Futebol feminino - Caroline Van Slambrouc em entrevista: “O amor de Lisboa é o Benfica”

Fonte
slbenfica.pt

Caroline Van Slambrouck reforçou o Benfica a 15 de novembro do ano passado. Proveniente da equipa islandesa do ÍBV, que representou durante três anos e onde chegou a ter Cloé Lacasse como colega, a jogadora de 27 anos soma três jogos e um golo apontado nesta temporada.

 

Está a gostar de Portugal? Como se está a adaptar a esta mudança?

Gosto muito de Lisboa e já tentei visitar o máximo de lugares desde que estou aqui. Já visitei as zonas de Belém e Alfama, e já entrei em muitos museus. Tem sido divertido.  Gosto muito de Lisboa, é fácil chegar a qualquer lado, as pessoas são simpáticas e é um local quente, além de ser um bom lugar para estar. Também estou a ter aulas para aprender português com o professor Gabriel, eu e a Cloé, e ele é fantástico.

 

 

Começou a jogar futebol na equipa da Universidade do Kansas. Pensou na altura tornar-se jogadora profissional?

Nunca pensei em ir para a universidade e jogar futebol, mas o Kansas entrou em contacto comigo e outras grandes escolas também. O Kansas tinha um bom programa académico, e eu pensei “OK, vou tentar” e adorei o primeiro ano. Gostava de fazer parte da equipa, das minhas colegas, do treinador, do campus e da escola, é claro. Depois disso, as coisas começaram a progredir, estive lá quatro anos e, depois de me formar, fui para a Suécia.

 

 

É defesa. Sempre jogou nessa posição?

Só comecei a jogar futebol quando tinha 14 anos e tinha pouca habilidade técnica na altura, mas era uma jogadora rápida e uma atleta forte. Nessa altura fez sentido ser defesa e, com o passar dos anos, a minha técnica foi melhorando. Gosto muito de ser defesa porque consigo estar no controlo do jogo e das pessoas que me rodeiam, o que é interessante porque dá para prever quando algo de mau está prestes a acontecer, ou perceber quando está tudo a correr bem.

 

 

Pensou muito quando recebeu a proposta do Benfica em vir para o Clube?

O Benfica é um clube muito grande, profissional e os adeptos são incríveis. Eles passam por mim e dizem “olá, bem-vinda ao nosso clube”, e comecei a sentir-me em casa muito mais rápido do que alguma vez pensei que fosse possível.

 

 

 

"OS TREINOS COM O LUÍS ANDRADE SÃO MUITO EXIGENTES E INTENSOS, MAS FANTÁSTICOS"

No seu primeiro jogo com a camisola do Benfica, marcou. Qual foi a sensação de marcar na estreia?

Para ser honesta, estava em boa posição e pensei “oh, eu vou marcar”. Depois de marcar, questionei-me se aquilo realmente tinha acabado de acontecer. Estava incrédula, e claro que fiquei feliz, principalmente por ajudar o Clube a passar à próxima fase da Taça de Portugal.

 

 

Como está a correr a adaptação ao balneário?

Do grupo de trabalho só conhecia a Cloé, mas todas as raparigas foram muito acolhedoras e simpáticas comigo desde que cheguei, além de divertidas. Elas estão sempre a dançar, a sorrir e, apesar de nem todas falarem inglês, tentam apanhar frases em inglês, quando eu digo “bom dia” em português, elas respondem em inglês.

 

 

E o treinador? Qual foi a primeira conversa que teve com ele?

Ele disse-me que estava muito feliz por me ter aqui, deu-me as boas-vindas e disponibilizou-se para qualquer coisa que eu precisasse. Mostrou-se muito prestável e depois disse “agora vamos treinar”, e lá fui. Os treinos com o Luís Andrade são muito exigentes e intensos, mas fantásticos.

 

 

Sentiu muita diferença nos primeiros tempos no treino no Benfica com Luís Andrade, em comparação às outras equipas onde esteve?

Sim, muito. O que mais gosto nos treinos é que o Luís trabalha muito com jogo em transição, o que é bastante útil, e ainda treinamos cenários em que a equipa está descompensada ou desequilibrada. Esses cenários menos bons transmitem-nos muita confiança, porque, quando estamos a jogar e algo de menos bom acontece, penso “já vi isto no treino, já sei como abordar e corrigir isto”. O Luís é o primeiro a dizer “bom trabalho” como também é o primeiro a dizer “não está a correr bem, vamos trabalhar mais e melhor”. Ele tenta sempre motivar-nos e transmitir segurança.

 

 

Que objetivos profissionais espera alcançar no Benfica?

Temos uma equipa muito boa, sólida e com excelentes jogadoras. Jogar na Liga dos Campeões é uma meta, até porque estamos em boa posição para garantir esse feito.

 

 

Estava à espera de viver uma experiência profissional a este nível?

É muito empolgante estar no Benfica, que está presente em todas as competições. Até ao momento estamos em primeiro no Campeonato, perto da final da Taça da Liga e nos quartos de final da Taça de Portugal. Temos vindo a fazer um trabalho de modo a apenas dependermos de nós e não dos deslizes dos nossos adversários. Cabe-nos alcançar um nível alto para discutir os títulos por que a equipa luta desde o início da temporada.

 

 

"EM BRAGA O APOIO DOS ADEPTOS FOI... SURREAL!"

E sobre os adeptos do Benfica? Sente muito carinho?

Quando assinei pelo Clube o meu Instagram ficou inundado com mensagens de adeptos a dizer que estavam contentes por eu fazer parte da equipa e a darem-me as boas-vindas. Confesso que fiquei em choque com a quantidade de pessoas que me passaram a seguir na rede social. A parte mais engraçada é quando vou treinar, há pessoas que me reconhecem mesmo quando estão do lado de fora do autocarro e acenam-me. Pode-se dizer que o amor de Lisboa é o Benfica.

 

 

Em campo também sente esse apoio?

Os adeptos apoiam-nos muito. Quando há jogos grandes há mais adeptos nas bancadas a apoiar, mas mesmo nos jogos mais pequenos há sempre muitos fãs, mesmo nos jogos fora. Quando fomos a Braga, foi muito bom sentir aquele apoio todo vindo das bancadas... foi surreal.

 

 

Texto: Ana Cristina Soares

 

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