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o jogo
Júlio César:
"Incluo-me na espinha dorsal"
Directo, calculista e seguro de si próprio. Pode definir-se assim Júlio César, jogador que não deixa o lado emotivo falar mais alto e dá voz à razão. A O JOGO o defesa-central brasileiro que fala espanhol fez um balanço da época ao serviço do Benfica. Sem papas na língua, apontou as causas para a "época desastrosa" ao serviço das "águias". Mas, apesar dos maus resultados, Júlio César garante que quer continuar na Luz.
O JOGO| Os objectivos com que se deparou quando chegou ao Benfica não foram alcançados. Que balanço faz da sua primeira época em Portugal?
JÚLIO CÉSAR| A experiência foi nova para mim. Quando cheguei a Portugal foi para representar uma equipa que se conhece como tendo um grande potencial, uma equipa que quando joga no estrangeiro move grande quantidade de adeptos e que até agora está em jejum. Quando cheguei pensei que se podia conseguir coisas importantes porque o projecto era bastante ambicioso.
P| Que projecto era esse?
R| Contrataram jogadores importantes. Trouxeram a dupla de treinadores do último campeonato que foi ganho. O presidente era novo... Tudo isso criou uma grande expectativa para os seis milhões de adeptos.
P| O Campeonato terminou e sente que essa expectativa que você e os outros jogadores tinham foi defraudada, é isso?
R| Sim, foi defraudada. Depois da expectativa que se teve de que o Benfica tinha montado uma equipa para ser campeão... Nem conseguimos a classificação necessária para ir à UEFA... O terceiro lugar para o Benfica já é uma temporada desastrosa, não conseguindo sequer a qualificação para a UEFA ainda mais o é.
P| A estratégia não foi bem montada?
R| Fomos uma equipa que, como todos agora sabem, necessitou de crescer a cada jogo que fez e com toda a pressão atrás. E os 34 jogos não foram suficientes para mostrar essa equipa madura.
"A equipa não tinha pés nem cabeça"
P| Devido ao nome que o clube tem no estrangeiro e pelo seu passado, quando veio para o Benfica esperava conseguir melhores resultados?
R| Sim. No início, quando vim, não sabia como estava a base do Benfica. Vim para ajudar e para ser mais um grão de areia a juntar aos que cá estavam. Depois, quando se chega e se conhece a situação da equipa, começa-se a cair na realidade.
P| Quando se deparou com a realidade ficou desiludido?
R| Desiludido por não conseguir nem sequer uma qualificação para a UEFA.
P| Olhando agora para o que se passou ao longo do Campeonato, o que é que na sua opinião faltou ao Benfica para conseguir outra classificação?
R| Quando o Campeonato começou, a equipa do Benfica não tinha pés nem cabeça e com o passar do tempo começou a tomar forma. Começou a criar-se uma espinha dorsal para se poder crescer e dar esperança a todos, tanto aos dirigentes como aos treinadores e aos adeptos, de um futuro com mais êxito.
P| Êxitos para quando?
R| Pode ser que para o ano se possa desfrutar dos êxitos se se mantiver essa espinhal que começou a crescer.
P| Pensa que isso é importante?
R| Sim, muito.
P| E o Júlio César, depois deste balanço, pretende fazer parte dessa espinha dorsal na próxima época?
R| Claro, incluo-me nela. Quando vim para cá, a equipa iria lutar para conseguir ser campeã e sendo campeã no ano seguinte iria jogar na Liga dos Campeões, e eu queria fazer parte desse plantel. Como isso não se conseguiu, incluo-me na mesma nessa espinha dorsal para a próxima temporada.
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"Nem conseguimos a classificação necessária para ir à UEFA. O terceiro lugar para o Benfica já é uma temporada desastrosa, não conseguindo sequer a qualificação para a UEFA ainda mais o é."