Dirigente está envolvido num processo que lhe foi movido por Antero Henrique, do FC Porto.
"Só por ser o homem que falou no ‘Apito Dourado', ameaçaram a minha mulher e a minha filha", disse ontem, Luís Filipe Vieira, nos Juízos Criminais do Porto, onde está a ser julgado sob a acusação de crime de difamação contra Antero Henrique, vice-presidente do FC Porto.
Vieira, que tinha faltado às três primeiras sessões (por doença), falou ainda dos dois assaltos que o fizeram mudar de casa. "O estado siciliano do futebol é eu estar em Israel e viver em direto, pelo telefone, um assalto traumatizante à minha casa, com a minha mulher e a minha filha a chorarem", continuou.
"É com muita mágoa que estou aqui sentado como réu. Nem em pensamento o acusei de ser o responsável pelos assaltos. O que disse é que Paulo Gonçalves [assessor jurídico do Benfica] foi ameaçado pelo Antero Henrique numa assembleia geral da Liga", justificou. "Sei o que falei, e não admito que alguém coloque palavras que eu não disse na minha boca", vincou, acrescentando que na altura da entrevista, Antero não tinha o atual estatuto. "Toda a gente sabe que há uns anos eu era um homem de confiança de Pinto da Costa, e nunca ouvi falar no senhor Antero", explicou, frisando que "não sentiu medo" em ir ao Porto, embora tenha levado "seguranças". À saída do tribunal, disse que "não se sente incomodado" com o processo e que sai de "cabeça erguida". As alegações estão marcadas para 15 de novembro.
Antero ouviu depoimento de Vieira
O vice-presidente do FC Porto e assistente no processo, Antero Henrique, foi o primeiro a chegar a tribunal, e assistiu a toda a sessão na sala de audiências, acompanhado pelo diretor de comunicação dos dragões, Rui Cerqueira. O dirigente já tinha negado, na primeira sessão do julgamento, qualquer ameaça a Paulo Gonçalves, que ontem também esteve no tribunal.
Futebol é "estado siciliano"
Em causa neste processo está uma entrevista de Luís Filipe Vieira emitida pela RTP 1 a 17 de julho de 2008. O líder dos encarnados disse que "o que se vive no futebol é um estado siciliano", a propósito da ameaça de Antero a Paulo Gonçalves, numa assembleia geral da Liga. E logo de seguida falou nos dois assaltos feitos à sua residência, que o levaram a mudar de casa.