Sport Lisboa e Benfica - Futebol Feminino 2019/2020


Biscai@


TeamRocket37


Fernando Tavares
27 min ·
O futebol feminino português está a percorrer o seu caminho mas está longe dos patamares competitivos internacionais como ficou demonstrado nos recentes jogos da Seleção Nacional contra os Estados Unidos e no confronto entre o SC Braga e o Paris Saint-Germain. Não pretendo de todo retirar mérito à Seleção Nacional ou ao SC Braga. Pelo contrário, a qualificação da Seleção Nacional para o Campeonato da Europa, a meu ver, apesar de precoce, por não ter resultado de um trabalho sustentável a nível nacional que permita consolidar uma posição europeia, não deixou de ser fantástica, assim como foi notável a qualificação do SC Braga para a fase atual em que se encontra na Liga dos Campeões. No entanto, tal não significa que não se proceda a uma profunda reflexão sobre o trabalho federativo, os quadros competitivos nacionais, as regras de contratação sobre as jogadoras não formadas localmente, o trabalho dos clubes e o financiamento da modalidade.

Para além das questões de preconceito que se prendem com o papel da mulher no desporto e que persistem manter-se enraizadas na nossa cultura desportiva e social, principalmente ao nível dos desportos coletivos, há uma questão determinante e desafiante que é fundamental endereçar no contexto do desenvolvimento da jogadora portuguesa: os índices físicos. Por essa razão escolhi, para acompanhar este texto, a foto da Cloé.

O significado da contratação da jogadora canadiana pelo SL Benfica está muito para além da mera contratação de uma jogadora de futebol. Na verdade, esta contratação representa muito mais. Para além da qualidade indiscutível da jogadora e daquilo que representa para a construção do jogo da equipa, a grande mais valia desta contratação passa muito pela sua disponibilidade física, pelo seu processo de formação física e pela sua cultura de abordagem ao treino (muito norte americana e nórdica pela sua passagem pela Islândia), e de que forma tudo isso, através do seu exemplo e do seu ensinamento, pode e deve criar impactos positivos no projeto desportivo e no desenvolvimento da jogadora portuguesa do Benfica. Arrisco-me a afirmar, após um mês de trabalho com a Cloé, que a jogadora, em conjunto com jogadoras que passaram pelo projeto olímpico brasileiro como Darlene, Tayla, Yasmin, Daiane e Ana Vitória, pode representar para o desenvolvimento do futebol feminino do Benfica, aquilo que Eriksson representou para o futebol do Benfica nos anos 80. Crescer através do seu exemplo e transformar. Numa frase: a INDIVIDUALIZAÇÃO do TREINO no desporto coletivo. Cristiano Ronaldo não é produto do treino coletivo mas sim produto do treino individual.

Determinante não condicionar a contratação estrangeira que amarre os clubes a projetos desportivos mais pobres e menos competitivos. Tal prática não é de todo incompatível com o desenvolvimento da jogadora portuguesa principalmente ao nível do trabalho de base como tem sido demonstrado pelo Benfica e pela sua contribuição para as seleções jovens nacionais. Sem colocar em causa o extraordinário trabalho desenvolvido pela Diretora Técnica Nacional, Mónica Jorge e da sua equipa, a federação não deve substituir-se aos clubes mas sim integrar os seus ciclos de preparação das seleções com o trabalho desenvolvido pelos clubes. Deve influenciar o treino e não conduzir o treino tomando o lugar dos clubes. Igualmente torna-se fundamental criar bolsas de financiamento por parte da federação que permitam apoiar os clubes neste trajeto de crescimento. Ao Estado cabe a responsabilidade de ajudar no financiamento e no desenvolvimento da modalidade no contexto do desporto escolar, tendo em consideração o crescimento da modalidade a nível global. Necessário criar estratégias de desenvolvimento e de apoio, como a revisão da lei do mecenato, que permitam o envolvimento de marcas patrocinadoras.

Ao contrário daquilo que o comentador do Canal 11 ontem repetidamente afirmou durante o jogo do SC Braga que as dores de crescimento fazem parte deste trajeto, eu diria que a coisa não vai nem com dores nem com aspirinas, mas sim com uma ideia clara de projeto desportivo que vise de uma forma diferenciada capacitar fisicamente a jogadora portuguesa com índices europeus: força, potência e velocidade. Este trabalho em conjunto com a capacidade técnica da jogadora portuguesa dará certamente os seus frutos. É isto que estamos a incutir no trabalho de base no Benfica para que as nossas equipas, em conjunto com o trabalho de posicionamento, orientação e apoios no campo de jogo, possam permitir controlar a posse de bola em qualquer contexto competitivo, por muita pressão alta que possa existir como se verificou com a Seleção dos Estados Unidos e com o Paris Saint-Germain. Temos que começar ontem sob pena de não acompanhar o comboio internacional.

nelsonandre

Muito bem o Fernando Tavares nesse post.
O Homem pensa nestas coisa a sério.

Vem de alguma forma ao encontro da minha própria reflexão para o tema, visto que tenho uma filha de 15 anos a jogar no Fofó. É a mais velha da equipa sub-15 e é das mais pequenas/magras.

Os treinadores bem dizem que tecnicamente ela faz tudo bem... o problema é apanhar sempre miudas com outro físico (hà 2 anos partiu a clavícula num jogo com rapazes, por exemplo).

Estou seriamente a pensar meter a miúda no Crossfit....já escreveu aí o FT "força, potência e velocidade".


Gradinni

#274
Bom texto do Fernando Tavares.
No entanto espero que o super elogio a Cloe e ao seu percurso o faça entender que ha vida para la das brasileiras e que por mais que custe, se quer subir o nivel, vai ter de se apostar mais na jogadora americana e nordica, cujo processo de formaçao ele tanto elogia.
Em relaçao as restriçoes nas NFL nao concordo, acho que 10 NFL é um numero razoavel. Jogando apenas 11 acho que permitir mais do que isso é fechar muito as portas a entrada do talento jovem nacional, na busca por resultados. Esta conversa surge apenas pelos condicionalismos no actual plantel do Benfica, que vai obrigar a que fiquem sempre 2 NFL na bancada.

Por outro lado, este texto demonstra que o homem reflectiu e bem sobre o assunto e cheira-me que nao voltaremos no futuro proximo a ouvir conversas de querer colocar o Benfica a lutar pela Champions a curto medio prazo (apesar de dizer que no Benfica se esta a trabalhar de forma diferente, e eu acredito nisso, com esse sentido)

Bethinho

Citação de: Gradinni em 13 de Setembro de 2019, 12:28
Bom texto do Fernando Tavares.
No entanto espero que o super elogio a Cloe e ao seu percurso o faça entender que ha vida para la das brasileiras e que por mais que custe, se quer subir o nivel, vai ter de se apostar mais na jogadora americana e nordica, cujo processo de formaçao ele tanto elogia.
Em relaçao as restriçoes nas NFL nao concordo, acho que 10 NFL é um numero razoavel. Jogando apenas 11 acho que permitir mais do que isso é fechar muito as portas a entrada do talento jovem nacional, na busca por resultados. Esta conversa surge apenas pelos condicionalismos no actual plantel do Benfica, que vai obrigar a que fiquem sempre 2 NFL na bancada.

ora.......



Gradinni

Está confirmado, não vai haver equipa B.
Com o início do campeonato de juniores de futebol de 11 deixaram cair uma ideia que estava prometida desde o início do projeto. Isto surge numa altura em que cresce o investimento no futebol feminino e em que a FPF anunciou que a partir de 2020-21 a 2ª divisão vai ter apenas 16 equipas, que serao definidas pela classificação deste ano. Portanto é um comboio que perdemos para ja
Curioso tambem verificar as apostas dos outros clubes: o Braga tambem acabou com a equipa B, aliás so sporting, Valadares e Estoril mantiveram, mas o Fofó criou uma para este ano.
Quanto as juniores, vamos ter uma equipa no campeonato de fut11 e uma outra no de fut9 (deverão ser as sub 17), que servirá como uma espécie de 2ª divisão pois vai haver subidas e descidas.
O braga também terá uma equipa B de juniores mas o sporting nao (só o Estoril terá 2 de seniores e 2 de juniores)

É uma aposta feita pela estrutura neste campeonato de juniores. Na minha opiniao é uma aposta errada, tendo em conta nao so o discurso que vinha sendo construido, como o facto de esta nova 2ª divisão a partir do proximo ano ir ser mais competitiva do que a liga de juniores, na minha opiniao.
De qualquer maneira, poderemos sempre observar como se irao desenvolver estas competiçoes e depois mais tarde entrar com equipa B pelas distritais ou 3ª divisão ou o que for criado entretanto e rapidamente com certeza chegarão a 2ª

J.P.

Também achava que se devia ter criado, tal como previsto, a equipa B.

Por um lado acho que seria mais competitivo, até porque este ano há várias novas equipas na II divisão que apostam forte na subida, permitindo também que algumas jogadoras menos utilizadas na equipa principal fossem rodando aqui sempre que necessário.

Não sei se foi uma simples opção estratégica, se teve a ver com logística por causa dos treinos e jogos na tapadinha ou mesmo questões orçamentais (mas aqui acho menos provável).

De qualquer forma gostava que o vice Fernando Tavares explicasse esta inversão da aposta na equipa B.


anarcos

Citação de: nelsonandre em 16 de Setembro de 2019, 09:15


FPF já começou a fazer magia. Tirou o golo à Yasmim para o dar à Pauleta.
(E indica o min. 45 como o da substituição da Cloé pela Annaysa, quando foi o 65.)
Agora que criaram a "fantasy" da Liga, a malta vai começar a cair-lhes em cima, se forem estes os dados utilizados.

nelsonandre

Citação de: anarcos em 16 de Setembro de 2019, 14:59
Citação de: nelsonandre em 16 de Setembro de 2019, 09:15


FPF já começou a fazer magia. Tirou o golo à Yasmim para o dar à Pauleta.
(E indica o min. 45 como o da substituição da Cloé pela Annaysa, quando foi o 65.)
Agora que criaram a "fantasy" da Liga, a malta vai começar a cair-lhes em cima, se forem estes os dados utilizados.

O Speaker lá no campo na altura anunciou o golo como sendo da Pauleta....começamos todos a reclamar e o speaker lá corrigiu.....mas a pessoa da FPF já não deve ter ouvido a correção......
O que será que está no relatório de jogo?

anarcos

Citação de: nelsonandre em 16 de Setembro de 2019, 15:05
Citação de: anarcos em 16 de Setembro de 2019, 14:59
Citação de: nelsonandre em 16 de Setembro de 2019, 09:15


FPF já começou a fazer magia. Tirou o golo à Yasmim para o dar à Pauleta.
(E indica o min. 45 como o da substituição da Cloé pela Annaysa, quando foi o 65.)
Agora que criaram a "fantasy" da Liga, a malta vai começar a cair-lhes em cima, se forem estes os dados utilizados.

O Speaker lá no campo na altura anunciou o golo como sendo da Pauleta....começamos todos a reclamar e o speaker lá corrigiu.....mas a pessoa da FPF já não deve ter ouvido a correção......
O que será que está no relatório de jogo?

Tens aqui o relatório:

http://resultados.fpf.pt/Match/GetMatchInformation?matchId=1469696

nelsonandre

Citação de: anarcos em 16 de Setembro de 2019, 15:12
Citação de: nelsonandre em 16 de Setembro de 2019, 15:05
Citação de: anarcos em 16 de Setembro de 2019, 14:59
Citação de: nelsonandre em 16 de Setembro de 2019, 09:15


FPF já começou a fazer magia. Tirou o golo à Yasmim para o dar à Pauleta.
(E indica o min. 45 como o da substituição da Cloé pela Annaysa, quando foi o 65.)
Agora que criaram a "fantasy" da Liga, a malta vai começar a cair-lhes em cima, se forem estes os dados utilizados.

O Speaker lá no campo na altura anunciou o golo como sendo da Pauleta....começamos todos a reclamar e o speaker lá corrigiu.....mas a pessoa da FPF já não deve ter ouvido a correção......
O que será que está no relatório de jogo?

Tens aqui o relatório:

http://resultados.fpf.pt/Match/GetMatchInformation?matchId=1469696

É o que eu digo, na altura da correção o tipo da FPF deve ter ido ao WC, ou então tipo "Whatever ninguém vai dar conta, mas alguém segue futebol feminino?!?!?!"