Os subscritores do comunicado solicitam a intervenção aos presidentes do IPDJ, do COP e da Comissão de Atletas Olímpicos, assim como aos responsáveis da FTP.
Os triatletas portugueses dos Centros de Alto Rendimento (CAR) repudiaram hoje a gestão federativa na alta competição e apelaram à intervenção dos responsáveis pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) e Comité Olímpico de Portugal (COP).
«A nossa ideia, e pelo contacto que temos tido com a estrutura federativa, é de uma clara falta de competência, mas não nos cabe a nós sugerir uma queda ou não da direção [da Federação de Triatlo de Portugal]. Tentámos falar atempada e repetidamente e nunca o diálogo foi levado a bom porto», lamentou João Silva, em conferência de imprensa, em Lisboa.
O triatleta natural da Benedita, sexto classificado da edição de 2013 do Campeonato do Mundo, foi o “porta-voz” de um comunicado subscrito por 14 atletas que residem ou residiam nos CAR da modalidade, uma vez que a infraestrutura de Montemor-o-Velho foi encerrada pela FTP em maio último.
«A FTP procedeu ao repentino encerramento do CAR de Montemor-o-Velho, em maio, sem comunicar previamente aos atletas, pais e funcionários do mesmo […], chegou a verificar-se a falta de comida e água no CAR e, inexplicavelmente, a mando do presidente da FTP foram trocadas as fechaduras da casa, ao que se julga para tomar posse da mesma. Tal facto mereceu a intervenção da GNR», referem os triatletas, justificando esta tomada de posição com a vontade de preparar a época de 2014, quando começa o apuramento para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro2016.
Ladeado pelos “elites” João Pereira, 18.º do Mundial, e Miguel Arraiolos, 63.º, e “apoiado” por outros nove triatletas, João Silva anunciou o «frontal e total repúdio pela orientação seguida, no seio da FTP, no que ao alto rendimento diz respeito».
«Estamos aqui porque atingimos o limite e porque já tentámos por todas as vias internas da federação resolver os problemas, mas, como nunca obtivemos respostas nem soluções viáveis, vimo-nos obrigados a fazer este comunicado», frisou João Silva, aludindo à missiva distribuída à comunicação social, que manifestava «profunda deceção e estranheza pela insensibilidade» do presidente da FTP, Fernando Feijão, e do antigo Diretor Técnico Nacional (DTN) Hugo Ribeiro.
Entre os vários pontos do comunicado dos triatletas constam várias denúncias, como o aliciamento de João Silva e João Pereira com uma bolsa monetária para que não competissem pelo Benfica, o afastamento das equipas médica, de fisioterapia e de psicologia, as «pressões, represálias e chantagens« aos atletas que pretendiam ter enquadramento técnico diferente do de Hugo Ribeiro.
Ainda relativamente ao antigo DTN da FTP, os triatletas contestam a sua contratação, salientando tratar-se de «um vice-presidente da própria federação, sem habilitações para o cargo, planeando treinos inexplicáveis do ponto de vista técnico e colocando em causa a própria integridade física dos atletas» e a falta de acompanhamento técnico para provas e estágios.
«Como é exemplo a participação do atleta João Pereira na etapa de Hamburgo, para a qual foi acompanhado pelo presidente da FTP, quando havia técnicos da FTP disponíveis» ou «o estágio em altitude realizado nos Pirenéus, em França, em maio […], realizado por José Estrangeiro e João Pereira, que conduziram a viatura da FTP a partir de Portugal, num total de 1.250 quilómetros cada viagem».
Os subscritores do comunicado, além de agradecerem o apoio aos «pais, clubes e amigos», solicitam a intervenção aos presidentes do IPDJ, do COP e da Comissão de Atletas Olímpicos, assim como aos responsáveis da FTP.