Jornalistas jogaram no relvado do Estádio da Luz a convite de marca desportiva

Fonte
sapo

Todos nós somos inteiros e complexos, ensinados desde cedo que temos direitos e deveres, lições que levamos para a vida. Mas há um direito que é inabalável, que ninguém nos tira aconteça o que acontecer e que nasce connosco: o direito a sonhar. A partir do momento em que fechamos os olhos, a realidade é a nossa. Passamos a ser somos donos e senhores de um mundo só para nós.

 

E é aí que entra a máxima “nada é impossível” protagonizada por uma marca desportiva. O futebol arrasta milhões, todos nós que vivemos e vibramos este desporto com paixão, sonhamos um dia ser um “Eusébio”, um “Figo”, ou para os mais novos um “Ronaldo”, mesmo que tenhamos a consciência que não distinguimos o pé direito do esquerdo, ou que saibamos que a nossa cara de esforço ao correr corresponda a apenas meia dúzia de metros percorridos e a um “estouro” mais do que previsível.

 

Mais do que isso: todos sonhamos um dia pisar um dos grandes palcos do futebol. Entrar pelo túnel, alinharmo-nos como equipa para os flashes dos fotógrafos, estar no centro do relvado ofuscados pelas luzes que nos tornam o centro das atenções perante os milhares que puxam por nós nas bancadas com cânticos que ressoam cá dentro e aceleram o batimento cardíaco.

 

Clubismos à parte, seja qual for a cor do seu coração, atreva-se a dizer que nunca sonhou com um desses palcos, seja ele de que emblema for. Atreveu-se? Então pode parar por aqui porque este texto não é para si.

 

Jardel e Jonas, os treinadores de circunstância

 

Ainda aqui está? Então é cá dos meus. Esta terça-feira a Adidas decidiu levar os jornalistas ao Estádio da Luz. Vimos cá com frequência para fazer a cobertura dos jogos, escrever sobre os acontecimentos para o agrado de uns e descontentamento de outros.

 

Bem sei que os jornalistas não devem ser a notícia, mas hoje os protagonistas éramos realmente nós e até a treinador tivemos direito, e daqueles que sabem do que estão a falar. De um lado Jardel, do outro Jonas.

 

Tudo foi feito como mandam as regras. Primeiro uma conferência de imprensa com direito a convocatória.

 

Os dois jogadores subiram ao palanque, por norma ocupado por Rui Vitória, e leram as respetivas convocatórias. Do lado de Jardel ficaria a equipa dos controladores, aqueles que fazem o jogo com direito a chuteiras Ace para o efeito, com Jonas seguiria a equipa dos virtuosos, os que mudam o jogo que também estreariam as botas X15 criadas para os "brinca na areia", daqueles que destroem qualquer tática adversária existente.

 

A formalidade estava lá mas a cena fazia lembrar os ginásios da escola em que havia sempre dois miúdos mais dotados tecnicamente, ou em alguns casos donos da bola, que escolhiam à vez a sua equipa e, por norma, no final lá ficava o mais gordinho que ia à baliza. A cada nome pronunciado, risos, os habituais calduços e picardias que todos nós vivemos nos jogos entre amigos.

 

Escolhidas as equipas, era tempo de seguir rumo ao balneário onde o mister escolhido a preceito iria dar a tática. Cada cacifo tinha o nosso nome lá colado, tudo como se de um sonho se tratasse. Trocavam-se as primeiras impressões quando o mister Jardel entrou no balneário. Meio envergonhado, até por estar pouco habituado a ser o centro das atenções, o brasileiro lá se foi soltando até porque todos estavam ávidos para ouvir o seu discurso.

 

Se quer mesmo saber como foram escolhidas as posições, não há qualquer segredo. Jardel dizia “central”, e havia um que levantava o dedo, e assim sucessivamente. E nem houve grande discussão acredite, parecia que o famoso “espírito de grupo” se tinha formado em cinco minutos.

 

O discurso do mister também deixou de lado as dinâmicas defensivas e ofensivas, cingindo-se a um sistema tático: 4X2x3x1. O objetivo era jogarmos simples, trocarmos a bola, procurarmos o tal controlo do jogo em que se dizia que as chuteiras ajudariam e, acima de tudo, divertirmo-nos, mas quem não levaria isto um tudo nada a sério? Perder? De jeito nenhum.

 

Quem inventou que correr por gosto não cansa, nunca correu

 

O jogo era composto por duas partes de quinze minutos, o suficiente para cada de um nós aguentar a pedalada. O campo cá em baixo, e em modo de corrida, é muito maior do que para quem se senta lá em cima no terceiro anel gritando bem alto quando um jogador não chega a uma bola porque se esforçou pouco. Acredite, eles correm e muito.

 

Claro que ao fim dos primeiro minutos não houve tática que aguentasse, nem os misters tiveram mão na equipa. A formação de Jardel mostrou mais serenidade, trocou a bola sem pressão, fazendo correr o adversário. Como trinco cabia-me ajudar a ganhar o meio-campo, procurar ser o primeiro elo de ligação entre a defesa e o ataque. Na teoria isto faz todo o sentido, na prática corre-se e muito para o conseguir. Senão existir sentido posicional pior ainda. Reconheço, foi o caso.

 

Mas houve golos sim, três no total. Hugo Trombinhas do jornal “O Jogo” abriu o ativo de cabeça para a equipa de Jardel, depois de um cruzamento bem tirado na esquerda. Agarrou-se às redes da baliza e gritou lá do fundo pelo momento vivido, resultado com que se chegou ao intervalo. Na segunda parte Nélson Pereira da Sport Tv fugiu entre os centrais e deu o empate à formação orientada por Jonas. Porém, perto do final, Carlos Albuquerque da RTP tirou um cruzamento remate, iludiu o guarda-redes e fez o resultado final num golo de belo efeito.

 

A equipa dos “controladores” venceu a dos “virtuosos”, melhor, Jardel venceu Jonas. E a experiência de pisar um dos grandes palcos do futebol concretizou-se. Um sonho de menino tornou-se numa experiência bem real, e cumpriu-se a máxima: “nada é impossível”.