Futebol feminino - Cloé Lacasse em entrevista: "Não queria apenas ler, queria fazer parte do Benfica"

Fonte
slbenfica.pt

A avançada Cloé Lacasse chegou ao Benfica na presente temporada e já conta 10 golos marcados em sete jogos disputados pela equipa feminina de futebol.

 

Proveniente do ÍBV, equipa da Islândia – emblema onde alinhou nas últimas 5 épocas –, Lacasse esteve à conversa com o jornal O Benfica, na primeira entrevista no nosso País, e revelou como está a ser a experiência em Lisboa.

 

Canadá, Estados Unidos da América, Islândia e agora Portugal: fique a conhecer um pouco da história da atleta de 26 anos que ainda não fala português, mas que se tem adaptado muito bem ao plantel e ao Clube. Afinal de contas, a língua do futebol é universal!

 

 

“Tenho desenvolvido as minhas capacidades no Benfica”

 

Origem

“Nasci e cresci no Canadá. Deixei o meu país quando tinha 18 anos e fui estudar e jogar futebol nos Estados Unidos, onde fiquei por três anos e meio. Depois fui para a Islândia, e foi lá que iniciei a minha carreira profissional no futebol. Cinco anos mais tarde fiquei com a cidadania da Islândia.”

 

O início de tudo

“Comecei a jogar futebol aos três anos de idade com o meu irmão mais velho. Quando tinha idade suficiente, fui para uma liga de futebol de equipas mistas na minha cidade. Foi aí que realmente começou a minha paixão e o amor pela modalidade desportiva.”

 

 

Antes de integrar o Benfica

“Passei por um clube juvenil, no Canadá, o Sudbury Canadians, que era um pequeno clube lá na minha cidade, e também joguei no Toronto. Depois fui jogar na Universidade de Iowa, nos EUA, até que rumei para a Islândia e integrei o ÍBV. Quando decidi aceitar ir para o ÍBV, não sabia muito bem para o que é que ia, realmente não sabia bem o que esperar, pois o meu conhecimento sobre a Islândia era muito pequeno, mas eu tinha de agarrar a oportunidade de jogar futebol profissionalmente e iniciar a minha carreira! Quando a liga começou, percebi que, embora a Islândia, em si, fosse muito pequena, existiam muitos clubes e muitas jogadoras de futebol com talento. A liga é muito física e técnica, o que me permitiu desenvolver ainda mais as minhas habilidades no desporto. O futebol norte-americano enfatiza mais o lado atlético do que a capacidade técnica, por isso foi muito bom melhorar aspetos técnicos do futebol. Logo, logo, apaixonei-me pelo país e pelo povo da Islândia e, mais tarde, após cinco anos, tive a sorte de me tornar cidadã islandesa.”

 

 

 

 

Rumo a Portugal

“Vir para o Benfica foi algo que me deixou muito empolgada. Primeiro, eu sabia que o Benfica era um grande clube, de renome a nível internacional, e, segundo, eu sabia que tinham conquistado todos os títulos no futebol feminino no ano em que se estreou. E logo à partida senti que queria fazer parte deste projeto que tinha apenas um ano de vida. Ver o que já tinha sido alcançado era algo que eu não queria apenas ler, mas de que queria fazer parte! Conhecia bem o Benfica como um todo, mas especialmente conhecia o Benfica por causa da equipa masculina e pelos jogadores que ela possui. Mas agora sei que chegou a hora de o mundo inteiro conhecer também a equipa feminina do Benfica e não só a masculina. Nós, do futebol feminino, vamos fazer por isso!”

 

A decisão e a família

“A minha família sempre me apoiou em tudo, e não era agora que iam deixar de o fazer. Ficaram muito animados com a notícia e com a decisão que tomei. Eles sabiam para que clube estava a vir, pois conheciam o grande nome do Benfica. Infelizmente ainda não tiveram a oportunidade de me ver jogar ao vivo aqui em Portugal, mas vêm cá brevemente. Recebi muitas mensagens de pessoas do Canadá a parabenizar-me por ter feito esta escolha.”

 

 

O clube das águias

“Confesso que não poderia esperar melhor deste clube. Tudo o que o Benfica faz é extremamente profissional. O pessoal, as instalações e os jogadores não podiam ser melhores. Há aqui uma excelente estrutura para os atletas, o que nos permite focar apenas nos nossos objetivos para as temporadas. Estou feliz com a escolha que fiz em vir jogar pelo Benfica. O Benfica já me expôs a tantas grandes oportunidades que nunca tinha tido antes. Algo que eu gostei imenso foi a sessão de treinos com os jogadores do futebol masculino. Foi criado um ambiente desafiador para cada um de nós! Quando se treina com outros grandes jogadores, aprimoramos as nossas próprias habilidades… Aqui no Benfica eu sinto que tenho desenvolvido as minhas capacidades.”

 

 

Lisboa

“A vida em Lisboa está a ser boa. Aqui o clima é bom, relativamente às temperaturas a que eu estou habituada, pois estou acostumada com o frio e vento. Já tive a oportunidade de conhecer um pouco de Lisboa. Adorei Cascais, é um sítio muito encantador. Adorei visitar Sintra… mas há muito mais por conhecer. É um local bom para se viver. O que eu gosto nesta cidade é que há tantas coisas para ver e para se fazer, que realmente as pessoas não se podem entediar aqui.”

 

 

Camisola n.º 20

“Quando eu era mais nova, gostava muito do número 10, mas, sempre que dizia isto, havia sempre alguém já com esse número na camisola. Foi então que depois optei pelo número 20 e, desde então, sempre joguei com o 20 nas costas. Para mim, o número que acarretamos é um lembrete diário de que todos temos de dar o máximo possível para o que desejamos alcançar: nada é apenas entregue a ti, tu tens de ir conquistando e ganhando de dia para dia.”

 

 

Expectativas futuras

“Como grupo, fazemos um jogo de cada vez. Queremos ganhar campeonatos... obviamente, mas temos de nos focar num jogo de cada vez. Não podemos olhar muito à frente, devemos manter o nosso foco no próximo oponente, semana após semana. Nós aqui, no Benfica, temos uma equipa muito forte, não apenas as onze jogadoras que as pessoas veem em campo, mas também as atletas que nem sempre fazem minutos em campo. Falando em relação às outras equipas, eu acho que essa é uma das maiores diferenças que temos. Não temos apenas onze jogadoras fortes, temos um plantel extremamente forte!”

 

O golo na Madeira (ver vídeo)

“Esse foi um golo, creio, divertido. Proveio de um contra-ataque rápido. Eu sabia que a equipa do Marítimo estava desequilibrada naquele momento e então decidi aproveitar e seguir em frente, por que não? Depois vi a oportunidade de rematar e fiz golo. Considero que foi um bom golo e agradeço à nossa guarda-redes, Dida, que colocou a bola em mim.”

 

 

 

 

As goleadas

“Confesso que toda a gente fica muito surpresa com o resultado final quando goleamos. Eu nunca tinha vencido um jogo com uma diferença tão grande no marcador, nem com esta quantidade de golos, como por exemplo os 24-0. Mas nós respeitamos sempre o nosso adversário… e tentamos jogar sempre melhor jogo após jogo. Queremos continuar a vencer e a manter a nossa caminhada positiva. Temos uma equipa muito talentosa, que cresce e melhora a cada semana, e é algo positivo, pois fortalece-nos para os jogos futuros e para os jogos ditos mais importantes e difíceis. E é isto que nos vai permitir alcançar grandes feitos.”

 

O futebol e os estudos

“Sou licenciada em direito e sociologia, mas nunca exerci. Optei por construir uma carreira no mundo do futebol. Talvez um dia, quem sabe?, depois de me aposentar, no que mais gosto de fazer, possa colocar em prática o curso que tirei e ter uma carreira… Mas, claro, primeiro está o futebol.”

 

 

Massa benfiquista

“Senti uma calorosa receção desde o dia em que cheguei ao Benfica. Os adeptos têm sido uma grande razão para isso! Estou ansiosa para conhecer mais Benfiquistas e quero envolver-me mais com o passar do tempo. Eu e as minhas colegas de equipa apreciamos muito os adeptos que nos vão ver jogar. Faz uma enorme diferença, durante a nossa época, ver as bancadas minimamente compostas, jornada após jornada. Os apoiantes do Benfica criam um ótimo ambiente nos nossos jogos. Espero que as equipas, feminina e masculina, consigam atingir os mesmos objetivos e que conquistem mais e muitos títulos! Acredito que vamos dar muitas alegrias aos Benfiquistas. Quero realmente conhecer mais da cultura do Benfica e tornar-me parte da família. Espero que, no final da temporada, nós e todos os Benfiquistas possamos, juntos, erguer as taças!”

 

Entrevista e texto: Carolina Brito

https://www.slbenfica.pt/pt-pt/agora/noticias/2019/11/14/futebol-feminino-cloe-lacasse-entrevista-jornal-o-benfica