Fonte
www.record.pt
Boas e más notícias desde Vila Real de Santo António. Boas para o Benfica, porque provou que tem um leque de opções de boa qualidade e para o V. Setúbal, porque mostrou uma equipa sólida, com funções individuais bem definidas em prol do conjunto; más porque, apesar do entusiasmo que provocou a maior enchente numa terra com tradições no futebol português, as equipas preferiram seguir o guião da época, privilegiando o teste ao entrosamento, a prova de que estão a assimilar as ideias dos treinadores, sem darem ao resultado e ao espectáculo a dimensão que é sempre aguardada por quem se desloca aos estádios, mais ainda nesta fase de expectativa e de ilusão.
O Benfica deixou mais de meia equipa em Lisboa – Moreira, Argel, Petit, Simão, Zahovic, Nuno Gomes e Mantorras – e mesmo assim apresentou um onze no qual não couberam presenças assíduas em 2001/02 – exemplos de Cabral, Andersson e Fernando Aguiar. Mas, ainda mais importante no cômputo geral para os encarnados, em termos estruturais, foi a opção por dois avançados – num plantel com Nuno Gomes, Mantorras e Fehér faz sentido pensar na utilização de dois pontas-de-lança – e, numa visão mais restrita, a expressão do talento de Roger, feita em moldes que rectificam a imagem deixada no passado: presença menos assídua mas mais decisiva no funcionamento da equipa; menos sofreguidão pela posse da bola mas maior exuberância criativa nas acções; menos brilho individual mas mais determinante no funcionamento global. Marcou dois golos e ainda falhou um penalty, foi a figura maior e assumiu candidatura indiscutível a um lugar na equipa.
Mas a prova de qualidade, se assim lhe podemos chamar, não se reduziu ao plantel benfiquista e à promessa de boas opções para a nova época. O V. Setúbal, retocado com algumas caras novas, herdou uma estrutura, um estilo e uma ideia, criação de Luis Campos: os jogadores sabem o que estão a fazer em campo, percebem o funcionamento da equipa, têm posições e funções definidas. O inconveniente do jogo, em termos globais, teve a ver com ritmo moderado imposto pelos jogadores, primeiro pelo calor, depois pelo cansaço e sempre porque a grande verdade é que estamos em pré-época.
Positivo
O toque individual de Roger acabou por apagar a ideia mais importante para o Benfica: a qualidade das opções que existem no plantel para abordar a época que aí vem. No que diz respeito ao V. Setúbal, excelente a imagem deixada como equipa, composta por jogadores capazes de dar rosto à ideia colectiva.
Negativo
A questão é eterna: porque sente falta de futebol, o público vai ao estádio e procura encontrar referências; porque estão no princípio da época, em busca de ritmo e coordenação entre si, os jogadores oferecem a sua presença mas não dão, porque não podem, tudo aquilo que as pessoas desejam. E sendo assim, fica sempre uma estranha ideia de omissão.
O desperdício do "hat-trick"
Roger, a grande figura do jogo, esteve a um passo do "hat-trick", mais precisamente a uma simples grande penalidade, que desperdiçou ao rematar ao poste direito de Pedro Espinha. O brasileiro que mantem umas contas a ajustar com o futebol português, mostrou-se mais sóbrio nas acções, mas dando sinais claros de que está a preparar uma grande época