Fonte
A Bola
Jesualdo Ferreira ficou boquiaberto quando soube que tinha sido considerado expulso por Martins dos Santos após o final do derby, conforme A BOLA apurou, muito embora a lista de castigos provisórios divulgada ontem pela Comissão Disciplinar da Liga informe que foi apenas sancionado com advertência e uma multa de 400 euros. Também Luís Filipe Vieira, que esteve envolvido na confusão gerada após o derradeiro apito do juiz, foi advertido e multado em metade daquela verba. Mesmo assim, o treinador não cala a sua indignação.
Foi ainda dentro do terreno de jogo, já a caminho das cabinas, que o árbitro portuense decidiu expulsar o técnico benfiquista, tendo nas ocorrências descritas no relatório que elaborou mencionado impropérios dirigidos por Jesualdo Ferreira, o motivo que justificou aquela decisão, punindo também com advertência — o equivalente a um cartão amarelo — Luís Filipe Vieira. Refira-se, no entanto, que a situação do treinador é semelhante à de José Mourinho: este foi expulso do banco no F. C. Porto-Benfica e posteriormente só foi alvo de uma advertência.
Confrontado com a expulsão, Jesualdo Ferreira não nos escondeu a sua surpresa, garantindo-nos desde logo que «só depois de saber os motivos que levaram o sr. Martins do Santos a expulsar-me» tomaria uma posição, mas mostrando sempre «estar à-vontade em relação a tudo o que se passou», socorrendo-se da presença de Luís Filipe Vieira que «acompanhou de perto tudo aquilo que se passou», considerando-o a sua melhor testemunha.
Martins dos Santos não viu o penalty
Aborrecido com a expulsão, independentemente do castigo de que é alvo ser apenas uma advertência, Jesualdo Ferreira considera ter sido alvo de «um acto discriminatório, pois quando uma pessoa é expulsa é avisada e eu nada fiz para que isso acontecesse», dando-nos conta do que se passou:
— Dirigi-me à equipa de arbitragem, concretamente ao árbitro auxiliar, dando-lhe conta do meu desagrado em termos correctos. Portanto, não havia quaisquer motivos para me expulsar. Para se ser expulso é porque existem gestos ou palavras ofensivas e de nada disso me pode acusar o sr. Martins dos Santos. Aliás, o gestor do futebol do Benfica é a minha melhor testemunha e certamente não gostaria de ter um treinador que tivesse comportamentos incorrectos. Por isso, considero que ser expulso sem saber é discriminatório.
Mantendo a sua crítica relativamente à grande penalidade assinalada contra o Benfica, o técnico defende que «parece-me a mim que esse lance é de difícil análise a 40 metros de distância, mas não foi difícil de analisar os braços dos jogadores do Sporting antes de a bola chegar ao Armando», adiantando que os futebolistas leoninos «estavam sempre a pedir grande penalidade», justificando uma outra situação que se confirma ter acontecido:
— Logo a seguir ao golo do Sporting há um cruzamento e o auxiliar primeiro levanta a bandeirola e depois baixa-a, situação que provocou a indignação do banco do Benfica. Tudo isto que se passou prova, no fundo, que em matéria disciplinar a faca e o queijo estão sempre do lado dos árbitros.
A finalizar, Jesualdo Ferreira não deixou de nos afirmar:
— Estou tranquilo, embora muito surpreendido, porque o senhor Martins dos Santos viu tanto o penalty como eu. Não viu nada! E nem sequer discuto se a bola bateu ou não na mão do Armando.