito chato. Aquelas palestras eram quase uma hora e meia, por exemplo. Queria passar tanta informação que se estendia no tempo e os jogadores já estavam quase de boca aberta. Era um bocado saturante nisto. Mas em termos de treinador de campo, era uma pessoa que estudava o adversário de trás para a frente, de frente para trás e passava bem a mensagem. Ele fica marcado na minha carreira por outras situações, mas se tenho de dizer alguém com quem aprendi mais, é ele. Aprendi com todos, e esta não é uma frase pré-fabricada, é mesmo assim, aprendi com todos, mesmo estando menos bem uma pessoa aprende sempre. Mas com aquele homem, aprendemos à séria. O Aimar há um tempo deu uma entrevista e disse que dos treinadores que mais o marcaram o Jorge Jesus estava no top 3 dele. E estamos a falar no Aimar que lidou com muitos treinadores top. De facto o homem sabe. Só que depois tem o outro lado.
Que outro lado?
Relações humanas.
Não é bom?
Podia ser melhor. Não estou a dizer que não é bom. Podia ser melhor. Dado aos jogadores que treina, as equipas grandes que treina, ao convívio que tem entre treinadores, acho que devia aprimorar mais. Devia ter outra sensibilidade. Mas como ele é tão bom naquilo que faz dentro de campo, aquilo que deve mudar ele não dá tanta relevância.
Está a querer dizer que o que falta a Jorge Jesus é aquilo que é elogiado no José Mourinho, a capacidade de lidar com o balneário a nível psicológico?
Por exemplo. Eu vejo o Bruno Lage. Aquele rapaz que se vê ali na televisão é boa pessoa. O treinador tem de ir ao encontro dos jogadores. Eu tenho essa visão. É mais fácil mudar perante 25 jogadores do que 25 jogadores de 7 ou 8 nacionalidades diferentes moldarem-se ao treinador. É isto que era o lado menos bom dele, hoje não sei porque já não estou há uns anos com ele. O lado menos bom dele é o lado do contacto direto com os jogadores, o lado mais social. Estes rapazes que estão agora a aparecer já têm outra bagagem nesse sentido. É como os jogadores, no meu tempo eram trabalhados de uma maneira e hoje de outra.


Carlos Martins com a Taça da Liga nas mãos, conquistada em 2010 AFP
Mas então como surge o conflito com o JJ depois do jogo como Estoril?
Foi no treino a seguir ao jogo com o Estoril, em que empatámos. Estávamos a duas jornadas do fim. Sou expulso. O primeiro cartão amarelo é por falar ao árbitro e o 2.º cartão por causa de uma entrada a meio campo, a 8 minutos do fim. As pessoas e a imprensa, que manda muito pela forma como a notícia é direcionada, culparam-me por o Benfica não ter ganho o jogo e ter perdido o campeonato, quando na realidade fomos perder o campeonato no Dragão, num jogo em que não joguei porque estava suspenso. Recordo-me que no treino após o jogo, o JJ marca uma reunião normal de grupo, em que o único visado sou eu. Disse que eu já não jogo mais enquanto ele lá estiver, que estava riscado. Fez o sinal de cruz com a mão e disse: "puseste em causa todo um ano de trabalho".
Qual foi a sua reação?
Fiquei parvo a olhar para aquilo, a ouvir. Só pensava: "Eu não estou a acreditar que este homem me está a dizer isto". Ele culpou-me mesmo por aquilo ter acontecido, quando estávamos em 1º lugar ainda. Eu que reajo a tudo fiquei parvo. Lembro-me de ter chegado a casa e de escrever tudo o que ele me disse numa agenda. No outro dia a minha preocupação foi falar com os capitães. Chamei o Aimar, o Maxi Pereira, o Luisão e o Tacuara (Oscar Cardoso) se não me engano. Perguntei-lhes se eles se reviam naquilo que o treinador me tinha dito e todos me disseram que não. "Eh pá, já sabes como é que ele é. Foi um erro? Foi, mas estamos em 1º lugar, falta um jogo, todos nós cometemos erros". Lembro-me de o Luisão ter dado um soco quando fomos ao árbitro, num jogo na Alemanha, portanto, teve um episódio como outros também tiveram episódios menos bons. Todos nós temos de assumir o nosso erro, mas longe dizer que estavas morto e que já não jogas mais no Benfica como ele fez. Eu nesse ano tinha renovado por mais 3 anos. Era jogador da seleção nacional. E ele diz-me aquilo tudo. Mas ali o que contou mais para mim foram os colegas, foi eu perceber se realmente se reviam no que ele disse. Isso é o que me importava mais em termos emocionais, porque foi muito duro. Só eu sei o que eu passei. Ainda hoje alguém passa e diz-me na brincadeira, mas eu respondo logo: "Tu foste perder o campeonato ao Dragão, não foi no Estoril". E não reagi também na altura porque nós a seguir vamos ter a final da Taça UEFA contra o Chelsea e para não estar a criar mais uma situação em que dissessem o Carlos Martins isto e aquilo, calei-me e não disse nada. Recordo-me que fomos à final da Taça de Portugal, perdemos e acontece aquele episódio com o Tacuara no final do jogo em que ele e o Jorge Jesus empurraram-se e o Tacuara queria bater-lhe. Depois disso tudo é que lhe bati à porta.
O que lhe disse?
"Quero falar contigo" e falei. Disse-lhe que não me revia no que ele me tinha dito, expliquei-lhe tudo e mais alguma coisa, o que eu sentia, mas não quero passar a conversa para aqui. Sai de lá de consciência limpa e aliviado.
O que ele lhe respondeu?
"É a tua opinião, mas sou eu que mando. Tu tens as tuas opiniões, eu tenho as minhas." Foi nessa base. E com razão. Ele tem a opinião dele e eu tenho a minha, por isso é que somos todos diferentes. Na época seguinte já sabia que não ia ficar. Antes de irem para a Suíça, fui chamado para me dizerem que ia fazer parte da equipa B, do Benfica. Aí caiu-me tudo. Eu já sabia porque ele me tinha dito, mas daí a viver o momento de ir para a equipa B, desiludi-me completamente com o futebol. Por isso é que dei as minhas coisas todas às pessoas que me iam pedindo. Hoje não tenho uma camisola, umas chuteiras, um equipamento do Benfica, não é pela instituição, atenção, a instituição nada tem a ver. Gostei muito e sou um privilegiado por ter lá jogado. Mas tenho pena de já não ter essas coisas, estou muito arrependido porque os meus filhos agora perguntam por elas. Eu tenho tudo na minha memória, mas para passar para os meus meninos não tenho. Eles pedem-me camisolas, a da final da Taça UEFA, "a camisola com que foste campeão pai? As botas, pai?", etc. Não tenho. É que a partir daí já só joguei por causa da minha família, especialmente por causa do meu Gustavo, porque se não tinha abandonado logo tudo na altura.

Jorge Jesus e Carlos Martins ao fundo GERARD JULIEN
Chegou a jogar na equipa B.
Cheguei porque fui obrigado. Mas apanhei um grande amigo, o Hélder Cristóvão, graças a Deus que foi ele, foi antigo jogador e não me complicou a vida, porque eu estava a explodir. Eu era uma bomba atómica, a qualquer momento explodia com tudo. Eu via os meus colegas lá em cima e eu privado daquilo, no meio de meninos com 17 anos que nem falavam para mim com vergonha. Se estivessem a rir numa sala e eu entrasse paravam todos de rir, até era constrangedor para mim. Eu só pensava: "O que é que eu estou aqui a fazer?".
Começou à procura de clube?
Não. Rejeitei tudo, porque o meu filho não devia sair de Lisboa.
Deu aí um salto na história, porque a doença do seu filho é descoberta quando está em Granada, no seu 3-º ano de Benfica, na época 2011/2012.
Sim, no 3º ano de Benfica saio, peço para ser emprestado ao Granada porque havia o Europeu, em que o selecionador era o Paulo Bento. Uma curiosidade engraçada porque eu tive aquela divergência com o Paulo, mas é ele que me chama à seleção para o Europeu. A minha melhor fase na seleção é com o Paulo Bento precisamente, é preciso que se diga. Então, peço para ser emprestado para jogar, para fazer 40 jogos num ano, para estar bem para o Europeu. Porque no Benfica, com o Aimar, jogávamos metade, metade, e eu queria jogar o máximo de jogos possíveis.
Vai para o Granada e é lá que descobre a doença do seu filho, a aplasia medular.
Sim, passados três dias da minha mulher lá chegar, o meu filho fica internado.
Como tudo aconteceu?
Caiu-lhe uma gaveta em cima da perna e ele ficou com uma grande nódoa negra. A minha mulher manda uma foto a um médico daqui e pergunta-lhe se é normal ele ficar assim passado uns minutos. Ela foi a uma clínica lá em Granada, eu fiquei com a Bruna e o Martim em casa que tinha uns 8, 9 meses na altura. Ela liga a dizer que já não deixam sair o meu filho, que tinha de ser internado.
Dizem logo que doença ele tinha?
Não, dizem que os exames estão todos alterados e que tem de ser internado de urgência. Foi internado num hospital público de Granada. Um grande amigo meu, que hoje é o padrinho do Gustavo e era dirigente do Granada, o Angel Gonzalez, fez sempre o acompanhamento com a Mónica naquela altura. Falei com ela ao telefone, ela só chorava e dizia que ele tinha uma doença grave. Eu dizia: "Não, não pode ser, o menino está bem. Amanhã já está tudo bem". No outro dia dizem que tem de fazer uma punção, falam em leucemia e que o meu filho corre risco de vida e que se calhar precisa de um transplante... Esteve 17 dias internado. Foi muito difícil. Andei três meses anestesiado.