Marcel Matz irá comandar a equipa masculina de voleibol do Benfica pela terceira temporada consecutiva. Em entrevista ao jornal "Record", o treinador revelou as razões que levaram à sua continuidade, destacando tudo o que o Clube oferece aos seus técnicos e atletas para terem um bom desempenho no seu trabalho.
"Aqui, temos todas as condições para trabalhar. Isso não é uma opinião de agora, já a tenho desde o início, até por informações que recebi antes de vir para cá. O Benfica é um clube grande, sério, passa estabilidade para uma profissão de risco, o desporto de alta competição, que vive muito em função dos resultados. A minha família também gosta de estar em Portugal, por isso foram muitos fatores", começou por afirmar.
Marcel Matz, de 40 anos, está totalmente focado em prosseguir com as ideias que tem vindo a desenvolver para o sucesso desportivo da modalidade. "Temos um projeto de médio prazo, bem delineado para o que queremos fazer com o voleibol do Benfica, e é para executar esse projeto. Espero que, além do planeamento, consigamos ter também resultados, pois aí as coisas ficam mais fáceis para colocar em prática o projeto. É esse o meu objetivo, trabalhar dentro do projeto que eu e o Clube já traçamos desde há dois anos", sublinhou.
"Há que dar um passo atrás para depois dar dois em frente"
Para a temporada que se avizinha, o treinador considerou que a equipa técnica e os próprios jogadores terão novos desafios pela frente. "A nossa preparação vai ser mais curta, não vamos ter as seis/sete semanas, que é o que eu gosto de fazer na pré-temporada: vamos ter só quatro, vamos por isso adaptar-nos. Não vamos fazer treinos na praia, vamos diretamente para o pavilhão, para tentar aumentar a quantidade de treino técnico. Os jogadores, como todos os anos, tiveram um plano físico de trabalho, de duas semanas de pré-época para não chegarem tão mal, mas já vinham fazendo esse trabalho – afinal, ninguém consegue ficar tanto tempo parado. Há outros que também estão a disputar o Campeonato de Voleibol de Praia [Tiago Violas e Ivo Casas], porque sei que para a cabeça deles é bom", explicou.
O técnico brasileiro salientou que tem ao seu dispor uma equipa "muito experiente, de carácter". "Tenho a certeza que vai manter o foco muito grande no trabalho, vai dedicar-se. Vamos tentar sempre acrescentar aspetos novos, para que os jogadores se motivem e se sintam desafiados. Desde o início que é assim. Já estamos com umas ideias novas, que tenho a certeza vão levar os atletas para um nível ainda maior. Mas vamos começar com muita precaução, afinal estivemos muito tempo parados, não podemos achar que vamos voltar como estávamos no dia em que parámos, a 10 de março. Vamos ver como vai ser o regresso, não vamos ter muito tempo para competir antes do Campeonato, vai haver a Supertaça na retoma, mas isso não passa por ser desculpa, até porque todas as equipas estão no mesmo processo", lembrou.
"Aqui temos todas as condições para trabalhar"
Em relação às competições europeias, o voleibol do Benfica irá disputar a Challenge Cup e Marcel Matz defendeu que não é um retrocesso após a prestação positiva na Liga dos Campeões. "Há que dar um passo atrás para dar depois dois em frente. Todas as competições europeias têm, como dizer, o seu 'gostinho'. Depois vamos jogar uma prova em que o Benfica já chegou à final, e saindo de uma boa Liga dos Campeões não vamos entrar como franco-atiradores, entramos, para dizerem 'o Benfica voltou para ganhar'", vincou.
Reconhecendo que foi difícil para si e para a equipa não terminar a época 2019/20 devido à pandemia, o técnico defendeu que "Portugal lidou bem com o processo de início", tentando agora tranquilizar os seus familiares que vivem esta situação no Brasil.
"Não entro em questões políticas, até porque não tenho condições de dizer o que é certo ou errado na pandemia. No Brasil, eu tenho relações familiares que vão de 1 aos 95 anos, entre crianças, primos, sobrinhos, pais, tios, avós. Tento transmitir para eles um pouco de tranquilidade, pela experiência de ter passado por esta situação primeiro do que eles. A Europa está neste processo mais à frente do que o Brasil. Tentar transmitir calma, mas mostrando a importância de nos cuidarmos. Preocupo-me muito com os meus pais, que estão na faixa dos 70 anos, e o meu avô, que tem 90", revelou.
Fotos: João Paulo Trindade / SL Benfica