Na apresentação do seu livro intitulado ‘Na vida com garra’, a atleta portuguesa realçou ainda o apoio constante da família, seus “fãs número um”, e a circunstância de ao longo da sua carreira desportiva ter-se sabido “rodear das pessoas certas”.
“A medalha não mudou nada, só estou um bocadinho mais feliz. Eu sou uma sortuda, não sou um ser especial, apenas tive a sorte de me rodear das pessoas certas, seguir as minhas convicções e não ter medo de falhar. Não somos perfeitos e nunca vamos ser e muitas vezes o que temos medo é de falhar perante os outros. Se deixarmos de lado isso, que é o ego, acho que as coisas correm melhor”, afirmou.
Numa intervenção intimista feita de improviso, perante uma sala exígua para acolher todos os que participaram no lançamento do livro, Telma Monteiro afirmou ter tentado sempre ao longo da sua vida desportiva “dar o melhor em relação a cada objetivo” e “viver com a máxima intensidade”.
“O que tentei sempre na minha vida foi dar o melhor em relação a cada objetivo, viver com a máxima intensidade. Se eu chegar aos 80 – vou fazer disso um desafio para ver se consigo – gostaria de olhar para trás e pensar que fiz tudo para potenciar as minhas capacidades, que fui a melhor pessoa que podia ser”, disse.
Sempre focando a importância que sempre teve a família e os amigos, a judoca portuguesa relatou um episódio vivido antes do combate que se tornaria decisivo para aceder à medalha que viria a conquistar.
“Voltei a pensar nos Jogos Olímpicos de Pequim e pensei que desta vez tinha que seguir em frente e ganhar a medalha. Quando estava na zona de aquecimento, nesse momento de reflexão e introspeção, foi lá imensa gente incentivar-me e dizer-me que ia conseguir e que tinha que me focar na medalha”, relatou.
E acrescentou: “Foi um momento muito difícil porque eu não conseguia transmitir-lhes que eu acreditava que ia ganhar. Lembro-me de estar a ir para o tapete e olhar para eles e pensar: ‘fogo, eles não acreditam em mim’. Senti mesmo que não acreditavam que eu ia dar a volta àquela situação. E foi daí o grito: ‘eu vim para ficar’”.
Antes, o presidente do Comité Olímpico de Portugal, José Manuel Constantino, lembrou as origens humildes de Telma Monteiro, afirmando que, além de “grande atleta”, é uma “grande pessoa”.
“A Telma viveu num bairro social, passou pelas dificuldades de muitos jovens da sua idade (...). Poderia omitir esta fase da sua vida. Mas, pelo contrário, ela valoriza-a e encontrou nessas dificuldades a forma de superar os desafios que a vida lhe colocou, revelando simplicidade, franqueza, humildade”, salientou.
Também presente no lançamento do livro, a antiga campeã olímpica Rosa Mota disse esperar que o livro de Telma Monteiro possa ser “importante para muitos jovens”, mostrando-lhes que “podem realizar os seus sonhos como ela conseguiu”.
“Temos de ter garra no que fazemos e ser exemplos no que fazemos. Se não temos garra, não acreditarmos nas nossas capacidades, não vamos a lado nenhum. E o desporto ajuda-nos muito, a ultrapassar problemas, a ter respeito uns pelos outros, a acreditar no que somos”, apontou.
http://desporto.sapo.pt/mais_modalidades/artigo/2016/09/01/telma-monteiro-um-bocadinho-mais-feliz-com-bronze-no-rio