Conquistas gloriosas - Futebol - Campeonato de Portugal

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Boa tarde, pensei iniciar um novo capitulo por cá, aproveitando para enumerar e falar um pouco acerca das nossas conquistas gloriosas passadas. Atendendo à recepção apresentada verei se vale a pena ir prosseguindo com isto.

Desta forma, e, como não poderia deixar de ser, entendi iniciar este projecto com a competição que marcou a primeira conquista a nivel nacional do nosso clube, nem mais nem menos que o Campeonato de Portugal.

Ora, o campeonato de Portugal foi uma competição futebolistica organizada pela UPF (União Portuguesa de Futebol) e que antecedeu a Taça de Portugal, a ponto de ser disputada em moldes semelhantes e de o troféu entregue ser idêntico ao que ainda hoje é entregue ao vencedor da Taça de Portugal.
A bem da verdade, o troféu original que é exibido aquando da disputa da final da Taça de Portugal, contém as inscrições de todos os vencedores do campeonato de Portugal e da Taça de Portugal, sendo que os vencedores das cinco primeiras edições do Campeonato de Portugal têm o nome gravado na placa logo abaixo do corpo principal e todos os restantes em placas cravadas na sua base, com o SLB a ter aí 27 placas (3 respeitantes aos campeonatos de Portugal e 24 respeitantes à Taça de Portugal).






Ora, então esta peça original de majestosas dimensões - 15 quilos de peso, medindo no seu todo 1 metro de altura, 65 cm no que diz respeito ao cinzel feito em prata e 35 cm no que concerne ao pé da mesma, concebido em madeira, com um deiãmetro de 40 cm - começou a ser entregue com a realização da 1ª edição do campeonato de Portugal, realizado em 1921/22.
Para acompanhar esta Taça existem duas réplicas, de dimensões mais reduzidas (58 cm de altura - com 37 cm do cinzel e 21 cm do pé - um diâmetro de 20 cm  e um peso de 1,695 kg, sendo que a primeira réplica é entregue anulamente ao vencedor da Taça de Portugal e a segunda é aquela que muda todos os anos e é aquela que posteriormente segue para o museu dos clubes, devolvendo estes a primeira réplica.

Adiante, este Campeonato de Portugal teve portanto 17 edições sob este nome, entre 1921/22 e 1937/38 e passou em 38/39 a designar-se Taça de Portugal, ou pelo menos a ser substituido nesse ano pela Taça de Portugal, uma vez que a própria FPF não toma uma posição clara e inequivoca em relação a este assunto.
Tratava-se de uma prova a eliminar, com a curiosidade de no primeiro ano ter sido disputada apenas por dois clubes, precisamente os vencedores do regional de Lisboa e Porto, a duas mãos. O fcp ganhou a primeira mão no seu campo por 2-1, o scp ganhou a 2º mão em Lisboa por 2-0 com a curiosidade de o jogo, perante queixas acerca da arbitragem do 1º encontro, ter sido arbitrado por um árbitro espanhol. Foi necessário portanto jogar uma partida de desempate, que acabou por ser no Bessa, com vitória dos portuenses por 2-1.
Na época seguinte já equipas de outras Associações de Futebol, incluindo o campeão da Ilha da Madeira, marcaram presença na prova.
Só em 1929/1930 o Campeonato de Portugal sofreria nova alteração de fundo, isto depois de um grande alargamento da prova em 26/27, pois a partir dos oitavos de final as eliminatórias seriam jogadas a duas mãos tal como acontecia em Espanha. Outra novidade dessa época foi que o Sport Lisboa e Benfica obteria a sua primeira vitória na prova e por inerência numa competição de âmbito nacional. Repetiria a vitória na época seguinte e na de 34/35, perdendo a única final em 37/38.

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#1
Benfica - Campeão de Portugal 1929/30

Como já disse, em 1930, o Campeonato de Portugal, sofria alteração na sua essência competitiva. Ficou nessa altura determinado que a partir dos oitavos-de-final, a eliminatória seria jogada a duas mãos. Isto permitiria salvaguardar que as melhores equipas transitariam até às fases mais longuinquas da prova, havendo por issomenos lugares a surpresas.
Isto fez com que certas eliminatórias só determinassem o vencedor à "melhor de três", facto que aumentou, grandemente o número de jogos deste campeonato, comparativamente aos anos anteriores.
Apesar desta ser a nona edição da competição, o Benfica chegou pela primeira vez à final, que disputou com o Barreirense, isto num ano em que ficou no 2º lugar no campeonato de Lisboa, atrás dos Belenenses. Para atingir esta fase derrotou a União Operária (8-1), o Casa Pia (2-0 e 2-2), o Carcavelinhos (4-2, 0-2 e 7-0) e o União de Lisboa (1-0 e 1-1), finalista do ano anterior. Por seu lado o Barreirense deixou pelo caminho União de Coimbra, Boavista, Espinho e Beleneses, vencedor da prova no ano anterior.
A final foi agendada para 1 de Junho de 1930, no Campo Grande, recinto utilizado pelo Benfica e facto que suscitou protestos por parte dos barreirenses. Para complicar ainbda mais as coisas, o árbitro designado foi  Silvestre Rosmaninho, sócio do Benfica.
Com apenas cinco minutos decorridos, José Correia dava vantagem aos do Barreiro. A partir deste tento, a partida seria disputada taco-a-taco, inicialmente com maior fulgor do Barreirense, mas a meio da primeira parte o Benfica equilibrava o jogo, não sendo de estranhar que Denis empatasse a contenda. Este resultado manteve-se até ao apito final, pelo que teve que se recorrer ao prolongamento.
Nesse tempo extra, o Benfica acabaria por denotar maior frescura física que o seu rival, sendo tal factor determinante no desfecho do encontro. O Benfiuca voltava a marcar, depois de um lançamento longo de Aníbal José que seria concluído com um remate de cabeça de Manuel de Oliveira. Sem resposta eficaz do Barreirense, os Benfiquistas voltariam a marcar, por Guedes Gonçalves, que, deste modo, fechava o encontro com o resultado de 3-1.

Lisboa, Campo Grande, 01/06/1930

BENFICA - Dyson; A.Pinto e Jorge Teixeira; Aníbal José, João de Oliveira e Vitor Hugo; Denis, Mário Carvalho, Jorge Tavares, Guedes Gonçalves e Manuel de Oliveira.
Barreirense - Câmara; Falcão e José Fonseca; José João, Álvaro Pina e Carvalho; Raúl Jorge, Pedro Piresa, José Correia, João Piresa e Bento.
Árbitro - Silvestre Rosmaninho (Lisboa)
Marcadores: José Correia (Bar), Denis (Benf), Manuel de Oliveira (Benf) e Guedes (Benf).

O Benfica foi treinado pelo inglês Arthur John.



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#2
Benfica - Campeão de Portugal 1930/31

O Benfica estava, pelo 2º ano consecutivo, na final daquela que era na altura a mais importante competição do futebol português, defrontando desta vez o F.C. Porto que se tinha tiornado nessa época a primeira equipa portuguesa a derrotar uma equipa brasileira, precisamente o Vasco da Gama que em Março tinha sido desfeitiado por 2-1.
O Benfica não tinha tido um percurso fácil para chegar à final de Coimbra. Primeiro tinha derrotado o Sport Clube Estrela fora por 3-8. Na eliminatória seguinte, viver-se-iam momentos insólitos. O Benfica derrotaria em casa ao Olhanense por 5-1 e perderia em Olhão por 2-0. Como não havia na altura decisão por diferença de golos, houve a obrigação de um novo jogo que determinasse qual a formação que seguiria em frente. Em Setúbal, as equipas chegavam ao final dos 90 minutos em igualdade no marcador, pelo que foi necessário um prolongamento. Neste tempo extra, o Benfica sofria um desaire aos 110 minutos e o árbitro dava por terminado o encontro, como se de um "golo de ouro" se tratasse. Convencidos de tal deliberação, os jogadores Benfiquistas dirigiram-se cabisbaixos para os balneários. Todavia, um protesto por parte do clube levaria a um quarto encontro, no qual o Benfica triunfava por 2-0 e chegava aos quartos-de-final.
Nos quartos de final o Benfica eliminaria o Lusitano de Évora (vitórias 7-0 e 4-2) e nas meias finais o Vitória de Setúbal (vitórias 3-0 e 2-1)

Relativamente à partida que serviria para determinar o novo campeão de Portugal, esta disputou-se no Arnado, em Coimbra, num campo onde apesar de se dizer que o piso era "ideal para a prática de futebol", as instalações deixavam a desejar.
Demonstrando uma maior apetência para o golo, o Benfica colocava-se em vantagem logo na primeira parte, com dois tentos sem resposta. O primeiro seria obtido por Vítor Silva a desferir um golpe certeiro, depois de uma recarga a uma bola que havia enviado ao poste. O segundo ocorreria sete minutos depois, após a marcação de um canto por Manuel de Oliveira e da conclusão de Denis.
Já no segundo tempo, novo golo benfiquista e novamente por Vítor Silva, à altura o melhor marcador do Benfica e que tinha sido até então a mais cara transferência do futebol português. Estamos a falar de um jogador mítico do Benfica, um dos mais famosos de Portugal, senão o mais famoso na altura, que se retiraria precocemente do futebol com uma lesão que naquela altura chamavam de "joelho de água" e que era célebre pelos seus golos marcados em "salto de peixe". Foi também um grande hoquista. Vítor Silva marcou então o seu 2º golo nesta final no decurso de um livre marcado contra o Benfica que originou um alívio da defesa encarnada, tendo Vítor Silva corrido pela esquerda, simulando que cortava para dentro mas ao invés rematou cruzado para a baliza do conhecido Siska.
Estava consumada a 2º vitória do Benfica na competição.

Coimbra (Campo do Arnado),28 de Junho de 1931

Benfica – Artur Dyson; Ralph Bailão e Luís Costa; João Correia, Aníbal José e Pedro Ferreira; Augusto Dinis, Emiliano Sampaio, Vítor Silva, João Oliveira e Manuel Oliveira.
Treinador: Arthur John
FC Porto – Miguel Siska; Pedro Temudo e Avelino Martins; Felipe Santos, Álvaro Pereira e Euclides Anaura; Lopes Carneiro, Waldemar Mota, Norman Hall, Acácio Mesquita, e Francisco Castro.
Treinador:Joseph Szabo
Árbitro: António Palhinhas (Lisboa)

Golos: Vítor Silva (37'), Augusto Denis (44') e Vítor Silva (65').


Foto da final:

De cima para baixo e da esquerda para a direita. Ralf Bailão, Artur Dyson e Luís Costa; João Correia, Aníbal José e Pedro Ferreira; Augusto Denis, Emiliano Sampaio, Vítor Silva (cap), João Oliveira e Manuel Oliveira


Uma curiosidade à volta desta final prende-se com o espírito benfiquista de Pinto Barbosa, engraxador ambulante de Lisboa e benfiquista convicto, que foi para Coimbra a pé, arranjando dinheiro pelo caminho para comer e dormindo ao relento. Viu a final, chorou pela vitória e, na volta, teve o justo prémio: os jogadores do Benfica deram-lhe comida e pagaram-lhe a viagem de comboio na sua carruagem.

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#3
Benfica - Campeão de Portugal 1934/35

A época de 34/35 ficou na história como a data em que pela primeira vez se jogou o Campeonato da Liga, competição lançada a titulo experimental durante quatro épocas pela FPF, entretanto criada em 1926 a partir da primitiva UPF. Passados quatro anos seria criado o campeonato nacional da Primeira Divisão e os vencedores do Campeonato da I Liga homologados como campeões nacionais de futebol, sendo inclusivé o troféu originalmente atribuido nessa prova ainda hoje o atribuido aos diversos campeões nacionais das provas organizadas pela FPF e até Liga de clubes, desde o futebol masculino sénior, ao futebol juvenil e até ao futsal, embora variando a dimensão do troféu.
Nessa prova, o primeiro vencedor, tal como tinha acontecido com o campeonato de Portugal, seria o fcp, todavia, o Benfica, 3º classificado no campeonato da Liga com menos 3 pontos que fcp (22 para 19), não estaria pelos ajustes e não permitiria a primeira dobradinha do futebol português.
Para atingir o desenlace do Campeonato, as águias haviam voado mais alto do que o Boavista (que batera por 8-3 e 6-2), o Belenenses (1-0 e 2-1), assim como o Carcavelinhos  (4-2 e 2-3). Estávamos já numa altura em que os golos marcados contavam para factores de desempate, de forma a evitar jogos de desempate em situações em que na mesma eliminatória ambas as equipas não tivessem o mesmo nº de golos marcados e sofridos.
A final do Campeonato seria sinónimo de "derby", o primeiro numa final a nível nacional, Por essa razão, a final deste ano movimentou muitas paixões, não só por Lisboa, como também pelo país inteiro onde residiam apoiantes dos dois clubes, então, dizia-se, já os dois mais populares de Portugal.
Para conseguir a honra de defrontar o Benfica na final, o sporting, havia deitado as garras ao Leixões (1-2 e 4-1), ao Nacional da Madeira (7-2 e 9-3) e ao Porto (0-0 e 4-0).
A final acabaria, portanto, por se disputar a 30 de Junho de 1935, no Lumiar, perante um público ávido de golos, mas também de espectáculo. Antes do desafio arrancar, o então Presidente da República, Óscar Carmona (não ostentava ainda o título de Marechal) fez questão de chamar ao camarote presidencial jogadores de ambas os conjuntos, de modo a transmitir palavras de apreço a cada um.
A primeira metade do jogo registou um maior condão ofensivo por parte da turma encarnada. Apesar disso, foi ao Sporting que pertenceu o primeiro golo, com este a ser atribuido a Soeiro, sendo que, contudo, o último toque teria pertencido a Lucas, que enviava aos 41 minutos a bola para a sua própria baliza. No entanto, no futebol, todos os minutos contam e por isso, ainda antes do juiz da partida apitar para o intervalo, o mesmo Lucas acabaria por se redimir, marcando novo tento, todavia, agora na baliza do adversário.
Já na 2º parte, Alfredo Valadas, atleta Alentejano que se encontrava na sua primeira época no clube e se sagraria logo o melhor marcador da equipa, desfere um dos seus típicos pontapés em direcção ao golo que é efusivamente gritado pelas bancadas. Para espanto geral, o guarda-redes do Sporting, Artur Dyson, que já tinha sido guarda-redes do Benfica, protagoniza uma milagrosa defesa impedindo o golo benfiquista. Alfredo Valadas corre então em direcção ao guarda-redes adversário e abraça-o como que comemorando com ele aquele momento extraordinário. Das bancadas soaram reacções de espanto e aplausos. Anos mais tarde, Valadas, teria o mesmo gesto para com o também guarda-redes sportinguista, Azevedo.
Não tardaria muito, contudo, para que Valadas decidisse o jogo, pois 5 minutos volvidos, aos 55, desferiria um remate cruzado, indefensável, e sentenciaria assim a partida e o destino do troféu.
Soado o apito final, a explosão vermelha emanava por entre as bancadas do Lumiar, em sinónimo da conquista do terceiro Campeonato de Portugal.
A lenda vermelha crescia cada vez mais e, nos 3 anos seguintes, o Benfica conquistaria os 3 campeonatos da I Liga em disputa e seria o primeiro tri-campeão nacional da história do futebol português, seria então não só o mais amado como o mais laureado de Portugal!
O treinador do Benfica era Vitor Gonçalves, ex-jogador do clube e pai do futuro capitão de Abril e ferrenho benfiquista, Vasco Gonçalves.


Estádio do Lumiar, Lisboa, 30 de Junho de 1935
Benfica: Augusto Amaro, Gustavo Teixeira, Gatinho, Gaspar Pinto, António Lucas, Albino, Carlos Torres, Cardoso, Luis Xavier, Rogério Sousa, Alfredo Valadas.
Sporting: Artur Dyson, Joaquim Serrano, João Jurado, António Faustino, Rui Araújo, Manuel Soeiro, Fernando Correia, Ferdinando, Adolfo Mourão, Vasco Nunes, Francisco Lopes
Marcadores: Soeiro (41' Sport), Lucas (45' Benfica), Alfredo Valadas (55' Benfica)



Nota: alguma literatura comete erros na atribuição do primeiro golo do sporting e de quando foi marcado o primeiro golo do Benfica. Não me restam contudo dúvidas, que o que aqui escreví está correcto.

O Benfica voltaria mais tarde a uma final desta competição, na despedida da mesma em 37/38. Um Benfica recém tri-campeão nacional acabaria por perder a final por 3-2, bem como a hipótese de fazer a primeira dobradinha do futebol português, após ter eliminado nas meias-finais o futebol clube do porto com uma goleada por 7-0 em Lisboa, virando uma derrota por 2-4 no campo do Ameal. Aliás, goleadas sobre o porto eram comuns na época, pois já na época anterior o Benfica, para o Campeonato da Liga, tinha goleado os portistas por expressivos 6-0. Na época que se seguiria, mais uma goleada, com direito a choro e abandono precoce do terreno de jogo com o rabinho entre as pernas, mas lá iremos, que isso é assunto para outro dia...

Fechava-se aqui um ciclo, abrindo-se outro. Isto porque a partir de 1938/39 nasceria a Taça de Portugal, prova que até hoje faz palpitar o coração de milhares de portugueses. O troféu continua o mesmo, o nome da prova mudaria...



PS: Já agora, gostava de postar ainda mais uma foto, da final do Campeonato de Portugal de 1935, no Lumiar, entre Benfica e Sporting. "Roubei-a" ao blog em defesa do benfica.


Foi provavelmente a primeira vez que foi feita a "saudação fascista". Segundo Alberto Miguéns "foi um ensaio, dois anos depois da criação do Estado Novo (1933) quando o dirigente sportinguista Salazar Carreira se instituía como "ideólogo para o desporto do salazarismo". Repare-se no modo anárquico como os futebolistas do SCP fazem a saudação (precisamente o contrário do aprumo, energia e rigor que essa saudação pretende mostrar) e o espanto dos nossos jogadores perante o que se estava a passar".


Shoky

#4
Que tópico delicioso.
Espero ansiosamente o 3º e ultimo relato das nossas conquistas nesta prova.

Em relação à segunda conquista...

"Todavia, um protesto por parte do clube levaria a um quarto encontro, no qual o Benfica triunfava por 2-0 e chegava aos quartos-de-final."

Isto não me pareceu muito justo. O jogo devia ter continuado dos 110 minutos, com o Benfica a perder por 1-2.



pcssousa

Agradeço as palavras, é agradável saber que aquilo que escrevemos agradou a alguém.
Penso esta tarde escrever acerca da nossa terceira conquista na prova, bem como umas pequenas palavras acerca da final perdida e uma breve descrição do panorama futebolistico português na altura.
Estou a pensar fazer um tópico igual para a Taça de Portugal, descrevendo algumas das histórias à volta das nossas 24 conquistas na prova, na esperança que o mesmo tópico sirva para, no final da época, festejar a 25ª. Em boa verdade, atendendo ao estatuto da Taça há quem defenda que o Campeonato de Portugal é nada mais nada menos que a Taça de Portugal, mas com o seu nome original, dado pela UPF (que antecedeu a FPF e foi fundada pelas Associações de Futebol de Lisboa, Porto e Portalegre, as 3 primeiras fundadas em Portugal), como aliás já descreví no primeiro post, pelo que até poderia continuar a escrever neste mesmo tópico. entendo contudo que se justifica abrir outro, que será necessáriamente mais extenso, atendendo ao maior nº de conquistas que temos nesse troféu.

Nota: Tive dúvidas acerca do nome real do jogador Augusto Denis. Na realidade, a literatura não é consensual em relação a isto, há locais onde dizem que se chamava Dinis e outros onde dizem chamar-se Denis. Acabei com as minhas dúvidas quando consultei a Fotobiografia do Benfica, livro de fginais dos anos 80, onde encontrei um folheto relativo a uma homenagem aos campeões de Portugal 1929/30, que continha as fotos e nomes de cada um deles e resolvi confiar nele.

Nota2: Nunca é demais realçar op espírito benfiquista de Pinto Barbosa, conforme foi descrito no post relativo ao Campeonato de Portugal 1930/31. De facto, desde os seus primórdios que o Benfica é um clube diferente dos restantes, que gera paixões como nenhum outro.

Nota3: Depois de concluido o projecto da Taça de Portugal, quem sabe, poderá vir outro relativo a outras Taças... TCE (poderá ser uma descrição geral da nossa participação na prova até esta mudar de nome e formato, que tal?), Taça Latina (epopeia da primeira taça internacional oficial que tem a curiosidade de só ter sido possível ganhá-la graças a um golo daquele que seria mais tarde um dos maiores inimigos do Benfica) ou, quem sabe, as histórias à volta da Taça Ibérica, que é o nosso 4º troféu internacional oficial, embora acerca desta, admito, tenho poucos dados.

pcssousa

Citação de: Shoky em 22 de Agosto de 2012, 01:18
Que tópico delicioso.
Espero ansiosamente o 3º e ultimo relato das nossas conquistas nesta prova.

Em relação à segunda conquista...

"Todavia, um protesto por parte do clube levaria a um quarto encontro, no qual o Benfica triunfava por 2-0 e chegava aos quartos-de-final."

Isto não me pareceu muito justo. O jogo devia ter continuado dos 110 minutos, com o Benfica a perder por 1-2.
De facto, a maioria da literatura não fala desse tal 3º jogo, que foi considerado inválido, ou seja, não tendo existido.
Há, ao longo da história, outros casos em que o jogo não tendo sido concluido foi repetido na íntegra.
Pode não parecer muito justo, mas eram as regras da altura.
Estes equivocos dos árbitros, não são algo tão pouco frequente quanto isso, recordo uma eliminatória europeia, há uns bons anos atrás, em que o árbitro não estando ciente da regra dos golos fora (os obtidos no prolongamento), mandou marcar penalties para desempatar uma eliminatória que o Sporting teria já perdido... resumindo, o seu adversário permitiu que Vitor Damas defendesse todos os penalties, Artur Agostinho exultava com tudo isto e no final lá chegaram as noticias de que o Sporting afinal teria sido eliminado... Não tenho muitos mais dados acerca disto, mas a palavra do meu pai e do meu falecido avô, acerca do assunto chega-me... hihihihihi...

Shoky

Citação de: pcssousa em 22 de Agosto de 2012, 13:01
Citação de: Shoky em 22 de Agosto de 2012, 01:18
Que tópico delicioso.
Espero ansiosamente o 3º e ultimo relato das nossas conquistas nesta prova.

Em relação à segunda conquista...

"Todavia, um protesto por parte do clube levaria a um quarto encontro, no qual o Benfica triunfava por 2-0 e chegava aos quartos-de-final."

Isto não me pareceu muito justo. O jogo devia ter continuado dos 110 minutos, com o Benfica a perder por 1-2.
De facto, a maioria da literatura não fala desse tal 3º jogo, que foi considerado inválido, ou seja, não tendo existido.
Há, ao longo da história, outros casos em que o jogo não tendo sido concluido foi repetido na íntegra.
Pode não parecer muito justo, mas eram as regras da altura.
Estes equivocos dos árbitros, não são algo tão pouco frequente quanto isso, recordo uma eliminatória europeia, há uns bons anos atrás, em que o árbitro não estando ciente da regra dos golos fora (os obtidos no prolongamento), mandou marcar penalties para desempatar uma eliminatória que o Sporting teria já perdido... resumindo, o seu adversário permitiu que Vitor Damas defendesse todos os penalties, Artur Agostinho exultava com tudo isto e no final lá chegaram as noticias de que o Sporting afinal teria sido eliminado... Não tenho muitos mais dados acerca disto, mas a palavra do meu pai e do meu falecido avô, acerca do assunto chega-me... hihihihihi...

A equipa que eliminou o Sporting...salvo erro o Rangers...acabou por vencer a prova. ;D

Acho que seria fantástico um tópico do género para todas as nossas conquistas. Claro que daria um trabalhão, mas este tópico é de qualidade altíssima.

Cachatra

Foi o Rangers, sim.
Há 1 ou 2 anos o Sporting defrontou-os na Liga Europa, e recordou-se esse episódio, o até Maisfutebol escreveu um artigo sobre isso.

Continua Sousa, tu e o Shoky têm feito um trabalho fantástico nesta secção, é um prazer ler-vos.

sardao

Finalmente um testamento do Sousa que tem interesse ;D

Fantástico tópico  :flagglorioso:

pcssousa

Obrigado pela confirmação acerca dessa tal eliminatória do Sporting. Hilariante no mínimo.

Como podem ver, concluí já o meu trabalho neste tópico.
Queria agradecer o feedback e prometer que com tempo farei algo em moldes semelhantes para a Taça de Portugal.

Cumprimentos.

Cachatra

"Já na 2º parte, Alfredo Valadas, atleta Alentejano que se encontrava na sua primeira época no clube e se sagraria logo o melhor marcador da equipa, desfere um dos seus típicos pontapés em direcção ao golo que é efusivamente gritado pelas bancadas. Para espanto geral, o guarda-redes do Sporting, Artur Dyson, que já tinha sido guarda-redes do Benfica, protagoniza uma milagrosa defesa impedindo o golo benfiquista. Alfredo Valadas corre então em direcção ao guarda-redes adversário e abraça-o como que comemorando com ele aquele momento extraordinário."

Muito bom.

Shoky