Eleições 2021 09Out. Sáb. 08h00 - 22h00

O Património

#17505
Citação de: pexim em 12 de Outubro de 2021, 11:09
Citação de: patrickvieira em 12 de Outubro de 2021, 11:05
Citação de: Mattamouros em 12 de Outubro de 2021, 11:00
Citação de: Perth em 12 de Outubro de 2021, 10:46
Citação de: JonSnow em 11 de Outubro de 2021, 20:05
Era puto, teria os meus cinco ou seis anos, quando tenho aquela que será a minha memória mais antiga e mais vívida do Benfica : a final da taça Uefa na Luz. Não percebendo quase nada de futebol ainda, não entendendo sequer as mais básicas regras do jogo, nada percebendo de tácticas, sabia que o meu amor se chamaria sempre Sport Lisboa e Benfica. Estava no meu coração, na minha alma, e nem a perda dessa noite - que tristemente vi replicada demasiadas vezes - me demoveu de sentir que estava fadado a andar com a chama imensa dentro de mim para sempre.
Foi o meu avô que me passou o seu Benfiquismo, o meu avô que já me parecia impossivelmente envelhecido, ele que passava os dias sentado na sua poltrona porque quase não conseguia andar já, e que frequentemente me dizia, logo pela manhã para ir comprar a edição desse dia d'A Bola, o meu avô que me falava das glórias dos seus dias, dos triunfos, das edificações, das lendas, de quem tornou o Benfica maior que o próprio país.
Mas durante toda a minha infãncia, era apenas um adepto do Benfica, ainda que fervoroso. Em casa nunca tivemos a cultura de ir ao estádio, certamente devido ao portismo do meu pai, e como o meu avô estava circunscrito á casa, não tinha ninguém que me levasse ao estádio. Então a minha devoção ao Benfica foi através da rádio e da televisão. Foi através das cadernetas e dos cromos, e quando havia um mundial ou europeu, fazia essas colecções e passava que tempos a contabilizar quantos jogadores teria lá o Benfica representado.
No princípio da década de 90, decidi que queria dar um passo á frente, e quis ser sócio. Confesso que não me recordo já se precisei de autorização dos meus pais ou algo assim, mas sei que certo dia peguei em mim e fui á antiga Catedral, trouxe de lá os formulários necessários, e em três tempos já eu era sócio. Durante os primeiros meses a minha avó ofereceu-me as quotas - o meu avô tinha entretanto falecido - e comecei então o hábito de ir á Luz ver o Benfica. Não pude ir sempre, infelizmente não tinha liquidez financeira que mo permitisse, e também a separação dos meus pais alterou o meu paradigma familiar. Mas sempre que podia, estava eu na Luz a apoiar o Benfica. Vi momentos fantásticos, vi derrotas difíceis de digerir, vi jogos bons, vi jogos maus, vi de tudo. Fui a finais da taça de Portugal, fui ver o Mostovoi marcar um golaço de livre directo em contumil, vi o mesmo Mostovoi falhar um golo (quase) cantado no mesmo estádio, vi o Yuran, o Isaías, o Paneira, o Pacheco (antes de nos apunhalar pelas costas), vi os meninos que foram campeões mundiais, vi-os a serem naquela mítica final na Luz contra um enorme Brasil, dizia que o Bizarro era um grande guarda-redes, não! afinal o Brassard é que era, via o Benfica do Fernando Martins, do João Santos, e via o Benfica de um senhor, desculpem, de um Senhor, que há muito admirava e cujas muitas contribuições foram vitais para a sobrevivência do Benfica. Quando o senhor Jorge de Brito se tornou presidente do Sport Lisboa e Benfica, mal poderia imaginar ele que estávamos prestes a entrar numa das fases mais conturbadas da nossa história, nem ele nem nós. Infelizmente, e porque muito estávamos dependentes da sus fortuna pessoal, os problemas que o mesmo atravessou na sua vida pessoal traduziram-se em menor afluência financeira da nossa parte, e tudo isso levou a que em Dezembro de 1993, os sócios do Sport Lisboa e Benfica o demitissem em assembleia. Ele, que mais do que quase qualquer outra figura na nossa história, merecia sim uma estátua, um busto, a mais singela e profunda homenagem que fosse. Ele, que do bolso dele, ofereceu ao Sport Lisboa e Benfica a pista de tartan que rodeou durante tanto tempo o nosso então campo de treinos. Ele, que na sua generosidade, perdoou ao Benfica uma dívida, que traduzida para valores de hoje, se cifraria das dezenas de milhões de euros. Ele, que do seu bolso custeou vencimentos, prémios e transferências. E a maneira dos sócios o honrarem foi demiti-lo.
Foram essas as minhas últimas quotas pagas. Senti que o Benfica que tinha crescido a amar tinha começado a voltar as costas aos seus valores primordiais. Senti algo a mudar, e essa mudança trouxe-nos Manuel Damásio e a sua operação coração. trouxe-nos Vale e Azevedo, e todas as polémicas e humilhações associadas. Trouxe-nos Manuel Vilarinho, e aqui confesso que durante breves momentos - breves apenas - imaginei que se pudesse ter um Benfica novo, um Benfica de valores.
Enganei-me.
O Benfica que amava estava a ser substituído, pedaço por pedaço. A decisão tomada pelos sócios do Benfica nesse Dezembro de 1993 ecoou ainda quase uma década depois quando Luis Filipe Vieira entra no Benfica. Nunca serei ingrato por qualquer título ganho por nós. Não tenho memória de algum título 'fácil', de algum título em que não tívessemos de ter sido uns verdadeiros heróis de algum título em que não sentisse que forças nefastas conspiravam para que não os ganhássemos.
Por isso dou valor ás conquistas - que todavia me parecerão sempre parcas - que obtemos no seu reinado. Não presidência, atentem. Reinado. Um reinado que só poderia terminar em nepotismo, não surpreendendo ninguém que tenhamos como novo presidente o herdeiro que foi preparado durante anos a fio para que o status quo se mantivesse.
E eu sei que o vou dizer, e pedir, quase ninguém o quererá entender, porque a ilusão que vos venderam é demasiado forte. E eu respeito o vosso voto, respeito os resultados, aceito-os, mas entendam por favor que optaram pela continuidade das duas últimas décadas. Optaram pela política desportiva frequentemente mal-pensada e desastrosa. A mesma com que faz com em pleno 2021 continuemos com as mesmas lacunas no plantel que há anos e anos que estão identificadas. Optaram por quem vos vai continuar a dizer que a formação e o Seixal são para ser aposta, e mais frequentemente do que não serão estrelas noutros clubes e não na Luz. Optaram por um Benfica de integridade e honestidade dúbias, de negociatas e intermediários e de casos jurídicos. Optaram por um Benfica perdido, desorientado, e ultrapassado no grosso das modalidades amadoras. Optaram pelo Benfica dos zero pontos nas fases de grupos e das goledas que amiúde sofremos. Optaram por um Benfica com exigência zero, o que eleva gajos como o André Almeida a lendas. Optaram por um Benfica cujo canal televisivo não é nem para os Benfiquistas, nem pelos Benfiquistas, mas sim mais um meio de propaganda institucional.
Optaram por um Benfica ferido na sua identidade, e parco de valores. Optaram por quem vos mentiu descaradamente.
E eu tenho de respeitar, e aceitar isso. Foi essa a vossa escolha, a escolha da vasta maioria.
Conhecem a frase 'Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la'?
Sinto que desde 1993 que andamos a repetir os mesmos erros.
E talvez aqui haja um quê de culpa minha, também. Talvez o futebol tenha mudado de tal maneira que seja impossível ter um clube de honra e de valores. Talvez o neanderthal aqui seja eu. Talvez.
Mas sem sombra de dúvidas sei o que me custa saber que quem mais deveria defender o clube é suspeito de roubá-lo, ou de ser, no mínimo, conivente com isso. E o Benfica, tal como Roma, não deveria pagar a traidores. Tampouco deveria perdoá-los. O Benfica que temos é o que fez a maior canalhice da sua história a uma das suas figuras magistrais.
O Benfica que quiseram é o que vai dar continuidade a décadas de assalto interno. O Benfica que nos dão é o Benfica de gente desapaixonada pelo clube, desinteressada por qualquer outra coisa que não o seu ao fim do mês. É o Benfica que acolhe em sua casa quem o trai, quem goza com ele e depois assume lugar de relevância, e que dá o seu trono ao seu maior inimigo para que, ufano, se gabe de quando nos roubaram um título em plena Luz.
Eu olho agora para o puto que viu o Benfica perder essa final da taça Uefa, e que, triste por não a ter vencido, sentia todavia um orgulho enorme.
Perdoem-me se hoje, já não o consiga.
Serei sempre do Benfica, para o Benfica, e pelo Benfica. Temo é que o Benfica que cresci a amar não exista durante muito mais tempo.
This JonSnow knows something.

So enganou-se na ultima frase. O Benfica ja morreu, foi assassinado e enterrado, e os socios ate foram à campa cuspir e debitar uns improperios.

O que existe hoje é um foculbenfica a todos os niveis, so que ganha menos titulos que o foculporco.

A questão é mesmo esta.

Andamos aqui com a conversa dos valores, dos ideais, do Benfica do antigamente.. mas a verdade é que, queiramos ou não, este já lá vai..

Eu continuo a sonhar, continuo a lutar, fui um dos assinantes e estive presente na AGE, fui delegado do SoB numa casa, mas este 'Benfica de 1904' que muitos (onde me incluo) por aqui apregoam, já não existe.

Basta ver os resultados das eleições anteriores (a acreditar que são verdadeiros) e destas. Os sócios escolheram, a maioria quer este 'novo' Benfica. Somos nós que estamos presos a um passado que não acredito que voltará..

Foi bom termos conseguido as conquistas que se conseguiu, a nivel de AGE e de fazer umas eleições transparentes e democráticas, mais teremos para fazer numa futura alteração de estatutos que acredito será aprovada também, mas na sua génese, a maioria dos sócios votantes gosta da situação actual, já a validou por duas vezes.

O Benfica 'morreu' e nós nem demos por isso. Essa é que é essa..
como o presidente que achavas que deveria ter sido eleito não o foi então o Benfica morreu. Só rir. Morreu para ti
Eu, depois de levar uma chapada de realidade daquelas, teria, no mínimo a humildade de duvidar das minhas convicções.

A diferença é que o espaço entre as tuas duas orelhas não está vazio. Já o de outros...

Mattamouros

Citação de: patrickvieira em 12 de Outubro de 2021, 11:05
Citação de: Mattamouros em 12 de Outubro de 2021, 11:00
Citação de: Perth em 12 de Outubro de 2021, 10:46
Citação de: JonSnow em 11 de Outubro de 2021, 20:05
Era puto, teria os meus cinco ou seis anos, quando tenho aquela que será a minha memória mais antiga e mais vívida do Benfica : a final da taça Uefa na Luz. Não percebendo quase nada de futebol ainda, não entendendo sequer as mais básicas regras do jogo, nada percebendo de tácticas, sabia que o meu amor se chamaria sempre Sport Lisboa e Benfica. Estava no meu coração, na minha alma, e nem a perda dessa noite - que tristemente vi replicada demasiadas vezes - me demoveu de sentir que estava fadado a andar com a chama imensa dentro de mim para sempre.
Foi o meu avô que me passou o seu Benfiquismo, o meu avô que já me parecia impossivelmente envelhecido, ele que passava os dias sentado na sua poltrona porque quase não conseguia andar já, e que frequentemente me dizia, logo pela manhã para ir comprar a edição desse dia d'A Bola, o meu avô que me falava das glórias dos seus dias, dos triunfos, das edificações, das lendas, de quem tornou o Benfica maior que o próprio país.
Mas durante toda a minha infãncia, era apenas um adepto do Benfica, ainda que fervoroso. Em casa nunca tivemos a cultura de ir ao estádio, certamente devido ao portismo do meu pai, e como o meu avô estava circunscrito á casa, não tinha ninguém que me levasse ao estádio. Então a minha devoção ao Benfica foi através da rádio e da televisão. Foi através das cadernetas e dos cromos, e quando havia um mundial ou europeu, fazia essas colecções e passava que tempos a contabilizar quantos jogadores teria lá o Benfica representado.
No princípio da década de 90, decidi que queria dar um passo á frente, e quis ser sócio. Confesso que não me recordo já se precisei de autorização dos meus pais ou algo assim, mas sei que certo dia peguei em mim e fui á antiga Catedral, trouxe de lá os formulários necessários, e em três tempos já eu era sócio. Durante os primeiros meses a minha avó ofereceu-me as quotas - o meu avô tinha entretanto falecido - e comecei então o hábito de ir á Luz ver o Benfica. Não pude ir sempre, infelizmente não tinha liquidez financeira que mo permitisse, e também a separação dos meus pais alterou o meu paradigma familiar. Mas sempre que podia, estava eu na Luz a apoiar o Benfica. Vi momentos fantásticos, vi derrotas difíceis de digerir, vi jogos bons, vi jogos maus, vi de tudo. Fui a finais da taça de Portugal, fui ver o Mostovoi marcar um golaço de livre directo em contumil, vi o mesmo Mostovoi falhar um golo (quase) cantado no mesmo estádio, vi o Yuran, o Isaías, o Paneira, o Pacheco (antes de nos apunhalar pelas costas), vi os meninos que foram campeões mundiais, vi-os a serem naquela mítica final na Luz contra um enorme Brasil, dizia que o Bizarro era um grande guarda-redes, não! afinal o Brassard é que era, via o Benfica do Fernando Martins, do João Santos, e via o Benfica de um senhor, desculpem, de um Senhor, que há muito admirava e cujas muitas contribuições foram vitais para a sobrevivência do Benfica. Quando o senhor Jorge de Brito se tornou presidente do Sport Lisboa e Benfica, mal poderia imaginar ele que estávamos prestes a entrar numa das fases mais conturbadas da nossa história, nem ele nem nós. Infelizmente, e porque muito estávamos dependentes da sus fortuna pessoal, os problemas que o mesmo atravessou na sua vida pessoal traduziram-se em menor afluência financeira da nossa parte, e tudo isso levou a que em Dezembro de 1993, os sócios do Sport Lisboa e Benfica o demitissem em assembleia. Ele, que mais do que quase qualquer outra figura na nossa história, merecia sim uma estátua, um busto, a mais singela e profunda homenagem que fosse. Ele, que do bolso dele, ofereceu ao Sport Lisboa e Benfica a pista de tartan que rodeou durante tanto tempo o nosso então campo de treinos. Ele, que na sua generosidade, perdoou ao Benfica uma dívida, que traduzida para valores de hoje, se cifraria das dezenas de milhões de euros. Ele, que do seu bolso custeou vencimentos, prémios e transferências. E a maneira dos sócios o honrarem foi demiti-lo.
Foram essas as minhas últimas quotas pagas. Senti que o Benfica que tinha crescido a amar tinha começado a voltar as costas aos seus valores primordiais. Senti algo a mudar, e essa mudança trouxe-nos Manuel Damásio e a sua operação coração. trouxe-nos Vale e Azevedo, e todas as polémicas e humilhações associadas. Trouxe-nos Manuel Vilarinho, e aqui confesso que durante breves momentos - breves apenas - imaginei que se pudesse ter um Benfica novo, um Benfica de valores.
Enganei-me.
O Benfica que amava estava a ser substituído, pedaço por pedaço. A decisão tomada pelos sócios do Benfica nesse Dezembro de 1993 ecoou ainda quase uma década depois quando Luis Filipe Vieira entra no Benfica. Nunca serei ingrato por qualquer título ganho por nós. Não tenho memória de algum título 'fácil', de algum título em que não tívessemos de ter sido uns verdadeiros heróis de algum título em que não sentisse que forças nefastas conspiravam para que não os ganhássemos.
Por isso dou valor ás conquistas - que todavia me parecerão sempre parcas - que obtemos no seu reinado. Não presidência, atentem. Reinado. Um reinado que só poderia terminar em nepotismo, não surpreendendo ninguém que tenhamos como novo presidente o herdeiro que foi preparado durante anos a fio para que o status quo se mantivesse.
E eu sei que o vou dizer, e pedir, quase ninguém o quererá entender, porque a ilusão que vos venderam é demasiado forte. E eu respeito o vosso voto, respeito os resultados, aceito-os, mas entendam por favor que optaram pela continuidade das duas últimas décadas. Optaram pela política desportiva frequentemente mal-pensada e desastrosa. A mesma com que faz com em pleno 2021 continuemos com as mesmas lacunas no plantel que há anos e anos que estão identificadas. Optaram por quem vos vai continuar a dizer que a formação e o Seixal são para ser aposta, e mais frequentemente do que não serão estrelas noutros clubes e não na Luz. Optaram por um Benfica de integridade e honestidade dúbias, de negociatas e intermediários e de casos jurídicos. Optaram por um Benfica perdido, desorientado, e ultrapassado no grosso das modalidades amadoras. Optaram pelo Benfica dos zero pontos nas fases de grupos e das goledas que amiúde sofremos. Optaram por um Benfica com exigência zero, o que eleva gajos como o André Almeida a lendas. Optaram por um Benfica cujo canal televisivo não é nem para os Benfiquistas, nem pelos Benfiquistas, mas sim mais um meio de propaganda institucional.
Optaram por um Benfica ferido na sua identidade, e parco de valores. Optaram por quem vos mentiu descaradamente.
E eu tenho de respeitar, e aceitar isso. Foi essa a vossa escolha, a escolha da vasta maioria.
Conhecem a frase 'Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la'?
Sinto que desde 1993 que andamos a repetir os mesmos erros.
E talvez aqui haja um quê de culpa minha, também. Talvez o futebol tenha mudado de tal maneira que seja impossível ter um clube de honra e de valores. Talvez o neanderthal aqui seja eu. Talvez.
Mas sem sombra de dúvidas sei o que me custa saber que quem mais deveria defender o clube é suspeito de roubá-lo, ou de ser, no mínimo, conivente com isso. E o Benfica, tal como Roma, não deveria pagar a traidores. Tampouco deveria perdoá-los. O Benfica que temos é o que fez a maior canalhice da sua história a uma das suas figuras magistrais.
O Benfica que quiseram é o que vai dar continuidade a décadas de assalto interno. O Benfica que nos dão é o Benfica de gente desapaixonada pelo clube, desinteressada por qualquer outra coisa que não o seu ao fim do mês. É o Benfica que acolhe em sua casa quem o trai, quem goza com ele e depois assume lugar de relevância, e que dá o seu trono ao seu maior inimigo para que, ufano, se gabe de quando nos roubaram um título em plena Luz.
Eu olho agora para o puto que viu o Benfica perder essa final da taça Uefa, e que, triste por não a ter vencido, sentia todavia um orgulho enorme.
Perdoem-me se hoje, já não o consiga.
Serei sempre do Benfica, para o Benfica, e pelo Benfica. Temo é que o Benfica que cresci a amar não exista durante muito mais tempo.
This JonSnow knows something.

So enganou-se na ultima frase. O Benfica ja morreu, foi assassinado e enterrado, e os socios ate foram à campa cuspir e debitar uns improperios.

O que existe hoje é um foculbenfica a todos os niveis, so que ganha menos titulos que o foculporco.

A questão é mesmo esta.

Andamos aqui com a conversa dos valores, dos ideais, do Benfica do antigamente.. mas a verdade é que, queiramos ou não, este já lá vai..

Eu continuo a sonhar, continuo a lutar, fui um dos assinantes e estive presente na AGE, fui delegado do SoB numa casa, mas este 'Benfica de 1904' que muitos (onde me incluo) por aqui apregoam, já não existe.

Basta ver os resultados das eleições anteriores (a acreditar que são verdadeiros) e destas. Os sócios escolheram, a maioria quer este 'novo' Benfica. Somos nós que estamos presos a um passado que não acredito que voltará..

Foi bom termos conseguido as conquistas que se conseguiu, a nivel de AGE e de fazer umas eleições transparentes e democráticas, mais teremos para fazer numa futura alteração de estatutos que acredito será aprovada também, mas na sua génese, a maioria dos sócios votantes gosta da situação actual, já a validou por duas vezes.

O Benfica 'morreu' e nós nem demos por isso. Essa é que é essa..
como o presidente que achavas que deveria ter sido eleito não o foi então o Benfica morreu. Só rir. Morreu para ti

Quando, depois de 20 anos de Vieira, único presidente detido em funções num país onde existe Pinto da Costa o eleitorado benfiquista decide votar numa lista de continuidade onde dos 20 membros, 14 transitam do anterior regime, sim, o Benfica dos valores e dos ideais que me foi apresentado pelo meu falecido avô e fundado em 1904, morreu.

Já o ano passado os sócios tiveram hipótese de virar a página, não o quiseram fazer. O que vai de encontro ao que eu digo, a maioria gosta e quer 'este' Benfica.

O nome é o mesmo, eu continuarei a ver os jogos e a sofrer, a pagar quotas e redpass para ir ao estádio, a desejar que corra tudo pelo melhor, pois o sucesso do Rui Costa é o sucesso do Benfica e o sucesso do Benfica deixará qualquer um feliz e contente independentemente das suas visões e convicções.

Mas os seus valores, suas bases originais que estão na génese da fundação do Benfica, não têm nada a ver com as actuais. E como te disse, os sócios falaram pela segunda vez em dois anos, e a maioria quer as actuais e não as de 1904.

Bekambol

Citação de: jc007 em 11 de Outubro de 2021, 19:51
Citação de: patetalegre em 11 de Outubro de 2021, 19:16
Citação de: jc007 em 11 de Outubro de 2021, 19:05
Citação de: Brainshow em 11 de Outubro de 2021, 15:50
Benfica campeão já nesta época.

Senão RUA!!!

O pessoal parece ter-se afeiçoado a eleições a toda a hora.

É o que dá insistir em eleger corruptos

Que engraçado. Então o RC também é corrupto. Sim senhor. Se não gostas de alguém, lá vem atoarda.


Penso que não é corrupto. Mas sim acomodado e que até acredito que quer e queria o melhor para o Benfica. Mas, acomodou-se com a situação existente.

Bekambol

Citação de: Mattamouros em 12 de Outubro de 2021, 11:19
Citação de: patrickvieira em 12 de Outubro de 2021, 11:05
Citação de: Mattamouros em 12 de Outubro de 2021, 11:00
Citação de: Perth em 12 de Outubro de 2021, 10:46
Citação de: JonSnow em 11 de Outubro de 2021, 20:05
Era puto, teria os meus cinco ou seis anos, quando tenho aquela que será a minha memória mais antiga e mais vívida do Benfica : a final da taça Uefa na Luz. Não percebendo quase nada de futebol ainda, não entendendo sequer as mais básicas regras do jogo, nada percebendo de tácticas, sabia que o meu amor se chamaria sempre Sport Lisboa e Benfica. Estava no meu coração, na minha alma, e nem a perda dessa noite - que tristemente vi replicada demasiadas vezes - me demoveu de sentir que estava fadado a andar com a chama imensa dentro de mim para sempre.
Foi o meu avô que me passou o seu Benfiquismo, o meu avô que já me parecia impossivelmente envelhecido, ele que passava os dias sentado na sua poltrona porque quase não conseguia andar já, e que frequentemente me dizia, logo pela manhã para ir comprar a edição desse dia d'A Bola, o meu avô que me falava das glórias dos seus dias, dos triunfos, das edificações, das lendas, de quem tornou o Benfica maior que o próprio país.
Mas durante toda a minha infãncia, era apenas um adepto do Benfica, ainda que fervoroso. Em casa nunca tivemos a cultura de ir ao estádio, certamente devido ao portismo do meu pai, e como o meu avô estava circunscrito á casa, não tinha ninguém que me levasse ao estádio. Então a minha devoção ao Benfica foi através da rádio e da televisão. Foi através das cadernetas e dos cromos, e quando havia um mundial ou europeu, fazia essas colecções e passava que tempos a contabilizar quantos jogadores teria lá o Benfica representado.
No princípio da década de 90, decidi que queria dar um passo á frente, e quis ser sócio. Confesso que não me recordo já se precisei de autorização dos meus pais ou algo assim, mas sei que certo dia peguei em mim e fui á antiga Catedral, trouxe de lá os formulários necessários, e em três tempos já eu era sócio. Durante os primeiros meses a minha avó ofereceu-me as quotas - o meu avô tinha entretanto falecido - e comecei então o hábito de ir á Luz ver o Benfica. Não pude ir sempre, infelizmente não tinha liquidez financeira que mo permitisse, e também a separação dos meus pais alterou o meu paradigma familiar. Mas sempre que podia, estava eu na Luz a apoiar o Benfica. Vi momentos fantásticos, vi derrotas difíceis de digerir, vi jogos bons, vi jogos maus, vi de tudo. Fui a finais da taça de Portugal, fui ver o Mostovoi marcar um golaço de livre directo em contumil, vi o mesmo Mostovoi falhar um golo (quase) cantado no mesmo estádio, vi o Yuran, o Isaías, o Paneira, o Pacheco (antes de nos apunhalar pelas costas), vi os meninos que foram campeões mundiais, vi-os a serem naquela mítica final na Luz contra um enorme Brasil, dizia que o Bizarro era um grande guarda-redes, não! afinal o Brassard é que era, via o Benfica do Fernando Martins, do João Santos, e via o Benfica de um senhor, desculpem, de um Senhor, que há muito admirava e cujas muitas contribuições foram vitais para a sobrevivência do Benfica. Quando o senhor Jorge de Brito se tornou presidente do Sport Lisboa e Benfica, mal poderia imaginar ele que estávamos prestes a entrar numa das fases mais conturbadas da nossa história, nem ele nem nós. Infelizmente, e porque muito estávamos dependentes da sus fortuna pessoal, os problemas que o mesmo atravessou na sua vida pessoal traduziram-se em menor afluência financeira da nossa parte, e tudo isso levou a que em Dezembro de 1993, os sócios do Sport Lisboa e Benfica o demitissem em assembleia. Ele, que mais do que quase qualquer outra figura na nossa história, merecia sim uma estátua, um busto, a mais singela e profunda homenagem que fosse. Ele, que do bolso dele, ofereceu ao Sport Lisboa e Benfica a pista de tartan que rodeou durante tanto tempo o nosso então campo de treinos. Ele, que na sua generosidade, perdoou ao Benfica uma dívida, que traduzida para valores de hoje, se cifraria das dezenas de milhões de euros. Ele, que do seu bolso custeou vencimentos, prémios e transferências. E a maneira dos sócios o honrarem foi demiti-lo.
Foram essas as minhas últimas quotas pagas. Senti que o Benfica que tinha crescido a amar tinha começado a voltar as costas aos seus valores primordiais. Senti algo a mudar, e essa mudança trouxe-nos Manuel Damásio e a sua operação coração. trouxe-nos Vale e Azevedo, e todas as polémicas e humilhações associadas. Trouxe-nos Manuel Vilarinho, e aqui confesso que durante breves momentos - breves apenas - imaginei que se pudesse ter um Benfica novo, um Benfica de valores.
Enganei-me.
O Benfica que amava estava a ser substituído, pedaço por pedaço. A decisão tomada pelos sócios do Benfica nesse Dezembro de 1993 ecoou ainda quase uma década depois quando Luis Filipe Vieira entra no Benfica. Nunca serei ingrato por qualquer título ganho por nós. Não tenho memória de algum título 'fácil', de algum título em que não tívessemos de ter sido uns verdadeiros heróis de algum título em que não sentisse que forças nefastas conspiravam para que não os ganhássemos.
Por isso dou valor ás conquistas - que todavia me parecerão sempre parcas - que obtemos no seu reinado. Não presidência, atentem. Reinado. Um reinado que só poderia terminar em nepotismo, não surpreendendo ninguém que tenhamos como novo presidente o herdeiro que foi preparado durante anos a fio para que o status quo se mantivesse.
E eu sei que o vou dizer, e pedir, quase ninguém o quererá entender, porque a ilusão que vos venderam é demasiado forte. E eu respeito o vosso voto, respeito os resultados, aceito-os, mas entendam por favor que optaram pela continuidade das duas últimas décadas. Optaram pela política desportiva frequentemente mal-pensada e desastrosa. A mesma com que faz com em pleno 2021 continuemos com as mesmas lacunas no plantel que há anos e anos que estão identificadas. Optaram por quem vos vai continuar a dizer que a formação e o Seixal são para ser aposta, e mais frequentemente do que não serão estrelas noutros clubes e não na Luz. Optaram por um Benfica de integridade e honestidade dúbias, de negociatas e intermediários e de casos jurídicos. Optaram por um Benfica perdido, desorientado, e ultrapassado no grosso das modalidades amadoras. Optaram pelo Benfica dos zero pontos nas fases de grupos e das goledas que amiúde sofremos. Optaram por um Benfica com exigência zero, o que eleva gajos como o André Almeida a lendas. Optaram por um Benfica cujo canal televisivo não é nem para os Benfiquistas, nem pelos Benfiquistas, mas sim mais um meio de propaganda institucional.
Optaram por um Benfica ferido na sua identidade, e parco de valores. Optaram por quem vos mentiu descaradamente.
E eu tenho de respeitar, e aceitar isso. Foi essa a vossa escolha, a escolha da vasta maioria.
Conhecem a frase 'Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la'?
Sinto que desde 1993 que andamos a repetir os mesmos erros.
E talvez aqui haja um quê de culpa minha, também. Talvez o futebol tenha mudado de tal maneira que seja impossível ter um clube de honra e de valores. Talvez o neanderthal aqui seja eu. Talvez.
Mas sem sombra de dúvidas sei o que me custa saber que quem mais deveria defender o clube é suspeito de roubá-lo, ou de ser, no mínimo, conivente com isso. E o Benfica, tal como Roma, não deveria pagar a traidores. Tampouco deveria perdoá-los. O Benfica que temos é o que fez a maior canalhice da sua história a uma das suas figuras magistrais.
O Benfica que quiseram é o que vai dar continuidade a décadas de assalto interno. O Benfica que nos dão é o Benfica de gente desapaixonada pelo clube, desinteressada por qualquer outra coisa que não o seu ao fim do mês. É o Benfica que acolhe em sua casa quem o trai, quem goza com ele e depois assume lugar de relevância, e que dá o seu trono ao seu maior inimigo para que, ufano, se gabe de quando nos roubaram um título em plena Luz.
Eu olho agora para o puto que viu o Benfica perder essa final da taça Uefa, e que, triste por não a ter vencido, sentia todavia um orgulho enorme.
Perdoem-me se hoje, já não o consiga.
Serei sempre do Benfica, para o Benfica, e pelo Benfica. Temo é que o Benfica que cresci a amar não exista durante muito mais tempo.
This JonSnow knows something.

So enganou-se na ultima frase. O Benfica ja morreu, foi assassinado e enterrado, e os socios ate foram à campa cuspir e debitar uns improperios.

O que existe hoje é um foculbenfica a todos os niveis, so que ganha menos titulos que o foculporco.

A questão é mesmo esta.

Andamos aqui com a conversa dos valores, dos ideais, do Benfica do antigamente.. mas a verdade é que, queiramos ou não, este já lá vai..

Eu continuo a sonhar, continuo a lutar, fui um dos assinantes e estive presente na AGE, fui delegado do SoB numa casa, mas este 'Benfica de 1904' que muitos (onde me incluo) por aqui apregoam, já não existe.

Basta ver os resultados das eleições anteriores (a acreditar que são verdadeiros) e destas. Os sócios escolheram, a maioria quer este 'novo' Benfica. Somos nós que estamos presos a um passado que não acredito que voltará..

Foi bom termos conseguido as conquistas que se conseguiu, a nivel de AGE e de fazer umas eleições transparentes e democráticas, mais teremos para fazer numa futura alteração de estatutos que acredito será aprovada também, mas na sua génese, a maioria dos sócios votantes gosta da situação actual, já a validou por duas vezes.

O Benfica 'morreu' e nós nem demos por isso. Essa é que é essa..
como o presidente que achavas que deveria ter sido eleito não o foi então o Benfica morreu. Só rir. Morreu para ti

Quando, depois de 20 anos de Vieira, único presidente detido em funções num país onde existe Pinto da Costa o eleitorado benfiquista decide votar numa lista de continuidade onde dos 20 membros, 14 transitam do anterior regime, sim, o Benfica dos valores e dos ideais que me foi apresentado pelo meu falecido avô e fundado em 1904, morreu.

Já o ano passado os sócios tiveram hipótese de virar a página, não o quiseram fazer. O que vai de encontro ao que eu digo, a maioria gosta e quer 'este' Benfica.

O nome é o mesmo, eu continuarei a ver os jogos e a sofrer, a pagar quotas e redpass para ir ao estádio, a desejar que corra tudo pelo melhor, pois o sucesso do Rui Costa é o sucesso do Benfica e o sucesso do Benfica deixará qualquer um feliz e contente independentemente das suas visões e convicções.

Mas os seus valores, suas bases originais que estão na génese da fundação do Benfica, não têm nada a ver com as actuais. E como te disse, os sócios falaram pela segunda vez em dois anos, e a maioria quer as actuais e não as de 1904.


Os sócios continuam muito presos e ligados emocionalmente ao anterior presidente e vêm no atual a continuação e o melhoramento para o Benfica. Esta é uma situação que não podemos evitar, temos de admitir e, democraticamente respeitar, mas podemos naturalmente não aceitar e não concordar e eventualmente criticar.

Perth

Citação de: M Moore em 12 de Outubro de 2021, 11:30
Citação de: Mattamouros em 12 de Outubro de 2021, 11:19
Citação de: patrickvieira em 12 de Outubro de 2021, 11:05
Citação de: Mattamouros em 12 de Outubro de 2021, 11:00
Citação de: Perth em 12 de Outubro de 2021, 10:46
Citação de: JonSnow em 11 de Outubro de 2021, 20:05
Era puto, teria os meus cinco ou seis anos, quando tenho aquela que será a minha memória mais antiga e mais vívida do Benfica : a final da taça Uefa na Luz. Não percebendo quase nada de futebol ainda, não entendendo sequer as mais básicas regras do jogo, nada percebendo de tácticas, sabia que o meu amor se chamaria sempre Sport Lisboa e Benfica. Estava no meu coração, na minha alma, e nem a perda dessa noite - que tristemente vi replicada demasiadas vezes - me demoveu de sentir que estava fadado a andar com a chama imensa dentro de mim para sempre.
Foi o meu avô que me passou o seu Benfiquismo, o meu avô que já me parecia impossivelmente envelhecido, ele que passava os dias sentado na sua poltrona porque quase não conseguia andar já, e que frequentemente me dizia, logo pela manhã para ir comprar a edição desse dia d'A Bola, o meu avô que me falava das glórias dos seus dias, dos triunfos, das edificações, das lendas, de quem tornou o Benfica maior que o próprio país.
Mas durante toda a minha infãncia, era apenas um adepto do Benfica, ainda que fervoroso. Em casa nunca tivemos a cultura de ir ao estádio, certamente devido ao portismo do meu pai, e como o meu avô estava circunscrito á casa, não tinha ninguém que me levasse ao estádio. Então a minha devoção ao Benfica foi através da rádio e da televisão. Foi através das cadernetas e dos cromos, e quando havia um mundial ou europeu, fazia essas colecções e passava que tempos a contabilizar quantos jogadores teria lá o Benfica representado.
No princípio da década de 90, decidi que queria dar um passo á frente, e quis ser sócio. Confesso que não me recordo já se precisei de autorização dos meus pais ou algo assim, mas sei que certo dia peguei em mim e fui á antiga Catedral, trouxe de lá os formulários necessários, e em três tempos já eu era sócio. Durante os primeiros meses a minha avó ofereceu-me as quotas - o meu avô tinha entretanto falecido - e comecei então o hábito de ir á Luz ver o Benfica. Não pude ir sempre, infelizmente não tinha liquidez financeira que mo permitisse, e também a separação dos meus pais alterou o meu paradigma familiar. Mas sempre que podia, estava eu na Luz a apoiar o Benfica. Vi momentos fantásticos, vi derrotas difíceis de digerir, vi jogos bons, vi jogos maus, vi de tudo. Fui a finais da taça de Portugal, fui ver o Mostovoi marcar um golaço de livre directo em contumil, vi o mesmo Mostovoi falhar um golo (quase) cantado no mesmo estádio, vi o Yuran, o Isaías, o Paneira, o Pacheco (antes de nos apunhalar pelas costas), vi os meninos que foram campeões mundiais, vi-os a serem naquela mítica final na Luz contra um enorme Brasil, dizia que o Bizarro era um grande guarda-redes, não! afinal o Brassard é que era, via o Benfica do Fernando Martins, do João Santos, e via o Benfica de um senhor, desculpem, de um Senhor, que há muito admirava e cujas muitas contribuições foram vitais para a sobrevivência do Benfica. Quando o senhor Jorge de Brito se tornou presidente do Sport Lisboa e Benfica, mal poderia imaginar ele que estávamos prestes a entrar numa das fases mais conturbadas da nossa história, nem ele nem nós. Infelizmente, e porque muito estávamos dependentes da sus fortuna pessoal, os problemas que o mesmo atravessou na sua vida pessoal traduziram-se em menor afluência financeira da nossa parte, e tudo isso levou a que em Dezembro de 1993, os sócios do Sport Lisboa e Benfica o demitissem em assembleia. Ele, que mais do que quase qualquer outra figura na nossa história, merecia sim uma estátua, um busto, a mais singela e profunda homenagem que fosse. Ele, que do bolso dele, ofereceu ao Sport Lisboa e Benfica a pista de tartan que rodeou durante tanto tempo o nosso então campo de treinos. Ele, que na sua generosidade, perdoou ao Benfica uma dívida, que traduzida para valores de hoje, se cifraria das dezenas de milhões de euros. Ele, que do seu bolso custeou vencimentos, prémios e transferências. E a maneira dos sócios o honrarem foi demiti-lo.
Foram essas as minhas últimas quotas pagas. Senti que o Benfica que tinha crescido a amar tinha começado a voltar as costas aos seus valores primordiais. Senti algo a mudar, e essa mudança trouxe-nos Manuel Damásio e a sua operação coração. trouxe-nos Vale e Azevedo, e todas as polémicas e humilhações associadas. Trouxe-nos Manuel Vilarinho, e aqui confesso que durante breves momentos - breves apenas - imaginei que se pudesse ter um Benfica novo, um Benfica de valores.
Enganei-me.
O Benfica que amava estava a ser substituído, pedaço por pedaço. A decisão tomada pelos sócios do Benfica nesse Dezembro de 1993 ecoou ainda quase uma década depois quando Luis Filipe Vieira entra no Benfica. Nunca serei ingrato por qualquer título ganho por nós. Não tenho memória de algum título 'fácil', de algum título em que não tívessemos de ter sido uns verdadeiros heróis de algum título em que não sentisse que forças nefastas conspiravam para que não os ganhássemos.
Por isso dou valor ás conquistas - que todavia me parecerão sempre parcas - que obtemos no seu reinado. Não presidência, atentem. Reinado. Um reinado que só poderia terminar em nepotismo, não surpreendendo ninguém que tenhamos como novo presidente o herdeiro que foi preparado durante anos a fio para que o status quo se mantivesse.
E eu sei que o vou dizer, e pedir, quase ninguém o quererá entender, porque a ilusão que vos venderam é demasiado forte. E eu respeito o vosso voto, respeito os resultados, aceito-os, mas entendam por favor que optaram pela continuidade das duas últimas décadas. Optaram pela política desportiva frequentemente mal-pensada e desastrosa. A mesma com que faz com em pleno 2021 continuemos com as mesmas lacunas no plantel que há anos e anos que estão identificadas. Optaram por quem vos vai continuar a dizer que a formação e o Seixal são para ser aposta, e mais frequentemente do que não serão estrelas noutros clubes e não na Luz. Optaram por um Benfica de integridade e honestidade dúbias, de negociatas e intermediários e de casos jurídicos. Optaram por um Benfica perdido, desorientado, e ultrapassado no grosso das modalidades amadoras. Optaram pelo Benfica dos zero pontos nas fases de grupos e das goledas que amiúde sofremos. Optaram por um Benfica com exigência zero, o que eleva gajos como o André Almeida a lendas. Optaram por um Benfica cujo canal televisivo não é nem para os Benfiquistas, nem pelos Benfiquistas, mas sim mais um meio de propaganda institucional.
Optaram por um Benfica ferido na sua identidade, e parco de valores. Optaram por quem vos mentiu descaradamente.
E eu tenho de respeitar, e aceitar isso. Foi essa a vossa escolha, a escolha da vasta maioria.
Conhecem a frase 'Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la'?
Sinto que desde 1993 que andamos a repetir os mesmos erros.
E talvez aqui haja um quê de culpa minha, também. Talvez o futebol tenha mudado de tal maneira que seja impossível ter um clube de honra e de valores. Talvez o neanderthal aqui seja eu. Talvez.
Mas sem sombra de dúvidas sei o que me custa saber que quem mais deveria defender o clube é suspeito de roubá-lo, ou de ser, no mínimo, conivente com isso. E o Benfica, tal como Roma, não deveria pagar a traidores. Tampouco deveria perdoá-los. O Benfica que temos é o que fez a maior canalhice da sua história a uma das suas figuras magistrais.
O Benfica que quiseram é o que vai dar continuidade a décadas de assalto interno. O Benfica que nos dão é o Benfica de gente desapaixonada pelo clube, desinteressada por qualquer outra coisa que não o seu ao fim do mês. É o Benfica que acolhe em sua casa quem o trai, quem goza com ele e depois assume lugar de relevância, e que dá o seu trono ao seu maior inimigo para que, ufano, se gabe de quando nos roubaram um título em plena Luz.
Eu olho agora para o puto que viu o Benfica perder essa final da taça Uefa, e que, triste por não a ter vencido, sentia todavia um orgulho enorme.
Perdoem-me se hoje, já não o consiga.
Serei sempre do Benfica, para o Benfica, e pelo Benfica. Temo é que o Benfica que cresci a amar não exista durante muito mais tempo.
This JonSnow knows something.

So enganou-se na ultima frase. O Benfica ja morreu, foi assassinado e enterrado, e os socios ate foram à campa cuspir e debitar uns improperios.

O que existe hoje é um foculbenfica a todos os niveis, so que ganha menos titulos que o foculporco.

A questão é mesmo esta.

Andamos aqui com a conversa dos valores, dos ideais, do Benfica do antigamente.. mas a verdade é que, queiramos ou não, este já lá vai..

Eu continuo a sonhar, continuo a lutar, fui um dos assinantes e estive presente na AGE, fui delegado do SoB numa casa, mas este 'Benfica de 1904' que muitos (onde me incluo) por aqui apregoam, já não existe.

Basta ver os resultados das eleições anteriores (a acreditar que são verdadeiros) e destas. Os sócios escolheram, a maioria quer este 'novo' Benfica. Somos nós que estamos presos a um passado que não acredito que voltará..

Foi bom termos conseguido as conquistas que se conseguiu, a nivel de AGE e de fazer umas eleições transparentes e democráticas, mais teremos para fazer numa futura alteração de estatutos que acredito será aprovada também, mas na sua génese, a maioria dos sócios votantes gosta da situação actual, já a validou por duas vezes.

O Benfica 'morreu' e nós nem demos por isso. Essa é que é essa..
como o presidente que achavas que deveria ter sido eleito não o foi então o Benfica morreu. Só rir. Morreu para ti

Quando, depois de 20 anos de Vieira, único presidente detido em funções num país onde existe Pinto da Costa o eleitorado benfiquista decide votar numa lista de continuidade onde dos 20 membros, 14 transitam do anterior regime, sim, o Benfica dos valores e dos ideais que me foi apresentado pelo meu falecido avô e fundado em 1904, morreu.

Já o ano passado os sócios tiveram hipótese de virar a página, não o quiseram fazer. O que vai de encontro ao que eu digo, a maioria gosta e quer 'este' Benfica.

O nome é o mesmo, eu continuarei a ver os jogos e a sofrer, a pagar quotas e redpass para ir ao estádio, a desejar que corra tudo pelo melhor, pois o sucesso do Rui Costa é o sucesso do Benfica e o sucesso do Benfica deixará qualquer um feliz e contente independentemente das suas visões e convicções.

Mas os seus valores, suas bases originais que estão na génese da fundação do Benfica, não têm nada a ver com as actuais. E como te disse, os sócios falaram pela segunda vez em dois anos, e a maioria quer as actuais e não as de 1904.


Os sócios continuam muito presos e ligados emocionalmente ao anterior presidente e vêm no atual a continuação e o melhoramento para o Benfica. Esta é uma situação que não podemos evitar, temos de admitir e, democraticamente respeitar, mas podemos naturalmente não aceitar e não concordar e eventualmente criticar.
É a tipica situaçao da mulher que leva porrada do marido e nao o deixa porque ele trabalha muito e poe pao na mesa. Ha que respeitar, afinal a vida é dela e se ela aceita essa vida o problema é dela. Assim sao os socios do Benfica, como ja escrevi varias vezes, sao os mesmos que elegeram Salazar como o maior portugues do sec 20. Ha que admitir que os portugueses no geral fazem arroz de puta com essa coisa dos valores tipo liberdade e democracia.

Ned Kelly

Citação de: Mattamouros em 12 de Outubro de 2021, 11:19
Citação de: patrickvieira em 12 de Outubro de 2021, 11:05
Citação de: Mattamouros em 12 de Outubro de 2021, 11:00
Citação de: Perth em 12 de Outubro de 2021, 10:46
Citação de: JonSnow em 11 de Outubro de 2021, 20:05
Era puto, teria os meus cinco ou seis anos, quando tenho aquela que será a minha memória mais antiga e mais vívida do Benfica : a final da taça Uefa na Luz. Não percebendo quase nada de futebol ainda, não entendendo sequer as mais básicas regras do jogo, nada percebendo de tácticas, sabia que o meu amor se chamaria sempre Sport Lisboa e Benfica. Estava no meu coração, na minha alma, e nem a perda dessa noite - que tristemente vi replicada demasiadas vezes - me demoveu de sentir que estava fadado a andar com a chama imensa dentro de mim para sempre.
Foi o meu avô que me passou o seu Benfiquismo, o meu avô que já me parecia impossivelmente envelhecido, ele que passava os dias sentado na sua poltrona porque quase não conseguia andar já, e que frequentemente me dizia, logo pela manhã para ir comprar a edição desse dia d'A Bola, o meu avô que me falava das glórias dos seus dias, dos triunfos, das edificações, das lendas, de quem tornou o Benfica maior que o próprio país.
Mas durante toda a minha infãncia, era apenas um adepto do Benfica, ainda que fervoroso. Em casa nunca tivemos a cultura de ir ao estádio, certamente devido ao portismo do meu pai, e como o meu avô estava circunscrito á casa, não tinha ninguém que me levasse ao estádio. Então a minha devoção ao Benfica foi através da rádio e da televisão. Foi através das cadernetas e dos cromos, e quando havia um mundial ou europeu, fazia essas colecções e passava que tempos a contabilizar quantos jogadores teria lá o Benfica representado.
No princípio da década de 90, decidi que queria dar um passo á frente, e quis ser sócio. Confesso que não me recordo já se precisei de autorização dos meus pais ou algo assim, mas sei que certo dia peguei em mim e fui á antiga Catedral, trouxe de lá os formulários necessários, e em três tempos já eu era sócio. Durante os primeiros meses a minha avó ofereceu-me as quotas - o meu avô tinha entretanto falecido - e comecei então o hábito de ir á Luz ver o Benfica. Não pude ir sempre, infelizmente não tinha liquidez financeira que mo permitisse, e também a separação dos meus pais alterou o meu paradigma familiar. Mas sempre que podia, estava eu na Luz a apoiar o Benfica. Vi momentos fantásticos, vi derrotas difíceis de digerir, vi jogos bons, vi jogos maus, vi de tudo. Fui a finais da taça de Portugal, fui ver o Mostovoi marcar um golaço de livre directo em contumil, vi o mesmo Mostovoi falhar um golo (quase) cantado no mesmo estádio, vi o Yuran, o Isaías, o Paneira, o Pacheco (antes de nos apunhalar pelas costas), vi os meninos que foram campeões mundiais, vi-os a serem naquela mítica final na Luz contra um enorme Brasil, dizia que o Bizarro era um grande guarda-redes, não! afinal o Brassard é que era, via o Benfica do Fernando Martins, do João Santos, e via o Benfica de um senhor, desculpem, de um Senhor, que há muito admirava e cujas muitas contribuições foram vitais para a sobrevivência do Benfica. Quando o senhor Jorge de Brito se tornou presidente do Sport Lisboa e Benfica, mal poderia imaginar ele que estávamos prestes a entrar numa das fases mais conturbadas da nossa história, nem ele nem nós. Infelizmente, e porque muito estávamos dependentes da sus fortuna pessoal, os problemas que o mesmo atravessou na sua vida pessoal traduziram-se em menor afluência financeira da nossa parte, e tudo isso levou a que em Dezembro de 1993, os sócios do Sport Lisboa e Benfica o demitissem em assembleia. Ele, que mais do que quase qualquer outra figura na nossa história, merecia sim uma estátua, um busto, a mais singela e profunda homenagem que fosse. Ele, que do bolso dele, ofereceu ao Sport Lisboa e Benfica a pista de tartan que rodeou durante tanto tempo o nosso então campo de treinos. Ele, que na sua generosidade, perdoou ao Benfica uma dívida, que traduzida para valores de hoje, se cifraria das dezenas de milhões de euros. Ele, que do seu bolso custeou vencimentos, prémios e transferências. E a maneira dos sócios o honrarem foi demiti-lo.
Foram essas as minhas últimas quotas pagas. Senti que o Benfica que tinha crescido a amar tinha começado a voltar as costas aos seus valores primordiais. Senti algo a mudar, e essa mudança trouxe-nos Manuel Damásio e a sua operação coração. trouxe-nos Vale e Azevedo, e todas as polémicas e humilhações associadas. Trouxe-nos Manuel Vilarinho, e aqui confesso que durante breves momentos - breves apenas - imaginei que se pudesse ter um Benfica novo, um Benfica de valores.
Enganei-me.
O Benfica que amava estava a ser substituído, pedaço por pedaço. A decisão tomada pelos sócios do Benfica nesse Dezembro de 1993 ecoou ainda quase uma década depois quando Luis Filipe Vieira entra no Benfica. Nunca serei ingrato por qualquer título ganho por nós. Não tenho memória de algum título 'fácil', de algum título em que não tívessemos de ter sido uns verdadeiros heróis de algum título em que não sentisse que forças nefastas conspiravam para que não os ganhássemos.
Por isso dou valor ás conquistas - que todavia me parecerão sempre parcas - que obtemos no seu reinado. Não presidência, atentem. Reinado. Um reinado que só poderia terminar em nepotismo, não surpreendendo ninguém que tenhamos como novo presidente o herdeiro que foi preparado durante anos a fio para que o status quo se mantivesse.
E eu sei que o vou dizer, e pedir, quase ninguém o quererá entender, porque a ilusão que vos venderam é demasiado forte. E eu respeito o vosso voto, respeito os resultados, aceito-os, mas entendam por favor que optaram pela continuidade das duas últimas décadas. Optaram pela política desportiva frequentemente mal-pensada e desastrosa. A mesma com que faz com em pleno 2021 continuemos com as mesmas lacunas no plantel que há anos e anos que estão identificadas. Optaram por quem vos vai continuar a dizer que a formação e o Seixal são para ser aposta, e mais frequentemente do que não serão estrelas noutros clubes e não na Luz. Optaram por um Benfica de integridade e honestidade dúbias, de negociatas e intermediários e de casos jurídicos. Optaram por um Benfica perdido, desorientado, e ultrapassado no grosso das modalidades amadoras. Optaram pelo Benfica dos zero pontos nas fases de grupos e das goledas que amiúde sofremos. Optaram por um Benfica com exigência zero, o que eleva gajos como o André Almeida a lendas. Optaram por um Benfica cujo canal televisivo não é nem para os Benfiquistas, nem pelos Benfiquistas, mas sim mais um meio de propaganda institucional.
Optaram por um Benfica ferido na sua identidade, e parco de valores. Optaram por quem vos mentiu descaradamente.
E eu tenho de respeitar, e aceitar isso. Foi essa a vossa escolha, a escolha da vasta maioria.
Conhecem a frase 'Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la'?
Sinto que desde 1993 que andamos a repetir os mesmos erros.
E talvez aqui haja um quê de culpa minha, também. Talvez o futebol tenha mudado de tal maneira que seja impossível ter um clube de honra e de valores. Talvez o neanderthal aqui seja eu. Talvez.
Mas sem sombra de dúvidas sei o que me custa saber que quem mais deveria defender o clube é suspeito de roubá-lo, ou de ser, no mínimo, conivente com isso. E o Benfica, tal como Roma, não deveria pagar a traidores. Tampouco deveria perdoá-los. O Benfica que temos é o que fez a maior canalhice da sua história a uma das suas figuras magistrais.
O Benfica que quiseram é o que vai dar continuidade a décadas de assalto interno. O Benfica que nos dão é o Benfica de gente desapaixonada pelo clube, desinteressada por qualquer outra coisa que não o seu ao fim do mês. É o Benfica que acolhe em sua casa quem o trai, quem goza com ele e depois assume lugar de relevância, e que dá o seu trono ao seu maior inimigo para que, ufano, se gabe de quando nos roubaram um título em plena Luz.
Eu olho agora para o puto que viu o Benfica perder essa final da taça Uefa, e que, triste por não a ter vencido, sentia todavia um orgulho enorme.
Perdoem-me se hoje, já não o consiga.
Serei sempre do Benfica, para o Benfica, e pelo Benfica. Temo é que o Benfica que cresci a amar não exista durante muito mais tempo.
This JonSnow knows something.

So enganou-se na ultima frase. O Benfica ja morreu, foi assassinado e enterrado, e os socios ate foram à campa cuspir e debitar uns improperios.

O que existe hoje é um foculbenfica a todos os niveis, so que ganha menos titulos que o foculporco.

A questão é mesmo esta.

Andamos aqui com a conversa dos valores, dos ideais, do Benfica do antigamente.. mas a verdade é que, queiramos ou não, este já lá vai..

Eu continuo a sonhar, continuo a lutar, fui um dos assinantes e estive presente na AGE, fui delegado do SoB numa casa, mas este 'Benfica de 1904' que muitos (onde me incluo) por aqui apregoam, já não existe.

Basta ver os resultados das eleições anteriores (a acreditar que são verdadeiros) e destas. Os sócios escolheram, a maioria quer este 'novo' Benfica. Somos nós que estamos presos a um passado que não acredito que voltará..

Foi bom termos conseguido as conquistas que se conseguiu, a nivel de AGE e de fazer umas eleições transparentes e democráticas, mais teremos para fazer numa futura alteração de estatutos que acredito será aprovada também, mas na sua génese, a maioria dos sócios votantes gosta da situação actual, já a validou por duas vezes.

O Benfica 'morreu' e nós nem demos por isso. Essa é que é essa..
como o presidente que achavas que deveria ter sido eleito não o foi então o Benfica morreu. Só rir. Morreu para ti

Quando, depois de 20 anos de Vieira, único presidente detido em funções num país onde existe Pinto da Costa o eleitorado benfiquista decide votar numa lista de continuidade onde dos 20 membros, 14 transitam do anterior regime, sim, o Benfica dos valores e dos ideais que me foi apresentado pelo meu falecido avô e fundado em 1904, morreu.

Já o ano passado os sócios tiveram hipótese de virar a página, não o quiseram fazer. O que vai de encontro ao que eu digo, a maioria gosta e quer 'este' Benfica.

O nome é o mesmo, eu continuarei a ver os jogos e a sofrer, a pagar quotas e redpass para ir ao estádio, a desejar que corra tudo pelo melhor, pois o sucesso do Rui Costa é o sucesso do Benfica e o sucesso do Benfica deixará qualquer um feliz e contente independentemente das suas visões e convicções.

Mas os seus valores, suas bases originais que estão na génese da fundação do Benfica, não têm nada a ver com as actuais. E como te disse, os sócios falaram pela segunda vez em dois anos, e a maioria quer as actuais e não as de 1904.

Faço minhas as tuas palavras, com uma diferença. Eu não sei o que os sócios disseram em Outubro de 2020. Ninguém pode dizer que sabe.

Agora, foi limpinho. Não houve vigarice, a vitória foi clara, incontestada e mostra o que os sócios querem para lá de qualquer dúvida. E tivemos os resultados por mesa e tudo. A transparência é uma coisa fantástica.

Mas os sócios querem um Benfica distante dos valores de 1904, 1954, 1974, 1993. Mutos dos sócios nem os conhecem nem querem saber. Muitos jovens só viram Vieira e saber a história do clube não lhes interessa.

Survivor

Depois de tudo o que de aberrante se passou com o ultimo PMAG...vai para a direção da SAD?

E a malta vota nisto?

Soundwave

Citação de: jc007 em 11 de Outubro de 2021, 19:24
Citação de: Soundwave em 11 de Outubro de 2021, 16:56
Citação de: jc007 em 11 de Outubro de 2021, 02:32
Citação de: Soundwave em 10 de Outubro de 2021, 09:05
Os sócios mexeram-se e através do Movimento SoB apresentaram alternativas. Se os sócios só querem Vieirismo então a responsabilidade do que vier daqui para a frente é apenas dessas pessoas.

Esses que não venham daqui a uns tempos dizer que o Benfica tem é de jogar mais e outras do estilo.

A responsabilidade dos resultados é de quem dirige, não de quem os elege. E podemos e devemos exigir sempre mais.

Ou se, por exemplo, o Noronha fosse eleito, quem o elegeu nada podia exigir e a sua eleição seria certeza absoluta de mais vitórias? Quem me dera que assim fosse. Quem puder garantir vitórias que apareça para eu votar nele.

Quem elegesse JNL estaria precisamente a eleger para cobrar resultados. Quem elegeu Vieira não, porque nem o facto de ir preso abalou a intenção de voto naquela que foi sua política.

Quem elegeu a continuidade não tem moral nenhuma para exigir algo de diferente. Ponto.

Há aí um problema. Eu não estou satisfeito com o resultado dos últimos 4 anos. Mas o que a oposição apresenta como alternativa não me convenceu. Aliás está aqui um problema. A oposição não conseguir apresentar uma figura com carisma, força e credibilidade que possa dar novo rumo ao SLB. Acharem que basta aparecer alguém e que isso é suficiente para ser eleito é o que está a falhar e vai continuar a deixar muita gente frustrada.

O Benitez foi o que se viu. O Noronha podia ser muito jeitoso por onde andou mas tinha o carisma de uma múmia e era fracote na comunicação.

Reparem, quem a isso assistiu, a como foi possível remover o JVA quando tal não parecia possível: o Vilarinho foi atrevido, cascou no JVA, não foi politicamente correcto, tinha aquele carisma meio brejeiro e terra a terra, meteu umas petas (vinda do Jardel) e ganhou com 2 terços dos votos.

Estava aqui a pensar que um candidato como o Noronha dificilmente terá sucesso. Demasiado tecnocrata e frio. Não atrai senão os que seriam atraídos por qualquer alternativa. Ou quem venha com muita conversa de depois fazer estratégias e planos também não vai lá. Por exemplo, o monte de propostas da lista B. Acham que mais de 10% dos votantes vão ler aquilo tudo? Eu até li mas porque gosto de saber pormenores. Mas a enorme maioria não quer saber.

Podes não estar satisfeito mas ao votar naquele grupo de pessoas estás a validar o que fizeram. Isto é muito simples. A mensagem que eles retiraram de tudo foi que 85% de Benfiquistas aprova a condução do Benfica até agora.

VodkaBoy

#17513
Só agora me apraz falar sobre os resultados eleitorais das eleições de sabado passado. E vou fazê-lo numa perspectiva de quem queria uma forte mudança no paradigma do clube.

Ganhou a lista A com uma vitória esmagadora e que demonstra bem aquilo que a maioria dos sócios deseja para o clube. Um modelo presidencialista, em que os outros membros são "apenas figurantes". Mesmo após carradas de exemplos em que as pessoas dos orgaos sociais tiveram actuações nada condizentes com o estatuto dos cargos que ocupam, acho que a maioria dos sócios só vê o presidente. E aqui, os resquicios da forma como o clube foi sendo transformado num culto à volta de um homem está para durar e não sei se chegará algum dia a acabar.

Não escondo que estou desgostoso com o que se passou, mas aceito perfeitamente que as prioridades da esmagadora maioria dos sócios sejam outras e que considerem Rui Costa como a face que nos vai levar ao sucesso. Pessoalmente, acho que muita coisa vai mudar neste mandato, tão simplesmente, porque se continuarem as mesmas práticas, estaremos cá daqui a pouco tempo a votar em novas eleições (para parafrasear o RGS). A equipa escolhida por Rui Costa não deixa, como nunca deixou, margem para dúvidas acerca de qual o modelo a seguir. As caras novas saem quase exclusivamente de um movimento de oposição, muito ao estilo do que fazia o anterior presidente aquando das suas renovações de elenco. É inegável que é a forma mais fácil de obter a menor resistência possivel, enquanto se "prometem" cargos de relevo no futuro. A mim causa-me uma grande lástima perceber que a este respeito, o Rui tem a passadeira estendida para fazer o que quiser e bem lhe apetecer. Desde que existam resultados neste mandato (e mesmo em caso negativo não sei), terá cobertura da mesma forma que o anterior presidente teve.

Quanto ao futuro, desejo que mais que a oposição, caberá a quem votou na lista A, estar atento ao que se vai fazer. Alguns dirão ser utópico e mesmo ingénuo acreditar que isto se produzirá, mas são os que agora votaram na lista A, que terão de mudar de voto caso o clube precise de outro rumo. No sabado claramente não acharam que precisasse. Desejo igualmente que Rui Costa e a sua equipa, engrandeçam o clube com titulos e troféus, mas ainda mais com acções, palavras e decisões à Benfica. Que sejam os órgãos sociais de todos os sócios e não apenas daqueles que dizem sim a tudo.

Finalmente, dizer que um dos males da sociedade moderna, é o completo desprezo pela opinião contrária o que nos faz a quase todos viver em caixas de eco onde só ouvimos aquilo que nos reforça as nossas ideias. E esse mal, é exacerbado quando falamos de um clube no sul da Europa, num país com crescente arruaça no dominio comunicacional na esfera publica. Desejo sinceramente que se acabem os rotulos de vieirista, rui-costista- noronhista, benitista entre outros e que se compreenda de uma vez que falamos para individuos e não para grupos. Porque ao falar para individuos com o intuito de perceber porque falam ou dizem o que dizem, será muito mais facil chegarmos a um consenso sobre o que é a realidade. Nem tudo será mau, nem tudo será bom, mas será real. Haja disponibilidade de todos para esse debate.

Mr.Shinfai

Citação de: JonSnow em 11 de Outubro de 2021, 20:05
Era puto, teria os meus cinco ou seis anos, quando tenho aquela que será a minha memória mais antiga e mais vívida do Benfica : a final da taça Uefa na Luz. Não percebendo quase nada de futebol ainda, não entendendo sequer as mais básicas regras do jogo, nada percebendo de tácticas, sabia que o meu amor se chamaria sempre Sport Lisboa e Benfica. Estava no meu coração, na minha alma, e nem a perda dessa noite - que tristemente vi replicada demasiadas vezes - me demoveu de sentir que estava fadado a andar com a chama imensa dentro de mim para sempre.
Foi o meu avô que me passou o seu Benfiquismo, o meu avô que já me parecia impossivelmente envelhecido, ele que passava os dias sentado na sua poltrona porque quase não conseguia andar já, e que frequentemente me dizia, logo pela manhã para ir comprar a edição desse dia d'A Bola, o meu avô que me falava das glórias dos seus dias, dos triunfos, das edificações, das lendas, de quem tornou o Benfica maior que o próprio país.
Mas durante toda a minha infãncia, era apenas um adepto do Benfica, ainda que fervoroso. Em casa nunca tivemos a cultura de ir ao estádio, certamente devido ao portismo do meu pai, e como o meu avô estava circunscrito á casa, não tinha ninguém que me levasse ao estádio. Então a minha devoção ao Benfica foi através da rádio e da televisão. Foi através das cadernetas e dos cromos, e quando havia um mundial ou europeu, fazia essas colecções e passava que tempos a contabilizar quantos jogadores teria lá o Benfica representado.
No princípio da década de 90, decidi que queria dar um passo á frente, e quis ser sócio. Confesso que não me recordo já se precisei de autorização dos meus pais ou algo assim, mas sei que certo dia peguei em mim e fui á antiga Catedral, trouxe de lá os formulários necessários, e em três tempos já eu era sócio. Durante os primeiros meses a minha avó ofereceu-me as quotas - o meu avô tinha entretanto falecido - e comecei então o hábito de ir á Luz ver o Benfica. Não pude ir sempre, infelizmente não tinha liquidez financeira que mo permitisse, e também a separação dos meus pais alterou o meu paradigma familiar. Mas sempre que podia, estava eu na Luz a apoiar o Benfica. Vi momentos fantásticos, vi derrotas difíceis de digerir, vi jogos bons, vi jogos maus, vi de tudo. Fui a finais da taça de Portugal, fui ver o Mostovoi marcar um golaço de livre directo em contumil, vi o mesmo Mostovoi falhar um golo (quase) cantado no mesmo estádio, vi o Yuran, o Isaías, o Paneira, o Pacheco (antes de nos apunhalar pelas costas), vi os meninos que foram campeões mundiais, vi-os a serem naquela mítica final na Luz contra um enorme Brasil, dizia que o Bizarro era um grande guarda-redes, não! afinal o Brassard é que era, via o Benfica do Fernando Martins, do João Santos, e via o Benfica de um senhor, desculpem, de um Senhor, que há muito admirava e cujas muitas contribuições foram vitais para a sobrevivência do Benfica. Quando o senhor Jorge de Brito se tornou presidente do Sport Lisboa e Benfica, mal poderia imaginar ele que estávamos prestes a entrar numa das fases mais conturbadas da nossa história, nem ele nem nós. Infelizmente, e porque muito estávamos dependentes da sus fortuna pessoal, os problemas que o mesmo atravessou na sua vida pessoal traduziram-se em menor afluência financeira da nossa parte, e tudo isso levou a que em Dezembro de 1993, os sócios do Sport Lisboa e Benfica o demitissem em assembleia. Ele, que mais do que quase qualquer outra figura na nossa história, merecia sim uma estátua, um busto, a mais singela e profunda homenagem que fosse. Ele, que do bolso dele, ofereceu ao Sport Lisboa e Benfica a pista de tartan que rodeou durante tanto tempo o nosso então campo de treinos. Ele, que na sua generosidade, perdoou ao Benfica uma dívida, que traduzida para valores de hoje, se cifraria das dezenas de milhões de euros. Ele, que do seu bolso custeou vencimentos, prémios e transferências. E a maneira dos sócios o honrarem foi demiti-lo.
Foram essas as minhas últimas quotas pagas. Senti que o Benfica que tinha crescido a amar tinha começado a voltar as costas aos seus valores primordiais. Senti algo a mudar, e essa mudança trouxe-nos Manuel Damásio e a sua operação coração. trouxe-nos Vale e Azevedo, e todas as polémicas e humilhações associadas. Trouxe-nos Manuel Vilarinho, e aqui confesso que durante breves momentos - breves apenas - imaginei que se pudesse ter um Benfica novo, um Benfica de valores.
Enganei-me.
O Benfica que amava estava a ser substituído, pedaço por pedaço. A decisão tomada pelos sócios do Benfica nesse Dezembro de 1993 ecoou ainda quase uma década depois quando Luis Filipe Vieira entra no Benfica. Nunca serei ingrato por qualquer título ganho por nós. Não tenho memória de algum título 'fácil', de algum título em que não tívessemos de ter sido uns verdadeiros heróis de algum título em que não sentisse que forças nefastas conspiravam para que não os ganhássemos.
Por isso dou valor ás conquistas - que todavia me parecerão sempre parcas - que obtemos no seu reinado. Não presidência, atentem. Reinado. Um reinado que só poderia terminar em nepotismo, não surpreendendo ninguém que tenhamos como novo presidente o herdeiro que foi preparado durante anos a fio para que o status quo se mantivesse.
E eu sei que o vou dizer, e pedir, quase ninguém o quererá entender, porque a ilusão que vos venderam é demasiado forte. E eu respeito o vosso voto, respeito os resultados, aceito-os, mas entendam por favor que optaram pela continuidade das duas últimas décadas. Optaram pela política desportiva frequentemente mal-pensada e desastrosa. A mesma com que faz com em pleno 2021 continuemos com as mesmas lacunas no plantel que há anos e anos que estão identificadas. Optaram por quem vos vai continuar a dizer que a formação e o Seixal são para ser aposta, e mais frequentemente do que não serão estrelas noutros clubes e não na Luz. Optaram por um Benfica de integridade e honestidade dúbias, de negociatas e intermediários e de casos jurídicos. Optaram por um Benfica perdido, desorientado, e ultrapassado no grosso das modalidades amadoras. Optaram pelo Benfica dos zero pontos nas fases de grupos e das goledas que amiúde sofremos. Optaram por um Benfica com exigência zero, o que eleva gajos como o André Almeida a lendas. Optaram por um Benfica cujo canal televisivo não é nem para os Benfiquistas, nem pelos Benfiquistas, mas sim mais um meio de propaganda institucional.
Optaram por um Benfica ferido na sua identidade, e parco de valores. Optaram por quem vos mentiu descaradamente.
E eu tenho de respeitar, e aceitar isso. Foi essa a vossa escolha, a escolha da vasta maioria.
Conhecem a frase 'Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la'?
Sinto que desde 1993 que andamos a repetir os mesmos erros.
E talvez aqui haja um quê de culpa minha, também. Talvez o futebol tenha mudado de tal maneira que seja impossível ter um clube de honra e de valores. Talvez o neanderthal aqui seja eu. Talvez.
Mas sem sombra de dúvidas sei o que me custa saber que quem mais deveria defender o clube é suspeito de roubá-lo, ou de ser, no mínimo, conivente com isso. E o Benfica, tal como Roma, não deveria pagar a traidores. Tampouco deveria perdoá-los. O Benfica que temos é o que fez a maior canalhice da sua história a uma das suas figuras magistrais.
O Benfica que quiseram é o que vai dar continuidade a décadas de assalto interno. O Benfica que nos dão é o Benfica de gente desapaixonada pelo clube, desinteressada por qualquer outra coisa que não o seu ao fim do mês. É o Benfica que acolhe em sua casa quem o trai, quem goza com ele e depois assume lugar de relevância, e que dá o seu trono ao seu maior inimigo para que, ufano, se gabe de quando nos roubaram um título em plena Luz.
Eu olho agora para o puto que viu o Benfica perder essa final da taça Uefa, e que, triste por não a ter vencido, sentia todavia um orgulho enorme.
Perdoem-me se hoje, já não o consiga.
Serei sempre do Benfica, para o Benfica, e pelo Benfica. Temo é que o Benfica que cresci a amar não exista durante muito mais tempo.

Belo texto, não consegui deixar de o ler, revejo me totalmente. Não aceito que caminhamos para sermos mais um Porto desta vida.

Uma frase do Noronha que me revi foi aquela expressão de é quando perdemos que temos de amar mais o clube e ter orgulho no que somos e representamos, revi me porque (talvez não sempre) mas a maioria das vezes que perdemos, gosto de no dia seguinte vestir uma das camisolas do meu Benfica, na minha cabeça vai qq coisa como "não, não é por perder um jogo que me escondo"
E como tal, no domingo, lá andei de camisola do glorioso todo o dia.

Em bom resumo sei perfeitamente que nunca vou deixar de ser benfiquista, apenas deixei de ter orgulho naquilo que agora representa.

steixeira

Citação de: JonSnow em 11 de Outubro de 2021, 20:05
Era puto, teria os meus cinco ou seis anos, quando tenho aquela que será a minha memória mais antiga e mais vívida do Benfica : a final da taça Uefa na Luz. Não percebendo quase nada de futebol ainda, não entendendo sequer as mais básicas regras do jogo, nada percebendo de tácticas, sabia que o meu amor se chamaria sempre Sport Lisboa e Benfica. Estava no meu coração, na minha alma, e nem a perda dessa noite - que tristemente vi replicada demasiadas vezes - me demoveu de sentir que estava fadado a andar com a chama imensa dentro de mim para sempre.
Foi o meu avô que me passou o seu Benfiquismo, o meu avô que já me parecia impossivelmente envelhecido, ele que passava os dias sentado na sua poltrona porque quase não conseguia andar já, e que frequentemente me dizia, logo pela manhã para ir comprar a edição desse dia d'A Bola, o meu avô que me falava das glórias dos seus dias, dos triunfos, das edificações, das lendas, de quem tornou o Benfica maior que o próprio país.
Mas durante toda a minha infãncia, era apenas um adepto do Benfica, ainda que fervoroso. Em casa nunca tivemos a cultura de ir ao estádio, certamente devido ao portismo do meu pai, e como o meu avô estava circunscrito á casa, não tinha ninguém que me levasse ao estádio. Então a minha devoção ao Benfica foi através da rádio e da televisão. Foi através das cadernetas e dos cromos, e quando havia um mundial ou europeu, fazia essas colecções e passava que tempos a contabilizar quantos jogadores teria lá o Benfica representado.
No princípio da década de 90, decidi que queria dar um passo á frente, e quis ser sócio. Confesso que não me recordo já se precisei de autorização dos meus pais ou algo assim, mas sei que certo dia peguei em mim e fui á antiga Catedral, trouxe de lá os formulários necessários, e em três tempos já eu era sócio. Durante os primeiros meses a minha avó ofereceu-me as quotas - o meu avô tinha entretanto falecido - e comecei então o hábito de ir á Luz ver o Benfica. Não pude ir sempre, infelizmente não tinha liquidez financeira que mo permitisse, e também a separação dos meus pais alterou o meu paradigma familiar. Mas sempre que podia, estava eu na Luz a apoiar o Benfica. Vi momentos fantásticos, vi derrotas difíceis de digerir, vi jogos bons, vi jogos maus, vi de tudo. Fui a finais da taça de Portugal, fui ver o Mostovoi marcar um golaço de livre directo em contumil, vi o mesmo Mostovoi falhar um golo (quase) cantado no mesmo estádio, vi o Yuran, o Isaías, o Paneira, o Pacheco (antes de nos apunhalar pelas costas), vi os meninos que foram campeões mundiais, vi-os a serem naquela mítica final na Luz contra um enorme Brasil, dizia que o Bizarro era um grande guarda-redes, não! afinal o Brassard é que era, via o Benfica do Fernando Martins, do João Santos, e via o Benfica de um senhor, desculpem, de um Senhor, que há muito admirava e cujas muitas contribuições foram vitais para a sobrevivência do Benfica. Quando o senhor Jorge de Brito se tornou presidente do Sport Lisboa e Benfica, mal poderia imaginar ele que estávamos prestes a entrar numa das fases mais conturbadas da nossa história, nem ele nem nós. Infelizmente, e porque muito estávamos dependentes da sus fortuna pessoal, os problemas que o mesmo atravessou na sua vida pessoal traduziram-se em menor afluência financeira da nossa parte, e tudo isso levou a que em Dezembro de 1993, os sócios do Sport Lisboa e Benfica o demitissem em assembleia. Ele, que mais do que quase qualquer outra figura na nossa história, merecia sim uma estátua, um busto, a mais singela e profunda homenagem que fosse. Ele, que do bolso dele, ofereceu ao Sport Lisboa e Benfica a pista de tartan que rodeou durante tanto tempo o nosso então campo de treinos. Ele, que na sua generosidade, perdoou ao Benfica uma dívida, que traduzida para valores de hoje, se cifraria das dezenas de milhões de euros. Ele, que do seu bolso custeou vencimentos, prémios e transferências. E a maneira dos sócios o honrarem foi demiti-lo.
Foram essas as minhas últimas quotas pagas. Senti que o Benfica que tinha crescido a amar tinha começado a voltar as costas aos seus valores primordiais. Senti algo a mudar, e essa mudança trouxe-nos Manuel Damásio e a sua operação coração. trouxe-nos Vale e Azevedo, e todas as polémicas e humilhações associadas. Trouxe-nos Manuel Vilarinho, e aqui confesso que durante breves momentos - breves apenas - imaginei que se pudesse ter um Benfica novo, um Benfica de valores.
Enganei-me.
O Benfica que amava estava a ser substituído, pedaço por pedaço. A decisão tomada pelos sócios do Benfica nesse Dezembro de 1993 ecoou ainda quase uma década depois quando Luis Filipe Vieira entra no Benfica. Nunca serei ingrato por qualquer título ganho por nós. Não tenho memória de algum título 'fácil', de algum título em que não tívessemos de ter sido uns verdadeiros heróis de algum título em que não sentisse que forças nefastas conspiravam para que não os ganhássemos.
Por isso dou valor ás conquistas - que todavia me parecerão sempre parcas - que obtemos no seu reinado. Não presidência, atentem. Reinado. Um reinado que só poderia terminar em nepotismo, não surpreendendo ninguém que tenhamos como novo presidente o herdeiro que foi preparado durante anos a fio para que o status quo se mantivesse.
E eu sei que o vou dizer, e pedir, quase ninguém o quererá entender, porque a ilusão que vos venderam é demasiado forte. E eu respeito o vosso voto, respeito os resultados, aceito-os, mas entendam por favor que optaram pela continuidade das duas últimas décadas. Optaram pela política desportiva frequentemente mal-pensada e desastrosa. A mesma com que faz com em pleno 2021 continuemos com as mesmas lacunas no plantel que há anos e anos que estão identificadas. Optaram por quem vos vai continuar a dizer que a formação e o Seixal são para ser aposta, e mais frequentemente do que não serão estrelas noutros clubes e não na Luz. Optaram por um Benfica de integridade e honestidade dúbias, de negociatas e intermediários e de casos jurídicos. Optaram por um Benfica perdido, desorientado, e ultrapassado no grosso das modalidades amadoras. Optaram pelo Benfica dos zero pontos nas fases de grupos e das goledas que amiúde sofremos. Optaram por um Benfica com exigência zero, o que eleva gajos como o André Almeida a lendas. Optaram por um Benfica cujo canal televisivo não é nem para os Benfiquistas, nem pelos Benfiquistas, mas sim mais um meio de propaganda institucional.
Optaram por um Benfica ferido na sua identidade, e parco de valores. Optaram por quem vos mentiu descaradamente.
E eu tenho de respeitar, e aceitar isso. Foi essa a vossa escolha, a escolha da vasta maioria.
Conhecem a frase 'Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la'?
Sinto que desde 1993 que andamos a repetir os mesmos erros.
E talvez aqui haja um quê de culpa minha, também. Talvez o futebol tenha mudado de tal maneira que seja impossível ter um clube de honra e de valores. Talvez o neanderthal aqui seja eu. Talvez.
Mas sem sombra de dúvidas sei o que me custa saber que quem mais deveria defender o clube é suspeito de roubá-lo, ou de ser, no mínimo, conivente com isso. E o Benfica, tal como Roma, não deveria pagar a traidores. Tampouco deveria perdoá-los. O Benfica que temos é o que fez a maior canalhice da sua história a uma das suas figuras magistrais.
O Benfica que quiseram é o que vai dar continuidade a décadas de assalto interno. O Benfica que nos dão é o Benfica de gente desapaixonada pelo clube, desinteressada por qualquer outra coisa que não o seu ao fim do mês. É o Benfica que acolhe em sua casa quem o trai, quem goza com ele e depois assume lugar de relevância, e que dá o seu trono ao seu maior inimigo para que, ufano, se gabe de quando nos roubaram um título em plena Luz.
Eu olho agora para o puto que viu o Benfica perder essa final da taça Uefa, e que, triste por não a ter vencido, sentia todavia um orgulho enorme.
Perdoem-me se hoje, já não o consiga.
Serei sempre do Benfica, para o Benfica, e pelo Benfica. Temo é que o Benfica que cresci a amar não exista durante muito mais tempo.
Tudo dito e bem escrito. Não faria melhor nem que tentasse. Muito obrigado

steixeira

Citação de: luis.live em 11 de Outubro de 2021, 21:25
Eu passei por todo esse tempo. Quando decidi ser sócio , quando comecei a ter alguma independencia financeira , também fui á secretaria buscar os papeis e depois tive de "arranjar" um sócio para me "propor" para sócio do SL BENFICA. Sim , eu sou do tempo em que um sócio só era sócio se tivesse alguém que assinasse e se responsabilizasse pelo meu BENFIQUISMO. Isto que obviamente tinha muito de BENFIQUISMO mas também tinha   muito de amadorismo. Nós conseguimos os exitos da década de 60 muito por "culpa" de otto glória , e o que fez otto glória e manuel da luz afonso , profissionalizaram a estructura , algo completamente "novo" para a época.  Mas os anos dificeis de finais dos anos 70 e decada de 80 voltaram a trazer algum amadorismo á estructura do BENFICA , esses anos não foram fáceis na zona de Lisboa e quem se aproveitou disso e muito bem foi o porto. Eles começaram a ser muito profissionais e muito competitivos , a ter grandes equipas , bons planteis com dinheiro que sabe se lá de onde vinha ,  e a partir de 1995 começam claramente a dominar o futebol portugues. Não há nenhum problema em assumir isto. Nós que estavamos habituados a vencer quase sempre  e de vez em quando a "deixar" os outros vencer , passamos a vencer quase nada e nada mesmo e vimos outro clube a vencer quase tudo. Não estavamos preparados para isso. E só fizemos merda. Não conseguimos ser inteligentes , não conseguimos ser competentes , não conseguimos ser pacientes. A partir do final da época de 1994 , já com o Damásio começa o descalabro . Decisões completamente absurdas de um lider que não era lider , liderava ao sabor dos acontecimentos , e esses acontecimentos eram cada vez mais nefastos para nós com humilhações atrás de humilhaçoes. Aquilo que o Snow fala não é mais do que a perca da hegemonia do Futebol. Na altura houve muitos BENFIQUISTAS que não souberam lidar com isto. Não souberam assumir que na altura havia um clube que era melhor do nós , que tinha melhor equipa do que nós , que ganhava mais do que nós. Desde finais dos anos 50 que esta situação não existia. Foram 30 e tal anos a ganhar muito mais do que os outros e não soubemos parar para pensar quando nos vimos ultrapassados por outro clube que de repente começou a ganhar mais do que nós. Isto que o Snow fala com todo o respeito , não é mais do que o passar por essa época e não estar emocionalmente preparado para ela. Nada mais do que isso. Confundem BENFIQUISMO com a escassez de titulos. O problema nessa época não foi o Jorge de Brito , foi que de repente deixamos de vencer e houve sócios que não souberam lidar com isso. Os carissimos não fazem ideia do "fanatismo" dos sócios do BENFICA naquela altura. De tanto amar acabaram por prejudicar. Ninguém ou quase ninguém estava preparado para de repente deixarmos de ganhar. A instabilidade trouxe Vale e Azevedo. Em condições normais VA nunca , mas nunca teria sido presidente do BENFICA , e porque é que foi , porque falava do que nós queriamos ouvir , que iamos novamente ser os maiores , batalhava contra todos e depois tinha uma equipa de futebol miseravel com dois ou trés bons jogadores.  VA ganhou 0 titulos no tempo em que foi presidente do BENFICA , 0 titulos. Damásio é meio campeão nacional porque quando entra já a época ia no meio , e depois em 95 vence a taça de portugal. e pronto mais nada. A partir de 95 até 00 , o SL BENFICA ganha 0 titulos. Agora vejam quando o Snow diz que deixou de pagar quotas e que o BENFICA deixou de ser BENFICA levando as coisas para a parte emocional , mas ele , como todo o respeito , o que o fez deixar a militância no BENFICA foi a escassez de titulos. Ele fala da final da Taça UEFA perdida em 83 , ok , só para terem uma ideia , esses dois anos foram só dos melhores anos da história do BENFICA. Ganhámos tudo o que havia para ganhar. Haver militancia nestes anos com todo o respeito é fácil , dificil foi de 95 a 00. Vilarinho aparece para tirar o VA do poder , e ainda bem que o fez , porque senão não tenham duvida nenhuma, o BENFICA dos sócios a votar já não existiria nos dias de hoje. O user Snow escreve , bem com vilarinho ainda tive ali uma restia de esperança que o BENFIQUISMO de outrora regressasse , mas não. E aqui o não sabem o que foi ? eu respondo  , é que com vilarinho também ganhamos bola , 0 . 0 de 0. o BENFIQUISMO do Snow com todo o respeito são os titulos que ele embora criança estava habituado a ganhar e de repente isso deixou de acontecer.
Se o BENFICA depois de 94 continuasse a vencer como até então a militancia do Snow não tinha acabado. (minha humilde opinião).
Não sei a tua idade nem a do snow, mas revejo-me muito mais na opinião dele do que na tua. Eu sou de 75 e chorei na derrota contra o Anderlecht sem saber bem porquê. Nunca deixei de pensar e sentir que o SLB é o maior do mundo até entender o que era LFV. Mesmo no Vietname, eu sentia orgulho em ser Benfica. Faltavam 3 minutos para o fim em Vigo e eu achava que ainda íamos ganhar. A inocência tem destas coisas e faz-nos felizes...
Depois de ver que o clube só servia para alguém ficar rico mesmo que para isso deixasse 6 milhões a chorar, perdi a paixão pelo Benfica da forma inocente que me fazia feliz. Hoje sou Benfiquista e serei até morrer, mas com a cabeça e se calhar nunca mais com o coração

filc

Citação de: steixeira em 13 de Outubro de 2021, 01:07
Citação de: luis.live em 11 de Outubro de 2021, 21:25
Eu passei por todo esse tempo. Quando decidi ser sócio , quando comecei a ter alguma independencia financeira , também fui á secretaria buscar os papeis e depois tive de "arranjar" um sócio para me "propor" para sócio do SL BENFICA. Sim , eu sou do tempo em que um sócio só era sócio se tivesse alguém que assinasse e se responsabilizasse pelo meu BENFIQUISMO. Isto que obviamente tinha muito de BENFIQUISMO mas também tinha   muito de amadorismo. Nós conseguimos os exitos da década de 60 muito por "culpa" de otto glória , e o que fez otto glória e manuel da luz afonso , profissionalizaram a estructura , algo completamente "novo" para a época.  Mas os anos dificeis de finais dos anos 70 e decada de 80 voltaram a trazer algum amadorismo á estructura do BENFICA , esses anos não foram fáceis na zona de Lisboa e quem se aproveitou disso e muito bem foi o porto. Eles começaram a ser muito profissionais e muito competitivos , a ter grandes equipas , bons planteis com dinheiro que sabe se lá de onde vinha ,  e a partir de 1995 começam claramente a dominar o futebol portugues. Não há nenhum problema em assumir isto. Nós que estavamos habituados a vencer quase sempre  e de vez em quando a "deixar" os outros vencer , passamos a vencer quase nada e nada mesmo e vimos outro clube a vencer quase tudo. Não estavamos preparados para isso. E só fizemos merda. Não conseguimos ser inteligentes , não conseguimos ser competentes , não conseguimos ser pacientes. A partir do final da época de 1994 , já com o Damásio começa o descalabro . Decisões completamente absurdas de um lider que não era lider , liderava ao sabor dos acontecimentos , e esses acontecimentos eram cada vez mais nefastos para nós com humilhações atrás de humilhaçoes. Aquilo que o Snow fala não é mais do que a perca da hegemonia do Futebol. Na altura houve muitos BENFIQUISTAS que não souberam lidar com isto. Não souberam assumir que na altura havia um clube que era melhor do nós , que tinha melhor equipa do que nós , que ganhava mais do que nós. Desde finais dos anos 50 que esta situação não existia. Foram 30 e tal anos a ganhar muito mais do que os outros e não soubemos parar para pensar quando nos vimos ultrapassados por outro clube que de repente começou a ganhar mais do que nós. Isto que o Snow fala com todo o respeito , não é mais do que o passar por essa época e não estar emocionalmente preparado para ela. Nada mais do que isso. Confundem BENFIQUISMO com a escassez de titulos. O problema nessa época não foi o Jorge de Brito , foi que de repente deixamos de vencer e houve sócios que não souberam lidar com isso. Os carissimos não fazem ideia do "fanatismo" dos sócios do BENFICA naquela altura. De tanto amar acabaram por prejudicar. Ninguém ou quase ninguém estava preparado para de repente deixarmos de ganhar. A instabilidade trouxe Vale e Azevedo. Em condições normais VA nunca , mas nunca teria sido presidente do BENFICA , e porque é que foi , porque falava do que nós queriamos ouvir , que iamos novamente ser os maiores , batalhava contra todos e depois tinha uma equipa de futebol miseravel com dois ou trés bons jogadores.  VA ganhou 0 titulos no tempo em que foi presidente do BENFICA , 0 titulos. Damásio é meio campeão nacional porque quando entra já a época ia no meio , e depois em 95 vence a taça de portugal. e pronto mais nada. A partir de 95 até 00 , o SL BENFICA ganha 0 titulos. Agora vejam quando o Snow diz que deixou de pagar quotas e que o BENFICA deixou de ser BENFICA levando as coisas para a parte emocional , mas ele , como todo o respeito , o que o fez deixar a militância no BENFICA foi a escassez de titulos. Ele fala da final da Taça UEFA perdida em 83 , ok , só para terem uma ideia , esses dois anos foram só dos melhores anos da história do BENFICA. Ganhámos tudo o que havia para ganhar. Haver militancia nestes anos com todo o respeito é fácil , dificil foi de 95 a 00. Vilarinho aparece para tirar o VA do poder , e ainda bem que o fez , porque senão não tenham duvida nenhuma, o BENFICA dos sócios a votar já não existiria nos dias de hoje. O user Snow escreve , bem com vilarinho ainda tive ali uma restia de esperança que o BENFIQUISMO de outrora regressasse , mas não. E aqui o não sabem o que foi ? eu respondo  , é que com vilarinho também ganhamos bola , 0 . 0 de 0. o BENFIQUISMO do Snow com todo o respeito são os titulos que ele embora criança estava habituado a ganhar e de repente isso deixou de acontecer.
Se o BENFICA depois de 94 continuasse a vencer como até então a militancia do Snow não tinha acabado. (minha humilde opinião).
Não sei a tua idade nem a do snow, mas revejo-me muito mais na opinião dele do que na tua. Eu sou de 75 e chorei na derrota contra o Anderlecht sem saber bem porquê. Nunca deixei de pensar e sentir que o SLB é o maior do mundo até entender o que era LFV. Mesmo no Vietname, eu sentia orgulho em ser Benfica. Faltavam 3 minutos para o fim em Vigo e eu achava que ainda íamos ganhar. A inocência tem destas coisas e faz-nos felizes...
Depois de ver que o clube só servia para alguém ficar rico mesmo que para isso deixasse 6 milhões a chorar, perdi a paixão pelo Benfica da forma inocente que me fazia feliz. Hoje sou Benfiquista e serei até morrer, mas com a cabeça e se calhar nunca mais com o coração

Penso exatamente como tu. Benfiquista na cabeça mas já quase nada de coração.

Damon_Fryer

Citação de: Mpaq em 10 de Outubro de 2021, 12:11
Têm que começar a pensar abrir um tópico do João Salgado.

Esse gajo mete nojo...
É o chamado videirinho... ele quer é estar com quem manda.

Acho que está ao nível do Pedro  Guerra... gentinha que não interessa a ninguém.

Damon_Fryer