Ivo Casas: "Todos estão confiantes em passar a eliminatória"

Fonte
slbenfica.pt

Em entrevista ao Site Oficial, o líbero encarnado Ivo Casas apontou à vitória na segunda mão dos quartos de final da Challenge Cup e chamou os adeptos ao Pavilhão n.º 2 da Luz. Desafio com o Ravenna realiza-se às 20h30 de quarta-feira.

 

 

Começou no Leixões, passou pelo Castêlo da Maia e agora Benfica. Porquê o voleibol?

A minha irmã já jogava voleibol quando me iniciei na modalidade e a minha professora de educação física da Escola Primária era treinadora no Leixões, e levou-nos para fazer uns treinos. Desde os meus sete anos que não quis outra coisa.

 

 

Vai na quarta temporada de Benfica. Como têm sido estes anos de águia ao peito?

Têm sido muito bons. É um clube gigantesco, com condições fantásticas. Lutamos sempre por títulos, temos objetivos coletivos e individuais bem definidos, altos. Tem sido fantástico.

 

 

Quando era criança alguma vez imaginou jogar pelo Benfica?

Quando me iniciei na modalidade, dos três grandes do futebol, só o Benfica tinha a modalidade. Então, eu e os meus colegas víamos o Benfica como uma referência em Portugal e o clube a que toda a gente queria chegar. Por isso claro que sim, olhávamos muito para o Benfica como o clube a alcançar.

 

 

Como se deu a mudança do Castêlo da Maia para Lisboa? Sei que teve de parar os estudos.

Parei os estudos porque era incompatível, a minha faculdade era no Porto. A minha prioridade é o voleibol. Evidente que não se pode descurar a parte académica porque é o que nos garante o futuro, mas surgiu a oportunidade e tendo em conta que era isto que eu queria fazer – posso dizer que sou profissional a fazer aquilo que gosto –, tinha mais era de agarrar e foi uma boa decisão.

 

 

Desde aí três Supertaças, três Taças de Portugal e dois Campeonatos Nacionais. Só já falta mesmo a competição europeia…

Era muito bom. Tivemos uma oportunidade ótima no meu primeiro ano que nos fugiu e depois daí já estivemos em meias-finais e já conseguimos alcançar bons resultados. É uma ambição individual e, claro, coletiva. Ganhar um título europeu seria fantástico.

 

 

Nesta quarta-feira o Benfica recebe o Ravenna para a segunda mão da Challenge Cup. Sente que o grupo está confiante na passagem, apesar da desvantagem?

Sabíamos que os dois jogos iam ser muito complicados, tanto fora como em casa, mas claro que lá seria mais porque estávamos a jogar na casa deles e eles são muito constantes, estão habituados a um nível competitivo alto. Sabíamos que ia ser um jogo onde teríamos de falhar muito pouco para nos bater de igual para igual. Até acho que conseguimos fazer um bom jogo em Itália. Não fomos felizes num ou noutro momento e a vitória acabou por cair para o lado deles. Penso que em casa será um jogo com as mesmas características, em termos de intensidade e decisão em pormenores. O fator casa pesa bastante e já conseguimos protagonizar algumas reviravoltas aqui em casa, por isso acho que sim. Todos estão confiantes em passar a eliminatória.

 

 

O desafio aqui em Lisboa será no dia do aniversário do Clube. Responsabilidade acrescida?

Acho que não é uma responsabilidade acrescida. Dar um passo em frente na competição seria uma mais-valia para os adeptos e para o Clube de uma maneira geral. Claro que culminar isto com o aniversário seria uma ótima prenda para todos os adeptos. A responsabilidade é exatamente a mesma. Cada vez que entramos no campo temos de jogar o melhor que sabemos, estamos a representar um grande clube, somos profissionais e o objetivo é sempre ganhar. O foco nunca está noutro sítio que não na vitória.

 

 

Qual é a receita para conseguir vencer a segunda mão e passar à fase seguinte?

Vai decidir-se nos pormenores. Os erros não forçados vão ser muito importantes nesta decisão porque eles são uma equipa muito constante, habituada a jogos de alta intensidade, habituados a não falhar, não deixar cair bolas fáceis, não cometer erros não forçados. Vai passar muito por aí. Nós conseguimos bater-nos com eles em todos os aspectos, mas, por vezes, falta-nos o discernimento de não descurar as coisas mais fáceis. Temos muitos jogos de algum desnível no nosso Campeonato e eles não. Estão habituados a jogar sempre com uma intensidade elevada. Temos de nos focar nisso: não baixar a concentração e manter os níveis de intensidade sempre muito elevados para, nos pormenores, cair para o nosso lado.

 

 

A presença dos adeptos em massa no pavilhão a entoar “Benfica, Benfica, Benfica” pode vir a ser importante no desfecho da eliminatória?

Importantíssimo. Faz toda a diferença ter o pavilhão cheio com as pessoas a puxar por nós. É mais um jogador dentro de campo que tem influência no resultado. Para além de nos motivar a nós, desestabiliza a equipa adversária.

 

 

A nível interno o Benfica encontra-se em todas as frentes. Imagino que não queiram deixar escapar a dobradinha…

Claro que não. Conhecemos o carácter diferente das competições europeias, a eliminar, pode correr pior um jogo e já comprometemos a eliminatória. O Campeonato é o principal objetivo da época. Se conseguirmos aliar a isso a conquista da Taça de Portugal, que também é um dos objetivos, seria fantástico. É isso que se pretende.

 

 

Qual é a rotina de um jogador de voleibol do Benfica, neste caso o Ivo?

Passa muito por casa, treino e casa, porque treinamos muitas vezes de manhã e de tarde. Se não houver bola há sempre musculação, passamos sempre aqui dois períodos do dia. Fora, nos tempos livres, gosto de estar com a minha namorada, gosto de estar com amigos, gosto muito da parte social de estar com pessoas que me são queridas, porque acho que é assim que se deve aproveitar o tempo.

 

 

É líbero. Pode causar estranheza a algumas pessoas ver um jogador com a camisola diferente. Quer explicar essa particularidade?

Há muita gente que pergunta a razão de estar com uma camisola diferente. Já me perguntaram se era o capitão, porque há pessoas que não têm muita consciência do desporto, se bem que, com o passar dos anos, sinto que há mais consciência para o voleibol do que havia antigamente. As pessoas estão mais por dentro da modalidade e já sabem como funcionam as rotações e a razão do central sair para eu entrar. Há algumas pessoas que ainda perguntam, mas é bom sinal, quer dizer que estão envolvidas e que querem saber mais.

 

 

Tem funções muito diferentes, à semelhança do guarda-redes no futebol. Daí a camisola diferente…

Comparam muitas vezes ao guarda-redes, tenho de defender as bolas apesar de não haver uma baliza.

 

 

Apesar de ter 25 anos, estreou-se na seleção com 16. Foi algo que o marcou?

Foi um jogo que nunca vou esquecer. Foi um momento muito marcante na minha carreira e não estava à espera, com aquela idade, de ter sido uma aposta do treinador na altura. Conseguirmos a vitória na minha estreia foi ouro sobre azul.

 

 

O que ainda lhe falta fazer na modalidade?

Há muita coisa que gostaria de fazer em termos coletivos e individuais. Primeiro, há sempre mais a fazer. Há sempre mais jogos a ganhar e mais títulos a conquistar. Olhando para as competições europeias, sabemos que é uma oportunidade de ouro se conseguirmos dar a volta a esta eliminatória e chegar a mais uma final. Passa por esses objetivos a curto prazo, de conseguir passar as próximas eliminatórias e ganhar estes próximos jogos para tentar alcançar um título europeu, tentar ganhar mais uma vez o Campeonato e a Taça. A longo prazo, gostava de representar o país num Campeonato da Europa ou num Campeonato do Mundo, porque é uma coisa que já não acontece há alguns anos e acho que faz falta ao país, e para ajudar a modalidade crescer.

 

 

Se não fosse jogador de voleibol o que se imaginaria a fazer? Outro desporto?

Imaginava-me a fazer aquilo para que estava a estudar quando parei os estudos, que era engenharia. É uma área de que gosto bastante e que, por isso mesmo, é que optei por ela quando entrei no ensino superior em vez de me candidatar ao desporto, que era o mais lógico a fazer. Tenho de acabar o curso e pôr mãos ao trabalho, mas acho que me imaginaria a trabalhar enquanto engenheiro.

 

 

É atento a outras modalidades?

Costumo acompanhar. Claro que não temos tanta disponibilidade para ver outros jogos, mesmo aqui em nossa casa porque temos treinos ou temos jogos fora, mas tento sempre acompanhar os resultados e perceber pelo que estamos a lutar em cada modalidade e em que posição é que estamos. Costumo estar por dentro, porque o Clube também proporciona que isso aconteça. Nós temos interação com as modalidades todas, exceto o futebol, que está no Seixal, e lidamos diariamente com toda a gente, e é fácil perceber o que está a acontecer.

 

 

Um apelo aos adeptos para nesta quarta-feira comparecerem no Pavilhão n.º 2 da Luz?

É importante que eles estejam presente, fazem a diferença em todos os jogos, ainda mais nos jogos que são disputados. Aquela força extra, aquele ponto, aquela bola que não cai por causa do berro, devido ao apoio do público. É importante que estejam presentes, mesmo para os espectadores vai ser um bom espetáculo. Não só para quem é adepto do Clube mas também para quem é adepto da modalidade. É uma oportunidade ótima para ver um jogo de alto nível. Convoco toda a massa associativa do Clube para estar presente na quarta-feira, no jogo com o Ravenna. Vai ser muito importante tê-los do nosso lado.

 

 

Texto: Luís Afonso Guerreiro

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