Fonte
www.maisfutebol.iol.pt
O importante é estar atento às atitudes dos companheiros de Miklos
Fehér: psicólogo explica como lidar com uma morte revoltante
Telmo Batista é professor na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação de Lisboa e psicoterapeuta ligado a questões de luto e ao acompanhamento de doentes em fase terminal. Ao Maisfutebol este psicólogo falou das consequências que a morte de Miklos Fehér terá no grupo de trabalho do Benfica. Os encarnados têm um psicólogo, Pedro Almeida, que prefere manter-se em silêncio neste momento difícil que o grupo de trabalho vive. Telmo Batista deixa claro que não se quer pronunciar intrometer no trabalho «do amigo e companheiro de profissão de Pedro Almeida que está a trabalhar muito bem» mas explica um pouco melhor como serão tampadas as marcas deixadas com o desaparecimento de Fehér.
«O luto no futebol não será diferente de outros lutos. O que acontece é todo um processo de recuperação que é diferente de pessoa para pessoa e as reacções são bastante diferenciadas. Cada um vive as situações mediante a sua personalidade. Estamos ainda no momento da perda e as pessoas podem não conseguir expressar bem a situação e depois há todo um processo de dar sentido a esta morte e de recuperar energias que foram despendidas nestes processo e investir novamente na coisa dando sentido à vida», começa por resumir o psicoterapeuta.
Telmo Batista reforça que o tempo de luto é bastante variável mas deixa claro que é necessário encarar de frente o desaparecimento de Fehér: «Há relações de maior proximidade e o luto pode demorar seis meses, um ano ou muitos anos. Depende muito da relação que se tinha com a pessoa, da relação emocional que se estabeleceu forte ou não e há diferentes relações que as pessoas tiveram com ele e será um processo que varia em função da personalidade de cada um. Esperaria que demorasse algum tempo para algumas pessoas que tiveram uma relação forte com ele.»
«O fundamental é observar e estar atento»
Telmo Batista explica que nestas situações «o receio que as pessoas têm é que no luto a pessoa seja esquecida e não é isso que acontece. O trabalho a fazer é de elaboração do sentido da vida e da morte da pessoa que ficou. É um processo global porque envolve um conjunto de pessoas e uma equipa e será um processo que será conduzido com toda a atenção» por parte de Pedro Almeida.
Este psicoterapeuta diz que o psicólogo do Benfica terá um papel muito importante na forma como companheiros de Fehér vão superar a situação: «O papel fundamental é observar e estar atento. Intervir na medida do necessário e ser um facilitador nos processos de cada pessoa. Tem de perceber se é necessário uma ajuda específica. A atenção é fundamental, conheço muito bem o Pedro Almeida e sei que está a fazê-lo com certeza. Respeitar o processo de luto individual. Um psicólogo oferece a sua ajuda quando ela é necessária mas não interfere num processo normal de luto de cada um.»