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www.abola.pt
Futebol – Fonseca Santos à Antena 1: «Entregaram o coração do Benfica a sportinguistas e portistas!»
Fonseca Santos, vice-presidente da Direcção do Benfica, explicou hoje à os motivos que o levaram a demitir-se da SAD do clube da Luz e as razões da ruptura com as Sociedades participadas, discordando frontalmente de actos de gestão praticados no actual mandato.
Em longa entrevista exclusiva à Rádio estatal, Fonseca Santos garante que jamais será candidato à presidência do Benfica, revela que José António Camacho fica perplexo em certos momentos da temporada, que o Benfica é gerido por portistas e sportinguistas e quanto ao clima que se vive no seio da Direcção, revela que existe subserviência de elementos que julgam deter o poder.
Em termos de gestão financeira, Fonseca Santos revela que se recusou a assinar cheques à margem da Lei numa alusão a uma situação verificada já no mandato do actual presidente Luís Filipe Vieira.
O dirigente dos «encarnados» não confirma a existência de contratos paralelos no clube mas deixa no ar a hipótese de, talvez em breve, dizer aquilo que até agora não disse porque – explica - «o Benfica luta pelo segundo lugar e tem a final da Taça para disputar», evitando assim desestabilizar uma situação já por si algo complicada.
Fonseca Santos diz que «no Benfica a Lei como a própria SAD são desrespeitadas e, mais do que isso, não é respeitado o próprio contrato de financiamento».
«A Benfica Estádio apresentou aos Bancos que a financiaram no âmbito daquilo que é globalmente o projecto financeiro, que foi ponderado e analisado e que é base da tomada de decisão de financiamento por parte de três Bancos uma previsão de receitas que assenta num modelo comercial adoptado, acontecendo que essa previsão de receitas, as mais importantes, teve um falhanço clamoroso, sendo necessário reformular o projecto comercial», afirma.
Mais à frente, o dirigente revela que «há mais de um mês que disse em sede própria que não assinava certos cheques porque isso implicava o pagamento pela SAD de obrigações que tinham sido contraídas por actos ou negócios jurídicos».
Fonseca Santos diz não se ter demitido (ainda) da Direcção «porque não estou tranquilo, porque há prejuízos e irregularidades». «Não sairei do Benfica enquanto não estiver clarificado um conjunto de aspectos essenciais que têm que ver com a existência nos estatutos actuais do clube de regras claras», acrescentou.
E pergunta: «Faz algum sentido entregar a sportinguistas e portitas o coração do Benfica?»
O «vice» benfiquista fala de Luís Filipe Vieira para acentuar: «Quando me convidou, estabeleceu comigo um quadro muito claro em relação ao modelo de formação das Sociedades e não cumpriu esse quadro, foi ele que não cumpriu».
Servilismo e subserviência no Benfica
«Há alguém no Benfica que está convencido que tem o poder; há outros que estão convencidos que essa pessoa que está convencida que tem poder tem realmente poder; e depois há uma franja que adora conviver com os poderosos; e quem adora conviver e partilhar de um poder que não é de facto, porque não existe, tem normalmente atitudes e tiques de servilismo e subserviência», afirma à Antena 1 Fonseca Santos que chama a atenção para a «verdadeira situação da SAD do clube».
«O Benfica-clube não está à beira de uma situação de ruptura financeira porque negociou uma operação de crédito. Mas atenção porque a maneira como está a ser gerida a SAD, sobretudo por causa da vertente despesas, corre o risco de apresentar 20 milhões de euros de prejuízo», acentuou Fonseca Santos.
15/04/2004 16:12