Fonte
www.ojogo.pt
"Águia" (de) arromba...
Acabou por se tratar de uma invasão pacífica, mas o Benfica entrou, sem equívocos, de rompante numa Superliga com aço extraído (num improviso) de Rocha e com um Simão com motor de "explosões", consumindo com o seu talento adversários a quem ontem faltou... energia para responder à altura.
CARLOS ALBERTO FERNANDES
Depois de uns primeiros minutos de alguma timidez, o conjunto de Jesualdo Ferreira partiu para uma vitória tranquila, abrindo a porta desse triunfo num arrombamento a três tempos, com a marca indelével do camisola 20.
Na verdade, o sucesso começou a ser construído pelas individualidades mais do que pelo colectivo. Após um primeiro quarto hora de alguma passividade, período durante o qual até foram os insulares a criar situações de algum embaraço na grande área encarnada - Armando demorou a ajustar-se às movimentações de Alan. No palco do meio-campo, a produção de jogo equivalia-se - embora inclinasse para o último reduto maritimista, sobretudo pela acção obreira e impetuosa de Ednilson, bem coadjuvado por Tiago.
Nesta fase do jogo, as acções dos anfitriões eram ainda demasiado previsíveis e, a espaços, notava-se o desequilíbrio do jogo ofensivo, onde Roger contribuía para o afunilamento, raramente buscando as alas. E assim foi até ao primeiro passo em falso de Dinda que permitiu a inspirada contra-ofensiva de Simão. A experiência de Zahovic, acompanhando em boa posição o desenvolvimento da jogada, permitiu desferir a primeira e decisiva estocada no ordenamento e nas aspirações do Marítimo.
Zahovic na prática
Já o havia demonstrado nos ensaios (Grémio e Real Madrid) e confirmou na abertura da temporada. Zahovic voltou a ser um homem-golo e, tal como Simão, fez a diferença num recital composto ainda de um fabuloso passe a rasgar a defesa contrária (para o tento...), proporcionando a Tiago igualar, desde já, o número de tentos apontados no ano passado ao serviço do emblema da águia... Tão inusitado era o registo que o próprio animador de serviço no Estádio da Luz concluía tratar-se de um... "golo de Simão Sabrosa". Faltando-lhe vocação goleadora (tinha-o demonstrado poucos minutos antes), o ex-bracarense esteve mais solto para as iniciativas de ataque sendo, simultaneamente, peça fundamental da solidez do meio-campo.
A desinibição do Marítimo, em especial no dealbar do jogo, pouco passou do plano das intenções. Sabry iniciou o desafio no papel de um segundo ponta-de-lança, nas costas de Gaúcho, ao passo que Joel (a acumular preocupações defensivas (Simão "oblige") e Alan (mais este) se revelavam empreendedores, procurando ampliar a frente de ataque. Era uma voluntariedade que esbarrava no enorme acerto defensivo de Ricardo Rocha (uma actuação quase perfeita com honras de cântigos na claque...) e de João Manuel Pinto.
Nelo Vingada terá concluído que só lhe restava aprofundar a vocação ofensiva da sua equipa. Reagiu à desvantagem de dois golos apostando num segundo ponta-de-lança (Jaques) e num meio-campo com maior capacidade de desdobramento (Rincón e Wênio), dando corpo às suas ambições que não passariam, por certo, pelo estancar do caudal atacante do Benfica.
Gerou-se então, no segundo tempo, quadro de interesses, em que aos pupilos de Jesualdo interessava gerir sem sobressaltos e ao adversário, chegar a um golo que teria o duplo efeito de espevitar a equipa e enervar os encarnados. A falta de inspiração da linha da frente maritimista e a eficácia colectiva dos donos da casa conduziram sem espanto ao terceiro golo, num fim de festa em que augura uma (boa) Superliga por parte do emblema da águia.