Falta de Respeito

Submetida por SLB37Nuno em
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abola
Arrumados na arrecadação como cidadãos de segunda «Arrumados como objectos numa arrecadação. Esta medida do Sporting pode parecer grandiosa mas não tenho dúvidas de que estamos perante uma solução de recurso face a erros no projecto do recinto. Soa a esmola. Apetece-me sugerir ao Benfica, em cujo estádio haverá zonas em que o tecto está mais baixo, que ofereça esses lugares aos anões, cidadãos atacados pela artrose ou políticos pequeninos. Ou então às marcas de electrodomésticos que façam televisores só com som». Como se avalia, é enorme a indignação da Federação Portuguesa de Desporto para Deficientes (FPDD) — as palavras são do seu presidente, António Neves, a A BOLA — a propósito da oferta, pelo Sporting, de 600 lugares situados atrás dos ecrãs gigantes do novo Alvalade XXI (sem visibilidade para o relvado) à Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), através de um protocolo que está a ser negociado. António Neves, tenente-coronel, ele próprio cego e bi-amputado («uma mina na Guerra Colonial») está chocado. «Sinto-me incomodado e ofendido na minha dignidade de cidadão. Já fui ao futebol, mas não com uma "parede" à frente. Para um cego, não é igual. Então um espaço que não serve para mais ninguém serve para os deficientes?! Em pleno Ano Europeu para a Deficiência voltam a tratar os deficientes como cidadãos de segunda», prossegue o presidente da FPDD, que ontem enviou uma missiva a manifestar o seu profundo desagrado aos mais altos responsáveis políticos nacionais, entre os quais o Primeiro-Ministro, Durão Barroso, bem como Bagão Félix, ministro da tutela. «Esta decisão remete os cegos para uma situação de total segregação, criando dentro do estádio um "gueto" e uma situação discriminatória», pode ler-se na missiva, citada pela Lusa. A revolta de António Neves é ainda maior com a ACAPO, pela aceitação da medida que, diz, «desconsidera» os invisuais, como ele. «Não estão a ver [sic] o alcance de tal medida, que põe em causa todo um trabalho de anos (...) na dignificação do cidadão portador de deficiência», diz a propósito.