Dez razões para os dérbis serem especiais

Fonte
dn

Alvalade será amanhã palco do 35.º duelo entre os dois rivais na Taça de Portugal. Os leões são reis nas eliminatórias. Nas finais, o clube da Luz domina

 

 

Arsénio: seis dos 122 golos

O benfiquista Arsénio Duarte é ainda o melhor marcador nos jogos entre Sporting e Benfica a contar para a Taça de Portugal, com seis golos, obtidos em quatro partidas consecutivas de 1953 a 1955. Os dois últimos foram na final de 1955, quando virou o resultado em apenas dois minutos, contribuindo para o triunfo encarnado por 2-1. O segundo melhor marcador em dérbis é o sportinguista Fernando Peyroteo, que será homenageado amanhã, com cinco remates certeiros entre 1941 e 1948. No total são 122 golos marcados em 34 jogos entre os dois rivais para a segunda prova mais importante do calendário nacional, sendo que dos jogadores dos atuais plantéis apenas o sportinguista Slimani e o benfiquista Luisão já fizeram o gosto ao pé, mas apenas por uma vez cada um.

 

 

Peyroteo: o primeiro expulso

O Sporting vai amanhã homenagear um dos seus símbolos históricos, Fernando Peyroteo. O antigo avançado está ligado aos dérbis para a Taça de Portugal por ter sido o primeiro jogador a ser expulso nestes duelos. Foi no estádio do Campo Grande, então casa dos encarnados, que a 13 minutos do final, quando os leões venciam por 3-0, que Peyroteo perdeu a cabeça e, após uma entrada dura de Gaspar Pinto, agrediu ao soco o defesa do Benfica. O Sporting permitiu então que os encarnados reduzissem para 3-2 no último minuto, obrigando a um jogo de desempate que permitiu aos leões garantirem o apuramento para a final com um triunfo por 1-0.

 

 

Quatro jogadores com hat trick

Oscar Cardozo foi o último jogador a marcar três golos num dérbi para a Taça de Portugal. Foi precisamente no último, em 2013/14, na Luz, em que o Benfica venceu por 4-3 após prolongamento. Além do paraguaio, outros três jogadores conseguiram igual proeza. O primeiro foi Rogério Carvalho, conhecido por "Pipi" por andar sempre bem vestido, na final do Jamor em 1951/52, vitória encarnada por 5-4; seguiu-se Eusébio em 1971/72, com as águias a conquistarem o troféu no Jamor com um triunfo por 3-2; e finalmente o brasileiro Manoel em 1976/77, que valeu a vitória ao Sporting em Alvalade, nos oitavos-de-final, por 3-0. Aliás, este avançado, que chegou a Portugal para fazer esquecer o argentino Yazalde, tornou-se ídolo dos adeptos após esta partida, que lhe passaram a chamar Manoooel, afinal o único jogador do Sporting que fez um hat trick num dérbi da Taça de Portugal.

Quinze vezes bis nos dérbis

Na história do dérbi da Taça, registam-se treze jogadores que conseguiram fazer dois golos num só jogo, sendo que dois deles fizeram-no em duas partidas diferentes: o sportinguista Peyroteo e o benfiquista Arsénio. O primeiro de todos foi Francisco Pires, avançado do Benfica, na final disputada no Campo Grande em 1942/43, ganha pelo Benfica - 2-1. Os restantes foram da autoria de Rola, Figueiredo, Chico Faria, Manuel Fernandes, Acosta e Djaló pelo Sporting, enquanto pelo Benfica bisaram Wando, Diamantino, João Pinto e Geovanni.

 

 

Nasceu o Altafini de Cernache

Ernesto Figueiredo foi um dos grandes avançados da história do Sporting, que ao longo dos anos 60 tinha a particularidade de marcar ao Benfica. Um dos jogos mais marcantes da sua carreira foi a 22 de junho de 1963. Os leões chegavam ao Estádio da Luz a precisar de anular a desvantagem de 0-1, sofrida na primeira mão, para chegar à final. Só que pela frente estava um adversário que um mês antes havia perdido a final da Taça dos Campeões Europeus, em Wembley, frente ao AC Milan. Era preciso um jogo de superação leonina, que foi personificado em Figueiredo, que bisou aos 45 e 48 minutos, virou assim a eliminatória e passou a ser conhecido como o "Altafini de Cernache", numa alusão ao brasileiro que também havia bisado pelo AC Milan, evitando que o Benfica se sagrasse tricampeão europeu.

 

 

Finais mais "encarnadas"

O dérbi de amanhã, em Alvalade, é referente à 4.ª eliminatória. Ainda não será esta época que os dois rivais de Lisboa se vão defrontar na final, algo que não acontece desde 1996, há 19 anos, portanto. Das oito vezes em que se encontraram no jogo decisivo, o Benfica conquistou o troféu por seis vezes e o Sporting por apenas duas. A primeira final foi realizada no Jamor em 1952, numa partida emocionante com nove golos (um recorde), e com os leões a estarem em vantagem por três vezes, tendo as águias conseguido sempre o empate. O remate decisivo chegou aos 89 minutos, por Rogério Carvalho, que fez o 5-4 e deu o troféu ao Benfica. "Quando o Águas me passou a bola, vi a taça à minha frente, corri quanto pude, rematei e pareceu que a bola levou um século a chegar à baliza", disse na altura, emocionado, o avançado das águias.

 

 

Leão rei das eliminatórias

Se não contabilizarmos as finais, concluímos que o Sporting conseguiu eliminar o rival em doze ocasiões, enquanto o Benfica venceu sete eliminatórias. Quase o dobro de sucessos leoninos, o último dos quais em Alvalade, em 2007/08, por 5-3. O último dos 34 dérbis para esta prova realizou-se na Luz com triunfo encarnado por 4-3, após prolongamento.

 

 

"Grândola Vila Morena"

O dérbi também já teve uma simbologia política. Foi na final de 1973/74, realizada no Jamor um mês após a revolução do 25 de abril. Antes do início da partida, em vez do hino nacional, o público que encheu o Estádio Nacional cantou o "Grândola Vila Morena", tema musical que marcou o fim do antigo regime, em vez do hino nacional.

 

 

Tragédia no Jamor

A última final entre os dois rivais foi a 18 de maio de 1996 e ficou marcada pela tragédia. Logo aos oito minutos, o golo do argentino Mauro Airez deu origem à festa benfiquista, de imediato estragada pelo lançamento de um very-light que atravessou o relvado em direção ao topo norte, atingindo mortalmente um adepto leonino. A festa ficou manchada, mas o jogo continuou e o Benfica levantou o troféu após vencer 3-1.

 

 

Muitos golos neste século

Os dérbis da Taça neste século são sinónimo de golos. O mínimo foram seis, num 3-3 na Luz em janeiro de 2005 (encarnados ganharam nos penáltis). Depois, houve oito golos na vitória do Sporting por 5-3 em 2007/08. E sete no triunfo do Benfica (de Jesus), por 4-3, em 2013/14. 21 golos em três jogos. Sete por jogo. A coisa promete.