Fonte
www.abola.pt
Rui Costa vai, obviamente, ser espectador atento do Benfica-Inter de amanhã. Nem poderia ser de outro modo: de um lado, o clube do seu coração; do outro, o vizinho e grande rival do Milan em Itália. Numa análise ao desafio dos oitavos-de-final da Taça UEFA, o maestro português fala de «50 por cento de hipóteses para cada equipa» e deixa, através de A BOLA, uma mensagem de esperança aos jogadores encarnados: «Não podem pensar que partem em desvantagem só por se tratar do Inter. Têm de acreditar que é possível. Coragem, Benfica!»
— Tendo conhecimento aprofundado do Inter e do Benfica, o que espera destes duelos?
—São duas equipas que procuram na Europa esquecer os desaires nos respectivos campeonatos. O Inter, por exemplo, está no sétimo posto, a 25 pontos do Milan. Pode imaginar-se a desilusão que habita o espírito de todos no clube. Por seu lado, também o Benfica vê o sonho do título nacional cada vez mais longe. Depois, há muito tempo que nem Benfica nem Inter alcançam conquistas internas, sendo que partem sempre como favoritos.
—Que conselhos daria então aos encarnados?
— Primeiro que acreditem que têm hipótese igual à do Inter de seguir em frente. O Benfica não pode pensar que parte em desvantagem só porque joga frente a um colosso italiano porque também o Benfica é um colosso europeu. Têm de acreditar que é possível e tentar aproveitar do melhor modo a fase menos positiva do adversário. O Benfica tem grandes jogadores e este é um jogo bom para surgirem.
— As fragilidades defensivas poderão ser um problema?
— Não sei se, tanto uma como outra, têm assim tantas fragilidades... Acho, isso sim, que a generalidade da crítica tem atribuído as culpas, às vezes de forma injusta, aos defesas.
— Que influência terão, por seu lado, as ausências de Nuno Gomes, Vieri e Adriano?
— Penso que, neste capítulo, fica a perder o Benfica porque tem apenas Sokota. O Inter não tem os avançados que referiu, mas tem Julio Cruz, Recoba, Obafemi Martins... De qualquer modo os encarnados têm jogadores bons que terão de assumir a responsabilidade de atacar.
— Que preponderância tem o facto de o primeiro jogo ser na Luz?
—Neste caso, e visto que no ataque o Benfica surge apenas com um homem, seria mais vantajoso que a primeira mão fosse em Milão, pois poderia jogar de uma forma mais defensiva para garantir um resultado que permitisse que, depois na Luz, com dois avançados, o Benfica resolvesse a eliminatória. Mas, há que jogar também com estas circunstâncias.
—Que mensagem gostaria de deixar aos jogadores encarnados?
—Tenham coragem! Assumam o facto de o Benfica ser um colosso europeu e mostrem a mesma vontade formidável de Trondheim, quando tinham apenas dez jogadores. E não pensem que as camisolas encarnadas não assustam o Inter. Posso dizer que, em Itália, quando o sorteio coloca equipas portuguesas no caminho das transalpinas, estas também tremem. Por fim, saibam sofrer, porque vão ser dois jogos muito duros e lutem por um bom resultado já na Luz.