Um dia depois de ter estado na Terceira a inaugurar a nova imagem da Casa do Benfica daquela ilha dos Açores, onde discursou perante cerca de 700 Benfiquistas, Luís Filipe Vieira compareceu na abertura da 1.ª edição do Torneio Germano Figueiredo, na Tapadinha, onde se homenageou um Bicampeão Europeu, um grande nome do Clube, do Atlético e da Seleção Nacional.
“Germano Figueiredo foi alguém que ficou sempre na nossa memória. E se há algo que o Sport Lisboa e Benfica de hoje tem é memória, por isso recorda os ex-atletas que vestiram a sua camisola. Os que já partiram, serão sempre recordados; os que estão presentes, de certeza que o Benfica estará sempre ao lado deles”, assinalou o presidente benfiquista no início de uma breve intervenção num local que lhe diz muito e, por instantes, o fez recuar 50/60 anos no tempo. “Estar aqui faz-me recordar alguns jogos que presenciei neste campo com o meu pai”, lembrou, num rápido mergulho em boas memórias.
Sensível à grave crise desportiva e financeira que o Atlético Clube de Portugal vive, Luís Filipe Vieira fez questão de afirmar publicamente que o Benfica “está na primeira linha para ajudar naquilo que for preciso” e no que estiver ao seu alcance para que o emblema da Tapadinha “se dinamize, renasça e volte ao patamar que merece”. “Assim a Câmara Municipal de Lisboa e a Federação Portuguesa de Futebol estejam também disponíveis para ajudar o Atlético nesta altura muito difícil. Os meus sinceros parabéns ao presidente do Atlético, por tudo o que tem feito no último ano e por ter conseguido unir estas pessoas todas à volta do clube: recordar Germano é algo que lhe fica muitíssimo bem. Parabéns ao Atlético”, disse o líder benfiquista.
Ricardo Delgado, presidente do Atlético, também fez uso da palavra numa tarde de fortes lembranças e simbolismo.
GERMANO: O DEFESA DE SONHO DO BICAMPEÃO EUROPEU
“Se há feliz cruzamento na história lisboeta e na matriz popular que sustenta as coletividades é a relação entre o Atlético e o Benfica. É absolutamente exemplar. Milhares de jogos disputados nas mais diversas modalidades, sócios cruzados, adeptos divididos, famílias adeptas dos dois emblemas. Recordo-me da passagem pelo clube do pai do presidente Luís Filipe Vieira. Era nosso adepto e sócio. O avô do dr. Domingos Soares Oliveira, atual CEO do Benfica, foi o primeiro presidente da Mesa da Assembleia Geral do Atlético”, referiu.
Ricardo Delgado recordou ainda Eusébio, cujo “primeiro jogo foi contra o Atlético no Estádio da Luz”, e nomes como José Henrique e Artur Santos, históricos que representaram os dois emblemas. Além do homenageado Germano Figueiredo, claro, “nome ímpar da história de Alcântara, Atlético, Benfica e Portugal”, como foi retratado pelo presidente do Atlético. “A sua dimensão humana ultrapassa a importância desportiva e não posso deixar de lembrar o amor que o unia aos dois clubes”, reforçou.
“O Atlético atravessa a maior crise financeira e desportiva da sua história, mas era nosso dever e nossa honra homenagear o jogador e o homem. Bicampeão Europeu, melhor defesa da sua geração, incansável lutador em todos os metros quadrados do campo de futebol, deixou ao Atlético um legado que jamais pode ser esquecido. Devemos lutar para que o nosso clube resista. Viva o Atlético, viva Germano Figueiredo!”, enalteceu Ricardo Delgado.
“Quero ainda agradecer ao Tiago Pinto [na foto em cima], pois sem ele este jogo e este evento não seriam possíveis”, disse o líder do Atlético, dirigindo-se ao diretor-geral do futebol das águias respeito da organização do jogo que, às 15h00, pôs frente a frente na Tapadinha o Benfica Legends, capitaneado por António Veloso e treinado por Vítor Paneira e Rui Águas (na foto em baixo), e uma equipa do Atlético.
Presentes numa tarde de festa que serviu para recordar “um amigo de sempre” chamado Germano Figueiredo, José Henrique e Artur Santos falaram à BTV sobre o homenageado. “Foi um privilégio muito grande ter jogado com Germano, uma figura ímpar no futebol, no Benfica, no Atlético e na Seleção. Ensinou-me muita coisa como jogador e como homem. É uma referência inesquecível, está sempre na memória de todos nós”, partilhou José Henrique (na foto em baixo).
“O Germano era um senhor que gostava muito de ler. Antes do treino ia para o pé da baliza, sentava-se encostado ao poste a ler um livro, e nós brincávamos com ele, mas sempre dentro da cordialidade e da amizade que já havia naquele tempo”, reviveu o antigo guarda-redes, o popular Zé Gato.
Artur Santos também relembrou o lado de “leitor do mais alto nível” que caracterizou Germano Figueiredo. “Ausenta-se da nossa presença quando estava agarrado aos livros de que muito gostava. Tive o grato prazer de jogar com ele. Foi um grande jogador a nível nacional. Nunca conheci ninguém como ele”, afirmou.
Texto: João Sanches
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