Sven-Göran Eriksson

Treinador, (1948-02-05 - 2024-08-26),
Suécia
Equipa Principal: 5 épocas (1982-1984, 1989-1992), 241 jogos (163 vitórias, 48 empates, 30 derrotas)

Títulos: Campeonato Nacional (3), Taça de Portugal (1), Supertaça (1), AF Lisboa Taça de Honra 1ª Divisão (1)

Majin Buu

Lendas nunca morrem.

Até sempre mister  :metal:

Blitzer

Parte 8 meses depois do diagnóstico... que doença esta.

Felizmente o Benfica em particular, e o futebol em geral, conseguiu despedir-se a tempo de um dos seus grandes.

Que descanse em paz.


mojo_j0jo

Um dos maiores do futebol. Feliz por ter sido homenageado ainda em vida!

raymanzarek

Tenho muitas memorias da sua segunda passagem, nomeadamente a final europeia contra o Milan.

Era um grande senhor. Infelizmente temos esta horde de vampiros e atrasados mentais, que nem um caralho de um post decente conseguiram tributar a quem tanto deu ao clube.

Tenho profundo repúdio, nojo mesmo, até pelo texto partilhado a semana passada a um ladrão, que paradoxalmente teve direito a mais elogios.

Estamos completamente desvirtuados, podres e acabados.

ISO

Citação de: Majin Buu em 26 de Agosto de 2024, 19:15Lendas nunca morrem.

Até sempre mister  :metal:

Horrivel chamar essa merda de "mister" a um treinador como este!

Lebohang Mokoena

CitaçãoEriksson, o treinador e cavalheiro que não gritava

Ser educado e respeitador, um cavalheiro, não era uma estratégia para tirar rendimento dos jogadores. Para os benfiquistas, Eriksson é símbolo de um Benfica vencedor com classe e elegância naturais. O Benfica de Eriksson ganhava como se esse fosse o seu destino, como se tivesse sido criado para isso. O treinador sueco representa um ideal competitivo a que o clube se habituou (e entretanto desabituou), que é o contrário da cultura da vitória arrancada a ferros, contra tudo e contra todos

Nenhuma notícia da morte deste homem há de escapar ao óbvio: Sven-Göran Eriksson era um cavalheiro, um gentleman. Acontece que o óbvio é também o essencial e, por isso, ninguém o vai evitar, por muito que receie o cliché e a falta de originalidade. Porque quem ignorar o óbvio arrisca-se a fazer do obituário uma compilação de dados: vencedor da Taça UEFA com o humilde Gotemburgo, três vezes campeão nacional ao serviço do Benfica, clube que levou a duas finais europeias, ambas perdidas, treinador da Lazio no segundo e último scudetto conquistado pelo clube romano, primeiro selecionador estrangeiro de Inglaterra. Nas vitórias e nas derrotas, sobretudo nestas, nunca deixou de ser um gentleman. Pagou o preço dessa postura inamovível com as críticas a uma aparente e excessiva frieza que contrastava com os ambientes explosivos e apaixonados, dentro e fora de campo, onde exerceu funções.

Como encaixar um sueco tão sueco que mais parecia uma caricatura do escandinavo fleumático na cultura tabloide da Inglaterra do início deste século para a qual não havia fronteiras entre vida pública e privada? Como é que um timoneiro sueco com ar de professor de Educação Física (e foi mesmo professor de Educação Física nos arredores de Karlskoga) poderia navegar as águas turbulentas do futebol italiano e do futebol português no final dos anos 80 sem perder a compostura, sem perder a aura cavalheiresca?

Que Eriksson o tenha conseguido fazer, e com alguns sucessos desportivos pelo meio, dá testemunho de uma personalidade singular, a de alguém que mesmo nos campos de batalha mais lamacentos e tóxicos, preservou a dignidade e manteve o fato limpo. Se um dos jogadores que o ajudaram a ser campeão nos dois primeiros anos na Luz não sujava os calções, Eriksson não manchava o fato. Primeiro o fato de treino com o panamá da Macieira, depois, ainda antes da segunda passagem pelo Benfica e a partir daí, os elegantes fatos italianos que se lhe colaram à pele. E se alguém sabia os terrenos que pisava, era ele. Se não sabia aprendeu quando Pinto da Costa, antes do célebre bis de César Brito nas Antas, lhe disse: "Respeito-o muito Sr. Eriksson, mas guerra é guerra."

Se alguma acusação lhe pode ser feita é a de ter tido o comportamento romântico de um homem que leva uma faca para um tiroteio. Não é isso que se diz? Mas uma faca não é arma que imaginemos no estojo de Eriksson. Um florete, talvez. Ou o seu equivalente na retórica, uma capacidade de persuasão que diríamos diabólica. Quando aterrou em Lisboa pela primeira vez para treinar o Benfica, Eriksson tinha 34 anos. Vinha com a autoridade de quem acabara de ganhar a Taça UEFA com o Gotemburgo, mas além de ser um "miúdo" num campo de velhas raposas, não conhecia a língua, tinha um perfil distinto do de antigos treinadores do Benfica, estrangeiros duros e disciplinadores como Jimmy Hagan ou John Mortimore, e punham-lhe nas mãos não um balneário de talentos à espera de serem moldados ou de juvenis impressionáveis, mas um conjunto de soldados experientes de muitas batalhas, lendas do clube e do futebol português: Bento, Humberto Coelho, Nené, Chalana (que, apesar de muito novo, já era um veterano).

No final dessa primeira época em que o Benfica fez a dobradinha e chegou à final da Taça UEFA, perdida para o Anderlecht, o próprio Eriksson descreveu no seu livro de memórias como era visto pelos pupilos: "se eu dissesse aos jogadores que o sol era verde, eles acreditariam." Para quem o saiba usar, e Eriksson sabia, o florete pode ser mais poderoso que a metralhadora.

E continuou a usar o florete ao longo da carreira. E nunca deixaram de o questionar por causa disso. No mundo do futebol ainda é difícil compreender um treinador que imponha a sua autoridade sem ser aos berros e sem tiques histriónicos de ditador latino-americano. O treinador ideal é inspirado no pai tirano que castiga e recompensa na medida exata como se os jogadores fossem fedelhos ou cavalos selvagens que é preciso adestrar com o chicote numa mão e o torrão de açúcar na outra. O treinador que repreende num momento e acarinha no seguinte. Mesmo em Inglaterra, que poderíamos julgar imune à turbulência emocional latina, Eriksson confrontou-se com esse ideal de treinador meio-descompensado (não era Ferguson que aplicava aos jogadores o tratamento do "secador"?).

Mas, como sabiam os que o acompanhavam desde os tempos no país natal, passando por Portugal e Itália, esse não era o seu modo de estar. Nem no futebol, nem na vida. Ser educado e respeitador, um cavalheiro, não era uma estratégia para tirar rendimento dos jogadores. Era apenas a sua maneira de ser, que explicava com a educação que recebera dos pais: "Acho que nunca vi o meu pai verdadeiramente zangado. Da minha mãe levei uma ou duas palmadas quando era miúdo, mas o meu pai não me tocou. [...] Por isso não houve quem me visse aos gritos num campo de treinos. Nem usava sequer um apito. [...] Um treinador de futebol gritava — era assim em Inglaterra. Era fuck this e fuck that. Que trazia isso de construtivo? Dificilmente transmite confiança aos jogadores, bem pelo contrário."

Essa personalidade rara no ecossistema futebolístico manifestava-se igualmente na relação que tinha com o dinheiro. Acusado pelos ingleses de ser ganancioso, pelo elevado salário que auferia como selecionador, Eriksson defendeu-se com a coerência do seu caráter: "Até hoje", escreveu nas memórias, "as pessoas têm dificuldade em acreditar que o dinheiro nunca foi muito importante para mim. Alguns afirmam que me é fácil dizer isso porque sou rico. Percebo-o. Mas o dinheiro nunca me preocupou, mesmo quando não o tinha. Não sei quanto custa um litro de leite, mas também não o sabia quando era estudante. Não comprei montes de coisas, ou carros, ou barcos. Gastei dinheiro naquilo que sentia ser divertido, excitante ou talvez glamoroso — mas acho que já o fazia quando era novo e sem tostão." Lembram-se de um treinador português a perguntar a jornalistas se sabiam quanto dinheiro tinha ele na conta? Pois, a classe não se compra. Há quem a tenha desde sempre, mesmo que não tenha um tostão no bolso.

Classe. Para os benfiquistas Eriksson é símbolo de um Benfica vencedor com classe e elegância naturais. O Benfica de Eriksson ganhava como se esse fosse o seu destino, como se tivesse sido criado para isso. O treinador sueco representa um ideal competitivo a que o clube se habituou (e entretanto desabituou), que é o contrário da cultura da vitória arrancada a ferros, contra tudo e contra todos. Não, o futebol não é um campo de batalha, é um palco onde pomos em cena a melhor versão de nós mesmos, conscientes de que, quando as cortinas caem, há uma vida lá fora, há vinho, férias, amores, prazeres. Poucos são os que vivem de acordo com essa consciência. Eriksson era um deles e, dos grandes treinadores em atividade, talvez só Carlo Ancelotti pertença à mesma linhagem.

Muitos jogadores e treinadores do futebol moderno dão a impressão de viver num mundo estranhamente fechado e claustrofóbico, encerrados em casulos de privilégio que os protegem dos percalços da fama e da fortuna (no duplo sentido da palavra) e os isolam da realidade. Gabam-se de respirar, beber e comer futebol. São obcecados e dramáticos como cantores de ópera, birrentos e exagerados como crianças mimadas. A exigência dos adeptos e a pressão do futebol hiperprofissional tira-lhes ar e tira-lhes mundo. Que Sven-Göran Eriksson tenha passado pelo futebol sem perder ar e sem perder mundo foi talvez o seu maior triunfo.

MaFd_R@_SLB

Feliz de quem viveu este Benfica do Eriksson

Que descanse em paz!

Eduardo Gomes



"Nunca me esqueci do Benfica. O Benfica é enorme" • Sven-Göran Eriksson

Kurt Cobain 10

O Benfiquista Amorim a vir ao de cima agora na gala. muito bem.

raymanzarek


Red2802

#1526
Para terminar a minha pequena homenagem ao Eriksson aqui no fórum deixo para reflexão o que era um líder.

Chegou à Luz em 1982 com 34 anos sem nunca ter treinado fora da Suécia.

Apanhou, entre outros, jogadores deste calibre.

- Bento com 35 anos e 10 anos de Benfica.
- Pietra com 29 anos e 6 anos de Benfica.
- Humberto Coelho com 34 anos e 14 anos de Benfica.
- Bastos Lopes com 29 anos e 12 anos de Benfica.
- João Alves com 30 anos e 6 anos de Benfica.
- Shéu com 29 anos e 12 anos de Benfica.
- Diamantino com 23 anos e 4 anos de Benfica.
- José Luís com 25 anos e 8 anos de Benfica.
- Carlos Manuel com 25 anos e 3 anos de Benfica.
- Néné com 33 anos e 16 anos de Benfica.
- Chalana com 24 anos e 9 anos de Benfica.

A este ainda podíamos juntar Álvaro Magalhães, Veloso e Filipovic, com menos tempo de casa mas que vieram a ser figuras do clube.

É inacreditável como os "meteu todos no bolso" e conseguiu que o seguissem cegamente.

Aquilo era um balneário de instituições. Não era brincadeira.

É preciso ser muito competente e ter uma mente fora-de série.


HB

Rui Costa recorda Eriksson: «Estará sempre connosco, ficará eternamente na história do Benfica»

Presidente do Benfica prestou tributo ao treinador sueco, que morreu esta segunda-feira



Rui Costa, presidente do Benfica, prestou homenagem a Sven-Göran Eriksson na entrada para a cerimónia dos Prémios da Liga Portugal.

«É um dia muito triste para todos os benfiquistas, e desde já mandar daqui um forte abraço a toda a família do mister Eriksson e dizer-lhes que para nós foi um orgulho enorme e será sempre um orgulho enorme ter tido na nossa casa um homem tão importante e tão bom como Sven-Göran Eriksson. Em boa hora conseguimos ainda fazer uma homenagem sentida a uma pessoa que sabemos que também tinha o Benfica no coração e levou o Benfica no coração também e, portanto, em nome de todos os benfiquistas, um abraço muito forte a toda a família. É um dia de facto muito triste para nós, mas ao mesmo tempo de grande orgulho de termos tido na nossa história um homem tão bom, treinador tão bom e, acima de tudo, um ser humano tão bom como Eriksson», começou por dizer o presidente das águias.

Rui Costa considera que além de ter marcado «a história do Benfica ou uma parte da história do Benfica», o antigo treinador sueco «marcou também uma parte da história do futebol português e até do futebol internacional».

A ligação pessoal

O antigo número 10 do Benfica fez questão de relembrar que foi Eriksson quem o colocou como titular nas águias pela primeira vez, destacando ainda a ligação que o treinador desenvolveu com os clubes e países por onde passou: «É um homem querido por todos os sítios por onde passou, não só pelos clubes que representou, mas também pelos países em que trabalhou e isso mostra a qualidade humana que este senhor tinha. Eu, particularmente, tenho um carinho ainda mais especial, porque ele que me pôs pela primeira vez a titular no Benfica. Guardei para toda a minha carreira todos os ensinamentos que ele me deu e tenho uma ligação muito forte pessoalmente por isso mesmo, mas enquanto benfiquista estou no mesmo patamar de todos os benfiquistas no sentido de que, para nós, era uma pessoa que marcou muito, era uma pessoa extremamente querida para todos nós.»

Homenagens futuras

Eriksson foi homenageado no Estádio da Luz em abril, num jogo para a Liga Europa frente ao Marselha, mas Rui Costa admite que algo mais poderá ser feito no futuro em memória do treinador sueco. «Eriksson ficará sempre connosco, estará sempre connosco É um homem muito marcante da nossa história, como sabem. Repito, em boa hora conseguimos fazer uma homenagem digna de tudo o que ele foi para o nosso clube e com certeza iremos fazer mais porque não é só um treinador que está na história do Benfica, é um homem que está na história do Benfica e ficará eternamente na história do Benfica», concluiu o presidente dos encarnados.

in abola

Red_Wings

#1529
.