Sport Lisboa e Benfica - Futebol Feminino 2018/2019

Mikeslb1904

Então tratem de assegurar que os direitos televisivos são,  integralmente,  propriedade do Benfica. 

E devia ser igual em todas as modalidades do clube. 

Quanto é que se recebe pelos jogos de futsal e de outras modalidades que passam nas televisões? 

Antes de mais os nossos interesses têm de ser assegurados.  E não me venham com sustentabilidade dos campeonatos e outros quejandos...

Theroux

Citação de: Black Panther em 03 de Julho de 2017, 22:23
Eu sou a favor do Futebol Feminino no Clube,
mas não agora com o Passivo astronómico que temos, um dia mais tarde se nos livrarmos dele ( i'm being super optimistic)

A criação da secção não teria qualquer impacto nas contas.

Citação de: acns em 03 de Julho de 2017, 15:22
https://mycujoo.tv/ch/436?vid=39976

Bastava pegar na equipa de futebol 7 que aparece no vídeo e anunciar que passava a ser de 11. Depois era só continuar a formar até chegarem aos seniores.

Eagle Heart

Citação de: acns em 03 de Julho de 2017, 15:34
Citação de: Trezeguet em 03 de Julho de 2017, 15:28
Citação de: acns em 03 de Julho de 2017, 15:22
Não percebo isto...

https://mycujoo.tv/ch/436?vid=39976
grande golo. mas acho nem elas entendem
Mas o que não entendo é o porquê de termos miúdas nas escolas, ao ponto de como se vê no vídeo formarmos equipas, mas não temos projecto nenhum.

Isto foi no campo do Dramático de Cascais.

Theroux

O Braga vai ter uma equipa B.

Excelente projecto, um exemplo.

Bethinho

sporting contratou a Ana Leite,avançada da selecção,que jogava no Leverkusen.

Eagle Heart

Citação de: Bethinho em 05 de Julho de 2017, 18:30
sporting contratou a Ana Leite,avançada da selecção,que jogava no Leverkusen.

Fdx.
O Smerding anda a contratar tudo o que é miúda que joga na selecção.
Mas a questão é, contratou ou é empréstimo?
E elas vem de uma liga e de clubes onde são profissionais para uma liga ainda amadora?
Tão cheios da dinheiro os lagartos.
Isto não pode continuar assim. Os lagartos tao a ser o pior eucalipto. Por este andar ainda vao dar cabo do futebol feminino em vez de ajudar.

Theroux

Citação de: Bethinho em 05 de Julho de 2017, 18:30
sporting contratou a Ana Leite,avançada da selecção,que jogava no Leverkusen.

E a Ana Borges rescindiu com o Chelsea e vai continuar. Excelente jogadora.

Eagle Heart

Citação de: Theroux em 06 de Julho de 2017, 00:46
Citação de: Bethinho em 05 de Julho de 2017, 18:30
sporting contratou a Ana Leite,avançada da selecção,que jogava no Leverkusen.

E a Ana Borges rescindiu com o Chelsea e vai continuar. Excelente jogadora.

Ela estava por empréstimo?

MightyEagle


pirolito1

Citação de: Eagle Heart em 05 de Julho de 2017, 23:57
Citação de: Bethinho em 05 de Julho de 2017, 18:30
sporting contratou a Ana Leite,avançada da selecção,que jogava no Leverkusen.

Fdx.
O Smerding anda a contratar tudo o que é miúda que joga na selecção.
Mas a questão é, contratou ou é empréstimo?
E elas vem de uma liga e de clubes onde são profissionais para uma liga ainda amadora?
Tão cheios da dinheiro os lagartos.
Isto não pode continuar assim. Os lagartos tao a ser o pior eucalipto. Por este andar ainda vao dar cabo do futebol feminino em vez de ajudar.
Estao a fazer o que tem de fazer, a construir a melhor equipa possivel. E' assim que se continua a ganhar e se obtem resultados internacionais decentes.

Isso do secar tudo à volta é uma treta. No hoquei feminino se nao tivessemos ido buscar as melhores jogadoras nacionais Portugal tinha 0 equipas campeas europeias, assim tem uma e somos nos. (Claro que o Sporting nao vai ser campeao europeu, mas esta' a fazer bem o seu trabalho.)

Eagle Heart

Citação de: pirolito1 em 06 de Julho de 2017, 09:09
Citação de: Eagle Heart em 05 de Julho de 2017, 23:57
Citação de: Bethinho em 05 de Julho de 2017, 18:30
sporting contratou a Ana Leite,avançada da selecção,que jogava no Leverkusen.

Fdx.
O Smerding anda a contratar tudo o que é miúda que joga na selecção.
Mas a questão é, contratou ou é empréstimo?
E elas vem de uma liga e de clubes onde são profissionais para uma liga ainda amadora?
Tão cheios da dinheiro os lagartos.
Isto não pode continuar assim. Os lagartos tao a ser o pior eucalipto. Por este andar ainda vao dar cabo do futebol feminino em vez de ajudar.
Estao a fazer o que tem de fazer, a construir a melhor equipa possivel. E' assim que se continua a ganhar e se obtem resultados internacionais decentes.

Isso do secar tudo à volta é uma treta. No hoquei feminino se nao tivessemos ido buscar as melhores jogadoras nacionais Portugal tinha 0 equipas campeas europeias, assim tem uma e somos nos. (Claro que o Sporting nao vai ser campeao europeu, mas esta' a fazer bem o seu trabalho.)

Isso a nivel europeu é tudo muito bonito e afins.
Mas a nivel interno vai abrir um grande fosso.
Corre-se o risco de a competitividade cair. E passar a existir sempre os mesmos cronicos campeões.
Verdade que sempre houve no feminino, que outra forma se explica os 11 anos do 1º de Dezembro como Campeão Nacional.
Eu quero que Benfica entre nisto e que seja Campeão. Mas não quero ver sempre os mesmos. Benfica Campeão mas com outras equipas a darem luta, para não serem sempre os lagartos.
Quero o Benfica a dominar. Mas mesmo que não possa ser sempre Campeão, o que digam o que disserem nunca o será por mais que o queremos. Mas prefiro que seja mais vezes campeão. Com os lagartos a terem uma grande seca e com outras equipas a alternarem de ano a ano ou de 2 ou 3 anos com o Benfica a ser Campeão.
Campeão sim mas num campeonato que de luta. Dá mais piada assim do que saber à partida que ja se vai ser campeão.
Para nesta etapa inicial a Federação deveria colocar um numero limite de jogadoras nos planteis e um limite ao numero de jogadoras que se contracta. Algo que impeça equipas como o Zmerdig de contratar tudo o que é jogadora profissional ou semi ou de selecção e cave já esse fosso entre eles e as restantes equipas do país.
Acima de tudo assegurar um campeonato competitivo com muitos jogos bons entre varias equipas. E não um constante atropelo a todas as equipas. Assim não existira equipas que resistam durante muito tempo.
Mas isto nos lagartos acontece porque eles, não tem formação e é aí que o Benfica iria ganhar.
Apostar em formação. Formar jogadoras da casa em vez de ir caçar de forma abusiva em outro lados. Basicamente ser aquilo que orgulhosamente estamos a ser n futebol masculino e durante anos os viscondes do Lumiar se gabaram. Com a diferença de que o Benfica aposta na formação e ganha e eles não.

Theroux

Citação de: Theroux em 08 de Junho de 2017, 23:24


Spoiler






Enorme Boavista, a mãe do futebol feminino em Portugal.

E grandes mulheres, mais de 30 anos à frente do seu tempo. Noutras alturas também o Sport Lisboa e Benfica esteve. Onde andam as benfiquistas com sangue na guelra? Outros tempos, menos PRECários...
[fechar]

Selecção feminina, a história de uma vida interrompida.

A pouco mais de uma semana da estreia de Portugal no Campeonato da Europa, o PÚBLICO revisita, pela voz de três das protagonistas, os primeiros dias da equipa nacional, no início da década de 1980.

A folhear um álbum de memórias, a empunhar um par de luvas antigas ou a forçar uma camisola da selecção que quase já não reconhece o corpo, todas elas se debatem, 36 anos depois, com uma dúvida que nunca terá resposta: o que seria hoje do futebol feminino português se não tivesse sido travado por aquele hiato de uma década? Até onde teria chegado uma geração de jogadoras que, contra ventos de preconceitos e marés de longas jornadas de trabalho, começou a escrever a história numa folha ainda em branco? Foi a esse passado de uma equipa de pioneiras que o PÚBLICO regressou, à procura das raízes de um projecto que, entre intervalos e solavancos, terá o seu ponto alto dentro de dez dias, com a estreia de Portugal num grande torneio internacional.

Alfredina Silva, Gena e Paula Lessa. Três rostos dos 16 que, naquele 24 de Outubro de 1981, deram pela primeira vez a conhecer a selecção portuguesa além fronteiras. Três rostos de atletas nas horas vagas que desbravaram um caminho pedregoso, avançando, destemidas, rumo ao desconhecido. Eram outros tempos. Trinta e seis anos no calendário do futebol é uma eternidade, especialmente num período em que as diferenças para a Europa das grandes potências (desportivas e económicas) eram tão profundas que não restava a Portugal mais do que tentar desafiar as probabilidades.

Foi em Le Mans que a selecção feminina se estreou, 60 anos depois do primeiro pontapé na bola da homóloga masculina. Pela frente, estava nada menos do que a França, campeã do mundo em título, em rota de preparação para o Campeonato da Europa e à espera de um adversário à medida das suas necessidades. O jogo era particular, mas apenas para as anfitriãs. Para Portugal, a estreia seria sempre a doer. Independentemente das provocações do seleccionador rival, da sobranceria gaulesa e das expectativas rasas com que a generalidade dos adeptos olhava para o encontro, as portuguesas tinham viajado para competir. Ponto.

"Eu tinha 17 anos, queria era jogar", sorri Alfredina, com os braços pousados sobre uma colecção de recortes de jornais da época que atestam muito do que dirá ao longo da hora de conversa que se seguiu. "Lembro-me de que foi com surpresa que recebi a convocatória, estava a jogar no Leixões. Não tinha uma perspectiva do que poderia ser a selecção, por isso foi com curiosidade que integrei os treinos. Tive oportunidade de treinar sempre em relvado, duas vezes por dia, de estar em estágio a preparar unicamente aquele jogo".

Para a médio/extremo que mais tarde se destacaria no Boavista, era tudo novo. E o mesmo pode dizer-se não só em relação às companheiras de equipa, mas também no que respeita ao treinador e ao seleccionador (sim, porque à época as competências dividiam-se), José Pacheco e Sousa Ribeiro, respectivamente. Talvez por isso, porque se tratou quase de um projecto de emergência, de uma equipa constituída em cima do joelho – o próprio técnico assumiu ter sido apanhado de surpresa – a escolha tenha recaído sobre uma armada que marchava exclusivamente a Norte, com oito atletas "axadrezadas", cinco do Coelima, duas do Leixões e uma do Foz.

"Basearam-se um pouco mais no Boavista, porque internamente era a equipa mais forte. E no seu todo acho que até funcionava melhor assim, porque era um grupo muito coeso. Nós já conhecíamos as movimentações das colegas, sabíamos que quando avançávamos tínhamos cobertura nas costas e isso fez um pouco de diferença", interpreta Paula Lessa, médio de vocação ofensiva que também fez carreira no Bessa e que, aos 20 anos, se via na iminência de representar o país.

O "poder físico" francês

Adversárias frequentes ou companheiras de equipa ao serviço dos clubes, o grau de familiaridade dentro daquele balneário chocava com a incógnita em volta do contexto que iam enfrentar. Os serviços mínimos estavam garantidos — "A nível de material de jogo e de treino, a federação dava-nos tudo" —, a viagem para França correu como previsto, era preciso agora lidar com a ansiedade pré-competição: "Na noite antes desse jogo, fiquei com a Alice [que foi titular na baliza] no quarto. Ela era uma pessoa muito calma, mas nesse dia estava um pouco nervosa. E eu dizia-lhe: 'Não te preocupes, vai correr bem'. Eu estava descontraída, porque depois da palestra do treinador sabia que não ia jogar, por isso estava impecável. E lembro-me de ela estar a fumar cachimbo para descontrair e de falarmos sobre como ia correr", recorda Gena, guarda-redes que integrou a convocatória com 17 anos, depois de ter brilhado ao serviço do Foz, por empréstimo do Boavista.

Quando a equipa subiu ao relvado do Estádio Municipal de Le Mans, perante 1508 adeptos, percebeu finalmente ao que ia. E o que mais saltava à vista na selecção francesa era, nas palavras de Gena, "a envergadura física". "Elas tinham atletas com grande poder físico", corrobora Alfredina. "Notávamos uma diferença de andamento, principalmente na condição física, porque a maioria das atletas eram trabalhadoras e isso roubava-nos tempos para nos prepararmos", desenvolve Paula Lessa.

O poderio da França tinha sido construído à base de um quadro competitivo estável e organizado, de um regime de preparação mais rigoroso e de uma experiência internacional acumulada. De um lado, estava um país com cerca de 10.000 futebolistas no feminino. Do outro, um "outsider" com pouco mais de 400 praticantes, com um manancial de mão-de-obra tão curto que atletas com 12 anos já integravam equipas de seniores. As forças em litígio eram desiguais, mas o encanto do futebol reside justamente nessa possibilidade permanente de questionar a lógica.

"Tudo aquilo era novo para nós, mas não foi isso que nos assustou. Podiam existir todas as diferenças do mundo que queríamos era jogar. Essa atitude e esse talento natural que existe na jogadora portuguesa, tudo isso levou a que se encarasse o jogo unicamente com o prazer de jogar", destaca Alfredina, dispondo em cima da mesa os argumentos que Portugal apresentou: "Nós tentávamos combater essa realidade com o jogo de pé para pé, com circulação de bola, e elas foram um pouco surpreendidas por essa forma de abordarmos o jogo".

Tão surpreendidas que, apesar de apresentarem "uma linha defensiva muito alta", que anulou por completo o jogo aéreo português, não foram capazes de chegar ao golo. Portugal também não e uma partida que as francesas encaravam como uma oportunidade para olearem a máquina redundou num empate, que deixou meia Europa de boca aberta e que "forçou" Francis Coché, o seleccionador gaulês, a reconhecer a "inesperada" qualidade das rivais.

Seria injusto falar em desleixo na preparação. Desconhecimento talvez seja a palavra mais apropriada. Numa década em que a informação viajava bem mais devagar do que nos dias que correm, a percepção que existia fora de portas sobre a real valia do futebol português convidava a surpresas desta envergadura. Uma selecção de estreantes a bater o pé às campeãs mundiais, com várias jogadoras formadas à base das exigências da rua: "Muitas de nós, no início, jogávamos com rapazes e, nesse contexto, ou éramos competentes ou íamos para a baliza", aponta Alfredina.

"Arrumar com o projecto"

Portugal acabava de passar com distinção o teste da sobrevivência. Pareciam lançadas as bases para um projecto de futuro, mais estruturado e ambicioso. Afinal de contas, a matéria-prima estava lá — e uma vontade indómita também — e o momento parecia perfeito para recuperar o tempo perdido para as locomotivas do futebol europeu. Puro engano.

A esse embate seminal seguiu-se a fase de qualificação para o Europeu de 1984. Pelo meio, num particular a 6 de Fevereiro de 1983, disputado em La Guardia, a defesa central São Tato — "Ela tinha um remate como eu nunca vi; uma vez torceu-me um pé só com a força do pontapé dela", ilustra Gena — faria o primeiro golo de sempre da selecção feminina, frente a Espanha. Mas o saldo de dois empates e quatro derrotas na fase de apuramento terá refreado os ânimos na federação. O último jogo dessa caminhada ocorreu em Junho do mesmo ano, no Bessa, frente à Itália. E foi o último jogo de uma geração.

É aqui que entramos na carruagem dos porquês. "Não havia um projecto concertado para se aproveitar esse momento da selecção e dar um impulso importante ao futebol feminino. Depois de 1983, a Federação Portuguesa de Futebol acabou com a selecção nacional feminina e só recomeçou em 1993. Nesses 10 anos, ficámos numa situação de não evolução", descreve Alfredina Silva, que nas duas últimas épocas treinou a equipa feminina do Boavista e conhece como poucas os bastidores da modalidade.

Desilusão, tristeza, é relativamente fácil descrever o estado de espírito que se apoderou então das jogadoras. O que não é fácil é encontrar uma razão sólida para este abandono de um projecto empurrado abruptamente para o chão quando ainda dava os primeiros passos. Cada uma das atletas tem uma interpretação e Gena, que hoje se divide, desportivamente, entre a natação e alguns jogos "de velhas guardas", apresenta a sua: "Nunca quiseram gastar dinheiro com o futebol feminino. Se calhar pensavam que, como éramos tão boas cá dentro, chegávamos lá fora e ganhávamos aquilo a brincar. Não ganhámos e decidiram arrumar com o projecto", aponta, lamentando que o fenómeno tem sido tão "menosprezado" durante tanto tempo.

Afinal, as pressões realizadas por algumas das jogadoras do Boavista no final da década de 1970, com um abaixo-assinado à mistura, enviado para os clubes e para a federação, no sentido de ser constituída uma selecção nacional, tinha tido um resultado efémero. Na altura, explicava então a capitã Fátima Azevedo (citada pela imprensa desportiva), o organismo que tutelava o futebol nacional limitou-se a ignorar a solicitação das atletas.

Uma oportunidade perdida

Foi só quando a federação francesa, aparentemente impressionada pela capacidade do Boavista nos torneios realizados extramuros, endereçou um convite à homóloga portuguesa para um encontro de preparação, que se avançou para uma convocatória apressada da primeira selecção. Tão apressada como a decisão de voltar a interromper um ciclo que se anunciava promissor.

"Nunca percebi bem aquela paragem tão grande. É daquelas coisas que pouco falamos entre nós. O facto de não haver um número razoável de equipas para formar um campeonato nacional, se calhar não contribuiu para que a federação apostasse mais no futebol feminino. Mas é uma opinião, nunca me debrucei muito sobre isso, não tenho uma resposta", avança Paula Lessa, que no total cumpriu três jogos com a camisola de Portugal, num contexto de muitas alterações e mexidas no "onze" em que sublinha "o cuidado do seleccionador de dar oportunidades a muitas das atletas".

Foi uma década completa de intervalo. Uma interrupção tão longa que leva as protagonistas de outrora a perguntarem-se como teria sido se Portugal não tivesse ficado tão para trás na corrida. "Acredito que teríamos chegado lá [à fase final do Europeu] mais cedo. Foi um trabalho que ficou sem continuidade. Perdeu-se uma oportunidade de preparar a sucessão, porque o Boavista tinha excelentes jovens jogadoras, para lá da nossa geração. Foi uma pena terem parado", lamenta.

Este é um ponto de vista que combina na perfeição com o de muitas das colegas de então, com Alfredina à cabeça. "O feito que a selecção nacional alcançou agora, de estar presente num Europeu, foi muito importante, de facto, e eu pergunto se não tivesse acontecido este interregno, se não podíamos ter participado mais vezes em fases finais".

Vídeo: https://www.publico.pt/2017/07/06/desporto/noticia/seleccao-feminina-a-historia-de-uma-vida-interrompida-1778120

A mentalidade a mudar e as oportunidades a crescerem.

Em mais de três décadas, foram criadas as condições para um salto em frente. Agora, falta a continuidade na aposta e no investimento. E falta o Benfica.

Um segundo lugar, atrás da Espanha, na fase de qualificação para o Europeu de 2017, valeu a Portugal a presença no play-off. Depois, diante da Roménia, um duplo empate acabou por ser suficiente (prevaleceu o 1-1 alcançado em Cluj-Napoca) para o baptismo de voo da selecção nacional em grandes torneios internacionais. Quando a prova arrancar, no dia 16 de Julho, terão passado 36 anos sobre a estreia absoluta da equipa portuguesa. E muito mudou de então até hoje, a começar pelo número de atletas federadas: de perto de 400 passou-se para 3790.

Alfredina Silva, com um percurso de múltiplos desafios no futebol (conjugado com a função de professora de Educação Física), traz-nos esse olhar transversal sobre uma modalidade que aos poucos se foi desempoeirando. "Em termos de condições, dessa época para agora, há uma diferença nos espaços físicos. Hoje é obrigatório jogar em relvados e isso permitiu uma evolução na qualidade das jogadoras. Alterou-se também o número de jogos por época, com o aparecimento de mais clubes. E o facto de termos várias selecções em actividade proporciona momentos importantes de evolução e de motivação", elenca.

Essa evolução é também palpável quando olhamos para o lote de convocadas do seleccionador Francisco Neto para o Europeu que se avizinha. Das 25 futebolistas escolhidas, nove jogam fora do país e algumas regressaram recentemente, fruto do investimento que Sporting e Sp. Braga fizeram na modalidade. Um sinal positivo, no entender de Gena, ao qual é preciso dar continuidade.

"Os clubes não apostam muito na formação. Querem logo fazer uma equipa sénior, já formada. Querem formar uma equipa para ganhar no imediato. Se correr bem, o investimento continua, se correr mal, acaba", aponta a antiga guarda-redes, que viu a carreira atalhada pela ameaça de um coágulo, depois de ter sofrido dois traumatismos cranianos — um dos quais ao serviço de Portugal, frente aos EUA. "Se têm o exemplo do futebol masculino, porque é que não aproveitam?", questiona.

"Éramos tão criticadas..."

A década de 1980 foi, a todos os títulos, marcante para o futebol feminino. Para além dos primeiros passos da selecção, arrancou em 1984 o campeonato nacional, sob a designação de Taça Nacional. A partir de então, houve sempre quadro competitivo, ainda que abundassem arestas para limar. Algumas de índole cultural, que só o tempo seria capaz de ir aplainando.

"Nós éramos tão criticadas e isso também me aborrecia bastante... Aqueles comentários que ouvíamos dentro de campo, as críticas vindas da assistência, das pessoas que iam aos estádios só para criticar", aponta Gena. "Havia homens e mulheres que iam ver os jogos por curiosidade e ouvíamos coisas do género: 'Ide lavar a loiça, ide para casa'. Mas aos poucos fomos notando uma evolução e mais respeito", confirma Paula Lessa.

Eram dias difíceis, de trabalho duro e currículos desportivos construídos à custa de horas roubadas ao sono. Eram dias em que, na ausência de um técnico de guarda-redes, as atletas ficavam no fim do treino a fazer trabalho extra. "Cheguei a sair dos treinos às 00h, 00h30 e, nessas alturas, era o treinador que ia levar-nos a casa", conta Gena. Eram dias em que Paula Lessa se levantava às 5h para apanhar três autocarros e entrar ao serviço às 7h, na fábrica. "E os nossos treinos eram depois dos juniores, à noite, o que significa que acabavam quase às 22h. Isso contribuiu um pouco para a minha saturação", acrescenta.

A própria metodologia do treino também sofreu um upgrade, com a carga física a perder peso na relação que estabelece com a dimensão táctica do jogo. "Hoje temos a componente da táctica a liderar todo o processo e essa é uma grande diferença", reforça Alfredina, que entre sorrisos acrescenta uma curiosidade de outra natureza: "Lembro-me que tinha muita dificuldade em encontrar chuteiras. As primeiras botas de marca que tive foi quando fui a França jogar e comprei lá".

Organização vs improviso

Esse é o tipo de obstáculos que nenhuma das actuais jogadoras da selecção enfrenta. Assim como não têm de "fechar os olhos" quando cabeceiam a bola em dias de chuva, um pesadelo nos tempos das bolas de couro, cosidas à mão.

O trabalho de bastidores da Federação Portuguesa de Futebol, hoje um exemplo de organização a vários níveis, contribui para que as atletas se concentrem exclusivamente no treino e na competição e Gena espera que esta oportunidade sirva para impulsionar de vez a modalidade. "Esta geração é bastante razoável e Portugal tem um grupo no Europeu em que pode fazer boa figura [defronta Espanha, Escócia e Inglaterra]. Mas se não aproveitarem a formação, este trabalho cai em saco roto".

Por todas as razões, há um caudal de expectativas maior a rodear a prestação desta versão da selecção. "Agora já têm mais estágios, fazem um Mundialito, há jogos particulares. No nosso caso, foi quase um improviso e o tempo de preparação foi muito curto", expõe Paula Lessa, num misto de lamento e saudosismo, que encerra com uma certeza. "Com as oportunidades que elas têm agora, uma pessoa nem olhava para trás".
___

É uma história portuguesa, com certeza. Honra seja feita às pioneiras.





Com ou sem Benfica, o futuro é risonho.

Theroux

Convocatória final para o Euro

Guarda-redes
Rute Costa (SC Braga)
Patrícia Morais (Sporting SAD)
Jamila Martins (CF Benfica);

Defesas
Carole / Matilde Fidalgo (Sporting CP)
Mónica Mendes (FC Neunkirch)
Sílvia Rebelo (SC Braga)
Raquel Infante (sem clube)

Médios
Andreia Norton / Dolores Silva / Mélissa Antunes / Vanessa Marques (SC Braga)
Cláudia Neto (Linköpings FC)
Amanda da Costa (Boston Breakers)
Tatiana Pinto / Fátima Pinto (Sporting SAD),

Avançadas
Ana Leite / Ana Borges / Diana Silva (Sporting SAD)
Carolina Mendes (Grindavik FC)
Jéssica Silva / Laura Luís (SC Braga)
Suzane Pires (Santos FC)
_________________
Braga 8.
Sporting 7.

Boa sorte!

abiq

O Benfica deveria ter equipas femininas e masculinas nos seguintes desportos:

Futebol
Futsal
Hóquei em Patins
Basquetebol
Andebol
Vóleibol
Rugby
Atletismo
Natação
Pólo Aquático
Ténis de Mesa


Umas mais importantes que outras, umas mais profissionais que outras, umas começando apenas pelas camadas jovens outras logo pelo plantel sénior.

Mas este tem que ser o caminho. Está aí um misto de: 1) desportos importantes do ponto de vista nacional; 2) desportos históricos de um ponto de vista nacional; 3) desportos importantes de um ponto de vista olímpico;

Depois deveria fazer tudo e mais alguma coisa para melhorar a imagem do Futsal e Hóquei em Patins no plano internacional, sobretudo a nível olímpico.

Eu sei que falta dinheiro e matéria prima em Portugal, mas numa primeira fase seria sempre com o interesse de fomentar a prática desportiva e desenvolver os desportos. Tanto nos homens como nas mulheres.

Depois lá virão os títulos e as medalhas.


Eu organizaria os desportos de acordo com a seguinte hierarquia, sendo indiferente se é masculino ou feminino:


Tier 1: Futebol

Tier 2: Futsal, Hóquei em Patins,

Tier 3: Andebol, Atletismo, Basquetebol, Vóleibol

Tier 4: Ténis de Mesa, Pólo Aquático, Rugby, Natação



Se quiserem posso alongar sobre o porquê desta divisão, se bem que isto é altamente subjectivo.

abiq

Citação de: Theroux em 03 de Julho de 2017, 22:52

Questão:

Porque é que és tão entusiasta do futebol feminino?

Ideologia política? Queres que o futebol feminino tenha mais projecção que o masculino? Gostas de ver mulheres de chuteiras? Gosto pelo futebol? Gosto pelo futebol especificamente feminino? Convicção de que isso é o melhor para o Benfica?