Fonte
www.ojogo.pt
CARLOS QUEIROZ:
"Não alimento especulações"
Num momento como este, um treinador deve dar o exemplo e não tecer seja que considerações for sobre o plantel. Não teria sentido e seria sem dúvida muito inoportuno
ANTÓNIO TAVARES-TELES
Com o Real Madrid já praticamente no final da época, de uma época em que acabou aliás, como é sabido, por falhar todos os seus objectivos - Campeonato espanhol, Taça de do Rei e Liga dos Campeões - e com José António Camacho praticamente dado (pelo menos por cá) como o próximo treinador madridista, era obviamente importante obter junto de Carlos Queiroz alguns comentários sobre tudo isso. E sobre outras coisas, de resto.
- Que é que se passa? Como é que está a viver este final de época com todos os resultados negativos que acabou por acumular?
- Naturalmente com a tristeza e a frustração que acompanha os jogadores, uma vez que, depois de uma época muito intensa e trabalhada, vemos aproximar o seu final sem termos conseguido alcançar os objectivos que imaginávamos poder alcançar.
- Você disse há uma ou duas semanas que "um homem no Real não chora". Pergunto-lhe no entanto: depois do que sucessivamente foi acontecendo, nunca lhe apeteceu chorar?
- Vamos lá ver, por vezes os jornalistas, aqui, não conseguem exprimir em castelhano as subtilezas do português, não conseguem traduzir exactamente os sentimentos que queremos transmitir. Porque o que aquilo que eu quis significar foi que estar no Real e servir este grande clube não pode ser nunca motivo de lamentos. Foi isso.
- Não está pois arrependido de não ter, utilizando uma expressão sua, recusado "o convite de subir ao Everest"...
- Não, não, até porque na vida é nas dificuldades que nos reencontramos com os valores que defendemos, é nas dificuldades que temos de reconhecer os erros e ao mesmo tempo saber manter a consciência tranquila, sobretudo quando tentamos, e fizemos, o nosso melhor.
- Em Portugal, fala-se como se a ida de Camacho para o Real fosse praticamente ponto assente. Como comenta isso?
- Não comento.
- Mas qual é realmente a situação? Sabe-se que Valdano já o defendeu, embora Florentino Perez pareça mais interessado no acto eleitoral para a presidência do clube madridista que se avizinha...
- O Real tem a liderança que é conhecida, tem um projecto muito forte, ideias muito próprias, e em qualquer circunstância tem de estar acima de todas as especulações a que um clube que tem o maior impacto mediático do mundo está fatalmente sujeito.
- Alguém - Valdano, Perez - já falou consigo no sentido de preparar alguma coisa para a próxima época ou - tal como parece - no Real, em matéria de contratações e de dispensas, o presidente é quem trata de tudo?
- Neste momento, dentro do clube, todos estamos apenas concentrados nos dois jogos que nos faltam disputar. E só depois de disputados esses dois jogos haverá lugar às reflexões próprias de um final de temporada.
- No início desta época, saiu Hierro, saiu Makelele, e nenhum deles foi substituído. Não acha que, sem esses dois grandes defensores, o Real teria sempre muitos problemas para cumprir todos os seus objectivos?
- Como sempre tenho dito, num momento como este, um treinador deve dar o exemplo e não tecer seja que considerações for sobre o plantel. Não teria sentido e seria sem dúvida muito inoportuno. O meu dever e obrigação como profissional é, como lhe disse, concentrar todas as nossas energias nos dois jogos que nos falta disputar.
- De Camacho, e da possibilidade de ele o substituir, alguém lhe falou?
- Creio que se fala mais nisso aí do que aqui.
- Camacho não lhe ligou, por exemplo?
- Não, os treinadores são sempre aqueles que menos contribuem para esse tipo de especulações, porque temos consciência de que os clubes que servimos são o mais importante. Por todas as razões, Camacho não tinha pois que me ligar.
- Outra coisa: já recebeu alguma proposta de outro clube, em particular de um clube português? Por cá já se falou no eventual interesse do FC Porto nos seus serviços...
- Não, e não faço qualquer comentário sobre isso. Não alimento especulações.
- Se sair, já colocou a si próprio a hipótese de regressar ao Manchester?
- Essa hipótese não é uma hipótese que possa pôr, pois não se coloca num momento em que, tal como lhe disse, a minha concentração vai por inteiro para os tais dois jogos que nos falta disputar.
- Considerou o Real Madrid como subir o Everest. Isso quer dizer que, quando deixar o clube, vai ser a descer? Ou há outros "cumes" que estimulam também muito fortemente a sua ambição?
- A minha ambição é a que se me coloca todos os dias de cumprir a minha função o melhor que posso e sei, e de estar de bem com a minha consciência.
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Como digo od jornalistas e dirigentes lagartos e fcps é que querem o Camacho fora do Benfica.