Luís Filipe Vieira (Presidente)

Presidente, 75 anos,
Portugal

xeriff

Vai cair e vai ser com um estrondo e ainda bem

redglobe

#1027906
Citação de: Tiago Fella em 12 de Junho de 2021, 11:39
Para resgatar o Benfica

Jorge Mattamouros

12 de Junho de 2021, 8:00

Entreguei esta semana, no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, a acção que visa o afastamento de Luís Filipe Vieira da presidência do Benfica. Ponderei longamente esta medida, pois não ignoro a gravidade do gesto. Advogado de profissão e sócio há 27 anos, sei bem que os mecanismos desejáveis para a resolução das divergências no seio do clube são os que passam pelos seus órgãos estatutários.

Comecei a frequentar as assembleias gerais no Pavilhão da Luz corria o tempo de Manuel Damásio; com 16 anos, não tinha ainda direito a votar. Nessa época, foi pela via associativa que conseguimos impedir mudanças estatutárias abusivas e projectos de SAD nocivos. Lembro também as várias eleições, e sobretudo a mais viva de todas as campanhas, quando nós, os sócios, afastámos Vale e Azevedo, um presidente que ameaçava destruir o clube.

Alguns anos depois, fui viver para os EUA, onde continuei os meus estudos e onde hoje trabalho. Passei a viver o Benfica à distância, com a especial intensidade do emigrante. Lá fora, o Benfica é uma forma de estarmos mais perto de casa. Talvez também por isso, nestes últimos anos, tenha aumentado a minha preocupação ao ver a falência moral e institucional que se abateu sobre a presidência do Benfica. A experiência como advogado em algumas das maiores causas à escala internacional, vezes demais incluindo situações de fraude ou lavagem de dinheiro, reforçou a minha atenção para os problemas actuais do clube.

A rede de interesses, truques e desmandos que se formou no Benfica exibe todos os traços que caracterizam a captura de organizações para benefício pessoal. A confusão de esferas entre Vieira Grande Devedor e Vieira Presidente do Benfica ficou ainda mais patente após a audição de Luís Filipe Vieira pela Comissão Parlamentar de Inquérito. Escutámos do principal protagonista, em discurso directo, como tanto os contribuintes portugueses quanto os benfiquistas são forçados a suportar o seu colapso empresarial.

Entendo, por isso, que o Benfica corre hoje um risco sem precedentes na história do clube. Sinto que estou acompanhado por muitos benfiquistas na conclusão a que nos leva o presente estado de coisas: o Benfica é o grande lesado de Luís Filipe Vieira e precisa de libertar-se dele com urgência. Não sou eu que o digo, são os Estatutos do Benfica: o Presidente do clube "não pode[], directa ou indirectamente, estabelecer com o Clube e sociedades em que este tenha participação relevante, relações comerciais ou de prestação de serviços, ainda que por interposta pessoa." Violada esta proibição absoluta, a consequência é "a perda automática de mandato e a impossibilidade de candidatura no mandato seguinte."

A urgência de resgatar o Benfica é sentida por todos nós; nenhuma divergência há quanto a isso. Surgem nesta altura várias iniciativas que pretendem enfrentar o impasse democrático em que nos encontramos por via dos mecanismos de auto-governo associativo, como um pedido de assembleia geral extraordinária para auditoria do último acto eleitoral ou a preparação de uma alteração dos Estatutos do clube.

Entendo que estas contribuições de grandes benfiquistas, e outras que possam surgir, são de enorme importância e apoio-as sem reservas. Temo, contudo, que os mecanismos internos não possam já assegurar o respeito pela vontade dos sócios, como comprovaram as eleições de Outubro de 2020 e as suas inúmeras irregularidades, como a ausência de cadernos eleitorais, a recusa de contagem dos votos em urna e a impossibilidade de escrutínio independente do sistema de voto electrónico.

Se eu estiver errado, e os mecanismos internos de governo do clube funcionarem, comprometo-me a retirar a acção que propus no dia seguinte à saída de Luís Filipe Vieira do Benfica. Seria um dia feliz. Mas se eu estiver certo, e a degradação do clube em nome de interesses pessoais perseverar, entendo que a acção que propus é um imperativo de consciência. A acção é contra Luís Filipe Vieira e mais ninguém; a acção é para proteger o Benfica e mais ninguém.

Recuso a ideia de toda esta decadência ser intrínseca ao futebol, ao desporto e ao Benfica. Toda a nossa história o desmente. Só fomos verdadeiramente grandes e ganhadores quando governados por gente que soube viver a elevação de princípios simbolizada pela águia do nosso emblema. Joaquim Ferreira Bogalho, nosso saudoso Presidente, deixou aos que lhe sucederam um sério aviso: "Respeitem sempre o dinheiro do clube. É dinheiro de gente simples e humilde. É esforço de gente pobre que dá porque gosta muito do Benfica. Sirvam-no. Não se sirvam dele!". Esta petição é a minha forma de honrar esse esforço.

Bammmm, baby!

Toca na essência do verdadeiro benfiquismo. Tudo o que os benfiquistas preocupados com o clube, e não em defender o ladrão, está aqui escrito. Lisura, valores e honrar os pergaminhos do clube, tudo isto está por terra no Benfica destes trastes.

Presidentes como o Sr Bogalho, darão voltas na campa pela forma como o clube está a ser vergonhosamente velipendiado.

Sá das Violas30

O pior é que nem se devia exigir o penta... O Benfica estava em condições de ambicionar um hexa...


Almeida92

Citação de: ISO em 12 de Junho de 2021, 12:20
Citação de: RGouveia.SLB em 12 de Junho de 2021, 12:03
Pagar dívidas não vencidas ao Novo Banco e abdicar de um histórico penta com vista à reestruturação da sua astronómica dívida pessoal.

Só esta merda era motivo justificado para ser corrido do Benfica.

Escrevias aqui neste espaço há 15 anos que o Sr. Luis Vieira era o pior que poderia ter acontecido ao Benfica e eras logo corrido.
Dizias isso numa AG e eras acusado de ser do Porco.
Foi preciso uma época de futebol desastrosa para verem isso?
Tens de sair mais do tópico do Corona, as pessoas aqui já vêem isso há muito tempo.

dsdsds44

Tem que ser corrido rapidamente.

Tirou-nos a possibilidade de viver um dos momentos mais bonitos da nossa história: o penta... Bem como os seguintes que não escapariam.

Nojento.

xeriff

Citação de: TFFS em 12 de Junho de 2021, 12:21
Citação de: xeriff em 12 de Junho de 2021, 12:19
Vamos começar a nova época com novo presidente e digo o com uma grande convicção
Infelizmente duvido muito disso.

Estamos em 1972. 1974 está quase a chegar. Infelizmente, ainda teremos que sofrer mais um pouco
temos que acreditar que é possível , nem tudo ainda saiu cá para fora. Esta lapa está quase a sair do nosso clube e pela porta pequena

Volrath

Sabem onde estamos? Portugal...
Vai se fazer barulho, vai se escrever em jornais e 3 dias depois já não se passa nada, vai ficar tudo como está e o NGL ainda vai ganhar mais um mandato depois deste.

hugoPT92

Citação de: Camisola_20 em 12 de Junho de 2021, 12:17
Citação de: hugoPT92 em 12 de Junho de 2021, 12:12
Citação de: Camisola_20 em 12 de Junho de 2021, 12:11
Citação de: hugoPT92 em 12 de Junho de 2021, 12:04
Citação de: Camisola_20 em 12 de Junho de 2021, 12:02
Li agora uma entrevista deste senhor Mattamouros e estou convencido que estamos perante uma pessoa diferenciada e bem preparada.

Não sei que quem está ajudar, mas tenho um palpite. E não, não é João Noronha Lopes.

E se for quem eu estou a pensar, o Vieira esta completamente fodido.

Quem?
Rui Pinto.

Não me parece, os documentos dele não podem ser usados em tribunal.
As vezes nem tem que ser com os documentos dele, mas sim saber a que portas deve ir bater para obter provas legais que sejam possiveis usar em tribunal.

É como saber o plot de um historia, e apenas ter que ir depois ligar as partes.

Uma opção bem melhor seria o Dr. João Correia, esse sim deve saber a podridão toda e foi mais um que abandonou o barco assim meio que do nada.

Ajudas do Rui Pinto a meu ver são mais do que dispensáveis.

Kurt Cobain 10

Citação de: Tiago Fella em 12 de Junho de 2021, 11:39
Para resgatar o Benfica

Jorge Mattamouros

12 de Junho de 2021, 8:00

Entreguei esta semana, no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, a acção que visa o afastamento de Luís Filipe Vieira da presidência do Benfica. Ponderei longamente esta medida, pois não ignoro a gravidade do gesto. Advogado de profissão e sócio há 27 anos, sei bem que os mecanismos desejáveis para a resolução das divergências no seio do clube são os que passam pelos seus órgãos estatutários.

Comecei a frequentar as assembleias gerais no Pavilhão da Luz corria o tempo de Manuel Damásio; com 16 anos, não tinha ainda direito a votar. Nessa época, foi pela via associativa que conseguimos impedir mudanças estatutárias abusivas e projectos de SAD nocivos. Lembro também as várias eleições, e sobretudo a mais viva de todas as campanhas, quando nós, os sócios, afastámos Vale e Azevedo, um presidente que ameaçava destruir o clube.

Alguns anos depois, fui viver para os EUA, onde continuei os meus estudos e onde hoje trabalho. Passei a viver o Benfica à distância, com a especial intensidade do emigrante. Lá fora, o Benfica é uma forma de estarmos mais perto de casa. Talvez também por isso, nestes últimos anos, tenha aumentado a minha preocupação ao ver a falência moral e institucional que se abateu sobre a presidência do Benfica. A experiência como advogado em algumas das maiores causas à escala internacional, vezes demais incluindo situações de fraude ou lavagem de dinheiro, reforçou a minha atenção para os problemas actuais do clube.

A rede de interesses, truques e desmandos que se formou no Benfica exibe todos os traços que caracterizam a captura de organizações para benefício pessoal. A confusão de esferas entre Vieira Grande Devedor e Vieira Presidente do Benfica ficou ainda mais patente após a audição de Luís Filipe Vieira pela Comissão Parlamentar de Inquérito. Escutámos do principal protagonista, em discurso directo, como tanto os contribuintes portugueses quanto os benfiquistas são forçados a suportar o seu colapso empresarial.

Entendo, por isso, que o Benfica corre hoje um risco sem precedentes na história do clube. Sinto que estou acompanhado por muitos benfiquistas na conclusão a que nos leva o presente estado de coisas: o Benfica é o grande lesado de Luís Filipe Vieira e precisa de libertar-se dele com urgência. Não sou eu que o digo, são os Estatutos do Benfica: o Presidente do clube "não pode[], directa ou indirectamente, estabelecer com o Clube e sociedades em que este tenha participação relevante, relações comerciais ou de prestação de serviços, ainda que por interposta pessoa." Violada esta proibição absoluta, a consequência é "a perda automática de mandato e a impossibilidade de candidatura no mandato seguinte."

A urgência de resgatar o Benfica é sentida por todos nós; nenhuma divergência há quanto a isso. Surgem nesta altura várias iniciativas que pretendem enfrentar o impasse democrático em que nos encontramos por via dos mecanismos de auto-governo associativo, como um pedido de assembleia geral extraordinária para auditoria do último acto eleitoral ou a preparação de uma alteração dos Estatutos do clube.

Entendo que estas contribuições de grandes benfiquistas, e outras que possam surgir, são de enorme importância e apoio-as sem reservas. Temo, contudo, que os mecanismos internos não possam já assegurar o respeito pela vontade dos sócios, como comprovaram as eleições de Outubro de 2020 e as suas inúmeras irregularidades, como a ausência de cadernos eleitorais, a recusa de contagem dos votos em urna e a impossibilidade de escrutínio independente do sistema de voto electrónico.

Se eu estiver errado, e os mecanismos internos de governo do clube funcionarem, comprometo-me a retirar a acção que propus no dia seguinte à saída de Luís Filipe Vieira do Benfica. Seria um dia feliz. Mas se eu estiver certo, e a degradação do clube em nome de interesses pessoais perseverar, entendo que a acção que propus é um imperativo de consciência. A acção é contra Luís Filipe Vieira e mais ninguém; a acção é para proteger o Benfica e mais ninguém.

Recuso a ideia de toda esta decadência ser intrínseca ao futebol, ao desporto e ao Benfica. Toda a nossa história o desmente. Só fomos verdadeiramente grandes e ganhadores quando governados por gente que soube viver a elevação de princípios simbolizada pela águia do nosso emblema. Joaquim Ferreira Bogalho, nosso saudoso Presidente, deixou aos que lhe sucederam um sério aviso: "Respeitem sempre o dinheiro do clube. É dinheiro de gente simples e humilde. É esforço de gente pobre que dá porque gosta muito do Benfica. Sirvam-no. Não se sirvam dele!". Esta petição é a minha forma de honrar esse esforço.
https://twitter.com/61Maio/status/1403674306157191174?s=20

IloveSLB2014

Jorge Mattamouros- 2 parte da entrevista ao jornal OJOGO

Recusa ser considerado um testa de ferro de Noronha Lopes para uma futura recandidatura dele?

-Só posso dizer claramente que não e as pessoas com o tempo perceberão se é verdade ou não aquilo que eu digo. Mas digo mais, a minha visão para considerar que esta ação é importante casa com a visão do João, pois há uma comunhão de interesses e objetivos de pessoas que têm estado preocupadas. E essa comunhão é libertar o Benfica de Luís Filipe Vieira. A diferença, que é legítima, é que algumas pessoas pensam que é possível fazê-lo pela via normal, dos órgãos do clube. Acho isso tudo ótimo, a minha diferença é que eu já não acredito nesses mecanismos internos porque todo o clube está capturado, desde a BTV à Direção, à comunicação. Se eu estiver errado, se o caminho deles for suficiente, a minha ação morre porque o problema fica resolvido.


Este processo poderá ter um desfecho antes de terminar o mandato de Luís Filipe Vieira, em outubro de 2024?

-Acredito. Este não é um processo-crime, que demoram sete ou oito anos, é um processo cível, que pode demorar um ou dois anos.

O Benfica prometeu que o autor desta ação "sofrerá todas as consequências patrimoniais e associativas por agredir o Benfica com a única finalidade de se promover". Ficou preocupado?

-De forma alguma. O que eu faço na minha carreira são alguns dos litígios mais mediáticos do mundo nos últimos dez anos, não é atirar postas de pescada, é o que eu faço. É prática comum quando uma das partes está muito nervosa reagir com enorme agressividade, com uma ameaça. Aquilo que vejo, para além de um comunicado em que mais uma vez confunde o Benfica com Luís Filipe Vieira, porque sai em defesa dele, é uma ação que revela preocupação.

A sua ação sustenta-se em parte na liquidação da dívida do Benfica ao Novo Banco e da relação que isso terá tido na reestruturação da dívida pessoal de Luís Filipe Vieira à mesma instituição bancária. Como faz essa ligação?

-O passivo geral do clube não foi reduzido significativamente nesse período, houve alguma redução, mas houve uma amortização total com um banco apenas, o Novo Banco. A utilização de dinheiro do Benfica para pagar dívida do Benfica é obviamente adequada, não tem nada de ilegal. Quando tomo a decisão de pagar dívida bancária a este banco específico porque estou a título pessoal a negociar com ele uma reestruturação, isso é que é o problema. Podem perguntar-me se tenho prova disso, mas respondo que é uma prova por inferência, ninguém irá conseguir mostrar que era essa a intenção que estava na cabeça de Luís Filipe Vieira. A questão é se a prova é ou não suficiente, toda junta, para conduzir à inferência lógica de que houve influência do pagamento das dívidas do Benfica no processo de reestruturação de Luís Filipe Vieira.


Nos pressupostos da ação, alega que houve fraude eleitoral nas eleições do Benfica, em outubro. De que forma é que essa fraude aconteceu?

-A minha ação o que diz é diferente. Diz que foi sonegada ao sócio toda e qualquer possibilidade de escrutinar o resultado. Não se contam os votos e as urnas desaparecem. Houve controlo absoluto do voto eletrónico, sem mais ninguém na sala, sem auditor externo. O que eu digo é que o processo eleitoral foi fraudulento, foi desenhado do princípio ao fim para assegurar a manutenção de poder de Luís Filipe Vieira. Digo isto sem reserva nenhuma e tenho prova abundante e pública. Não houve cadernos eleitorais, a marcação das eleições foi feita cinco dias antes, que é uma irregularidade estatutária, as urnas foram escondidas para evitar qualquer perceção de fraude e à última da hora foram seladas e transportadas para parte incerta por uma empresa obviamente associada ao clube e a Luís Filipe Vieira. Só depois vem o voto eletrónico e o que eu digo na ação é que todos os indícios apontam para fraude, mas não digo que foram adulterados os resultados, digo que os indícios apontam nesse sentido. Quando o processo de voto não é justo e democrático, isso serve para que os tribunais anulem as eleições.

Critica também o timing de lançamento da OPA do Benfica e o suposto benefício de Luís Filipe Vieira...

-A audição de Luís Filipe Vieira trouxe muita informação nova. Sabia-se que a OPA foi considerada irregular, o que se percebeu agora é o porquê de ter sido montada. Podem dizer-me que é inferência minha, é inferência sim, mas com as peças todas do puzzle o juiz tem de decidir se 51% é mais provável que esta OPA teve envolvimento de interesses pessoais ou que não teve. A minha inferência é que a OPA teve uma razão de ser associado aos interesses pessoais de Luís Filipe Vieira.

TFFS

Citação de: ISO em 12 de Junho de 2021, 12:20
Citação de: RGouveia.SLB em 12 de Junho de 2021, 12:03
Pagar dívidas não vencidas ao Novo Banco e abdicar de um histórico penta com vista à reestruturação da sua astronómica dívida pessoal.

Só esta merda era motivo justificado para ser corrido do Benfica.

Escrevias aqui neste espaço há 15 anos que o Sr. Luis Vieira era o pior que poderia ter acontecido ao Benfica e eras logo corrido.
Dizias isso numa AG e eras acusado de ser do Porco.
Foi preciso uma época de futebol desastrosa para verem isso?
Quando desde 2017 que TUDO indicava que o resultado a longo prazo ia ser este.

Mas quem falasse que as coisas não estavam a ser bem feitas era chamado de maluquinho.

ejlmorais

Citação de: xeriff em 12 de Junho de 2021, 12:19
Vamos começar a nova época com novo presidente e digo o com uma grande convicção

Presidente da MAG?

mm_slb

Citação de: Kurt Cobain 10 em 12 de Junho de 2021, 12:02
.Benfica está em situação de falência moral e institucional. Criei uma equipa e tenho provas"     


Jorge Mattamouros, o sócio do Benfica que pede em tribunal a destituição de Luís Filipe Vieira, diz que não é um "pau mandado".

Por considerar que Luís Filipe Vieira usou o Benfica na sua esfera pessoal, nomeadamente na relação com o Novo Banco e na falhada OPA do clube à SAD, o sócio das águias Jorge Mattamouros entrou com uma ação em tribunal que visa a destituição automática do presidente encarnado ou a anulação de umas eleições que avalia como fraudulentas

Por que razão avançou apenas agora com esta ação, até tendo em conta que as eleições foram em outubro?

Esta ação tem como objetivo principal a perda de mandato de Luís Filipe Vieira. Avancei com a ação agora porque na minha avaliação o Benfica está numa situação de falência moral e institucional em termos do exercício do poder da sua presidência sem comparação na sua história. A degradação tem vindo a agravar-se, o espetáculo na Comissão Parlamentar de Inquérito ao Novo Banco, não sendo o facto decisivo, é uma demonstração recente que mostra a todo o país aquilo que os benfiquistas têm sentido. Isto não é uma ação sobre as eleições, é para libertar o Benfica de Luís Filipe Vieira. É contra ele, para proteger o Benfica e não contra os parceiros de negócio. É uma ação cível contra Luís Filipe Vieira na sua qualidade de presidente e não na qualidade pessoal, para o afastar da presidência e proteger o clube.

O Benfica também foi visado nessa ação..

-O Benfica é parte da ação por causa do período eleitoral. Como as eleições são do clube, não tinha forma de pedir a anulação se o clube não fosse parte, mas o objeto, o adversário na ação, é Luís Filipe Vieira assumidamente. E a este respeito acrescento que no dia em que Luís Filipe Vieira sair, se for antes da ação terminar, pelo seu pé ou por via de uma qualquer medida cautelar relativa aos processos criminais que estão a decorrer, terminarei a ação no dia seguinte.

Este era, no seu entender, o timing mais adequado para avançar com a ação?

Eu achei que faria sentido que esta bomba rebentasse logo a seguir ao final de uma época complicada para o clube. Quando o objetivo é libertar o Benfica de Luís Filipe Vieira, aquilo que eu procuro é quais são os fundamentos jurídicos e busco todas as formas jurídicas lícitas. E há duas formas de o fazer: uma é a perda de mandato automática e outra a anulação das eleições. E nos dois casos com fundamento.

Alega que Luís Filipe Vieira fez uso indevido de fundos do Benfica. Tem em seu poder provas que as sustentem descobertas por si ou resultantes das investigações do Ministério Público?

É uma combinação. Preocupado a situação, tenho feito o meu trabalho e tentado perceber o que se passa, criei uma equipa e tenho tentado destapar tudo para entender a gravidade e profundidade dos problemas. Há duas alegações principais, uma em que dinheiro saiu das contas do Benfica em numerário por via de contratos fictícios, que foi feita pelo Ministério Público, está escrito numa nota de 2018, na qual está escrito que a única preocupação destes contratos é retirar dinheiro das contas do Benfica. Não há surpresa nenhuma para ninguém.

Alega na ação que houve dinheiro do Benfica a seguir para a Promovalor, empresa do presidente do Benfica...


O que eu acrescento, e é grave, é que parte desse dinheiro foi entregue a pessoas da Promovalor [empresa de Luís Filipe Vieira]. É essa a minha alegação. Imagine-se que o Benfica vem e até mostra que havia fundamento para isso, então logo veremos. Agora, haver dinheiro do Benfica a ser entregue a pessoas da Promovalor é gravíssimo. Para essa alegação, sim, tenho prova, não o faria se não tivesse, mas não vou desvendar. Se desvendar agora, o Benfica vai fazer 30 por uma linha até ao julgamento. O que posso dizer é que a prova existe.

A sua ligação familiar, por serem cunhados, a João Noronha Lopes, candidato vencido nas últimas eleições, tem alguma ligação a esta sua decisão, como destaca o Benfica no comunicado de quinta-feira em resposta à apresentação desta ação?

-Sou familiar de João Noronha Lopes, fui apoiante dele nas eleições, o Benfica não disse nada de novo naquele comunicado. Sou amigo, cunhado e fui apoiante durante a campanha. Eu comecei a ir a Assembleias Gerais do Benfica com 16 anos, não tinha a menor ideia quem era João Noronha Lopes. Eu não cheguei aos 30 e tal anos ao topo da advocacia mundial, passe a imodéstia, sendo moço de recados de ninguém. O João Noronha Lopes é um grande benfiquista, excelente executivo, pensa pela cabeça dele e tem um cunhado com uma vida autónoma e uma carreira de sucesso internacional, que também é um grande benfiquista.

Falou com ele antes de avançar com esta ação?

Quem falar comigo percebe, desde logo, que não sou um pau mandado. É claro que falei com ele, dei-lhe notícia de que estava a preparar esta ação numa fase já avançada e foi intencional, para que ele não fosse parte do processo. Informei por cortesia. Ele disse-me que era a posição de cada um. Não estamos articulados, como se percebe pelo comunicado que ele emitiu ontem, mas não estamos desavindos nem zangados. Ele disse-me que não era a via que preconizava e eu aceito. O Benfica precisa de mudança e eu segui o meu caminho.

Alguém arranja o resto da entrevista do Mattamouros ao jogo?

Parte 2

Recusa ser considerado um testa de ferro de Noronha Lopes para uma futura recandidatura dele?

-Só posso dizer claramente que não e as pessoas com o tempo perceberão se é verdade ou não aquilo que eu digo. Mas digo mais, a minha visão para considerar que esta ação é importante casa com a visão do João, pois há uma comunhão de interesses e objetivos de pessoas que têm estado preocupadas. E essa comunhão é libertar o Benfica de Luís Filipe Vieira. A diferença, que é legítima, é que algumas pessoas pensam que é possível fazê-lo pela via normal, dos órgãos do clube. Acho isso tudo ótimo, a minha diferença é que eu já não acredito nesses mecanismos internos porque todo o clube está capturado, desde a BTV à Direção, à comunicação. Se eu estiver errado, se o caminho deles for suficiente, a minha ação morre porque o problema fica resolvido.

Este processo poderá ter um desfecho antes de terminar o mandato de Luís Filipe Vieira, em outubro de 2024?

-Acredito. Este não é um processo-crime, que demoram sete ou oito anos, é um processo cível, que pode demorar um ou dois anos.

O Benfica prometeu que o autor desta ação "sofrerá todas as consequências patrimoniais e associativas por agredir o Benfica com a única finalidade de se promover". Ficou preocupado?

-De forma alguma. O que eu faço na minha carreira são alguns dos litígios mais mediáticos do mundo nos últimos dez anos, não é atirar postas de pescada, é o que eu faço. É prática comum quando uma das partes está muito nervosa reagir com enorme agressividade, com uma ameaça. Aquilo que vejo, para além de um comunicado em que mais uma vez confunde o Benfica com Luís Filipe Vieira, porque sai em defesa dele, é uma ação que revela preocupação.

A sua ação sustenta-se em parte na liquidação da dívida do Benfica ao Novo Banco e da relação que isso terá tido na reestruturação da dívida pessoal de Luís Filipe Vieira à mesma instituição bancária. Como faz essa ligação?

-O passivo geral do clube não foi reduzido significativamente nesse período, houve alguma redução, mas houve uma amortização total com um banco apenas, o Novo Banco. A utilização de dinheiro do Benfica para pagar dívida do Benfica é obviamente adequada, não tem nada de ilegal. Quando tomo a decisão de pagar dívida bancária a este banco específico porque estou a título pessoal a negociar com ele uma reestruturação, isso é que é o problema. Podem perguntar-me se tenho prova disso, mas respondo que é uma prova por inferência, ninguém irá conseguir mostrar que era essa a intenção que estava na cabeça de Luís Filipe Vieira. A questão é se a prova é ou não suficiente, toda junta, para conduzir à inferência lógica de que houve influência do pagamento das dívidas do Benfica no processo de reestruturação de Luís Filipe Vieira.

Nos pressupostos da ação, alega que houve fraude eleitoral nas eleições do Benfica, em outubro. De que forma é que essa fraude aconteceu?

-A minha ação o que diz é diferente. Diz que foi sonegada ao sócio toda e qualquer possibilidade de escrutinar o resultado. Não se contam os votos e as urnas desaparecem. Houve controlo absoluto do voto eletrónico, sem mais ninguém na sala, sem auditor externo. O que eu digo é que o processo eleitoral foi fraudulento, foi desenhado do princípio ao fim para assegurar a manutenção de poder de Luís Filipe Vieira. Digo isto sem reserva nenhuma e tenho prova abundante e pública. Não houve cadernos eleitorais, a marcação das eleições foi feita cinco dias antes, que é uma irregularidade estatutária, as urnas foram escondidas para evitar qualquer perceção de fraude e à última da hora foram seladas e transportadas para parte incerta por uma empresa obviamente associada ao clube e a Luís Filipe Vieira. Só depois vem o voto eletrónico e o que eu digo na ação é que todos os indícios apontam para fraude, mas não digo que foram adulterados os resultados, digo que os indícios apontam nesse sentido. Quando o processo de voto não é justo e democrático, isso serve para que os tribunais anulem as eleições.

Critica também o timing de lançamento da OPA do Benfica e o suposto benefício de Luís Filipe Vieira...

-A audição de Luís Filipe Vieira trouxe muita informação nova. Sabia-se que a OPA foi considerada irregular, o que se percebeu agora é o porquê de ter sido montada. Podem dizer-me que é inferência minha, é inferência sim, mas com as peças todas do puzzle o juiz tem de decidir se 51% é mais provável que esta OPA teve envolvimento de interesses pessoais ou que não teve. A minha inferência é que a OPA teve uma razão de ser associado aos interesses pessoais de Luís Filipe Vieira.


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