DESFECHO INGLÓRIO PARA TANTA GARRA, LUTA E SUOR
O Benfica perdeu, por 34-36 (após prolongamento), frente ao Madeira SAD, na final da Taça de Portugal.
A equipa feminina de andebol do Benfica perdeu frente ao Madeira SAD, por 34-36 (ap.), neste domingo, 2 de junho, na final da Taça de Portugal, que se realizou no Pavilhão Municipal de Santo Tirso.
Em Santo Tirso, a mancha vermelha era visível nas imediações do Pavilhão Municipal, e fez-se sentir dentro do mesmo. Com a esmagadora maioria afeta ao Benfica, no momento em que as equipas foram anunciadas, a manifestação de apoio e fervor foi por demais evidente. Os Benfiquistas nunca deixam as suas equipas sozinhas e onde há uma camisola do Benfica há um Benfiquista.
À Supertaça, à Taça FAP e ao Campeonato Nacional (o terceiro consecutivo), a equipa feminina de andebol queria juntar a Taça de Portugal, fazendo assim o pleno nacional.
Entre todos os presentes que envergavam o manto sagrado, havia um, neste caso uma, que saltava bem à vista, e que se destacava de todos os outros: Viktoriya Borshchenko. A jogadora ucraniana, mesmo indisponível para ajudar a equipa na quadra, fez questão de marcar presença no apoio às companheiras. Uma valiosa e inestimável presença de uma atleta de excelência.
A solenidade do hino nacional, com todos os presentes no pavilhão em pé, fez questão de recordar: Ia-se jogar uma final da Taça de Portugal.
Para o ataque à prova-rainha, João Alexandre Florêncio escalou de início o seguinte sete: Isabela Ferrarin, Margarida Sá Pessoa, Alexandra Shunu, Constança Sequeira, Mihaela Minciuna, Nádia Rodrigues e Duda.
O Benfica até marcou primeiro, mas o Madeira SAD conseguiu responder a esse bom arranque encarnado, e, aos 7', vencia por três golos (3-6).
Sensíveis às dificuldades que as madeirenses estavam a causar na quadra, os Benfiquistas aqueceram as vozes e fizeram-se ouvir com intensidade. Não indiferentes à energia vinda da bancada, as águias foram encurtando distâncias, e, quando aos 13' Margarida Sá Pessoa marcou o seu primeiro golo no jogo, colocaram o resultado em 8-8.
Logo de seguida foi Nádia Rodrigues a carimbar a cambalhota no marcador (9-8). Dois golos de rajada, novamente o Madeira SAD na frente (9-10). Três golos de rajada... e, desta vez, era o Benfica na dianteira, e com dois golos de vantagem (12-10).
O relógio marcava os 21' (12-12), e a eletricidade vivida na quadra era quase palpável ao redor da mesma. Cada bola era como se fosse a última, cada ataque era como se fosse o decisivo, cada defesa era como se de um troféu se tratasse.
"Benfica! Cantamos pelo Benfica! Lutamos pelo Benfica! Estaremos sempre contigo!", cantava-se a plenos pulmões em Santo Tirso, numa música transversal a todas as faixas etárias.
Numa toada de marcas tu, marco eu, a primeira parte ia passando e não havia maneira de nenhuma das equipas conseguir descolar. A quatro minutos do intervalo o 17-17 era o fiel retrato do equilíbrio que reinava em campo.
No último lance do primeiro tempo, Ana Ursu defendeu um tiro de sete metros – para gáudio dos benfiquistas – e levou a desvantagem para a margem mínima na hora do descanso (18-19).
No meio de tanta incerteza, uma coisa era certa: esperavam-se 30 minutos (neste caso 40) do melhor que o andebol feminino português tem para oferecer. E assim seria...
Segundos depois de soar a buzina para o intervalo, uma boa notícia chegou ao Municipal de Santo Tirso: a equipa feminina de futsal do Benfica acabara de se sagrar heptacampeã nacional, num acontecimento que suscitou várias reações na bancada.
"Já está! O futsal feminino já ganhou o título", foi uma das frases mais escutadas.
Determinadas a dar a volta ao marcador, as jogadoras orientadas por João Alexandre Florêncio estiveram pouco tempo no balneário, dando preferência à realização de exercícios de ativação em plena quadra.
Saindo a jogar, pertenceu ao Madeira SAD o primeiro golo da segunda metade, ao qual respondeu Constança Sequeira, recolocando a diferença num golo (19-20).
Novamente com as madeirenses por cima, novamente as bancadas a dizer 'presente'. Após as insulares conseguirem três golos de vantagem (19-22), um poderoso "Benfica!" fez-se ouvir alto, não permitindo, nem por um segundo, que as tricampeãs nacionais se sentissem sozinhas na quadra.
Tanto assim foi que, com muita luta, garra e paciência, as águias conseguiram igualar a partida, a 15' do fim (23-23).
O banco encarnado era uma extensão do apoio vindo da bancada, com as jogadoras que não estavam em campo e serem verdadeiras incentivadoras das companheiras.
Com o jogo aproximar-se do fim, e com o Madeira SAD sempre na dianteira, a intensidade que já era grande, maior ia ficando a cada jogada concretizada ou defendida.
João Alexandre Florêncio puxava tanto pelas bancadas, como pelas suas jogadoras. Duda marcou, Ana Silva também, mas, pelo meio, o Madeira SAD meteu, igualmente, a bola na rede. Faltava um minuto e meio e cada lance poderia ser o decisivo.
Já dentro dos últimos 60 segundos, Constança Sequeira conseguiu empatar (29-29). Com 20 segundos para se jogar, e com a bola para o Madeira SAD, sabia-se que aquela poderia ser a jogada que definiria o vencedor da Taça de Portugal...
Tal não aconteceu, pois a defesa feita pelo Benfica foi muito eficaz e o jogo seguiu para prolongamento. O que as águias lutaram e suaram para conseguir anular uma desvantagem que, a certa altura, parecia ter vida própria, é algo que fica na história desta época 2023/24, independente do desfecho que se seguiu.
Na recolha aos balneários, outro momento também que ficará gravado na memória de quem o presenciou. João Alexandre Florêncio numa troca de mística, incentivos e de energia com a bancada. Muita garra à flor da pele, porque no Benfica depois do terceiro título vem sempre o quarto, e é esse o espírito que move esta equipa!
O arranque do prolongamento foi igual aos 60 minutos anteriores. O Madeira SAD a adiantar-se no marcador (29-31), as encarnadas a reagir bem e a igualar (31-31). Quando a primeira parte do tempo extra fechou, o resultado era de 31-33.
Ana Silva, da marca dos sete metros, foi a primeira a marcar na segunda metade (31-32). A gravidade do momento era de tal ordem, que o pavilhão fez silêncio entre o momento entre que a jogadora do Benfica se preparava para atirar e aquele em que a bola bateu na rede.
A mesma Ana Silva, do mesmo modo, fez o empate no minuto imediatamente a seguir (33-33). Estava louco o jogo em Santo Tirso...
Contudo, o Madeira SAD marcou mais três, as encarnadas apenas mais um, e a Taça de Portugal acabou por rumar ao Funchal (34-36).
Tristes e desiludidas, as jogadoras do Benfica confortaram-se umas às outras, sempre com os cânticos dos seus adeptos como música de fundo. Não era o desfecho sonhado, mas ficou a certeza de que estas atletas deram tudo de si para conquistar mais um troféu.
Numa demonstração de enorme respeito pelos Benfiquistas presentes, e após assistirem e aplaudirem a entrega da Taça ao Madeira SAD, as jogadoras do Benfica cumprimentaram os adeptos e ainda reservaram um bom bocado do tempo a assinar camisolas entregues pela bancada. Claramente, uma das imagens mais bonitas desta tarde de domingo.
Informação do Jogo: https://www.slbenfica.pt/pt-pt/agora/noticias/2024/06/02/andebol-feminino-benfica-madeira-sad-jogo-final-da-final-four-taca-de-portugal
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