Mário Palma (Basquetebol)

Treinador,
Portugal
Estatísticas: 7 épocas

Títulos: Campeonato Nacional (5), Taça de Portugal (5), Supertaça (4), Taça da Liga (5)

pcssousa

Exacto... já tinha lido isso também... é pena é que fique vinculado à federação, não sei se me entendem...


JotaTê

Se por acaso o filho do Mário andar aqui pelo fórum, manda-me uma PM para falarmos!

AG

Grande mister... um prazer vê-lo orientar Portugal.

dfernandes


SonicYouth

A melhor das sortes nesta nova aventura grande mister!

_Benfiquista_

Grande Senhor do Basquetebol Benfiquista e Lusófono!
Boa Sorte nesta nova aventura na Nossa Selecção Mister!

Mastercard


Capitao Moura


Universo Benfica



Mishkin

#71
ENTREVISTA DOS LEITORES (PARTE 1)

Embora já focado na Seleção Nacional, que muito em breve vai tentar qualificar-se para o Europeu da Lituânia, Mário Palma não esquece o passado, nomeadamente a sua passagem vitoriosa pelo Benfica, clube que guiou até à elite do basquetebol europeu.

Acha que actualmente o basquetebol português e a Selecção Nacional tem condições para vir a ter um jogador na NBA?
Nuno Lourenço, Vialonga


Já tivemos o Carlos Lisboa que podia perfeitamente lá ter chegado e houve outros que tinham condições também para o ter feito. É uma questão de oportunidade. O Valter, que é angolano e português, chegou a estar mês e meio nos San Antonio Spurs depois de ter disputado uns Jogos Olímpicos com a equipa de Angola. E sem desprimor para ele que era um bom jogador, tivemos atletas com mais qualidade na nossa Seleção. Ainda hoje temos jogadores no ativo que jogariam lá claramente. Não seria muitos, naturalmente, mas 2-3 teriam condições para isso com toda a certeza.

Qual a sensação de regressar a Portugal, depois de um longo período a treinar fora do país, e poder, pouco dias depois, estar a orientar a Selecção no Eurobasket?
Eduardo Lima, Viseu


Sou profissional e tenho de analisar a minha vida em termos de futuro. Estou a regressar à Europa, mesmo tendo tido sucesso fora, porque não estar aqui ou nos Estados Unidos é diferente. Estou a dar um passo no sentido de tentar levar a Seleção ao Europeu. Conseguindo classificar a equipa e depois de lá estar tentar que a equipa se distinga pela qualidade do seu jogo é importante para qualquer treinador, pois dá prestígio e permite abrir outras portas. Aliás, veja-se as inúmeras ofertas de técnicos que a Seleção tinha nesta altura, pois muita gente apercebeu-se que, de repente, passou a ser atrativo treinar Portugal. Quero estar nessa fase final, depois de já ter estados em Jogos Olímpicos e Campeonatos do Mundo. Com a nova fórmula de disputar do Europeu, só os Jogos Olímpicos são mais difíceis. Os treinadores têm de se guiar por objetivos e eu resolvi aceitar este convite. Podia ter ficado à espera que aparecesse uma oportunidade de um clube ou de outra seleção, mas eu não me guio por esses princípios. Preciso de estar bem comigo próprio e é o que acontece nesta altura. Foi um processo transparente, sem truques, sem agredir ninguém. É preciso ter ética e eu resolvi aceitar este convite e este projeto porque a Seleção estava sem treinador.

Sabendo que a qualidade na formação dos atletas é essencial na obtenção de jogadores de grande nível, gostaria de perguntar se irá ter em atenção o trabalho realizado pelos clubes? Que acompanhamento realizará neste campo?
Ricardo Silva, Odivelas


A Selecção tem, para já, como objetivo qualificar-se para a fase final do Campeonato da Europa deste anos. E como tal precisará dos melhores jogadores para se classificar. É o presente que mais nos importa. Terminada essa competição, e partindo do pressuposto que não sairei do país para orientar um clube estrangeiro, estarei sempre atento e disponível para acompanhar a formação. Pretendo seguir os Centros de Treino da Federação, bem como estar atento à formação dos clubes que possuam jogadores com potencial para, em breve, fornecer a Seleção. Já comecei a falar com alguns clubes e irei continuar a fazê-lo. Um dos temas da conversa é esse. Desejo ver treinos e jogos e ter acesso a gravações de algumas partidas que não possa observar diretamente. A atual geração de jogadores merece ser devidamente prestigiada, com a participação numa fase final de um Europeu, mas há que ter consciência de que não duram para sempre. Fazer a transição é essencial. Já fiz o várias vezes e estou preparado para tal. Conto andar por perto dos treinadores e dos clubes e ajudar em tudo o que for necessário.

Que pensa da evolução do basquetebol português a nível organizacional, nomeadamente em relação ao facto de a liga ser semi-profissional?
Gonçalo Alves, Almada


O facto da Liga ter acabado foi muito mau para o basquetebol português. Podemos dizer que foi um passo atrás. Compreendo que as condições económicas que já se faziam sentir na altura teve influência, pois as Câmaras e os clubes ficaram com menos dinheiro para investir. Mas, por outro lado, creio que tem existido pouca ambição no basquetebol português. O Benfica, com o regresso este ano às competições europeias, deu um exemplo claro do que é preciso ser feito. Espero que mais emblemas sigam esse caminho. Se não fizermos ver às pessoas que a modalidade está a evoluir é complicado. Espero que o eventual apuramento da Selecão para o Europeu possa dar um impulso grande à modalidade. A formação é um fator decisivo para o futuro, mas não é o único. Há que treinar mais e participar em provas devidamente competitivas. Se estivermos habituados a defrontar conjuntos com outro ritmo será mais fácil dar o salto. Aquando da minha passagem pelo Benfica provámos que isso era possível, mesmo com orçamentos claramente inferiores ao que se praticava noutros países e jogando com norte-americanos. De 5/6 mil dólares. Alguns clubes talvez precisem de definir que o basquetebol é a sua segunda modalidade, como acontece, por exemplo, em Espanha, com Real Madrid e Barcelona. De outra forma é difícil. Qual é o futuro para um jovem que pretende fazer carreira no basquetebol? Existe uma futebolização muito grande em Portugal, mas com todo o respeito pelas restantes modalidades, está na altura de também aqui colocarmos a nossa modalidade no segundo lugar, como acontece em quase toda a Europa.

Tendo em conta a sua carreira, de que tem medo ao tomar esta opção por orientar a Selecção Nacional?
Victor Monteiro, Lisboa


Tenho preocupações, mas não medos. Se fosse esse o caso teria de andar com um cão! Falando mais a sério: preocupa-me o facto de estarmos com alguma dificuldade para agendar 8 jogos de preparação. Se não disputarmos esses jogos de controlo, seremos obrigados a mudar o plano que está delineado, pois os atletas não podem só treinar. É preciso jogar para melhor preparar as situações. De resto, temos que convencer todos os melhores jogadores nacionais a estarem disponíveis. Há que juntar todas as forças e com firmeza e regras claras iniciar a caminhada. De resto, preocupa-me também poderem aparecer lesões ou outro tipo de imponderáveis impossíveis de antecipar. Mas esses são os problemas de sempre da vida de um treinador. Uma coisa podem estar certo: quando ganharmos... ganhamos todos, quando perdermos... perde o treinador. Comigo é sempre assim.

Acha que o basquetebol é uma modalidade com futuro em Portugal?
Diogo Carvalho, Lisboa


Extraordinária pergunta! Talvez seja um dos maiores receios que podemos ter no momento. A minha obrigação é ajudar a que seja viável, que possa claramente instalar-se como modalidade número 2 no país. Vou fazer tudo para que o futuro seja o mais risonho possível.

Para além do apuramento para o Europeu no imediato, quais são os seus objectivos e perspectivas para o futuro próximo da Seleção?
Joana Pereira, Aveiro


Por agora, naturalmente, é o apuramento para o Europeu que está no pensamento. Depois, teremos um processo diferente, com a construção de uma nova Seleção. Contudo, é preciso ter em conta que a ideia é contar sempre com os melhores e que o Bilhete de Identidade não conta quando estamos a falar de seniores. Ainda assim, é provável que nos trabalhos para a caminhada rumo ao Europeu possa participar pelo menos um jogador de futuro, já a pensar na fase seguinte. Temos de tentar perceber, quanto antes, quem vão ser os jogadores com talento para, a curto prazo, poderem estar na Seleção. Aos 20-21 anos convém conseguir identificar esses jogadores e a partir dos 25, senão antes, precisam de estar a jogar com regularidade nos seus clubes. Existem países em que apenas ganhando as provas se pode falar em sucesso. Para Portugal, tornar um hábito a nossa presença em Europeus, que agora são mais complicados que os Mundiais porque não contam com a presença de algumas equipas menos cotadas de África e Ásia, já será um sucesso.

Depois dos bons resultados obtidos na sua passagem pela selecção angolana e pelo 1.º de Agosto ainda pensa um dia voltar a treinar em Angola?
Saul João, Luanda (Angola)


Sou profissional e treinador do Mundo. No futuro, Angola ou outro sítio qualquer pode ser uma solução. Desde que seja um projecto que me agrada. De resto, também sou angolano e foi nesse país que vivi grande parte da minha vida. Não há nenhuma razão para dizer que não voltarei a trabalhar em Angola.

Como vai fazer para convencer jogadores que já renunciaram à Selecção a rever a sua decisão?
Henrique Sobreira, Ovar


É simples: falar com eles, dialogar, explicar o projecto, dizer-lhes o que eles têm a ganhar, mostrar-lhes a honra que eu terei por os poder ter a jogar sobre as minhas ordens, apelar ao patriotismo... É conseguir vender o sonho de estar no Europeu, jogar ao nível mais elevado. É o sonho de todos os atletas estar nos grandes palcos. Não acredito que os grandes jogadores nacionais, que ainda por cima nunca tiveram muitas hipóteses para marcar presença nos principais eventos da modalidade, não queiram lá estar. É óbvio que isto exige alguns sacrifícios, mas espero que entendam que vale a pena. Cabe a mim explicar-lhes isso.

Qual foi a sensação de treinar o Benfica na altura do "dream team" português?
Luís Oliveira, Figueira da Foz


Excepcional! Aquele equipa, nos próximos anos, não se repete. A missão, agora, é tentar ajudar uma nova geração a ser capaz de tentar igualar esses feitos. A Seleção Nacional, no Europeu de Espanha, com esta geração, fez um resultado brilhante. Mas, essa equipa do Benfica, foi um das oito, em 3 anos consecutivos, que andou na fase de grupos da melhor competição europeia. Não foi um acaso. Treinei algumas formações de enorme qualidade, mas essa era especial, com jogadores especiais. E não se pense que fui só eu a ensinar algo aos jogadores. Aprendi muito com eles, essa fase permitiu que melhorasse muito enquanto treinador. Tive sensações boas noutros lados, mas não esqueço esse período. Não era fácil saber liderar e motivar um grupo tão forte. Os jogadores mereceram todos os elogios e tenho uma enorme honra em ter feito parte desse grupo Guardo no coração esses momentos.

Sendo Portugal um país com muita emigração e havendo uma necessidade permanente de "homens grandes" que joguem na posição 5, não se devia fazer um levantamento de jovens com ascendência portuguesa no exterior, especialmente nos Estados Unidos?
Ricardo, Ovar


Claro! É preciso saber se estão em universidades, a que nível jogam, etc... Esse trabalho foi feito aquando da minha passagem por Angola e pela Jordânia. Agora, não pode ser diferente. Há que fazer um grande trabalho de prospeção. Temos de ser rápidos para encontrar todos os lusos-qualquer coisa que possam ser úteis antes de eles optarem por outras equipas. Nos Estados Unidos, face à grande dificuldade em atingir as respetivas seleções nacionais, o risco de já estarem referenciados não é tão grande, mas também existe. Há que investigar. E não podemos esquecer também a mais-valia dos naturalizados. É preciso pensar nisso porque, hoje em dia, quase todas as seleções os utilizam.


http://www.record.xl.pt/Modalidades/Basquetebol/interior.aspx?content_id=691717

Mishkin

ENTREVISTA DOS LEITORES (PARTE 2)

Gostava de um dia poder sentir os portugueses mais familiarizados e orgulhosos com os feitos da Selecção Nacional, a exemplo do que acontece com outras modalidades?
Ricardo Costa, Horta

Claro que sim! Mas temos de fazer algo por isso. Sei que os bons resultados ajudam a trazer público. No entanto, numa primeira fase também precisamos de apoio das pessoas. Há que perceber que na Seleção desaparecem as camisolas dos clubes e que estamos todos do mesmo lado a defender o país.

Sendo um treinador reconhecido por dar grande importância às questões defensivas, vai a Selecção Nacional basear o seu jogo ofensivo no contra-ataque? Teodomiro Contramestre, Montijo

Há que conseguir marcar pontos através da defesa. Este é um princípio base. Se não defendermos bem não há hipóteses de fazer frente a determinadas equipas. Quem defende e ressalta melhor está mais perto de ganhar os jogos. Nós somos, por tradição, mais baixos que os adversários, pelo que temos de ter essa ideia presente e saber adaptar o tipo de jogo a utilizar, partindo sempre do pressuposto que é essencial defender bem, de modo a poder ganhar mais ressaltos e sair em contra-ataque. Mas é preciso também definir outros aspectos como o jogo interior, o 5x5 em meio-campo e não esquecer que, face a adversários mais fortes, diminuir o número de posses de bolas pode ser uma ajuda fulcral. Jogar mais devagar é uma das formas de atenuar as diferenças de potencial. O modelo de treino integrado irá facilitar a assimilação de todos os conceitos. Teremos dias dedicados às várias áreas. Há que ter um jogo equilibrado, pois só defender não resolve todos os problemas.

Cada vez usamos mais jogadores naturalizados na selecção de futebol. É da opinião que deveríamos fazer o mesmo no basquetebol?
Jorge, Ovar


Os Estados Unidos, se pudessem e necessitassem, teriam 12 estrangeiros. Eles orientam-se pela excelência. Não foi por acaso que tentaram naturalizar a Ticha Penicheiro. Tim Duncan, Pat Ewing e Hakeem Olajuwon são exemplos de que também os Estados Unidos, e no basquetebol, optam por essa via. Creio que isso é um falso problema. Quem tem cidadania portuguesa tem de poder ser opção. Ainda por cima, no caso da nossa modalidade, por muitos naturalizados que existam só pode jogar um de cada vez na Seleção.

Espera conseguir trazer uma alma nova à Selecção, de modo a que se consiga arrastar os portugueses para os pavilhões?
Tiago Filipe, Lisboa


Não quero prometer nada, mas gostava que a modalidade fosse outra vez mais respeitada e acompanhada. A Seleção pode ser o embrião para a recuperação do estatuto do basquetebol entre o desporto português. Todos os que estão relacionados com o basquetebol têm a responsabilidades e o dever o moral de apoiar. Há que ter confiança uns nos outros.

A modalidade perdeu em Portugal o fulgor dos anos 90. De quem foi a culpa?
Rui Castro, Sernancelhe


De todos! E minha também. Não estive cá, mas também sou culpado. Estive a treinar fora do país, ajudando outras nações e não Portugal. Enquanto estive cá (11 anos), curiosamente, a realidade era outra. Há que tentar recuperar e pessoalmente pretendo ajudar, dar o meu contributo. Acredito muito no que faço. Ser sério é importante para gerar confiança. A minha filosofia basquetebolística já foi aplicada antes e tenho razões para acreditar que pode voltar a funcionar. Na Selecão, há que ser trabalhador e respeitar a bandeira. Ninguém está acima da própria Seleção. Todos teremos de olhar para cima.

Estar cerca de uma década no estrangeiro mudou a sua percepção do Mundo, de Portugal, da vida?
Carla Antunes, Funchal


Sim. Estive nos Jogos Olímpicos, nos Campeonato do Mundo e passei muito tempo no Médio Oriente, na Ásia, em África. Conheci novas culturas. Sou um verdadeiro cidadão do Mundo. Tenho o máximo respeito por quem é diferente. Vivi muitos problemas, mas essa experiência ensinou-me que tenho de respeitar os outros, nomeadamente os estrangeiros que trabalham no meu próprios país. Andar lá por fora ajuda-nos a compreender melhor os outros, a ouvi-los, mesmo podendo não estar de acordo. Tenho um orgulho muito grande de ser português. E neste aspecto de entendermos os outros, damos grandes lições a muita gente. Sou melhor treinador, hoje em dia, por causa das experiências que tive ambientes. A Jordânia, então, foi sensacional. Estar 6 meses à frente de uma seleção no país já era um recorde e eu estive lá 4 anos. Foi preciso ensinar as pessoas em inúmeras questões que eles desconheciam. Foi o meu trabalho mais difícil, talvez o melhor ao nível da liderança, da comunicação. E tive de aprender a dizer "não"!

Como é que um português se adapta a uma realidade tão diferente como a da Jordânia? Como era a sua vida lá?
Paulo Ferreira, Porto


Adaptei-me com um enorme respeito pelas pessoas e pela sua cultura. Em Portugal, a maioria da população desconhece que a Jordânia é uma nação altamente evoluída, onde se vive bem. Petra, por exemplo, é uma cidade muito bem organizada. Não há miséria evidente no país, apesar de algumas bolsas de palestinianos que não se conseguem adaptar. Aconselho os portugueses a visitar a Jordânia e a ficar lá uns dias. Vão confirmar que há grande qualidade de vida.

Qual a importância de Mário Gomes na sua carreira?Fernando Baltazar, Coimbra


Os treinadores têm de perceber que não podem ter ao seu lado simples 'yes mens'. Têm de perceber que as suas costas precisam de ser defendidas. É essencial ter consigo alguém que corrija, que diga que não, que seja competente. O Mário Gomes é um extraordinário adjunto. Aliás, ele é um treinador principal que faz o favor de trabalhar comigo. Ele possui qualificações excepcionais ao nível da organização. Eu, pelo contrário, não sou pelos papéis, nem pelos computadores. Preciso de pessoas que me ajudem nessas áreas. O Mário é simplesmente imbatível nessas competência. O Ivan Kostourkov, o outro adjunto que me vai auxiliar na Selcção, também domina a informática, os vídeos e o scouting. E já que falo nele devo dizer que, por princípio, defendo que os membros da equipa técnica da Seleção devem ser portugueses. Só que o Ivan também já é português. E comigo as pessoas só entram se forem competentes. Ele tem muito mérito. Já há algum tempo que acompanho o seu trabalho e sei que ele tem grande futuro à sua frente.

Deixando de lado o basquetebol, que outras modalidades aprecia?
Pedro Canário, Ferragudo


Gosto de desporto no geral e tenho os meus ídolos, os desportistas ou as equipas por quem torço. Roger Federer e Michael Schumacher são dois deles. Sempre que algum dos meus favoritos abandonam 'retiro-me' algum tempo da modalidade, até adoptar outro preferido. No ténis, por exemplo, antes do suíço era fá do Sampras. Na NBA sou adepto dos Lakers e do seu técnico, o Phil Jackson, um verdadeiro génio. Não tenho dúvidas que a equipa se vai afundar com a sua saída. Mas, resumidamente, no desporto 'vou a quase todas'. No futebol, atualmente, sou um apaixonado pelo Barcelona. Essencialmente por não conseguir compreender como é que se faz aquilo num desporto coletivo, como é que se atinge praticamente a perfeição, como é que se consegue evoluir quando já se está em patamares tão elevados.

Se tivesse chegado à Selecção Nacional há uns anos, quando existiam mais jogadores de qualidade (Paulo Simão, Luís Silva, Carlos Seixas, Alexandre Pires, Raul Santos, Rui Santos e outros), seria mais fácil conseguir resultados importantes a nível internacional?
João Pereira, Braga

Essa geração não é melhor que esta, logo não era mais fácil. A atual não é inferior. Diferente era a do Carlos Lisboa. Quem me dera que ele pudesse jogar. Já lhe disse, em tom de brincadeira, para se ir preparando e aparecer no dia do arranque dos trabalhos...

Vai ser diferente estar no banco a ouvir o hino nacional em vez dos hinos de Angola e da Jordânia?
Rui Horta, Guimarães


Terá uma carga emocional diferente, naturalmente. Sempre tive um imenso respeito pelo hino das selecões que orientei, mas Portugal não é a mesma coisa, é o meu país.

http://www.record.xl.pt/Modalidades/Basquetebol/interior.aspx?content_id=691718

Mishkin

ENTREVISTA DOS LEITORES (PARTE 3)

Assumido benfiquista, o treinador que vai tentar levar Portugal ao Europeu deste ano refere que, consigo ao leme, não existirão clubes na Seleção. E garante que toda a gente, oriunda dos mais diversos emblemas, trabalhará com o único objetivo de ajudar o país a vencer.

Pensa que o facto de ter um passado de forte ligação ao Benfica, e de nunca ter escondido que era adepto do clube, pode prejudicar a sua relação com alguns clubes, nomeadamente o FC Porto?
José António, Cantanhede


Não, de maneira alguma! Eles sabem que sou benfiquista desde pequeno. No entanto, no basquetebol não tenho clube, sou apenas um profissional a tentar fazer o seu trabalho. Quero ganhar, esforço-me para que a minha equipa seja sempre a melhor, que conquiste os títulos, independentemente de estar à frente do Benfica, do FC Porto ou de outro clube qualquer. Todos os que me conhecem têm essa noção. Não tenho receio nenhum dessa situação e só posso dizer que na Seleção não existirão clubes. Trabalharemos juntos em prol do país.

Todos sabemos que tem imenso jeito para o basquetebol. E quais são as áreas que considera não ter a mínima aptidão?
Rui Fernandes, Seixal

Não tenho jeito para os desportos individuais. Natação e ginástica, por exemplo, eram um problema quando estudava. Já as modalidades coletivas não constituíam qualquer dificuldade. Joguei quase tudo, sendo que o basquetebol e o futebol foram as mais sérias. Poucos sabem, mas cheguei a alinhas nas duas equipas do Benfica de Luanda. E posso dizer que tinha capacidade para enveredar pelo futebol. Provavelmente, hoje, teria mais dinheiro. Enfim, tudo seria diferente.

Já imaginou a sua vida sem o basquetebol? Que profissão gostaria de ter se não fosse treinador profissional?
Paula Cruz, Olhão


Não sei o que teria acontecido se não tivesse feito esta aposta, mas posso dizer que gostaria de ser pintor. Não de janelas, com todo o respeito, mas de alto nível. Ou então fotógrafo, algo relacionado com as artes. Tenho esse fascínio, pois não compreendo como se conseguem fazer determinadas coisas e gostaria de saber.

É verdade que se zanga quando o apelidam de "Mourinho do basquetebol"?
João António, Castelo Branco

Não, pois eu apareci primeiro! Não há comparação entre basquetebol e futebol. Ele é um fora de série e vai continuar a ter um sucesso extraordinário. Mas, naturalmente, somos diferentes. Cada um tem a sua maneira de ser e de dirigir, embora em muitos aspectos até possamos encontrar características similares. Em resumo: sou mais velho e já tenho 70 títulos. Estou à espera que alguém faça um levantamento para perceber se há comparação com o registo de outros técnicos e gostava de ver mais gente chegar a essa fasquia.

Continua convicto de que o Benfica, nos anos 90, não esteve assim tão longe da possibilidade de ser campeão europeu de basquetebol?
Carlos Bernardes, Elvas

Nunca estivemos assim tão perto. Aproximámo-nos imenso, é verdade, mas ainda faltava um bocado. Com o investimento que tínhamos era praticamente impossível. A diferença do dinheiro era impensável. Mas foi uma pena que, nessa altura, não tivéssemos um campeonato mais competitivo. Só jogando regularmente com os melhores se pode atingir o nível da elite. E nós estivemos, de facto, relativamente perto dos colossos da Europa.

Qual o melhor "cinco" possível entre os jogadores que já orientou ao longo da carreira?
João Silva, Paredes


É difícil responder a essa pergunta, pois tenho tido a sorte de orientar jogadores de enorme qualidade. Sem querer ferir as susceptibilidades de ninguém, creio que o Carlos Lisboa e o Jean Jacques seriam os únicos com lugar garantido. Depois, teria muitas outras opções de qualidade. Só para a posição de base lembro-me de Pedro Miguel, Arcega e Miguel Lutonda. Depois, para as posições 3 e 4 também teria várias opções. Wayne Engelstad, Flávio Nascimento (o melhor defensor), Juan Barros, etc. E o Abas, da Jordânia, tem um potencial fora de série. E ainda conseguiria reunir mais uns quantos com uma capacidade acima da média.

Há gente que o define como alguém com "personalidade muito vincada", com um "feitio complicado", mas outros dizem exactamente o contrário, que se trata de alguém "simpático, comunicativo". Como é que se define?
Fátima Silva, Beja


Quando não estou a trabalhar sou simpático, mas só para as pessoas em que tenho confiança e por quem nutro respeito. Não é para todos. O meu círculo de amigos não é muito grande, mas são todos bons. Em relação às pessoas que não são séria não posso ser amigo delas, não me merecem respeito.

Já se lamentou da falta de tempo que vai ter para preparar a Selecção antes da fase de qualificação para o Europeu. Se fosse possível, quantos dias (ou horas de treino) gostaria de ter, quantos jogos-treino seriam ideais?
Rui Ambrósio, Chaves


Gostaria de ter começado a trabalhar a 1 de agosto de 2010 e de fazer 60 a 70 jogos antes das partidas "a doer"! É óbvio que estou a brincar, mas não sendo possível ter as condições diria que seria muito bom poder disputar 8 a 12 jogos de controlo e ter os atletas à disposição cerca de 2 meses. Mas, sabendo que não será bem assim, faço questão de dizer, desde já, que isso não será razão para arranjar desculpas se as coisas não correrem da forma que todos desejamos. As condições não serão muito diferentes dos adversários. Temos é de aproveitar bem o tempo, trabalhar bem e ganhar.

Treinou jogadores notáveis como Lisboa, Jacques, Pedro Miguel ou Sérgio Ramos. Algum deles podia ter chegado à NBA?
Susana Antunes, Coimbra


Sim, claramente. Revelaram qualidades idênticas ou até superiores a alguns que lá andaram ou andam.

Depois de tanto tempo fora, e mesmo sabendo que vinha com regularidade a Portugal, como é que o encontrou o país?
Pedro Figueiredo, Cacém


Encontrei-o repleto de pessoas desmotivadas, mas onde a culpa é sempre de alguém. Aqui, não há confiança nos outros. Estamos perante uma crise brutal, mas a solução é ir em frente, trabalhar e não apresentar continuamente desculpas para o insucesso. Sem confiança uns nos outros, com a inveja e a mediocridade sempre presente, não vamos conseguir viver melhor.

Se estiver em casa, vê mais facilmente um jogo da NBA, do campeonato universitário norte-americano ou de uma prova europeia?
Fernando Silva, Massamá


Um de uma prova europeia de alto nível. Curiosamente, os modelos de jogo adoptados na Europa são quase todos oriundos das universidades norte-americanas, mas isso não é suficiente. É preciso saber conjugar esses modelos a calendários mais rigorosos, com dezenas e dezenas de jogos por época. Os treinadores europeus têm tido a capacidade de moldar as boas influências norte-americanas. Em relação à NBA, quando chega o playoff é outra coisa. O impacto é diferente e as partidas são, por norma, de grande qualidade.

http://www.record.xl.pt/Modalidades/Basquetebol/interior.aspx?content_id=691721

TeamRocket37

Mário Palma: «A Lisboa nem Ronaldo se compara»
Doze anos depois de ter saído de Portugal, Mário Palma está de volta para treinar a Selecção Nacional de basquetebol. O seleccionador nacional explicou como se tornou num dos técnicos com mais títulos na história do desporto português, traçando ainda várias comparações entre o basquetebol e o futebol. Para ele, na história das modalidades colectivas em Portugal apenas Eusébio é comparável a Carlos Lisboa, o "histórico" que Palma treinou no Benfica.
Doze anos depois de ter saído de Portugal, Mário Palma está de volta para treinar a Selecção Nacional de basquetebol. O seleccionador nacional explicou como se tornou num dos técnicos com mais títulos na história do desporto português, traçando ainda várias comparações entre o basquetebol e o futebol. Para ele, na história das modalidades colectivas em Portugal apenas Eusébio é comparável a Carlos Lisboa, o "histórico" que Palma treinou no Benfica.

Chegou a dizer que encontra semelhanças entre si e José Mourinho. Também se sente especial?
Não me sinto especial. John Wooden, o melhor treinador de todos os tempos em desportos colectivos, tem uma frase: "O talento vem de Deus, a gratidão vem dos homens, e a arrogância vem de nós." E nós devemos aprender com isso. Se há coisa que não tenho, é a arrogância de pensar que sou melhor do que os outros. Chamo-me apenas Mário Palma, faço o meu trabalho de uma maneira profissional e defendo o que faço.

Já conseguiu cerca de 70 títulos. Como explica os bons resultados que tem tido nas equipas por onde passa?
Por ter capacidade de liderança, capacidade de motivação e de comunicação. Por ser sério e por ser justo. Por ter uma filosofia de jogo, por aplicá-la e não fazer cedências no que é importante. E por pôr sempre a equipa que treino acima de tudo.

Fala quase só de características psicológicas. São mais importantes do que as físicas nesta modalidade?
Sem saber liderar, sem ser líder, um treinador não pode ter sucesso. Se não for sério, não pode ter sucesso; se não dominar a área técnica, táctica, física e psicológica do treino, não pode ter sucesso. Há uma série de factores que permite que os treinadores vençam, mas é claro que, sem bons jogadores, é difícil fazê-lo.

Michael Jordan foi o melhor de todos?
Nunca vi nenhum jogador de desportos colectivos fazer aquilo que ele fez.

Jordan era melhor do que é hoje Messi?
[pausa] Não sei. O que Messi faz é absolutamente fenomenal e não é comparável. Estão ao mesmo nível. Jordan fazia tudo com uma beleza... que Messi consegue ter também. Além de serem eficientes, fazem-no com uma beleza estética fabulosa. O Barcelona é, em desportos colectivos, a equipa que mais me impressionou até hoje, porque conseguiu atingir quase a perfeição. É muito difícil superar aquela maneira de jogar, e eu fico altamente surpreendido. Como se chegou àquele nível, àquela qualidade de jogo...

Mas sem Messi...
Pois, mas os Chicago Bulls, sem Jordan, talvez não tivessem sido campeões. Todas as equipas precisam de grandes jogadores. Em Portugal, temos também um jogador que fez coisas extraordinárias, Carlos Lisboa, o melhor basquetebolista português de todos os tempos.

Podemos compará-lo a Cristiano Ronaldo?
A Lisboa nem Ronaldo se compara. Só Eusébio se pode comparar. Lisboa ganhou 14 Campeonatos Nacionais, e não só no Benfica; ele ganhou em todas as equipas onde jogou. Cristiano Ronaldo ainda é muito novo e caminha para aí também, mas Lisboa e Eusébio foram, em termos individuais, os melhores atletas de desportos colectivos que houve em Portugal até hoje.

"A Selecção Nacional de basquetebol é melhor do que as pessoas pensam"
Não há nenhum Carlos Lisboa no actual basquetebol nacional, mas, ainda assim, Mário Palma terá alguns artistas à disposição. "Temos alguns, e quando digo 'artistas' é porque são jogadores que se destacam dos outros. Alguns são atletas com muitos anos de carreira, que já jogaram fora do País e que têm qualidade acima da média. Podem fazer aquilo de que precisamos, que é ajudar a que nos classifiquemos+ para o próximo Campeonato Europeu", afirma o seleccionador, convicto de que Portugal tem uma equipa forte, capaz de atingir o objectivo da qualificação: "A Selecção Nacional é melhor do que as pessoas pensam. Não temos muitos jogadores, mas temos 12/14 com qualidade."

Quatro são as leis

Mário Palma desvendou, a cartilha que tem norteado a sua carreira (de grande sucesso): "Eu tenho quatro regras para uma equipa. A primeira é a de que ninguém está acima da equipa. A segunda é que é preciso estar a horas nos treinos. Em terceiro lugar, dar o máximo nas quatro linhas tanto nos treinos como nos jogos; quando acabamos os jogos, saber que demos o máximo. Se demos o máximo - e não podemos mentir a nós próprios -, então sabemos que tivemos sucesso. A última é não embaraçar ninguém, não tomar nenhuma atitude que, por razões diversas, possa embaraçar os colegas, a federação, os treinadores, enfim. E com essas quatro regras muito simples, treinamos uma equipa."

"Eu sou o líder... eu tomo as decisões"
Com fama de ser "durão", Mário Palma concorda, pelo menos, que é um treinador exigente. "Não sou duro, mas sou exigente. Se me quiser definir, sou uma pessoa altamente exigente. Comigo, as pessoas têm de trabalhar muito, têm de ser honestas, sérias e ter espírito de sacrifício", afirma, consciente de que nem todas as suas decisões são consensuais: "É preciso perceber que, sendo eu um líder, sou eu que tomo as decisões. E tendo de as tomar, muitas vezes elas não agradam a A, B ou C." Apesar disso, não se considera conflituoso: "Não sou conflituoso, mas também não fujo dos conflitos..."

"Vamos para ficar em primeiro lugar"
Em Agosto, Portugal disputa a série de apuramento para o próximo Europeu, e Mário Palma está confiante.

Portugal vai discutir, com Hungria e Finlândia, dois lugares no próximo Europeu. A Selecção Nacional é favorita?
Não. Hungria e Finlândia são equipas fortes, ao nosso nível. Vamos ver como os jogadores se adaptam à minha filosofia, mas a ideia não é "vamos tentar". Vamos com o objectivo claro de nos apurarmos - e no primeiro lugar.

Ninguém acredita que o Mário Palma tenha voltado a Portugal para um fracasso....
Não se ganham jogos antes de eles se disputarem. Se achássemos que já estávamos apurados, telefonávamos à FIBA e dizíamos: "Nós não precisamos de jogar. Somos melhores e, portanto, retirem-nos desse torneio porque não faz sentido."

Quais são as probabilidades de Portugal não passar?
Não sei, mas uma coisa digo: se não correr bem, só haverá um responsável, que sou eu. Nem federação nem jogadores têm de se preocupar. Ninguém! Quando ganhamos, ganhamos todo; quando perdemos, sou eu que perco. Comigo, é essa a filosofia da Selecção. Fazê-lo é assumir um risco, e assumir riscos é o que um treinador tem que fazer. Assumi-los com coragem e com determinação.

É preciso fazer voltar os melhores à Selecção
Uma das tarefas mais difíceis que Mário Palma terá pela frente é a de tentar que alguns dos atletas mais conceituados voltem à Selecção. "Trazer os melhores é o problema fundamental", diz, apostado em "motivar esses jogadores para voltarem". Palma não se refere a nomes, garantindo que só os anuncia depois do play-off. "É para não interferir nos clubes, porque alguns que percebam que não serão chamados podem ter recaídas mentais."

De qualquer forma, nomes como Nuno Marçal (FC Porto) ou Sérgio Ramos (Benfica) estarão decerto entre os que pretende voltar a ter na Selecção...