Vítor Paneira

Avançado, 59 anos,
Portugal
Equipa Principal: 7 épocas (1988-1995), 289 jogos (24236 minutos), 44 golos

Títulos: Campeonato Nacional (3), Taça de Portugal (1), Supertaça (1)

slbenfica_croft

#480
As maiores felicidades Vitor.

Que continues no bom caminho. Talvez um dia meu caro..., talvez um dia.

:bow2:

Joga Bonito

Boa sorte, Campeão.

Seria fantástico cumprires o teu sonho... com sucesso!

LuigiSLB83

Citação de: Joga Bonito em 01 de Maio de 2012, 14:23
Boa sorte, Campeão.

Seria fantástico cumprires o teu sonho... com sucesso!

Treinar o MAIOR?

JoséTorres


.:VMPT:.

Citação de: LuigiSLB83 em 01 de Maio de 2012, 18:55
Citação de: Joga Bonito em 01 de Maio de 2012, 14:23
Boa sorte, Campeão.

Seria fantástico cumprires o teu sonho... com sucesso!

Treinar o MAIOR?

O Paneira é um treinador mediano..... meu 1º idolo, mas como treinador.... faz o que pode....

slbenfica_croft

Arranjem-me um aprendiz de Paneira crl.

Já não peço mais nada. Quero um aprendiz de Paneira e até pode ter somente metade da sua classe.

gaucho

O jogador que mais admirei, nunca mais havera pois nunca mais vi um jogador com aquela finta.

| João |

Grande Paneira e grande olheiro que o foi buscar 'a 2a divisao directamente para o Benfica!

slbenfica_croft

Olheiro que descobriu Paneira?

PERES BANDEIRA se bem me recordo.

Homem competente e grande Benfiquista. 30 anos de serviço ao clube. Atirado para o lixo pela actual direcção.

Céptico

Um dos meus primeiros "preferidos"...

Parabéns!!

Jolipa

Sou de Tondela e ele é muito fraco. Tem é um plantel muito forte e com salários em dia.
O Tondela só jogou e demonstrou o seu potencial em poucos jogos.
Perguntem em Tondela quem quer o Paneira e vão ver a resposta.
O nosso Presidente é que é um homem chorudo e há muita pasta.

Manpaz1904

Quando jogava à bola com os meus amigos, na época onde nos sentávamos na sala de aula no intervalo de jogar à bola, e onde cada um de nós tinha um nome do seu jogador preferido, eu era o Vítor Paneira. Nunca quis ser o Magnusson nem o Águas nem o Valdo. Eu queria ser como o Paneira.
Vem isto a propósito da Catarina ter chegado a casa e, com o sorriso que me preenche, ter-me dito com ternura que tinha falado com o Paneira, como quem diz "Desculpa, eu sei que gostavas que tivesses sido tu". Eu não gostava só de falar com o Paneira. Eu quis – e quero – ser como ele.

Vítor Paneira tem um nome tão português quanto invulgar e se houve jogador que personficou o Benfica em campo foi ele. Paneira (havia um tipo na minha escola que dizia "Páneira" e eu odiava-o por isso) era quem eu queria ser.
De Paneira guardo praticamente tudo. A finta letal para fora e os arranques. Mas, sobretudo, a inteligência com que lia o jogo e a concentração. Paneira jogava concentrado, como se tudo dependesse daquilo. Paneira jogava com olhar sério, expressão dura, sem sorrisos. Quando marcava explodia para a bancada, com os braços a rodar no ar, partilhando a alegria e o alívio que os verdadeiros adeptos sentem quando marcamos.

A minha primeira memória exacta do 7 da minha infância – e, logo, da minha vida – é de um Salgueiros-Benfica. Paneira estava no banco e eu fiquei alarmado. O meu pai explicou-me que o escondíamos da temível Juventus (do Trap), que viria à Luz jogar os quartos de final da UEFA. Ganhámos 0-3 com um golaço impressionante do Kulkov (um chapéu a 30 e tal metros ao Pedro Espinha) e o Paneira entrou no fim para defesa direito. Quando a Velha Senhora veio à Luz, ganhámos 2-1 com dois golos do Paneira. Seríamos depois eliminados em Turim, no jogo que me fez ficar a detestar a Juve para sempre, com o primeiro golo a ser marcado pelo Kohler, que depois de partir o nariz ao Silvino (esse frangueiro traidor que se desviou dos penalties com o PSV) encostou para o 1-0. Mas dizia eu, ganhámos 2-1. O Paneira partiu-os todos. E lembro-me dos festejos, loucos como um grito, a atirar-se para os abraços dos adeptos. Eu queria ser assim. Eu queria ser jogador do Benfica, ter um nome português e invulgar, marcar na Luz cheia e atirar-me para as bancadas.

Paneira tinha um semblante carregado como se jogasse xadrez. Parecia imune às bancadas adversárias, parecia que vivia num mundo só seu, que sabia esperar até à última pela entrada do defesa esquerdo adversário para, com a parte de fora do pé direito, fintar para fora e arrancar para o cruzamento. Tive sempre a sensação de que Paneira era a única pessoa no mundo que queria tanto ganhar como eu.

Há um lance mágico na final da Taça de 92/93 contra o Boavista em que a equipa troca toda a bola rápido, o Paneira tabela com o Águas e à saída do guarda redes, Paneira pica a bola para golo. O vermelho que estava no Jamor explodiu. Foi a coisa mais bonita que a melhor equipa que eu me lembro do SLB fez. Estava em casa, numa tarde soalheira, com o Tiago Palma, Farense fanático e simpatizante do Glorioso. Vimos o jogo felizes. A minha mãe tocou à porta e eu, como era um puto (demasiado) bem comportado, desci os 3 andares para a ajudar a carregar as compras. Quando subi, o Tiago – nunca me hei-de esquecer da cara dele – disse-me com pena: "O Futre marcou um golão". Eu perdi aquele 3-1 porque ajudei a minha mãe com as compras. Tinha 9 anos e nunca mais me esqueci disso. O Paneira faz parte disso, desse constante regresso à infância.

O Paneira é a minha ligação ao meu avô, quando festejámos os dois um 1-0 ao Beira – Mar no último minuto, de penalty, em 93/94 (roubaram-nos uns 4 penalties nesse jogo, antes que se ponham com bocas). O meu avô foi buscar-me a casa do Tiago, eu desci a correr, pedi-lhe para por o relato e estávamos na Avenida 5 de Outubro em Faro quando o Paneira rematou.

Foi a época de todas as épocas, para qualquer Benfiquista da minha geração. Os verdes haviam-nos roubado Paulo Sousa (que é o maior verme, o maior traste, a pessoa por quem tenho menos respeito no mundo) e Pacheco e tinham uma super equipa. Nós estávamos destruídos, quase perderamos também JVP e os russos bebiam como russos. Naquela noite maravilhosa de 14 de Maio de 1994, Paneira não fez os 3 de JVP nem os 2 de Isaías e nem sequer aquele último do Hélder. Mas estava lá.

É ele quem salta sobre a bola no 3º golo, depois do livre do Aílton e a mete ao segundo poste. É ele quem assiste o Hélder no 6º golo. Mas guardo o 4º com carinho.
Para quem não sabe – e portanto não é do Benfica – a perder por 2-3 ao intervalo, Carlos Queirós retirou o defesa esquerdo, Paulo Torres. A ala esquerda ficou ali, ao relento. E Paneira, como bom xadrezista, explorou o erro até ao limite. Fê-los sangrar. E hoje, ao rever pela enésima vez o resumo do 3-6 (já sei quase tudo de cor), apercebo-me que Paneira os quis castigar por todos nós. Por todos os que nos sentimos humilhados com a saída de Paulo Sousa, por todos os que – como eu – fomos gozados no recreio. Outros foram no café, outros no trabalho. Paneira pensou em nós. E no 4º golo investe pela esquerda. Passa um, passa dois e adianta demais. Paulo Sousa cobre a bola. E Paneira acredita. Paneira acredita que o traidor vai falhar, acredita que vai ficar com a bola, acredita que o recreio vai voltar a ser bom. E Paneira ganhou a bola ao traidor. Porque é ele era o Benfica e acreditava sempre até ao fim e lutava, lutava, lutava como nós lutaríamos com aquela camisola vestida. E depois cruzou. JVP finge que não é nada com ele e deixa a bola passar. Isaías matou-os.

Tinha 12 ou 13 anos. Paneira tinha sido escorraçado da Luz e jogava no Vitória. Ganharam-nos na Luz 1-3 e Paneira, aos microfones na rádio, mostrava toda a sua mágoa contra aquele Benfica. Contra o Benfica que o expulsara, contra aqueles dirigentes que destruíram que restava de mística no meu clube. Nunca vi esse jogo, esses golos. Lembro-me bem da tristeza que senti quando o Paneira falou do lado de lá.

Se o Benfica um dia voltar a ser Benfica, vamos buscar o Paneira. Será treinador de juniores ou ficará só por ali, a fazer o que bem entender. Paneira é a infância e a juventude de muitos de nós.
Tenho 28 anos. Às vezes, no caminho para casa, ainda me imagino jogador do Benfica, capaz de levantar a Luz, arrepiado com a sensação de marcar um golo pelo clube do meu coração. Imagino-me a correr para a bancada, de braços no ar, como um grito. Eu, aos 28 anos, ainda quero ser o Vítor Paneira.

http://laemcasamandoeu.blogspot.pt/2012/05/eu-quero-ser-o-vitor-paneira.html

Juvelacio

Grande texto. Vi pouco do tanto que deu o Paneira e lembro-me da forma como saiu. Custa ver símbolos de benfiquismo serem empurrados pela porta das traseiras.

Marafado

Felizmente acompanhei toda a carreira do Paneira no Benfica.

Extremo total: atacar e defender sempre com a mesma qualidade. Aquela finta curta e aqueles cruzamentos milimétricos eram demais.

Se aparecesse hoje era ele e mais 10.

André Sousa